
Sou uma pessoa teimosa. Acredito em redenções.
Por isso resolvi dar uma chance a esse filme do diretor, ator e fazedor de dinheiro Daniel Filho (aquele do Se eu Fosse Você 1, 2, provavelmente 3, 4...).
Animou-me a qualidade do texto, adaptado do teatro pelo próprio autor, Bosco Brasil, e desanimou-me o logotipo da Globo Filmes preenchendo a tela. Os atores da versão teatral, Toni Ramos e Dan Stulbach, repetem seus papéis no teatro, do qual, o filme não deixa esquecer a origem.
É basicamente um filme de atores. Segismundo (Toni Ramos) e Clausewitz (Stulbach) se antagonizam como um burocrata funcionário da Alfândega e um misterioso polonês que tenta entrar no país após a guerra, para iniciar nova vida. Um deles guarda esqueletos no armário e ambos carregam tristeza e culpa profundas.
A produção é caprichada e a direção burocrática como a de um capítulo de novela, mas até aí nada de novo, pois a logomarca no início do filme já nos faz esperar por isso. O que incomodou realmente foi a atuação caricata e exagerada de Toni Ramos que, em certos momentos, chegou a ser constrangedora e me deixou imaginando como aquele belo e forte texto soaria melhor na boca de um ator que o deixasse simplesmente fluir. Dan Stulbach saiu-se bem melhor, compondo seu sincero e vulnerável personagem.
Não sei se a direção ou a ausência dela, foram responsáveis pelo que se viu na tela, mas o personagem do burocrata em determinado momento, querendo afetar indiferença numa cena tensa e emocional, se põem a aparar unhas! O tempo todo, a naturalidade de Stulbach, chocava-se com o exagero de Toni Ramos e isso, francamente, quase afundou o barco que só se manteve flutuando às custas do bem escrito texto.
Fiquei imaginando esse filme dirigido, quem sabe, por Walter Salles e o que visualizo como resultado, me leva a lamentar que não tenha sido o escolhido. A música de Egberto Gismonti é belíssima e um complemento para a bonita homenagem que os créditos finais prestam a vários imigrantes que destacaram-se principalmente atuando no meio artístico, como Otello Zelonni, Berta Loran e Ziembinsky, figura da maior importância no teatro brasileiro.
Nota: 6/10
Marcadores: Cinema Nacional, Tempos de Paz
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