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Coriolano


O texto rebuscado de Shakespeare demora para rimar com a abordagem de Ralph Fiennes para Coriolano. Se o estilo de Julie Taymor combinava com os textos do autor por ter uma abordagem pop, atemporal e enérgica, muito semelhante com aquela vista em Romeu + Julieta, de Baz Luhrmann, o toque de Fiennes parece distante por trazer um toque realístico e atual demais ao texto clássico. Ainda que a obra original tenha cunho político e esteja calcada na realidade sendo, assim, atemporal, algo nessa mistura parece destoar. Mas não se engane, Coriolano é um grande filme. Passando por pequenos problemas de tom e recuperando o fôlego, a fita se mostra forte e pertinente em sua mensagem. Ralph Fiennes concebe um grande trabalho na direção e uma notável atuação, entregando um forte estudo de personagem.

Sherlock Holmes - O Jogo das Sombras

Sherlock Holmes - O Jogo de Sombras é praticamente a mesma coisa que anterior com algumas mudanças na trama e nos personagens. É um outro filme, claro, mas com muitas reminiscências do primeiro longa, um sucesso considerável. Sucesso, esta é a palavra. Devido a aceitação do público para com o formato apresentado no primeiro exemplar, Guy Ritchie e os produtores resolveram simplesmente seguir a cartilha e não inovar. Temos aqui uma direção mais folgada e com mais vícios, Robert Downey Jr. sendo bacana, Jude Law sendo galã, Noomi Rapace conhecendo Hollywood e mais uma fita divertidíssima. Ainda que seja um releitura da própria abordagem, O Jogo das Sombras é consistente, tem uma boa história e um visual impecável.

Histórias Cruzadas

Histórias Cruzadas é o exemplo perfeito de superestimação. E toda superestimação é absurda. Não há explicação para tanta adoração em torno deste projeto. Trata-se de um drama simples, superficial e tolo que tropeça nas próprias mensagens, traindo a si mesmo. Com personagens clichês e antipáticas, Histórias Cruzadas tem suas forças em Viola Davis e Emma Stone, que entregam atuações notáveis mesmo interpretando figuras tão mal construídas. Octavia Spencer talvez seja a atriz que menos tenha merecido um Oscar nos últimos anos e Jessica Chastain exagera no tom. Não é ruim. É apenas um drama comum, igual a qualquer outro.

Os Descendentes

Alexander Payne tem um estilo bem característico, mas difícil de explicar. Há uma similaridade gritante entre Os Descendentes e Sideways, por exemplo. Talvez sejam os personagens reais, adultos passando por problemas reais. Talvez seja o humor e a ironia de seus textos que, aliados aos dramas complexos das figuras que surgem na tela, pintam um paradoxal e denso quadro realístico. Um fato é certo: tanto Sideways quanto Os Descendentes (e inclua também As Confissões de Schmidt) contam com atuações primorosas de seus protagonistas. Giamatti, Nicholson e, aqui, Clooney, elevam o texto de Payne e entregam belíssimos filmes, cheios de simbolismos. Apresentando seu melhor trabalho na direção de um longa, Alexander Payne acertou mais uma vez.

Drive

Um novo herói, com um enorme escorpião dourado em sua jaqueta prateada, nasceu em Drive. Ryan Gosling tratou de dar-lhe vida. Carey Mulligan, a donzela. Bryan Cranston (sempre fantástico) uma espécie de amigo, ou até mesmo figura paterna/mentor. Albert Brooks é o vilão. Acrescenta-se a esta galeria um toque oitentista, ação, violência, uma boa dose de realismo e tem-se o melhor filme de "super herói" do ano. Se o adjetivo lhe incomoda, chamemos o motorista de "vingador". Calcado na direção soberba de Nicolas Winding Refn, na atuação de Gosling e no clima "anos 80", Drive é o mais cool que o Cinema alcançou nos últimos meses.

Albert Nobbs

Albert Nobbs é um filme que talvez não precisasse existir. Não servindo como diversão e muito menos como atestado histórico, o filme falha também em sua narrativa, na arte de contar uma boa história. Não é uma obra ruim, entretanto, não se esforça para ficar guardada na memória do espectador, sendo esquecida pouco depois de seu término. Glenn Close tem boa atuação, mas é mesmo Janet McTeer o ponto forte da fita. Ofuscando a protagonista e contando com uma subtrama superior à principal, McTeer convence não só devido ao tamanho considerável, mas também pelo total domínio sobre sua personagem. Mia Wasikowska, porém, é um buraco negro de carisma. Não há um filme em que ela participe que não encontre em sua performance seu maior problema. Totalmente inexpressiva e tediosa, a jovem acaba com a já diminuta relevância de seu núcleo. Ainda assim, Albert Nobbs não é um total fiasco.

A Mulher de Preto


Dentre os filmes de horror lançados ultimamente, A Mulher de Preto talvez seja o mais ambicioso. Calcada no silêncio e em um roteiro vagaroso, a fita acompanha um advogado viúvo que, desestabilizado emocionalmente, vai até um vilarejo aparentemente isolado para cuidar da papelada de um cliente recém falecido. Lá conhece a tal mulher de preto e o resto já se conhece. O clima da obra é notável e a direção de arte, tal qual sua fotografia, são excelentes; porém, dois defeitos tiram grande parte de sua força: Daniel Radcliffe e sua falta de ritmo. Para começar, o ex-Harry Potter não convence como um advogado viúvo e pai de um garoto de quatro ou cinco anos, além disso, Radcliffe reutiliza as mesmas muletas de interpretação que usava na saga Harry Potter, concebendo, assim, uma performance limitada e aborrecida. Há também toda a irregularidade de ritmo na hora final da produção. Se passando em uma enorme casa isolada da civilização, aqui acompanhamos o protagonista caminhando de um canto a outro da residência abandonada em busca de sarna para se coçar. Pouco acontece e o tempo é gasto com nada. É um bom filme, mas precisa de muito mais para ser um horror legítimo.

Millenium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres

Depois do trabalho contido em A Rede Social, David Fincher volta às raízes com vícios estéticos e apuro visual a técnico invejável. E, como sempre, alcança resultados impressionantes. Este Millenium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres é não só melhor que a versão sueca como também um adaptação muito mais inteligente e bem construída. Com pouco mais de duas horas e meia, o filme mantém um ritmo notável, em boa parte graças à estupenda edição de Kirk Baxter e Angus Wall (vencedores do Oscar por dois anos consecutivos, uma por A Rede Social e outra por este Millenium). Rooney Mara prova que tem futuro e The Girl With the Dragon Tatoo é mais um grande trabalho de Fincher ignorado em premiações que será lembrado ao lado de obras como Clube da Luta, Seven, Zodíaco... É pouco?

Um Dia

Lone Scherfig cria aqui um romance ainda mais eficiente que Educação, seu prestigiado longa anterior. Baseado em best-seller de sucesso, Um Dia é o tipo de romance que pode ser chamado de convencional, mas é tratado de forma tão tocante e cuidadosa por seus criadores que aquilo que poderia se tornar gratuíto nas mãos de outras pessoas ganha aqui ares densos, pessoais e íntimos notáveis. Os saltos temporais causam estranheza no início, pois acontecem rápido e abruptamente; porém, com o andar da trama, constata-se que o formato é muito bem conduzido e lógico. Outro fato que merece respeito é o de que a fita não se torna episódica, pulando de um ano para outro de forma fragmentada e perdida. Scherfig, que sabotara seu Educação na cena final, aqui ameaça fazer a mesma coisa, mas surpreende ao conceber uma linda sequência, rica em simbolismos e ironia; tão bela e tão forte que desperta no espectador a vontade de voltar e assistir tudo novamente.

A Hora da Escuridão

Se a ideia fosse melhor aproveitada, A Hora da Escuridão seria uma fita eficiente. Porém o que se vê aqui é um aborrecido e manjado conto de sobrevivênvia num mundo sendo atacado por criaturas de outro planeta. Mudar o foco dos EUA para a Rússia é interessante é válido, mas perde sua razão de ser quando mostra que seus protagonistas americanos só sabem falar mal do país onde se encontram e tentem parecer melhores e mais inteligentes que os "nativos". Além disso, é uma estranha coincidência que quase todos os russos vistos na obra saibam falar inglês aceitavelmente. Os efeitos são fracos e o Emile Hirsch daqui não lembra em nada o de Na Natureza Selvagem. Para completar, o elenco de apoio é sofrível.

2 Coelhos


Ainda não se descobriu o que é 2 Coelhos. Mescla de várias e várias obras das mais diferentes áreas, esse surpreendente longa nacional lança aquele que pode ser a maior promessa do ano: Afonso Poyart. Deslumbrado, mas competente, o estreante concebe uma fita eficiente e inteligente que, contando com fotografia estourada e excelentes efeitos especiais, vai e volta no tempo para contar a história de Edgar, um sujeito aparentemente normal que arquiteta um plano mirabolante para... Para não correr o risco de estragar a trama cheia de reviravoltas e surpresas, paro por aqui. Fernando Alves Pinto não é o melhor dos atores, mas segura bem a responsabilidade. Destaque para Alessandra Negrini e Caco Ciocler.

Matheus Pereira

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