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De Cinéfilo Pra Cinéfilo

O Cinema pós 11/09

Por Matheus Pereira

Oito horas da manhã. Acordo com calma. Pego o controle remoto que estava ao lado da minha cama. Ligo a TV e a primeira coisa que vejo é o noticiário. Eu poderia achar aquilo normal, afinal, oito horas da manhã é o horário de um tele-jornal matinal em uma conhecida emissora de televisão, mas não achei pelo seguinte fato: um ataque terrorista de proporções nunca vistas estava sendo noticiado. Diante dos meus olhos uma parte importante, porém triste, da humanidade estava sendo escrita.

A nação norte-americana, até então intocável e indestrutível, sofrera um dos maiores ataques terroristas do novo século. O poder balançou, e a política ficou perdida em meio ao caos. Sem saber o que fazer, o governo e a população apenas choraram e entraram em pânico. Quatro aviões foram sequestrados: um atingiu o Pentágono, dois atingiram o World Trade Center e o outro (que provavelmente se dirigia a Casa Branca) caiu, não chegando, obviamente, em seu alvo.

Os EUA e o mundo pararam. Em vários pontos do mundo, as pessoas choravam ou chocavam-se com o que acabara de acontecer.

Em minha sincera opinião, acho que tudo no mundo se dividiu em duas partes: Pré 11/09 e Pós 11/09. A história da humanidade tomou outros rumos, o governo tomou outros rumos (quando que em um país cheio de conservadores um negro ia ganhar o cargo político mais cobiçado do mundo? Antes dos atentados não, mas depois...), veio a guerra, veio a crise, as artes mudaram, e creio, que os meus e os seus filhos e netos receberão na escola um livro didático contando tudo o que aconteceu nestes anos. Já entrou para história. Já marcou o mundo, e a nós mesmos.

Vejamos então, como os atentados de onze de setembro afetaram (ou ajudaram, se você acha mais apropriado) o cinema.

Os atentados afetaram os EUA, foi o estopim de uma guerra, de erros políticos, de controvérsias e de crises, e é claro que um atentado dessa proporção afetou as artes em geral.

Os documentários surgiram, e junto com eles trouxeram um cara chamado Michael Moore, que peitou Bush e mostrou com coragem coisas que todos achavam mas que nunca falaria pra ninguém. Ele foi além: filmou, lançou, causou polêmica, ganhou um bom dinheiro e ganhou vários prêmios ao redor do mundo, inclusive um Oscar, e seu discurso na cerimônia foi polêmico e provocador. Outros documentários surgiram, uns conhecidos, outros nem tanto, uns mostrados todos os anos nos canais de documentários na TV fechada, outros que geravam calorosas discussões.

Mas não foram apenas os documentários que sofreram alteração. Vários filmes de variados gêneros sofreram alterações em seu roteiro ou em seus aspectos técnicos. Um grande exemplo disso é A Última Noite de Spike Lee, que só não foi melhor porque o diretor, triste e enraivecido com os atentados, inseriu várias cenas e diálogos sobre os atentados. Em certo momento, dois personagens conversam perto de uma janela que dá vista para os destroços dos arranha-céus, em outros momentos os personagens se lamentam e botam a culpa, de certa forma, nos atentados, os créditos iniciais do filme, por exemplo, mostram o quanto os atentados afetaram Lee, que preenche os espaços deixados pelos dois prédios com dois grandes fachos luz azul, representando as torres gêmeas.

Os filmes ficaram mais secos, e de certa forma, tristes. Antes dos atentados, se via filmes com finais felizes aos montes, todos bem resolvidos para deixar o espectador feliz. Hoje em dia os finais são tristes, secos e perturbadores. É só lembrar do Oscar de 2008 e das obras-primas Sangue Negro e Onde Os Fracos Não Têm Vez, ambos filmes secos, fortes e com finais secos e vagos, deixando espaços para interpretações e comparações com o mundo real. Até mesmo em algumas comédias os fragmentos dos atentados podem ser notados. Juno é uma dessas comédias, agridoce, seco e provocante, nota-se claramente que os atentados ajudaram na produção do filme, que dificilmente seria produzido ou patenteado antes dos atentados.

Assuntos como a poluição e tudo mais nunca foram tão pertinentes como agora. O fim do mundo e o medo de mais atentados também. Filmes sobre atentados terroristas pipocam por aí. Árabes, muçulmanos, iraquianos ou qualquer pessoa dessa etnia é vista com outros olhos, e geralmente são vilãs em filmes americanos.

Filmes de guerra como o quase desconhecido American Soldiers e o bom e bem conhecido Soldado Anônimo também são exemplos dessa fase. O inteligente Babel é um outro grande exemplo, pois mostra um casal de americanos que estão viajando por uma daquelas terras e que de repente a mulher leva um tiro disparado por crianças daquela terra que portavam uma arma ilegal.

As músicas também sofreram alterações, algumas citam os atentados e a crise em seus versos, outras tomaram outros rumos após os fatídicos acontecimentos.

São vários os filmes que relatam os acontecimentos e que foram afetados pelo 11/09, mas todos eles não cabem aqui. E você? O que acha sobre isso? Você acha que os atentados afetaram o cinema?
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Sexta feira tem mais! Espero que tenham gostado...

...e comentem...

1 comentários:

Suas observações foram certas. Os EUA foram obrigados a admitir sua vulnerabilidade, e isso refletiu-se nas artes em geral, não apenas no cinema. Sou de opinião que a mudança foi prá melhor. O cinema em particular passou a dar mais espaço para filmes sérios e adultos.

12 de setembro de 2009 às 19:51  

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