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TOP 10 - Os Melhores do Ano




Por Matheus Pereira



É intrínseco de A Separação o subtexto histórico e cultural que mostra ao mundo, como uma janela aberta, a situação de seu país de origem. Através da análise de um casal – e sua separação –, Asghar Farhadi traça um importante paralelo que mostra sutilmente ao espectador o que acontece em um lugar tão longe e tão diferente do nosso. Sem ser didático ou desviar o foco de sua história central, Farhadi pincela, aqui e ali, os elementos que fazem de A Separação um filme único, já que caso feito em qualquer outro país, seu escopo seria diferente. O cenário que cerca a obra é o que lhe dá identidade, e é impossível fugir daquilo que lhe define. A separação do título é, claro, universal, mas os subtextos que a circundam são próprios. A vida de uma mulher, de um homem, de um casal, o matrimônio, a separação, tudo tem seus próprios contornos e características no universo analisado por Farhadi. A história de uma simples separação, portanto, acaba se tornando um dos filmes mais importantes e relevantes do ano.









Muito tem se falado sobre a maturidade alcançada por Ben Affleck como diretor em seu último filme, Argo. Acontece que Affleck sempre teve tal maturidade, o tempo apenas tratou de melhorá-la. Gênio Indomável, que o lançou ao mundo, é prova disso. O sujeito tomou decisões erradas pelo caminho e precisou se reencontrar. Foi na cadeira de diretor que o renascimento aconteceu. Argo é apenas seu terceiro filme como diretor e já podemos tirar muitas conclusões sobre o seu Cinema. Affleck é o tipo de cineasta que usa as pessoas e o cenário no qual elas estão incluídas para contar sua história. Há uma preocupação com o desenvolvimento de seus personagens e a utilização dos lugares em suas composições. Medo da Verdade e, principalmente, Atração Perigosa (cujo título original é The Town) possuem estas características. Argo não foge disso. Explorando a questão política e social do Irã na década de 70, o projeto aproveita para traçar paralelos com a atual situação do país, elevando a importância da obra e tornando-a atual e pertinente. Argo é o melhor filme de Affleck como diretor, mas o fato é que todos os seus filmes, cada um a seu modo e dentro do seu próprio eixo, são importantes e provam sua maturidade.









Percebe-se que David Fincher não buscava em Millennium a relevância cultural, social ou política que alcançou em Clube da Luta e A Rede Social, por exemplo. The Girl With the Dragon Tatoo é, de certa forma, uma obra mais descompromissada de Fincher. O que não tira os méritos do diretor. Seguindo sua habitual linha racional e séria, Fincher constrói um suspense irretocável. O batido “filme de mistério” vira uma saga e cada cena, como é habitual na filmografia do diretor, enche os olhos. A fotografia, impecável, contribui para a história e não serve apenas para encantar – embora cumpra muito bem esse dever. A edição – premiada com o Oscar – torna a fita – de duas horas e meia – dinâmica e empolgante, assim como a trilha sonora de Trent Reznor e Atticus Ross. É difícil imaginar que Fincher algum dia faça um filme ruim. Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres entra para a invejável filmografia do cineasta como um dos melhores elementos que a compõe.










Os Descendentes tem uma história um tanto absurda e não tem, se analisarmos um pouco, uma trama fixa ou bem definida. Ao mesmo tempo em que explora a relação do protagonista com as filhas, busca, também, mostrar um pouco do cenário (pouco explorado pelo Cinema, diga-se) que permeia seus personagens; insere humor aqui e ali, trata sobre os problemas pessoais do protagonista (que envolve a venda de uma propriedade). Parece que a obra não tem rumo. Mas isso não é defeito no mundo de Alexander Payne. O fabuloso Sideways também tratava sobre diversos assuntos e dilemas e não tinha uma trama perfeitamente delineada. O importante em ambos os filmes é analisar seus personagens, e Payne, ao lado de Jim Rash e Nat Faxon, faz um trabalho impecável. George Clooney entrega uma de suas melhores atuações e Shailene Woodley é uma grata surpresa. Mais um grande acerto de Payne.










Senti certo receio antes de assistir O Hobbit – Uma Jornada Inesperada. Não pelo filme em si, mas pela impecável trilogia que o precede: O Senhor dos Anéis. É óbvio que O Hobbit jamais irá prejudicar A Sociedade do Anel, As Duas Torres ou O Retorno do Rei, mas depois de alguns anos, a saga se tornou uma espécie de obra intocável. Era melhor deixar aquele universo como estava. Deixar boas memórias para o público e não mexer em algo que já estava perfeito. Com a nova empreitada, os filmes anteriores não ficariam ruins, mas pareceriam violados. De alguma forma, a trilogia do Anel sofreria algumas conseqüências de um suposto insucesso dO Hobbit. Mas o fato é que Peter Jackson acertou novamente, o primeiro capítulo de O Hobbit é fantástico e a sagrada trilogia permanece incólume. Os fãs e não-fãs agradecem. Uma Jornada Inesperada tem um tom nostálgico certeiro; desde certos temas musicais já conhecidos que tocam no momento adequado até rimas visuais que Jackson faz questão de incluir para ligar os pontos e fazer uma ponte entre a primeira e a nova saga. O resultado é um deleite para os olhos, uma bela e sincera homenagem à obra de Tolkien e àqueles que a apreciam.









O anacronismo de O Artista é evidente, mas isso não atesta contra a produção. O fato de ser tão diferente do que se vê hoje em dia e revitalizar um Cinema antigo e clássico, é o que o torna único. Michel Hazanavicius compõe uma carta aberta de amor ao Cinema. Hoje, quando o digital quer tomar o lugar da película, em que o 3D vira febre e que o Cinema sofre mudanças notáveis (o “48 quadros por segundo” é outra novidade que apareceu em 2012), nada mais adequado que contar a história de um ator que precisa se adequar a uma das maiores mudanças que o Cinema sofreu em toda a sua história: a chegada do som. É de uma forma ou outra, uma metáfora; uma forma de mostrar como a Sétima Arte é mutável, mas são as pessoas que precisam se adaptar a ela, pois ela existe e passa sem parar por ou para ninguém.









 

O tom de fábula que circunda As Aventuras de Pi sofreria nas mãos de qualquer outro diretor. Ang Lee, cineasta de sensibilidade notável, faz um trabalho irretocável ao transpor para as telas os simbolismos e a complicada trama que, em suma, envolve um rapaz, uma pequena embarcação e um tigre de bengala. M. Night Shyamalan e Alfonso Cuarón se envolveram com o projeto anos antes, e mesmo que sejam grandes diretores (o último, principalmente!), esta era uma história para Lee contar. Depois de adaptar o romance de dois cowboys gays para o Cinema de forma tocante e sincera, ninguém mais poderia contar a vida de Pi como ele, sem ser piegas, sem exagerar na dose de emoção. As Aventuras de Pi é, enfim, uma obra certeira; conduz o espectador com imagens belíssimas e uma trama simples e envolvente; ao final, brinca com a própria a história, com o que é verdade ou não, com o que o público prefere ver e ouvir. Brinca com a própria linguagem cinematográfica.










Quem foi ou é adolescente sabe o quão importante é essa fase da vida. Talvez seja o período mais importante na existência de um ser humano. É nessa fase que as principais decisões são feitas, quando os caminhos começam a se desenhar, quando nossas personalidades começam a tomar contornos definitivos. É, em suma, o momento em que nos decidimos, em que escolhemos o que queremos ser para o resto da vida. O que vem depois é, em maior ou menor grau, o resultado do que se fez e escolheu na adolescência. As Vantagens de ser Invisível talvez seja o mais fiel e profundo a tratar sobre o assunto nos últimos anos. Ainda que os personagens vistos aqui não representem a um grande grupo de pessoas, os sentimentos, vivências, as indagações são universais, tocam a todos. De forma sincera e eloqüente, Stephen Chbosky dialoga com o público não só sobre as vantagens de ser invisível, mas as vantagens de ser infinito.










Muita expectativa se criou em torno de Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge. Uma pena. Depois de O Cavaleiro das Trevas seria difícil criar algo tão impactante quanto. O resultado fica aquém do filme anterior, mas ainda assim é uma grande obra. Christopher Nolan conduz as cenas de ação com competência e desenvolve seus vários personagens com propriedade. Tom Hardy está ótimo, mas é Michael Caine que rouba a cena. Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge é, portanto, um brilhante e satisfatório desfecho para a versão criada por Christopher Nolan. E o melhor de tudo: toda a promessa feita e nutrida desde que Batman foi engolido pelas trevas ao final do filme de 2008 é cumprida com honra, deixando a clara sensação de que logo sentiremos saudades.











Se você já assistiu a um filme ou a uma cena dirigida por Wes Anderson, reconhecerá o trabalho do diretor assim que passar os olhos por Moonrise Kingdom. Os quadros milimetricamente alinhados e centralizados chamam atenção, assim como as cores (o amarelo e o laranja se destacam) e os personagens estranhos, mas inteiramente humanos. Anderson, ao lado de Roman Coppola, cria uma história simples e emocionante sobre duas crianças que resolvem fugir juntas. No caminho descobrem o amor e todos os problemas que isso acarreta; é uma jornada de autodescoberta que nenhum outro escritor ou diretor poderia igualar. Jared Gilman e Kara Hayward encarnam Sam e Suzy com intensidade e o elenco de coadjuvantes é impagável (é impossível dizer quem está melhor: Edward Norton, Bruce Willis ou Bill Murray). São vários os elementos de Moonrise Kingdom que merecem destaque, por isso, apenas digo para assisti-lo, seja pela primeira vez ou novamente. Wes Anderson e este que talvez seja seu melhor filme merecem.





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Menções Honrosas (em ordem de preferência)

Cavalo de Guerra
Looper – Assassinos do Futuro
O Espião que Sabia Demais
A Invenção de Hugo Cabret
O Homem que Mudou o Jogo
Precisamos falar sobre o Kevin
A Outra Terra
Drive
Prometheus
Skyfall

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