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Crítica - Planeta dos Macacos: A Origem



Planeta dos Macacos: A Origem é uma surpresa. Você já deve ter lido essa frase várias vezes em vários meios de comunicação. Num contexto geral pode até ser "surpresa", visto que a grande maioria não estava muito empolgada com o lançamento do filme. Desde o primeiro trailer, que fora cercado de suspense pela Fox, uma demasiada curiosidade tinha despertado em mim. Fiquei com muita vontade de assistir o filme, mesmo sabendo que a nova investida na franquia poderia resultar num completo desastre. O filme estreou em seu país de origem e as críticas logo surgiram. Positivos em sua grande maioria, os comentários foram surpreendentes. Muitos alardearam a fita como o melhor blockbuster do ano e a comprovação da revitalização da Fox que, neste mesmo ano, lançou o elogiado X-Men: Primeira Classe e estava encarando uma má fase. Os macacos chegaram por aqui e foi a mesma coisa: público e crítica aprovaram. E não tem como não aprovar. Planeta dos Macacos: A Origem é o típico "filmão pipoca" que não ofende o espectador, é muito bem realizado e respeita suas origens. Se as refilmagens e novas roupagens de clássicos do Cinema desapontam e afrontam seus originais, Planeta foge desta regra e mostra uma equipe preocupada não só com os novos espectadores que virão a se apaixonar pela história, mas com aqueles que sempre valorizaram a antiga série.

A história é simples, mas coesa e esperta: Will Rodman (James Franco) é um cientista que está prestes a desenvolver um vírus capaz de curar o mal de Alzheimer e faz os testes em uma símia chamada Olhos Brilhantes. Rodman percebe que, após os testes, o animal fica demasiado inteligente, o que prova a eficácia do experimento. Tal inteligência passa para o filhote, batizado como Cesar pelo pai de Rodman (que sofre do mal de Alzheimer) depois que Olhos Brilhantes é morta durante um incidente. Adotado e morando com Rodman e seu pai, Cesar evolui sem precedentes e mostra grande inteligência. Oito anos depois, Cesar começa a questionar Rodman sobre seu passado e sente-se desconfortável com algumas coisas (ele pergunta ao "pai" se ele é um animal de estimação depois de ver um cão andando, assim como ele, com uma coleira no pescoço, numa interessante sacada dos roteiristas). Depois de um incidente, Cesar vai para um abrigo reservado para símios e, assim, a (r)evolução começa. Os escritores Rick Jaffa e Amanda Silver mantêm o ritmo durante toda a narrativa e desenvolvem o personagem central, Cesar, de forma inteligente e dedicada. Ainda que alguns personagens não tenham o mesmo cuidado relegado a Cesar, este quesito do roteiro não chega a prejudicar o resultado final. Bem estruturado, o texto nasce praticamente do zero e se firma sozinho, sem depender de toda a franquia que o precedeu, o que é um feito louvável. Fazendo ótimas referências ao original (como a Estátua da Liberdade em miniatura que Cesar "brinca"), a dupla toma cuidado ao costurar pontas e unir detalhes dos filmes.

Tecnicamente irrepreensível, Planeta dos Macacos: A Origem apresenta uma fotografia interessante, tendo em vista o material em questão, que, em outras mãos, seria algo burocrático e sem novidades. O fato é que aqui, a fotografia salta aos olhos nos momentos em que Cesar se encontra entre as árvores e contemplando a cidade do alto. Com reflexos, diferentes paletas (as cores no habitat natural são fortes e vivas, já as cenas do clímax na cidade tem como cor predominante o cinza e uma forte névoa) e bons quadros, as imagens enchem os olhos e comprovam o cuidado da produção. Outro ponto que merece destaque é a edição. Diferente da maioria dos filmes de ação/aventura atuais, as cenas são montadas com clareza e coesão. Podemos apreciar cada instante da ação sem perder detalhe algum. O clímax é um dos melhores momentos do ano: cheio de cenas tensas e bem coreografados, Planeta: A Origem chega, neste instante, a um patamar que nenhum outro exemplar do gênero conseguiu nos últimos meses.

Mas são três pontos que elevam Planeta: a direção de Rupert Wyatt; os efeitos especiais que beiram a perfeição e a atuação cheia de humanidade de Andy Serkis. A direção de Wyatt (e aqui temos um ponto realmente surpreendente) é o pilar do filme: conduzindo com inteligência e talento as cenas de ação e com cuidado e calma as cenas mais dramáticas, Wyatt, que é um estreante nesse tipo de produção, mostra fibra e criatividade durante todo o tempo. Os planos abertos que revelam a cidade ou os closes que focam as mais sutis reações/emoções de Cesar, merecem atenção. E isto nos trás aos efeitos especiais do longa: com realismo impressionante, os símios de Planeta parecem reais. Os pêlos, os movimentos, os olhos; tudo é perfeito e detalhado. E isso ajuda na construção dos personagens e dão aos atores total liberdade. E assim chegamos ao terceiro item: a atuação de Serkis. Perito nesse tipo de projeto, Serkis já interpretou o lendário Gollum, em O Senhor dos Anéis, o King Kong e em dezembro chega aos cinemas em As Aventuras de Tintim, também vestindo os trajes da captura de movimento. Aqui, Serkis prova mais uma vez o seu talento interpretando não apenas um chimpanzé, mas sim, um ser dotado de inteligência e emoções, e cada olhar do ator e movimento, denotam o estudo aprofundado do mesmo com relação ao personagem e ao animal que ele teve de interpretar. É possível ver Serkis ali; podemos ver alguns traços de seu rosto em Cesar, o que dá ainda mais veracidade à atuação do ator.

Pensando bem, Planeta dos Macacos: A Origem é sim uma surpresa: consegue ser melhor do que eu pensava. A fita não se limita apenas à guerra de símios versus humanos, mas desenha com calma e esperteza toda a evolução, o caminho de Cesar até a revolução. A obra trás também pontos interessantes da própria metalinguagem cinematográfica: até que ponto torcemos pelo "mocinho"? Quem representa o bem e o mal aqui? Tais questões podem soar maniqueístas, mas se tornam interessantes quando percebemos que os humanos são seres desprezíveis - e sabemos disso - e passamos a torcer pelo símio que, sem falar, nos agarra e nos faz pensar como e com ele. E isso é um grande feito dos roteiristas, do diretor, de Serkins e do filme como um todo.

Matheus Pereira

2 Anos de Pipoca Net

Pipoca Net
2 Anos



No dia vinte e cinco de agosto de 2009 eu publicava o primeiro post do Pipoca Net. No texto, eu dava boas vindas a quem visitasse o blog e estava cheio de planos. Na época éramos três: Anabela, Caio e eu. Com o passar do tempo, alguns sairam, outros entraram, uns escreveram de vez em quando, mas o Pipoca ficou. Teve bons tempos, cheios de postagens, e teve outros em que houve apenas uma postagem durante um mês inteiro. O blog foi aceito pela SBBC (Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos), todo ano faz sua própria "premiação" (o Pipoca de Ouro) e tem uma boa parcela de visitas. Este post deveria ser alegre, cheio de coisas belas e palavras de agradecimento, mas este post é, para mim, um modo de refletir e pensar no futuro do blog. Tenho duas opções: continuar como está, com raras postagens, ou tentar retornar com todas as forças com postagens diárias. Jamais abandonarei.

De qualquer forma, agradeço você que vem aqui de vez em quando (ou sempre), você que comentou em algum post, que indicou o blog, que o segue de perto; e você que criticou, afinal, seu ponto de vista, absurdo ou não, serviu de alguma coisa.

Com vários posts ou não, peço que siga junto ao Pipoca Net. Acompanhe, leia, comente! São dois anos de puro amor ao Cinema!

Matheus Pereira

Papo Rápido

Sobrenatural



Se Sobrenatural, fita dirigida por James Wan (Jogos Mortais, o único bom exemplar da franquia), não tivesse o final que tem, certamente seria o melhor filme de horror do ano. Claramente dividido em duas partes - o antes e depois da chegada dos paranormais -, Sobrenatural (péssimo título nacional para Insidious) tem em sua primeira parte sustos legítimos. É surpreendente a forma como o diretor carrega sua trama simples e como a transpõe à tela. A tensão é pesada e os sustos não são baratos. Wan soube usar os clichês a seu favor. Se em outras obras a trilha dissonante ecoava alta quando algum vulto surgia na tela, aqui o artifício funciona e sempre somos surpreendidos. Curiosamente produzido por Oren Peli (diretor do superestimado Atividade Paranormal), Sobrenatural acerta em tudo que o longa de 2007 erra. Se aquela fita era prejudicada pela monotonia e pela falta do que mostrar, Sobrenatural explora muito bem a paranormalidade e os fatos. Superior ao filme de Peli, Sobrenatural cria um bom clima de tensão e tem um relativo desenvolvimento de personagens. Ainda que alguns clichês apareçam aqui e ali, é interessante acompanhar a consternação da mãe (Rose Byrne) e a estranha frieza do pai (Patrick Wilson). A primeira parte acerta também ao não ser explícita. Os "seres sobrenaturais" não são completamente mostrados e isso ajuda na construção da trama, diferente do que acontece na segunda parte, em que a explicitação quase prejudica toda a experiência. A segunda metade, a propósito, é infantil. Com explicações absurdas para os fatos e revelações que em nada surpreendem (desde o princípio é possível antecipar as grandes reviravoltas), tudo que é dito nos minutos finais de Sobrenatural pode ser considerado como outro filme. Afinal, é deprimente constatar que todo aquele clima tenso e todo o terror desenhado até ali quase cai por terra ao ver a tentativa dos roteiristas em explicar a obra. Seria melhor se o filme de Wan tivesse quarenta minutos e terminasse sem uma conclusão. Assim, seríamos poupados de toda a explicação e de todo o pavoroso desfecho. Mas tem bons momentos: o pequeno plano sequência em que a câmera acompanha a personagem de Byrne pela casa recém adquirida enquanto um espectro aparece "escondido" em um canto da casa é excelente.

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Um Lugar Qualquer



Eu tento ver algo a mais nos filmes que assisto. É estranho entender, mas sempre tento buscar algo realmente interessante num filme. Se o exemplar que estou assistindo é excelente, tento melhorá-lo com novas descobertas. Mas às vezes não consigo. Às vezes os filmes estão ali e são aquilo mesmo, nada mais. Eles tentam ser algo mais, mas não passam de filmes interessantes que contam alguma história. Um Lugar Qualquer, último de Sofia Coppola (do fabuloso Encontros e Desencontros), é um exemplo desses filmes. Eu tentei enxergar algo mais profundo na análise de seu personagem central, mas não achei muita coisa. Talvez seja antipatia para com a obra, e entendam, eu gostei do filme, só não consigo ver muita coisa. A impressão que tive ao término da fita, era de que a diretora/roteirista tentara mostrar muita coisa, tentara esculpir um personagem complexo, mas que derrapara na falta de tempero. O silêncio e a estagnação que diretora impõe em vários momentos, por exemplo, às vezes incomodam. Por mais que as várias voltas de carro logo no início e a cena em que o ator é submetido ao demorado processo de maquiagem possam dizer muitas coisas, alguns momentos soam triviais e sem muito propósito. É interessante acompanhar a rotina do ator de filmes de ação interpretado surpreendentemente por Stephen Dorf e como sua vida muda com a chegada repentina da filha de onze anos, mas chega um ponto que alguns detalhes cansam. É compreensível a monotonia e o tédio em vários instantes, afinal, estamos acompanhando a vida de alguém que, assim como a minha e a sua, tem seus momentos chatos, mas a insistência de Coppola aqui depõe contra o resultado final. Ainda assim, Um Lugar Qualquer merece uma conferida. É um bom estudo de personagem e um filme, de uma maneira ou outra, agradável. Há de se entrar no ritmo da diretora apenas.

Matheus Pereira

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