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10 - O Abutre

Assim como Matthew McConaughey, Jake Gyllenhaal tem surpreendido pelas ótimas escolhas que tem feito e pelas brilhantes atuações. Os últimos três filmes do ator não são menos que excelentes. Os Suspeitos, O Homem Duplicado e este O Abutre formam uma ótima trilogia que possui uma característica em comum: Gyllenhaal completamente inspirado e dentro de seus papeis. O Abutre é um filme ácido, uma crítica contundente ao jornalismo e à televisão atual. O longa de estreia de Dan Gilroy é o Rede de Intrigas dos dias de hoje. Como uma dura crítica ao sensacionalismo e à falta de ética na construção das notícias e programas de TV, O Abutre encontra, além da crítica social, espaço para sequências de pura tensão onde Jake Gyllenhaal pode brilhar intensamente. Lou Bloom é um dos personagens mais complexos e densos que o Cinema viu em 2014. Ao fim, O Abutre é um dos longas mais importantes do ano, acertando em todos os pontos possíveis, do roteiro à trilha sonora marcante, passando pelo comentário social e pelo duro retrato de uma sociedade doente.
9 - Nebraska

Alexander Payne é um autor versátil. Alguns acusaram o diretor de ser elitista após realizar Os Descendentes, longa que mostra os problemas de uma família rica e branca que mora no Havaí. Além de vazia, tal crítica cai por terra ao ver que Nebraska, seu último filme, está longe de acompanhar personagens ricos ou fúteis. Ainda que não conte com o brilhantismo de Os Descendentes, Nebraska é um consistente drama que se debruça no subgênero dos road movies para acompanhar a relação de pai e filho. Nebraska é doce sem ser melodramático e profundo sem ser pedante. É linda, por exemplo, a história do filho que decide realizar as vontades do pai apenas para agradá-lo e fortalecer laços familiares já abalados. Woody claramente não foi um excelente pai, e o passado talvez tenha sido muito pesado para aquela família; ainda assim, há um amor notável entre eles, uma cumplicidade passada às telas através de uma bela direção de Payne, atuações memoráveis de Bruce Dern, Will Forte e June Squib e uma fantástica fotografia em preto e branco.
8 - Inside Llewyn Davis

Ainda que muitos não percebam ou não se importem, os irmãos Joel e Ethan Coen sempre deram um grande destaque às trilhas sonoras de seus filmes e às músicas que permeiam suas histórias. O maior sucesso de crítica da dupla, Onde os Fracos Não Têm Vez, é uma obra isenta de música, mas E aí, Meu Irmão, Cadê Você?, por outro lado, é um filme que dá um bom espaço às canções. Inside Llewyn Davis, outro grande acerto, pode ser considerado o musical dos Coen. Não é um musical inteiramente cantado como Os Miséraveis, ou performático como Chicago, mas daqueles que contam uma história, acompanham os personagens e fornecem um breve intervalo para que alguma bela canção nos seja apresentada. Inside Llewyn Davis é assim: acompanhando as desventuras de Llewyn e um gato fujão, os Coen aproveitam para contar mais uma história "fora da caixa" e agradar o público com excelentes exemplares da música folk. Llewyn é um personagem que só poderia ter sido criado por Joel e Ethan: depressivo e sem rumo, o músico, ainda que tenha um enorme talento (comprovado a cada canção), não é um artista comercial: suas músicas falam sobre solidão, tristeza e morte. Até o nome do sujeito é complicado de se escrever e pronunciar. A típica comédia de erros (ainda que não seja tão engraçada) dos Coen ainda encontra uma bela ironia ao trazer, em seus minutos finais, uma participação ilustre.

7 - O Lobo de Wall Street


Assistir O Lobo de Wall Street é constatar o talento ainda inabalável de Martin Scorsese. Com setenta e dois anos, Scorsese se mostra um prolífico e talentoso senhor. Ao lado de Woody Allen, que também lançou um ótimo longa em 2014, Scorsese prova que talento não tem idade ou prazo de validade. O Lobo de Wall Street é um filme que ultrapassa limites e vai muito além, trazendo o bom e velho estilo de Os Bons Companheiros. A câmera ágil de Scorsese passeia e mostra o elenco brilhar. Leonardo DiCaprio prova mais uma vez o seu talento e Jonah Hill comprova sua versatilidade. Além deles, Lobo é povoado por ótimos coadjuvantes: entre eles, Kyle Chandler mostra novamente que o Cinema deve lhe dar mais oportunidades e Margot Robbie chega ao universo cinematográfico garantindo um futuro brilhante. Terrence Winter mantém seu estilo criado na TV com The Sopranos e Boardwalk Empire, com um texto verborrágico e denso, que nunca perde o ritmo. Que Scorsese permaneça o mestre que é.

6 - O Passado
Asghar Farhadi parece ter definido seu Cinema calcando seus roteiros em histórias aparentemente comuns, que podem acontecer com qualquer um de nós. Seus filmes são dramatizações dos conflitos familiares, da vida ordinária. Procurando Elly, A Separação e este O Passado começam com premissas simples; enquanto um parte do desaparecimento de uma mulher, outro se debruça na difícil separação de um casal. O Passado também parte da premissa de uma separação: aqui, porém, o casal já está separado, mas precisa oficializar o divórcio para que ambos possam seguir com suas vidas. Para isso, Ahmad (Ali Mosaffa, fantástico) volta à França para assinar os devidos papéis e se divorciar oficialmente de Marie (Bérénice Bejo, comprovando o talento proposto em O Artista). É apenas o início de um roteiro brilhante escrito por Farhadi. A partir de então, o diretor/roteirista descortina a vida dos personagens e remexe no nebuloso passado de suas relações. O título O Passado, ainda que abrangente, se mostra perfeito para o que Farhadi busca discutir. A sequência final (um dos momentos mais impactantes e bem conduzidos do ano) encerra mais uma obra absolutamente fascinante de um artista que, até agora, está longe de decepcionar.
5 - O Grande Hotel Budapeste

Não é necessário assistir mais de um ou dois minutos de O Grande Hotel Budapeste para saber que aquele é um filme dirigido por Wes Anderson. O estilo tão característico do diretor grita na tela. As cores vibram, a história se desenrola com o ritmo e o humor característico e os personagens, estranhos e simpáticos, encantam. O Grande Hotel Budapeste é o ponto mais alto de uma já brilhante carreira que recentemente nos entregou o excelente Moonrise Kingdom. Anderson, em sua nova criação, deixa os temas infantis de lado e abraça assuntos mais adultos, apelando para uma história bem mais elaborada e cheia de palavrões do que seu filme anterior. Anderson é absolutamente criativo em cada quadro de seu novo longa-metragem: cada imagem parece uma pintura ou uma foto com enquadramento perfeito. A simetria de seus quadros, por exemplo, nunca impressionara tanto como desta vez. Para completar o pacote, além das costumeiras participações de Bill Murray e Owen Wilson, temos Ralph Fiennes em uma de suas melhores e mais divertidas performances. É uma das melhores realizações de praticamente todos os envolvidos, o que nos diz muito, visto que o elenco e a equipe envolvidos em O Grande Hotel Budapeste raramente decepcionam.
4 - Ela

A filmografia de Spike Jonze mostra que o diretor/roteirista tem o seu próprio estilo para tratar sobre assuntos complexos e universais. O caminho tomado por Jonze pode ser considerado estranho, pouco ortodoxo, mas os resultados de suas abordagens sempre acabam satisfazendo. Sua última obra, Ela, é um exemplo perfeito, a síntese de seu estilo, de suas ideias. Trazendo Joaquim Phoenix (um dos melhores atores da atualidade) em um papel mais leve que o seu habitual, Ela conta a história de amor entre um homem e um sistema operacional, uma inteligência artificial. Essa ideia mirabolante é apenas uma saída para Jonze discutir sobre a tecnologia e como esta se relaciona e interfere na vida das pessoas. Ainda que jogue luz sobre estes assuntos, porém, Ela não é uma obra extremamente filosófica, mas sim um estudo intimista das regras que regem as relações diretas ou indiretas entre as pessoas e os meios tecnológicos. Além de tudo, ainda temos Scarlett Johansson naquele que talvez seja o melhor papel de sua carreira. Sua voz é doce e acolhedora, mas esconde um universo de mistérios e camadas que um mero humano não pode decifrar. Não surpreende que Theodore tenha se apaixonado por Samantha, bem como o público por este belíssimo filme de Spike Jonze.

3 - Garota Exemplar


David Fincher parece ter definido seu estilo. Seus filmes, ainda que diferentes entre si, dividem algumas semelhanças visuais e temáticas. Fincher, por exemplo, é adepto das tramas racionais, que não se entregam ao sentimentalismo barato. Seus últimos filmes são espertos, repletos de reviravoltas e personagens inteligentes e racionais. Em mãos menos experientes, estes filmes poderiam ser frios e permanecerem longe do público. Com David Fincher, porém, estas histórias envolvem o espectador, trazendo-o para perto e levando-o a caminhos inimagináveis. Garota Exemplar parece ser a síntese do bom Cinema desenvolvido pelo diretor. Visual arrojado, edição hábil, elenco preciso e nenhuma aresta solta. Nada em Garota Exemplar parece fora do lugar. Muito se deve, talvez, ao processo de produção do diretor: repetir exaustivamente cada cena até ela ficar perfeita, extraindo o melhor do roteiro e do elenco. E Fincher alcança seus objetivos com maestria: o roteiro, escrito por Gillian Flynn baseado em seu romance, é certeiro e o elenco não decepciona; até mesmo Ben Affleck e Tyler Perry, atores notadamente limitados, brilham em seus papeis.


2 - 12 Anos de Escravidão

12 Anos de Escravidão
é o filme sobre escravidão, preconceito e intolerância mais incisivo dos últimos anos. Ainda que Django Livre, de Quentin Tarantino, verse sobre o assunto, a abordagem do longa-metragem estrelado por Jamie Foxx é completamente diferente daquela vista na obra de Steve McQueen. Enquanto no longa de Tarantino havia o humor e a diversão, 12 Anos de Escravidão é uma drama denso, sem espaço para alívios cômicos. Assistir ao filme é uma experiência poderosa, fazendo-nos pensar como o nosso passado é vergonhoso, além de indagar ao espectador como toda aquela barbárie foi permitida, como tudo aquilo foi feito, e o pior: como resquícios daquele absurdo permanecem vivos até hoje. 12 Anos não é didático ou maniqueísta, e nem tenta falar sobre a escravidão de modo amplo. O objetivo é acompanhar o período doloroso vivido por Solomon Northup quando este, homem livre do norte dos EUA, fora sequestrado e levado para o sul para servir como escravo. No percurso, é claro, o filme acaba discutindo algumas características que eram comuns da época, mas tudo acaba sempre voltando a Solomon ou aos personagens coadjuvantes. O elenco é fantástico: começando Michael Fassbender, passando por Lupita Nyong'o e chegando em Chiwetel Ejiofor, alma e coração da obra. Dentre os melhores momentos há aquele em que Solomon olha para o horizonte e, depois, direto para a câmera, olhando nos olhos do espectador. Um momento singelo que vence qualquer outro.
1 - Boyhood

Há uma constante no Cinema de Richard Linklater: a passagem do tempo e seus efeitos nas pessoas. Desde seus primeiros filmes, Linklater dialoga sobre como os anos podem transformar alguém. Um dos maiores exemplos é a trilogia composta por Antes do Amanhecer/Pôr do Sol/Meia-noite, que acompanha o amadurecimento e os pontos altos e baixos de um casal. Jovens, Loucos e Rebeldes, um dos primeiros trabalhos do diretor/roteirista, ainda que não mostrasse a passagem do tempo, mostrava como a perspectiva de amadurecimento afeta jovens com longos futuros pela frente. Boyhood é o ápice desta temática tão querida por Linklater. Filmado ao longo de 12 anos, Boyhood acompanha o crescimento de um garoto dos seis aos dezoito anos e, para isso, Linklater descortina a vida do personagem de forma sincera, sem inventar dramatizações exageradas ou cenas grandiosas. A intenção é acompanhar as idas e vindas do garota e sua família de um jeito intimista e completamente realista. É a vida normal, comum, mas não menos importante, impressa numa belíssima obra, daquelas que entram para a história e que o tempo, que Linklater tanto discute, não pode apagar.

 Os Melhores do Cinema em 2014 - Indicados
Melhor Filme

12 Anos de Escravidão
O Abutre
Boyhood
Ela
Garota Exemplar
O Grande Hotel Budapeste
Inside Llewyn Davis
O Lobo de Wall Street
Nebraska
O Passado
Melhor Direção

Steve McQueen por 12 ANOS DE ESCRAVIDÃO 
Richard Linklater por BOYHOOD 
Spike Jonze por ELA 
David Fincher por GAROTA EXEMPLAR
 Wes Anderson por O GRANDE HOTEL BUDAPEST
Melhor Ator 

Chiwetel Ejiofor por 12 ANOS DE ESCRAVIDÃO
Jake Gyllenhaal por O ABUTRE
Matthew McConaughey por CLUBE DE COMPRAS DALLAS
Leonardo DiCaprio por O LOBO DE WALL STREET
Christian Bale por TRAPAÇA
Melhor Atriz


Marion Cotillard por ERA UMA VEZ EM NOVA YORK
Rosamund Pike por GAROTA EXEMPLAR
Berenice Bejo por O PASSADO
Kate Winslet por REFÉM DA PAIXÃO
Scarlett Johansson por SOB A PELE
Melhor Ator Coadjuvante


Michael Fassbender por 12 ANOS DE ESCRAVIDÃO
Etham Hawke por BOYHOOD
Jared Leto por CLUBE DE COMPRAS DALLAS
Ralph Fiennes por O GRANDE HOTEL BUDAPEST
Ali Mosaffa por O PASSADO
Melhor Atriz Coadjuvante

Lupita Nyong'o por 12 ANOS DE ESCRAVIDÃO
Rene Russo por O ABUTRE
Patricia Arquette por BOYHOOD
Tilda Swinton por EXPRESSO DO AMANHÃ
June Squibb por NEBRASKA
Melhor Roteiro Original


Boyhood
Ela
O Grande Hotel Budapeste
Nebraska
O Passado
Melhor Roteiro Adaptado

12 Anos de Escravidão
Alabama Monroe
Expresso do Amanhã
Garota Exemplar
O Lobo de Wall Street
 Melhor Elenco


12 Anos de Escravidão
Boyhood
O Grande Hotel Budapeste
O Lobo de Wall Street
Trapaça
Melhor Animação

Uma Aventura Lego
Os Boxtrolls
Como Treinar o seu Dragão 2
Frozen
Vidas ao Vento
Melhor Edição


12 Anos de Escravidão
Boyhood
Ela
Garota Exemplar
O Lobo de Wall Street
Melhor Fotografia


Era Uma Vez em Nova York
Garota Exemplar
O Grande Hotel Budapeste
Inside Llewyn Davis
Nebraska
Melhor Direção de Arte


12 Anos de Escravidão
Ela
O Grande Hotel Budapeste
Inside Llewyn Davis
Interestelar
Melhor Trilha Sonora


O Abutre
Ela
Garota Exemplar
Godzilla
Interestelar
Melhor Canção Original


"Split the Difference", BOYHOOD
"Moon Song", ELA
"The Last Goodbye", O HOBBIT - A BATALHA DOS CINCO EXÉRCITOS
"Yellow Flicker Bird", JOGOS VORAZES
"Lost Stars", MESMO SE NADA DER CERTO
Melhor Figurino


12 Anos de Escravidão
Ela
O Grande Hotel Budapeste
O Hobbit - A Batalha dos Cinco Exércitos
Malévola
Melhores Efeitos Especiais


Godzilla
Guardiões da Galáxia
O Hobbit - A Batalha dos Cinco Exércitos
Interestelar
Planeta dos Macacos - O Confronto

O Melhor da TV - 2014


O Melhor da TV
2014 

 


House of Cards talvez seja a série favorita dos cinéfilos, os amantes do Cinema. Seu formato - com temporadas lançadas inteiras de uma só vez - e seu elenco estão mais para o Cinema do que para a TV. A liberdade criativa, porém, é algo que só se vê ultimamente na televisão. A escalada de Frank Underwood ao poder é um legítimo épico político escrito com precisão e conduzido com maestria. Com a despedida de Bryan Cranston e seu Walter White, Kevin Spacey toma o posto como o melhor ator com o melhor personagem da TV.

 


Refilmagens e readaptações de histórias preestabelecidas em outras mídias geralmente não funcionam. Quando o Cinema tenta adaptar a TV e vice versa às coisas tendem a não dar certo. Com Fargo, porém, o resultado é surpreendente. Baseada no filme homônimo de Joel e Ethan Coen, a série utiliza o nome, a ambientação/clima e os personagens atípicos para contar uma história completamente nova e regada a muito sangue, idas e vindas. A maior diferença, porém, é que a série vai além e consegue ser melhor que a obra original.



Assim como Fargo, True Detective é uma antologia, ou seja, contará uma história diferente com personagens distintos a cada temporada. O novo formato parece estar em moda entre os estúdios televisivos e a criação de Nic Pizzolato é um dos melhores exemplares dessa nova abordagem. Estrelada por Matthew McConaughey e Woody Harrelson (ambos genais), True Detective não se furta de muita filosofia, metáforas e belas paisagens para contar a história de uma investigação que dura anos e cujo impacto não se mostra apenas nas vítimas. 



Assim como a maioria das séries britânicas, Sherlock é curta: três episódios. Nessa rápida caminhada, Sherlock abraça toda a emoção e o impacto que a maior parte das séries alcança apenas com treze ou mais episódios. Com tão poucos capítulos, a série do detetive mais famoso do mundo acaba tendo uma premiere e uma finale quase que consecutivamente, deixando pouco espaço para respirar. Entre roteiros excelentes, um elenco fantástico e técnica impecável, a única ressalva está no fato da série ir ao ar só a cada dois anos.



A comédia sempre foi um ótimo veículo para estudo de personagens e acontecimentos. Louie, mistura de drama e comédia de Louis C.K., busca falar sobre o banal, o corriqueiro, a rotina que, no limiar, é tão importante quanto os fatos inéditos ou raros. Louie fala de relacionamentos, solidão, infância, paternidade, depressão, humor e a indelével passagem do tempo. Nenhuma outra série, de qualquer gênero, foi capaz de dialogar com o público em tão pouco tempo (episódios de aproximadamente 20 minutos), revelando um pouco do personagem principal e do próprio espectador.



Game of Thrones é uma série tão debatida durante sua exibição que pouco resta a ser dito sobre ela. Verborrágica e anticlimática na maioria das vezes, Game of Thrones é daqueles sucessos inexplicáveis. Como uma série tão pesada, complexa (são infinitos os personagens, lugares e acontecimentos) e dramática como ela pode fazer tanto sucesso? São vários os motivos. Entre eles a história, profunda e envolvente; cheia de intrigas e reviravoltas, a trama vai e vem, surpreende e subverte as expectativas do espectador. Outros motivos envolvem o elenco fantástico, os vilões que adoramos odiar, os melhores efeitos especiais da TV, os figurino, a direção de arte, a fotografia, etc. É coisa de primeira linha.



Tiremos o elefante da sala: Orange is the New Black não é uma comédia. Ainda que funcione e agrade quando analisada dessa forma, OITNB está muito mais para o drama do que para os risos. Ainda que a trama escape, aqui e ali, para situações engraçadas e absurdas, grande parte de seu tempo é destinado ao relacionamento entre as personagens e as reviravoltas que acontecem no presídio. OITNB é, na verdade, um dos maiores trunfos do mundo das séries: além de se passar, basicamente, em um só lugar, o show é inteiramente protagonizado por mulheres. Em um mundo machista como o que vivemos, assistir uma história corajosa como esta, inteiramente carregada por mulheres, é um alívio.


 

 Depois de se mostrar como a melhor estreia de 2013, Masters of Sex retorna firme para aquele que é um dos piores momentos para uma série: o segundo ano. Toda série promissora que surpreende na primeira temporada sofre para garantir e provar a qualidade no ano seguinte. Não é à toa, por exemplo, que muitas séries tenham o seu pior momento durante as segundas temporadas. É um momento perigoso, em que a série já não mais novidade, mas também está longe de ser uma veterana. É uma adolescente e, por isso, precisa se reafirmar e provas suas capacidades a cada instante. Nesse jogo de afirmações e comprovações, Masters of Sex se sai maravilhosamente bem.


 

The Newsroom tem certo valor sentimental para mim. Foi a série, aliada a uma série de outros fatores, que me inspiraram a seguir o pelo rumo jornalístico. É claro que o programa está longe de apresentar a realidade de uma redação ou do jornalismo como um todo, mas a série se esforça para abordar temas atuais e relevantes. A licença poética de Aaron Sorkin pode beirar o absurdo, mas os diálogos e os personagens são tão bons que a implausibilidade de alguns acontecimentos ficam de lado. É bem verdade, também, que o humor do show não é dos melhores ou mais sutis, mas no momento que vemos Jeff Daniels em cação, proferindo suas rápidas e cortantes palavras, esse problema também pode ser esquecido. Sim, The Newsroom tem seus problemas, mas ela encanta de uma ótima maneira e é uma pena que não retorne para novas temporadas.

10º


The Affair é um surpreendente exemplo da originalidade e ousadia da televisão. A trama acompanha o relacionamento extraconjugal entre duas pessoas. Pronto. O fio condutor é este. A diferença da série para outras tantas histórias semelhantes é que The Affair divide sua abordagem em dois pontos de vista. Cada episódio é dividido em duas partes iguais; uma mostra o ponto de vista de Noah, a outra a perspectiva de Alison. A diversão está nas diferenças entre o que Noah e Alison viram. Quem tem razão? Quem está mentindo? Os roteiristas tem a incrível habilidade de construir uma trama complexa e envolvente, cheia de camadas, em volta de uma ideia simples. Uma das melhores estreias do ano.

Gravity Falls
Over the Garden Wall
Apenas um Show

Olive Kitteridge
Klondike
The Normal Heart

Matthew McConaughey por True Detective
Kevin Spacey por House of Cards
Clive Owen por The Knick

Robin Wright por House of Cards
Claire Danes por Homeland
Lizzy Caplan por Masters of Sex

Jeffrey Tambor por Transparent
Rick Gervais por Derek
Louis C.K. por Louie

Taylor Schiling por Orange is the New Black
Julia Louis-Dreyfus por Veep
Emmy Rossum por Shameless

Cary J. Fukunaga - Ep. Who Goes There? - True Detective
Neil Marshall - Ep. Watchers on the Wall - Game of Thornes
Steven Soderbergh - Ep. Method and Madness - The Knick

House of Cards
True Detective
Louie

Especial Oscar 2014










Em uma temporada tão concorrida como essa, ser o favorito já é praticamente uma vitória. A corrida é curiosa. Se no ano passado Argo era apontado como favorito na categoria principal mesmo sem ser indicado para Melhor Direção, neste ano, 12 Anos de Escravidão é o favorito ao prêmio principal mesmo sem ser favorito em categorias-chave como Direção, Ator e Edição. Isso é a prova da grande quantidade de obras relevantes lançadas em 2013. O próximo Oscar, portanto, promete ser pulverizado, com os prêmios divididos entre vários filmes, não havendo um grande vencedor em termos numéricos. Analisando as chances do filme de Steve McQueen, percebemos que ele tem chances em apenas três categorias: Melhor Filme, Atriz Coadjuvante e Roteiro Adaptado. São categorias importantes, que já justificam a principal estatueta, mas não será como, por exemplo, Quem quer ser um milionário?, que levou oito Oscar para casa, tornando a vitória principal indiscutível. Com resultados tão distintos, talvez não haja um vencedor legítimo. O principal concorrente, Gravidade, promete levar a melhor em categorias importantes como Direção, Fotografia, Edição e Trilha Sonora, o que o tornaria o favorito absoluto como o Melhor Filme do Ano. O histórico da Academia, porém, nos conta uma história diferente: 12 Anos de Escravidão é um drama de estilo bem clássico, que pode vir a se tornar uma obra de relevância histórica e cultural no futuro. O longa versa por uma temática forte, importantíssima e pouco discutida. Há, portanto, toda uma importância cultural e social, algo que o filme de Alfonso Cuarón, ainda que excelente, não conta. Nessa corrida cabeça a cabeça, 12 Anos de Escravidão acaba levando a melhor.

Gravidade tem a seu favor a revolução tecnológica que representa e o histórico invejável do diretor Alfonso Cuarón, que já recebeu indicações ao Oscar anteriormente por Filhos da Esperança (em Roteiro Adaptado e Edição) e Y Tu Mamá También (em Roteiro Original). Além disso, Gravidade é um sucesso de bilheteria, e isso conta muito, afinal de contas, o Oscar é uma festa e um programa de TV, um produto que precisa de audiência, de aprovação pública para funcionar; premiar um filme como o de Cuarón, portanto, seria uma boa escolha, já que muita gente assistiu o longa e esta seria uma forma de aproximar a premiação do público. Gravidade também se sai bem na corrida por ser uma inacreditável mistura de filme autoral com “arrasa quarteirão”. Mas tudo nos leva a um fato que não pode ser esquecido: trata-se de uma ficção científica, gênero que não tem bom histórico dentro da Academia. Os exemplares deste grupo sempre se saíram bem em categorias técnicas, mas dificilmente se dão bem em categorias principais, sendo negligenciados até mesmo nas indicações. Gravidade, porém, é uma ficção que não poderia ser esquecida. A crítica é praticamente unânime e a aprovação do público é inegável. A vitória na categoria principal significaria muito para a Academia e para os longas do gênero. Seria uma surpresa que não desagradaria e traria uma bem vinda inovação para os engessados votantes do Oscar. Infelizmente, a corrida indica que Gravidade deve ficar mesmo em “segundo” lugar. De todo modo, ao menos, o trabalho incrível de Cuarón deve ser reconhecido.

David O. Russel conseguiu realizar uma façanha que não se via desde 1981 com o filme Reds: a de conseguir indicações em todas as categorias principais e de atuação. E mais: em dois anos consecutivos. Ano passado por O Lado bom da Vida o diretor não era favorito em quase nenhuma categoria. E esse ano parece que a mesma coisa irá acontecer. A graça da festa deve ficar mesmo só na nota de rodapé que conta a curiosidade das indicações nas principais categorias. 12 Anos de Escravidão e Gravidade eram os dois principais concorrentes desde o início. Muito antes de qualquer outra premiação ou aposta, os filmes de McQueen e Cuarón já eram apontados como os filmes a serem batidos. Os nomeados ao Oscar foram anunciados e um precoce alarde foi construído em volta da fita de Russel. Pelo simples fato de ser o filme com mais indicações e por angariar nomeações em todas as grandes categorias, especialistas e comentaristas trataram de colocar Trapaça como o favorito da corrida. Enorme exagero. Era muito cedo para esse tipo de afirmação. A temporada já tinha seus favoritos e a liderança numérica não dizem nada; Lincoln no ano passado era o líder de indicações e se tornou uma grande decepção na noite de entrega dos prêmios. E assim também foi com Gangues de Nova York e Bravura Indômita, apenas para citar exemplos recentes. O inevitável aconteceu: Trapaça, que não era favorito em nenhuma outra categoria (à exceção de Roteiro Original), despencou nas semanas seguintes, e os legítimos favoritos voltaram ao posto que lhes era de direito. Agora Trapaça parece que irá se tornar uma dos maiores perdedores do Oscar. Ela, fantástico filme de Spike Jonze, cresceu na categoria de Roteiro Original. Nenhum ator ou atriz indicado parece ter chances e a hora de Russel parece não ter chegado. Mas que ele fique tranqüilo, pois no ritmo que ele vai, o reconhecimento pode vir muito em breve.

O retorno oficial de Scorsese ao Oscar está aqui. A Invenção de Hugo Cabret é excelente, mas não é um Scorsese legítimo, ficando muito, mas muito longe de obras como Os Bons Companheiros e o subestimado – e um dos melhores do diretor – Cassino. O Lobo de Wall Street é um épico. Não com cavalos, guerreiros e espadas, mas uma longa jornada cheia de altos e baixos contada através de um texto poderoso ao longo de três horas. Um épico, portanto. Terrence Winter, o roteirista, perdeu o controle de sua série, Boardwalk Empire, e sempre se mostrou um bom roteirista, mas adepto de longos textos que investem em textos e acontecimentos desnecessários. Winter já mostrara sua predileção pela prolixidade em episódios de The Sopranos e em quase todo o percurso da já citada Boardwalk Empire. E ele quase se perde aqui, mas toma o controle de sua história antes que as coisas perderem o rumo. De todo o modo, porém, Winter se mostra um excelente escritor quando se alia a Scorsese, e a imoralidade dos personagens vistos em O Lobo parecem feitos sob medida para o estilo dos dois. Além disso, Leonardo DiCaprio se entrega completamente ao personagem principal, deixando qualquer pudor de lado. A Academia, porém, não deve se render a nenhum dos indicados pelo filme. Scorsese é o tipo de cineasta que merecia inúmeros Oscar na prateleira, mas não deve levar o segundo para casa, já que venceu recentemente – e a concorrência este ano é muito forte. DiCaprio e Winter verão os concorrentes levando as estatuetas pelas quais concorrem e Jonah Hill está tão longe da vitória como estava quando concorreu por O Homem que mudou o Jogo. Thelma Schoonmaker, a editora, que merecia qualquer prêmio por seu brilhante trabalho, sequer foi indicada.

Clube de Compras Dallas seria o quinto finalista caso a Academia ainda indicasse apenas cinco filmes à categoria principal. Seria aquele filme não indicado para Melhor Direção que roubaria de muita gente a indicação para Melhor Filme. Filmes como o espetacular Ela, de Spile Jonze, e Nebraska, de Alexander Payne, provavelmente ficariam de fora, dando lugar a essa obra relativamente simples que cresceu semanas antes das indicações. E esse amor da Academia para com o filme é facilmente explicável. É corajoso, fala sobre um tema polêmico e tem grandes atuações. Além disso, tem indicações para roteiro e os votantes provavelmente já viam o filme como provável vencedor em ao menos duas categorias de atuação (incluindo a concorrida categoria dos Atores principais), o que o qualifica como um dos melhores lançamentos do ano. Clube de Compras Dallas, porém, ainda que muito bom, não é excelente, e está longe de merecer uma indicação ao Oscar de Melhor Filme. Inside Llewyn Davis, por exemplo, merece muito mais a honraria, e foi quase que completamente esquecido pelos votantes. Os Suspeitos, filme irretocável, conseguiu apenas uma vaga em Melhor Fotografia. Mas tudo bem. Em um prêmio onde filmes como Shakespeare Apaixonado e Quem quer ser um milionário? foram grandes vencedores, a indicação de Clube de Compras Dallas é até aceitável. Deve levar três prêmios: Ator, Ator Coadjuvante e Maquiagem. Todos merecidos, ao menos.

Ela é o melhor filme de Spike Jonze. E isso não é pouco, já que estamos falando do diretor de obras como Quero ser John Malkovich, Adaptação e Onde Vivem os Monstros. Escrito pelo próprio diretor, Ela não é apenas inteligente ou original, é poético. As palavras românticas trocadas pelo estranho casal fogem do lugar comum, dos elogios básicos e dos clichês. Eles falam sobre a vida, filosofam, falam bonito. Joaquin Phoenix segue sua ótima fase na carreira e mais uma vez incorpora um personagem diferente de tudo aquilo que fez até aqui. Caso haja justiça no mundo, Spike Jonze vencerá o prêmio de Melhor Roteiro Original, mas para isso deve tirar Trapaça da corrida, o que não vai ser fácil. A Academia pode querer homenagear o filme de David O. Russel de uma forma ou outra, já que não deve vencer nas categorias técnicas e de atuação, e com isso pode deixar Jonze, o real merecedor, de fora. Os críticos idolatram o filme e já o premiaram em diversas categorias. Além disso, Ela também venceu o prêmio do sindicato dos roteiristas, na categoria de Roteiro Original, deixando o favorito Trapaça para trás. Uma vitória no sindicato é importante, já que muitos dos votantes são os mesmos. O roteiro também foi vencedor no Globo de Ouro, o que não quer dizer muita coisa. E venceu, também, no Critics Choice Award, o que significa muito. No final das contas, é surpreendente que muitos apostadores sigam apontado Trapaça como o favorito na categoria, dado o belo histórico do longa de Jonze. No mais, Ela tem poucas chances em qualquer outra categoria, podendo surpreender, porém, nas categorias musicais de Trilha Original e Canção.

Dentro da filmografia de Alexander Payne, Nebraska empalidece ao lado de Sideways e Os Descendentes,por exemplo. Mas é um excelente filme. Todo em preto e branco – muito bonito, merecendo a indicação em Melhor Fotografia –, Nebraska é basicamente uma reinterpretação do que Payne já nos mostrou em ocasiões anteriores, com arcos narrativos bem definidos, personagens fortes e a estrada, personagem recorrente da filmografia do cineasta. Para os fãs do diretor, este novo filme está mais para As Confissões de Schmidt do que para qualquer outro. A relação conturbada de pai e filho, bem delineada e interpretada, e o atraso da Academia para premiar Payne em uma categoria principal poderiam contar a favor da obra em um ano mais fraco, ou caso tivesse mais apoio da crítica ou das premiações anteriores, mas na atual situação Nebraska deve terminar a noite de mãos vazias. Em todas as categorias o filme encontra uma concorrência muito forte. Não há a mínima chance em Filme, Direção e Ator, e as categorias de Roteiro Original e Fotografia já têm seus favoritos. O único prêmio poderia sair para June Squibb, como Atriz Coadjuvante, mas é improvável. Com toda a divisão de prêmios que deve acontecer, Nebraska deve ser um dos poucos indicados para Melhor Filme a ficar de mãos vazias.

Se há um grande prejudicado na corrida do Oscar este é Capitão Phillips. Antes do anúncio das indicações o longa de Paul Greengrass era favorito em categorias importantes, como Direção e Ator. Ficou de fora – muito injustamente – das duas. A categoria dos diretores este ano está realmente difícil, mas é inaceitável o fato de Tom Hanks ter ficado de fora como Melhor Ator. Bruce Dern, que está mais para coadjuvante do que protagonista de Nebraska, entrou; Hanks, na sua melhor atuação em anos, fora. Greengrass, presente em inúmeras listas prévias, viu sua vaga indo para as mãos de Payne. De qualquer fora, injustiçado ou não, Capitão Phillips não deve sair de mãos completamente vazias: depois de vencer no sindicato dos editores, o filme pode vencer como Melhor Edição. É possível, mas pouco provável, já que Gravidade é favorito aqui. O longa de Greengrass pode também levar a estatueta em alguma categoria de Som, mas deve perder para o longa de Cuarón. Pode levar, no máximo, e com muito custo, dois Oscar.

 

Philomena é o Chocolate e o Regras da Vida deste ano. Todos são bons filmes, mas surgem entre os indicados a Melhor Filme sem merecer de fato tão regalia. Os três compartilham algumas coisas em comum. São filmes relativamente leves, tratando de personagens carismáticos, lições de vida e uma boa dose de drama. Há também alguns temas polêmicos aqui e ali (aborto, HIV, religião, homossexualidade, etc.), mas nada que perturbe o espectador. Dois deles são dirigidos pela mesma pessoa, Lasse Hallström, e outro por Stephen Frears, que também emplacou um filme na categoria principal quando este, apesar de bom, não merecia estar ali; trata-se, claro, de A Rainha. Mas a similaridade principal entre todos estes filmes é Harvey Weinstein. O produtor, que já emplacou as mais improváveis indicações ao Oscar, faz de tudo para que suas produções sejam lembradas pela Academia. O auge foi quando venceu o prêmio principal por Shakespeare Apaixonado, quando este não era o favorito da festa. A partir daí uma sequência de nomeações improváveis aconteceram. Dos já citados Regras da Vida e Chocolate, até campanhas ridiculamente sujas por parte de Weinstein e sua equipe envolvendo filmes como Chicago – um dos piores vencedores do Oscar dos últimos tempos – e Gangues de Nova York. De uns tempos para cá, porém, o poder do produtor parece ter amenizado um pouco. Conseguiu emplacar de verdade apenas Philomena, que provavelmente sairá sem nada da cerimônia. Também pudera: é um filme comum, sem nada que justifique sua indicação na categoria principal, tirando a vaga de filmes infinitamente superiores como Inside Llewyn Davis e Os Suspeitos.


 

O Esquecido: Inside Llewyn Davis é simplesmente um dos melhores trabalhos de Joel e Ethan Coen, e sua ausência em várias categorias é um dos maiores erros da Academia nesta temporada. Os votantes preferiram indicar um longa mediano como Philomena ao invés de homenagear este memorável drama musical cheio de coração e alma. Um dos filmes mais pessoais da dupla.






Diretores mais conhecidos do grande público e até mesmo da crítica já tiveram suas chances com a Academia e já tentaram indicações aqui e ali. Nomes como os de David Fincher e Christopher Nolan vêm à mente. É curioso, porém, que ambos não tenham vencido um Oscar até hoje. Alfonso Cuarón, porém, é o favorito ao prêmio de Melhor Direção logo em sua primeira indicação. Terá agora, portanto, o que alguns de seus ilustres colegas não têm: uma estatueta dourada na prateleira. E o mexicano já merece uma dessas desde Filhos da Esperança, quando foi inexplicavelmente ignorado na categoria, mesmo tendo o melhor trabalho de direção daquele ano. Àquela altura, Cuarón recebera ao menos duas indicações, para Roteiro Adaptado e Edição. Perdeu em ambas as categorias para Os Infiltrados. Mas o tempo tarda, mas não falha, e Alfonso Cuarón é o favorito absoluto do ano. Além de ser um cineasta com talento inquestionável nos quesitos mais técnicos da profissão (os seus planos-sequência são sempre inesquecíveis), Cuarón também é sensível para com seu texto e seu elenco. Não à toa arrancou a melhor atuação da carreira de Sandra Bullock. Deve levar também o prêmio de Edição (que assina ao lado de Mark Sanger) e, com menos chances, porém, o de Melhor Filme, ao lado de David Heyman, que também foi seu produtor em Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban.

Talvez seja mais confortável para a Academia premiar Alfonso Cuarón do que Steve McQueen. McQueen é um diretor que foge mais do estilo da Academia. Seus filmes até aqui são praticamente o oposto do que os votantes do Oscar costumam homenagear. Ainda que seu filme, 12 Anos de Escravidão, seja o favorito, McQueen deve esperar mais alguns anos para que seu Oscar (que deve vir em breve) lhe seja realmente de direito. O trabalho do diretor, porém, é impecável. Dirigindo um elenco grandioso e cheio de bons atores e atrizes, McQueen arranca o melhor de cada um. Além disso, aproveita para exercer seu estilo, que conta com longas sequências sem cortes ou tomadas de silêncio. McQueen constrói seu drama e seus personagens tão bem, que quando algo realmente importante ou forte acontece, o impacto é indescritível.



Em termos técnicos o trabalho de David O. Russel em Trapaça é o melhor e o mais arriscado de sua carreira. Se em O Vencedor e O Lado bom da Vida O. Russel focava mais no texto e na direção de atores, em Trapaça o diretor melhora aquilo que desenvolvera em outros filmes e investe, também, na estética de seu filme, no visual. Com a câmera sempre em movimento, se aproximando e afastando dos personagens com velocidade, movendo-se do rosto para as mãos dos atores, acompanhando de perto também o que eles fazem, O. Russel treina mais o seu lado “diretor” aqui e merece a indicação na categoria. Mas ele também é um ótimo roteirista e isso pode lhe custar a vitória aqui. Para começar O. Russel praticamente não tem chances de vencer (Cuarón é favorito absoluto e antes de Russel há McQueen) e caso leve uma estatueta para casa, esta será pelo Roteiro Original que assinou ao lado de Eric Warren Singer.


É bom ver Martin Scorsese sendo indicado para um Oscar por merecimento e não apenas por ser quem é, ou então para que a consciência dos votantes da Academia fique tranqüila. Não há como fugir de uma verdade: Scorsese, um veterano no que faz, ainda é um mestre. Ele não apenas dirige, ele ensina. Ela mostra como deve ser feito. Comandando o difícil texto de Terrence Winter durante três horas de filme com o mesmo vigor com que dirigiu, por exemplo, Taxi Driver e Os Bons Companheiros, Scorsese parece voltar para o tipo de universo que ajudou a moldar ao longo do anos. Há a imoralidade, os personagens fortes e dúbios que conquistam o espectador e toda aquela técnica que o diretor domina. Ele e seu filme, O Lobo de Wall Street, provavelmente ficarão de mãos vazias, mas mereciam alguma lembrança.

A Academia talvez enxergue em Alexander Payne mais um roteirista do que um diretor. Parece ter sido isso o que lhe custou prêmios anteriores na categoria. Por Sideways e Os Descendentes Payne viu o prêmio ir para as mãos de outras pessoas, enquanto pôde se contentar com as estatuetas de Roteiro. Por estes dois filmes o diretor tinha muito mais chances do que tem agora; ou seja, se não venceu quando era um dos favoritos, é quase impossível que vença como um azarão. Além disso, os prêmios anteriores como roteirista talvez já sejam estatuetas suficientes para Payne, que ainda tem uma longa carreira pela frente e conseqüentemente indicações ao Oscar.





O Esquecido: Paul Greengrass apareceu em várias listas de premiações que antecedem o Oscar e sua indicação era quase garantida. A Academia, porém, optou pelo lugar comum, pela repetição, e colocou Alexander Payne mais uma vez na categoria. 







O renascimento de Matthew McConaughey no Cinema é algo bonito de se ver. Poucas vezes se pôde ver uma guinada tão brusca na carreira de um ator. E o ressurgimento das cinzas dele é ainda mais interessante se levarmos em conta que ele não precisou ficar afastado das telas para que pudesse surgir com força total (como Mickey Rourke em O Lutador), ele simplesmente parou de fazer certos tipos de filmes e começou a selecionar melhor os projetos. E as escolhas desde então têm sido excelentes. De O Poder e a Lei a Clube de Compras Dallas, McConaughey transformou sua filmografia, e se continuar assim não só levará o Oscar para casa como pode voltar a ser indicado no futuro, além de tornar definitivamente um dos melhores atores da atualidade. Seu concorrente Chiwetel Ejiofor merece muito o prêmio, mas não há como não ceder a estatueta para um homem que teve atuações fantásticas não só pela obra concorrente, mas por Killer Joe e Amor Bandido. Só para citar os exemplos recentes.

A atuação de Chiwetel Ejiofor é daquelas que o pessoal costuma chamar de paranormal, daquelas que marcam a carreira de um ator para sempre. É uma pena, portanto, que a hora de McConaughey tenha chegado junto à sua e que o favorito tenha surpreendido tanto nos últimos anos, ao contrário de Ejiofor, que não apresentou nenhuma grande performance nos Cinemas. Se Sandra Bullock é, segundo Alfonso Cuarón, o próprio filme Gravidade, Ejiofor é 12 Anos de Escravidão. Ainda que repleto de coadjuvantes fortes, interpretados com excelência por grandes atores e atrizes, Chiwetel é o cerne do filme. Sem ele, e a sua total entrega ao personagem, talvez o longa de Steve McQueen tivesse metade do impacto que tem. É realmente uma pena que um empate seja muito improvável na categoria de Melhor Ator, e que os votantes não possam escolher tanto McConaughey quanto Ejiofor, pois os dois merecem.

Os fãs de Leonardo DiCaprio precisam se acalmar. O ator merece sim um Oscar, mas este virá em algum momento no futuro. Não precisa pressa. Com o talento que tem, DiCaprio tem muito tempo ainda para pensar e batalhar por uma estatueta. Além disso, dizer que ele já deveria ter vencido é estreitar um pouco os fatos. Ele realmente já mereceu vários prêmios, mas devemos observar seus concorrentes em cada ocasião. Quando concorreu por O Aviador perdeu justamente para Jamie Foxx. Já por Diamante de Sangue viu o Oscar parar merecidamente nas mãos de Forest Whitaker. Este ano, mesmo tendo arrebentado em O Lobo de Wall Street, deve aplaudir de seu acento enquanto outro vai pegar a estatueta. DiCaprio pode esperar.

Christian Bale é a melhor coisa de Trapaça e se alguém do elenco merece alguma coisa, este alguém é ele. Entregando-se físico e psicologicamente, como de costume, Bale rouba as cenas de qualquer um que apareça em cena. Com uma barriga gigantesca, cabelo estranho e figurino extravagante, Bale consegue imprimir sua personalidade, sua interpretação, acima de qualquer coisa. É curioso, por exemplo, pensarmos durante a projeção de Trapaça que aquele sujeito já foi o Batman, ou o esquelético operário em O Operário. Conquistou merecidamente a indicação e isto já é seu prêmio. Assim como outros três colegas, pode aplaudir McConaughey vencer a categoria.

Não sei se Bruce Dern é realmente o protagonista de Nebraska. Caso concorresse como coadjuvante, por exemplo, teria mais chances de vitória, além de estar numa categoria que condiz com a sua participação no filme. Saindo da categoria principal, nomes como Tom Hanks e Oscar Isaacs poderia entrar. A atuação de Dern no longa de Alexander Payne é realmente muito boa, mas não parece a principal se compararmos com a do companheiro de tela, William Forte. De todo modo, Bruce Dern está aqui e apesar de toda a campanha que tem feio durante a temporada de premiações, suas chances de vitória são praticamente nulas.




O Esquecido: Tom Hanks tem a sua melhor atuação desde... Náufrago, talvez? A categoria estava tão concorrida e cheia de opções que os votantes optaram por nomes ainda novos, deixando Hanks, vencedor de dois Oscar, de fora.









Cate Blanchet é uma atriz à moda antiga. Carreira com muito mais altos do que baixos, venceu um Oscar em 2005 e manteve a qualidade de sua filmografia. Não precisaria esperar muito para receber outra estatueta e a hora parece ter chegado. Blanchet é uma das maiores barbadas desta edição do Oscar e debater sobre a corrida na categoria e sobre o trabalho de suas concorrentes é um exercício sem muita finalidade, já que sabemos como essa história vai terminar. Blue Jasmine deve levar apenas este prêmio, já que as categorias de Atriz Coadjuvante e Roteiro Original possuem seus próprios favoritos.

É difícil enumerar as concorrentes ao prêmio de Melhor Atriz. Há Cate Blanchet e o resto. Depois dela, quem poderia levar o prêmio? A que mais se aproxima talvez seja Amy Adams, por Trapaça, mas a hora de Adams ainda irá chegar em breve. Em sua primeira indicação na categoria principal, Adams tem mais um ótimo momento em sua carreira e apesar de contracenar com Christian Bale em um de seus melhores momentos, a atriz não deixa por menos e chama atenção sem precisar exagerar (algo que sua colega de elenco Jennifer Lawrence não conseguiu fazer).


Judi Dench é para a categoria de Melhor Atriz o que Bruce Dern é para a de Melhor Ator. São veteranos que receberam inesgotáveis elogios durante a temporada, mas que não vencerão o Oscar. Além disso, eles não são a espinha dorsal de seus respectivos filmes como Matthew McConaughey o é para Clube de Compras Dallas, por exemplo. Além disso, Dench parece ter se tornado uma figura recorrente do Oscar, daquelas que estarão sempre lá, mas não sairão com prêmios. O fato de Dench não entregar atuações muito diferentes umas das outras pode lhe custar além deste, outras possíveis estatuetas futuras.


Sandra Bullock, como já dito várias vezes por público, crítica e Alfonso Cuarón, é Gravidade. A atriz, ainda que cercada por efeitos especiais, é a alma da ficção científica dirigida por Cuarón. Sem Bullock, muito da força e do impacto da obra talvez se perderia. Caso não tivesse vencido por Um Sonho Possível, cujo prêmio não mereceu, há tão pouco tempo, este Oscar estaria quase em suas mãos. Do modo como está, deve ser um Oscar a menos na lista de Gravidade.



É bem provável que Meryl Streep venha a levar um quarto Oscar para casa, mas não agora. Sua atuação em Álbum de Família tem aquela qualidade característica de Streep, e caso a veterana não tivesse vencido recentemente um Oscar por A Dama de Ferro, ela certamente seria um empecilho no caminho glorioso de Cate Blanchet. Na atual configuração da categoria, porém, Streep mais uma vez vai sorrir, aplaudir e ficar feliz pela vitória de alguma amiga. O que ela ganhou sendo indicada mais uma vez? Quebrar o próprio recorde de indicações. Que no próximo ano ou depois voltará a ser quebrado.







A Esquecida: Adèle Exarchopoulos, assim como a colega de elenco, Léa Seydoux, está fantástica no elogiado Azul é a cor mais quente, filme que talvez seja pesado demais para os padrões da Academia.









Jared Leto já mostrou seu talento em outros filmes, diferente daqueles que consideram sua performance em Clube de Compras Dallas como sua estréia oficial. Leto já havia se saído muito bem em Réquiem para um Sonho, já se entregou a um papel, como em Capítulo 27, além de participar de grandes produções, como Alexandre e obras “cult” como Mr. Nobody. Jared Leto tem, portanto, uma carreira maior e melhor do que muitos imaginam. O ator – e músico, acima de tudo – deve levar seu primeiro Oscar em sua primeira indicação. Em Clube de Compras Dallas, Leto praticamente desaparece interpretando um travesti soropositivo, e consegue não ser ofuscado pela atuação assombrosa de Matthew McConaughey.

Michael Fassbender já merecia uma indicação ao Oscar há algum tempo. Sua atuação em Hunger, dirigido por Steve McQueen, por exemplo, é ainda mais surpreendente do que aquela vista no filme seguinte da dupla, Shame. Em uma carreira relativamente curta, Fassbender já conquistou público e crítica, e procura visitar diversos estilos e agradar diversos públicos, indo de grandes filmes como X-Men – Primeira Classe até os mais pessoais como os já citados Hunger e Shame. Em 12 Anos de Escravidão finalmente consegue uma indicação. E muito merecida. Na pele do maior vilão do filme, Fassbender consegue a façanha que muitos colegas não conseguem: criar um sujeito horrível, mas multifacetado. É o tipo de vilão sádico e monstruoso, mas é, também, um personagem interessante e cheio de camadas.

Premiar Barkhad Abdi em qualquer premiação é uma decisão arriscada. É inegável que sua performance em Capitão Philips é fantástica, e não deixa barato para um ator da estatura de Tom Hanks, mas você sinceramente consegue enxergar o ator em diversos papeis? É difícil saber até onde vai o talento do ator e o que ele poderia fazer com o talento que tem. Em uma comparação frágil, sua situação é parecida com a de Quvenzhané Wallis, indicada a Melhor Atriz em 2013. A atuação da pequena atriz é muito boa, mas o que é atuação ali e o que é a simples reação aos comandos do diretor? O que é talento? Mas esta á uma questão muito delicada para se debater agora. Wallis e Abdi tiveram grandes momentos e foram indicados por eles, o tempo, agora, há de provar estes talentos das mais diferentes formas.

Jonah Hill está muito melhor aqui do que estava em O Homem que Mudou o Jogo, filme pelo qual foi indicado pela primeira vez ao Oscar. Ator de talento inquestionável, trabalhou em O Lobo de Wall Street por amor à camisa, por ser fã de Scorsese e por reconhecer um grande projeto. O que faz de sua atuação tão boa é que ele não serve como simples alívio cômico ou então como o personagem engraçado, amigo do protagonista. Sim, ele é tudo isso. Alívio cômico, amigo do personagem principal e o mais engraçado, mas é também um dos personagens mais curiosos do grupo. Com voz, dentes e cabelo diferentes, Hill deixa as comédias básicas e os personagens simples para trás e abraça, definitivamente, a complexidade da profissão. Não vai ganhar, mas a indicação é muito merecida.


Parece que muita gente pegou carona nessa adoração exagerada por Trapaça e acabou recebendo uma indicação. É o caso de Bradley Cooper. Ele está bem em Trapaça que é, sim, um bom filme, mas sua atuação não é daquelas que você vê e diz: “Ah, esse cara vai ser indicado ao Oscar”. Ator talentoso, mas que ainda precisa de algumas provas, Cooper teve seu melhor momento em outro filme de David O. Russel, O Lado bom da Vida, e agora, apenas um ano depois, volta à corrida pela estatueta por outro longa de O. Russel. Na metade do ano passado, quando a corrida e as apostas começavam a surgir, o nome de Cooper estava bem cotado. O filme estreou, porém, e suas chances foram diminuindo. Agora, deve ser mais um a perder por Trapaça.



O Esquecido: Daniel Brühl poderia garantir a indicação mais importante para um dos maiores injustiçados deste Oscar: Rush. Assim como nas demais categorias, porém, o longa de Ron Howard ficou de fora.







Assim como Anne Hathaway no ano passado, quando venceu o Oscar por sua atuação em Os Miseráveis, Lupita Nyong’o não tem muito tempo em tela, mas o pouco em que aparece é melhor do que qualquer outra concorrente em qualquer outro filme. Só pelo plano sequência orquestrando por McQueen em que a atriz chega a seu ápice dramático, o Oscar já lhe é merecido. Num conjunto de emoções complexas, onde muito é digo através de pouco, Nyong’o quase toma o filme para si cada vez que aparece.


June Squibb é uma das melhores coisas de Nebraska. Em um papel que, na superfície, é apenas um alívio cômico, a atriz, aliada ao belo roteiro, constrói um personagem complexo, que oculta vários segredos e particularidades sobre o seu casamento e sobre si mesma. Interpretando uma velha mulher de opinião forte, Squibb consegue algo que poucos conseguem: transmitir emoções sem querer passá-las. Podemos ver, através de sua grande atuação, o amor que sente pelo marido, mesmo sem demonstrar tal afeto. Se levasse o Oscar, não seria tão ruim.


Jennifer Lawrence é uma excelente atriz. Ponto. Talentosa, a jovem trafega entre os projetos mais autorais e as superproduções, como a franquia Jogos Vorazes. Não direi que ela não merecia o Oscar de Melhor Atriz por O Lado bom da Vida, pois isso não é verdade. Ela estava bem naquele filme e o prêmio até foi merecido. Mas o fato é que Lawrence definitivamente não merece uma estatueta por Trapaça, nem se esta fosse a sua primeira chance de vitória. Lawrence, sempre contida e exata em suas performances, exagera em Trapaça. É compreensível: a personagem é complexa, o texto exigia um exagero contido e o limite é realmente tênue; mas a atriz realmente passa um pouco do limite. A indicação está de bom tamanho.


Julia Roberts volta ao Oscar com uma de suas melhores abordagens. Contida e em um papel que não lhe é comum, a atriz surpreende em Álbum de Família. Se é o retorno triunfal e permanente de Roberts, ainda não se sabe, mas ela acertou o tom e fez um bom trabalho. Seu prêmio deve ser apenas a indicação e a chance de voltar aos holofotes de Hollywood. Julia Robert sempre foi uma das grandes estrelas do Cinema contemporâneo, mas esteve inegavelmente apagada nos últimos anos. Ela deve aproveitar essa oportunidade e seguir o bom caminho.


Sally Hawkins é uma atriz que não costuma aparecer ou se sobressair muito. Faz os filmes que quer e parece estar bem da maneira que está. Sua indicação por Blue Jasmine é merecida e ao lado de Cate Blanchet é a força do novo longa de Woody Allen. Sua atuação, porém, não deve passar da atuação. Não é uma personagem de grande apelo dramático e não está em um filme adorado pela Academia. Sua performance sincera ao menos completa a bela categoria das atrizes coadjuvantes.








A Esquecida: Léa Seydoux, uma protagonista ao lado de Adèle Exarchopoulos em Azul é a Cor mais Quente, assim como a colega, ficou de fora. Sua atuação cheia de vigor e nuances talvez tenha sido demais para os padrões humanos da Academia.





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O Blog participa do Bolão 2014 do DVD, Sofá e Pipoca:





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