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Moviemix



John Waters – Mais um maluco de plantão.




Por Anabela





Irreverente, cínico, iconoclasta, criativo, provocador e maluco de pedra. Tudo isso define John Waters, que divide com Eddie Wood o pódio de diretor mais maluco de cinema de todos os tempos. Assim como seu amigo, também foi presenteado com uma câmera de filmar quando era jovem e dividem o mesmo gosto por assuntos e pessoas bizarras, sempre presentes em suas obras. As primeiras produções de Waters foram curtas metragem rodados em sua cidade natal Baltmore, cenário usual de seus filmes. Um grupo de amigos e vizinhos que incluía entre outros um travesti muito gordo que usava o nome artístico de Divine, constituía seu elenco permanente juntamente com outros doidos personagens do sub mundo local. Logo depois, atrizes do cinema pornô e ex presidiários também tornariam-se membros desse grupo denominado por ele de Dremlanders. Seus primeiros e mais transgressores filmes, chamados de Trilogia Trash, traziam personagens bizarros envolvidos em situações grotescas e engraçados diálogos exagerados.



Em Pink Flamingos, um proposital exercício de ultra mau gosto, duas famílias empenham-se em disputar, acaloradamente, o título da mais nojenta e desagradável família local. Na famosa cena final, Divine consegue a vitória, comendo pra valer, conforme foi divulgado, cocô de cachorro, o que catapultou o filme ao sucesso imediato nos circuitos alternativos.
Desperate Living conta a história de uma insana dona de casa, Peggy, que mata o marido com a ajuda de sua obesa empregada e se refugia numa mítica cidade habitada exclusivamente por criminosos. Nessa cidade, vai morar com uma lésbica e sua amante, uma glamurosa stripper e acaba se envolvendo num plano para depor a déspota Carlotta, que humilhava e torturava seus habitantes. Como Peggy consegue ser mais louca que Carlotta, assume o governo e impede um plano de envenenar todos os moradores. A lésbica ganha na loteria e consegue realizar seu sonho de fazer um implante peniano. Diz John Waters, que até hoje seu filme faz muito sucesso entre os universitários e ele não sabe o porquê!
Female Trouble traz novamente Divine como estrela, no papel de Dawn Davenport, uma estudante rebelde e de maus bofes, que foge de casa, engravida e cria sua mau agradecida filha Taffy, trabalhando como dançarina exótica. Apaixonada por seu cabeleireiro, Dawn casa-se com ele, enlouquece e comete vários crimes sangrentos; isso tudo usando os mais inacreditáveis penteados e absurdos figurinos que acentuam grotescamente a obesidade de Divine, musa absoluta do diretor.



Em Polyester, de 1981, Divine, dona de casa infeliz, casada com o dono de um teatro pornô que a trai com a secretária, apaixona-se e tem um tórrido caso de amor, que rende cenas engraçadíssimas, com um rapaz mais novo vivido pelo ex ídolo adolescente Tab Hunter. Como forma de chamar ainda mais atenção para o filme, Waters cria o Odorama, uma cartela numerada de odores que é entregue a cada espectador na entrada do cinema. Números surgem na tela durante a projeção e as pessoas são orientadas a raspar o mesmo número na cartela e sentir o cheiro de cada cena, que obviamente, em se tratando de um filme de John Waters, nem sempre é agradável.
Seu grande e absoluto sucesso veio em 1988 com Hairspray, que conta a história da menina inteligente e gorda que sonha em se tornar dançarina num programa local de adolescentes na televisão. Trata-se basicamente da superação de preconceitos e novamente Divine está em cena como a mãe da garota. Em sua posterior adaptação para a Broadway, em 2003 e na refilmagem em 2007, manteve-se um homem no papel da mãe, numa forma brincalhona de conservar a tradição.
Após Hairspray, as portas definitivamente abriram-se para John Waters e ele deu continuação à sua extensa filmografia, sempre fiel às suas origens, com histórias irreverentes e absurdas como a de uma mãe serial killer (Mamãe é de Morte - Serial Mom), a de uma dona de casa que bate a cabeça e transforma-se em ninfomaníaca (Clube dos Pervertidos - Dirty Shame) ou de um diretor de cinema alternativo que sequestra uma grande estrela para obrigá-la a atuar em seu filme (Cecil Bem Demente - Cecil B. Demented).
Trabalha agora com astros como Johnny Depp (Cry Baby - Cry Baby), Selma Blair, Tracey Ullman (Clube dos Pervertidos), Cristina Ricci (Peckar - O Preço da Fama), Melanie Griffith (Cecil Bem Demente) e Kathelen Turner (Mamãe é de Morte).
O diretor faz questão de listar entre suas influências Ed Wood, Ingmar Bergman, Frederico Fellini, Werner Fassbinder, Andy Warhol, Walt Disney, O Mágico de Oz e Diane Arbus, fotógrafa americana famosa por sua predileção em retratar pessoas estranhas e anormais. Ao conhecer sua obra, você verá que a lista é séria! Eventualmente faz pontas divertidas ― como um repórter de fofocas em A Noiva de Chucky e uma rápida aparição na refilmagem de Hairspray, como um exibicionista que cruza o caminho da protagonista no número de abertura.
Aos 63 anos ele continua filmando, para a alegria daqueles que sabem apreciar seu cinema debochado, contestador e sobretudo, original.

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