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Pipoca Net - 1 Ano

1 Ano

Ual! Três letrinhas ilustram a minha reação ao olhar para trás. Um Ano! Parecem que, no mínimo, dois ou três anos passaram-se dentro destes trezentos e sessenta e cinco dias. Não só no blog ou no universo cinematográfico, mas na minha vida pessoal. Foram tantas pessoas, foram tantos acontecimentos. Amadureci muito nestes dias. Não posso dizer se minha escrita melhorou (você, leitor, deve dizer isso), ou se minha percepção sobre a vida ou sobre o Cinema mudou, mas posso dizer que muito em mim está diferente.

Há pouquíssimo tempo, assisti a belíssima animação Mary e Max - Uma Amizade Diferente, que fala sobre duas pessoas, uma australiana e outra nova-iorquina, que trocam cartas durante anos e anos, e nutrem uma profunda amizade mesmo sem se conhecer pessoalmente. A história me fez olhar para o meu próprio mundo, afinal, algumas das melhores pessoas que conheci neste último ano são de outros lugares, conversam comigo e nutrem uma amizade virtualmente, e não os conheço pessoalmente. E é necessário? Sei um pouco sobre suas vidas, seus costumes, seus gostos, suas paixões, conheço o ser humano que vive dentro de cada um deles. Conheço o que há por dentro. Dito isso, refaço a pergunta: é necessário conhecê-los pessoalmente para admirá-los? Para serem meus amigos? É óbvio que seria magnífico se um dia nos conhecêssemos, nos sentássemos todos juntos ao redor de uma mesa e conversássemos, dentre tantas outras coisas, sobre vida e Cinema.

Graças a estas sensacionais pessoas que este blog existe. Lembro muito bem quando a ideia do blog surgiu, lá na comunidade de certa revista sobre cinema. A comunidade tinha poucos membros, e em suma, apenas três postavam suas opiniões lá. Eu, o Caio e a Anabela. Três pessoas que se identificaram na hora, não só por gostarem da mesma revista ou por serem cinéfilos, mas por dividirem opiniões. O blog começou pequeno, com outro visual e tímido. Aos poucos, quanto mais membros na comunidade, mais pessoas conheciam o blog, afinal, a comunidade no Orkut foi nossa grande vitrine. Foi lá que começamos a divulgação e nossas maiores críticas e elogios vêm de lá. O blog, de certa forma, veio de lá, nasceu graças a ela.

Neste ano o cinema sofreu algumas mudanças. Tomou um novo rumo com o longa de James Cameron, Avatar. Depois dele, 3D virou uma febre. Nestes pouco mais de trezentos dias, o blog acompanhou fenômenos nascerem, do já citado Avatar ao mais recente A Origem. Assim como a sétima arte, o blog teve seus altos e baixos. É vergonhoso, eu sei, olhar para uma parte de nossa pequena história e ver duas postagens em um mês. Mas o que motivava, era ver que os fiéis leitores incentivavam, davam força, pediam postagens e davam ideias. Eles queriam um renascimento, eles queriam o Pipoca Net vivo de novo.

Sei que, talvez, não nutrimos todas as expectativas, mas foi um ano cheio. Como disse lá no início, muita coisa aconteceu. Tempo para o blog era raro. Há tempo, mas não aquele tempo necessário para sentar, pensar, escrever um bom texto, fazer uma revisão descente e proporcionar um visual agradável. Tempo para isso tudo não há. Escrever um texto ou uma crítica, não é tão fácil. Não pense que é simples sentar e elogiar ou criticar um filme. É necessário dissecá-lo, traçar paralelos. Não é só dizer: é bom, é ruim, a nota é tal. O filme em si merece respeito, você, leitor, merece respeito.

Não foram muitos e muitos textos, perto de outros blogs pode parecer pouco, mas como dizem por aí, quantidade não é sinônimo de qualidade. E só você pode nos dizer se estamos no caminho certo, só você pode nos dizer se temos qualidade ou não. Novos caminhos estão sendo traçados, estamos recém no início de novas caminhadas. É esperar pra ver. O Fernando está se preparando para sua estreia, e os outros vão voltando aos pouquinhos.

Foram ótimas escolhas, outras nem tanto. Críticas rodeadas de elogios, outras rodeadas de... críticas. Especiais que chamaram atenção e foram elogiados (Melhores Momentos - Anos 2000, por exemplo), textos que aqui e ali escrevem nossa história. Nós escrevemos nossa própria história, você escreve a nossa história.

Só tenho a agradecer, milhares de obrigados que não cabem neste singelo texto. Obrigado a todos que acompanharam o blog nas horas boas e nas horas difíceis, obrigado a você que lê este texto agora, obrigado a cada um de vocês.

E seguimos em frente...

Matheus Pereira

Crítica - A Origem


Sobre Sonhos e Ideias...

...e o Melhor filme do ano...

...até agora.

Antes de tecer qualquer comentário, deixo aqui um aviso: um Spoiler surgirá aqui e ali, então, este texto é direcionado apenas àqueles que já assistiram ao brilhante filme de Christopher Nolan.

Comecemos então, pela premissa: Dom Cobb (Leonardo DiCaprio) é um ladrão. Ele entra na mente das pessoas através dos sonhos e, assim, rouba importantes informações das vítimas. Logo nos primeiros momentos, somos apresentados a Cobb, Arthur (parceiro de Cobb interpretado por Joseph Gordon-Levitt) e Saito (japonês, vítima da dupla interpretado por Ken Watanabe). Cobb e Arthur tentam roubar alguma informação de Saito, que logo, descobre os planos dos ladrões. O sonho começa a desabar e, então, voltam à suposta realidade. Sim, "suposta", afinal, o segundo cenário o qual o trio se encontra também é um sonho. Nele, conhecemos um arquiteto, as projeções e o chute. De início ficamos perdidos, mas depois, tudo é explicado em outras ocasiões. Depois de todas as mortes e chutes, o trio acorda. Agora realmente no mundo real. Todos estes momentos servem como uma introdução aos personagens e a premissa.

Agora, depois da tentativa de roubo, Saito é o empregador. Só que o japonês não quer um trabalho simples. Saito quer que Cobb reúna a melhor equipe para implantar um ideia na mente de um rival. Só que "criar" uma ideia é muito mais complexo que simplesmente roubar. A ideia plantada fará com que o tal rival divida o império construído por seu pai. O pagamento que Cobb irá receber é irrecusável: ele será inocentado das acusações e poderá ver os filhos novamente. Cobb não pensa muito e aceita o serviço. É então que começa a busca pela equipe. Primeiro conhecemos a arquiteta (Ariadne, interpretada por Ellen Page, cuja função é criar o cenário do sonho. É ela que conhece cada detalhe do sonho. É ela que constroi o labirinto e o torna crível para a vítima e para a equipe. Em seguida, conhecemos o Falsificador (Eames, Tom Hardy). Este é responsável pela pesquisa. É ele que se infiltra na vida das vítimas e descobre tudo que é de importância para o serviço. É um dos mais inteligentes do grupo, e como os outros, é peça fundamental para o êxito da equipe. Depois vem o Químico (Yusuf, Dillep Rao), responsável pelos sedativos que a equipe toma para poder dormir por um longo tempo. Mas ele não executa apenas esta tarefa. Ele cuida da segurança de cada membro da equipe ao entrar no primeiro nível e todos os seus planos devem sair como combinados, se não, tudo está perdido. Cobb é o extrator e Arthur seu braço direito. A Vítima é Robert Fischer (Cillian Murphy), bilionário que teve seu subconsciente treinado para se proteger de extratores como Cobb. Só que Cobb e sua equipe não estão ali para roubar...

Depois de toda a apresentação, Nolan começa a tecer sua complexa história de sonhos e ideias. A missão, que se divide em três níveis (um sonho dentro de outro e de outro e de outro), mostra toda a genialidade de Nolan para criar mundos e história intrincadas. A capacidade do Nolan roteirista de manter um sonho dentro de outro sem se perder é incrível. Cada nível tem seu clímax, tem seu objetivo. O primeiro nível trás uma das melhores cenas de ação do longa. Sob uma forte chuva, a equipe tem que fugir das projeções do subconsciente de Fischer que estão preparadas para proteger a mente da vítimas. Nolan capricha nas perseguições e nos tiroteios, tudo muitíssimo bem orquestrado. É num desse tiroteios que Saito é baleado e morre aos poucos, indo diretamente para o limbo (devido a forte sedação, a pessoa que morre em um dos níveis do sono, diferente do normal, onde simplesmente se acordava, agora vai para o limbo, espécie de lugar vazio da mente, onde tudo desmorona e a presença de vida é mínima). No limbo, a pessoa começa a misturar sonho e realidade, podendo ficar no lugar durante toda a eternidade. Nolan vai costurando sua obra ainda mais, incluindo agora uma crise interna. Os motivos pessoais de Cobb ficam mais evidentes, e talvez alguma informação do início já foi esquecida.

Nolan nos leva para o segundo nível. O melhor dos três, em minha opinião. É aqui que Nolan mostra o seu talento com cenas inacreditáveis. Lutas sem nenhuma gravidade, homens andando pelas paredes, flutuando, Nolan capricha nas cenas e comprova já na metade da obra que sua direção é uma das melhores do ano. Christopher gira sua câmera e nos proporciona o melhor tipo de vertigem do cinema, e comprova de uma vez por todas que a edição picotada de Michael Bay e companhia é a pior maneira de se construir uma cena de ação. É de Gordon-Levitt todo o segundo nível. É ele o protagonista da segunda parte da missão. O corredor isento de gravidade é todo dele, e as brilhantes coreografias são executadas com elegância pelo ator. Sem dúvida é um dos melhores em cena.

Chegamos então ao terceiro nível. Um tanto diferente, para dizer o mínimo. O sonho se passa na neve. E mais uma vez Nolan cria cenas espetaculares de perseguições, explosões e avalanches. Em um momento pensei: "tudo que um diretor quer colocar num filme, Nolan fez: cena sob forte chuva, lutas sem gravidade alguma e ação na neve". O terceiro nível da missão talvez seja o momento mais complicado da obra. É nele que as teorias dos chutes começam e que o vai-e-vem se torna mais frequente. É no terceiro nível que viajamos pelo primeiro e segundo níveis, e depois, pelo limbo. Nolan salta de um nível para outro, para o limbo, e para outro nível. Todo o tempo é marcado por uma van que cai em câmera lenta. A tensão aumenta a cada segundo. Estava presenciando um dos melhores e mais longos clímax dos últimos anos.

Mas não pense que A Origem é um filme de difícil compreensão. E é aí que reside a maestria de Nolan. O cineasta/roteirista constroi sua história sem dar um nó no espectador. Tudo é explicado. A única coisa que ele exige é atenção. É só sentar, abrir a mente e deixar-se levar. Acompanhe cada palavra, cada detalhe, tenho certeza que se você prestar atenção o resultado vai ser marcante. Nolan capricha nos conceitos, cria um universo novo e assim, concebeu um dos roteiros mais originais do ano.

Mas A Origem não é só Nolan e Nolan. Há também o brilhante elenco. Não há um ator/atriz que não desempenhe um excelente trabalho. De DiCaprio a Michael Caine. Todos brilham em cena. Seja em longas sequências ou em cenas curtas. Todos têm seu espaço e ninguém rouba a cena de ninguém. É impossível dizer quem é o melhor. DiCaprio mais um vez entrega uma atuação primorosa, Page empresta seu talento, beleza e juventude à arquiteta, Levitt dá todo o seu carisma para o parceiro de Cobb, Tom Berenger, velho e gordo, também concebe uma participação memorável, Hardy é uma surpresa, Watanabe serve sua experiência, inteligência e elegância em um personagem complexo e interessante, Marion Cottilard podia emprestar apenas sua estonteante beleza, mas além disso, a atriz empresta seu profundo talento e todos, juntos, formam um dos melhores elencos que vi nos últimos meses.

A Origem também é um dos filmes mais belos. E não só graças a Nolan, mas também a incrível e competente equipe. Da fotografia sempre forte e correta até a marcante trilha sonora de Hans Zimmer. Dos figurinos criados e pensados milimetricamente que servem à história até os inacreditáveis efeitos especiais. Tudo é pensado em A Origem. Cada passo, cada palavra, tudo é muito bem feito. A Origem é, na falta de outra palavra, um épico. Grandioso e belo. Há tempos uma diversão não era tão inteligente.

Talvez seja cedo para afirmar, mas A Origem pode ser considerado uma obra-prima.

O Final

Afinal de contas, o pião parou de girar ou não no final. Bem, sabemos que Cobb foi para o limbo, onde Saito já estava. Sabemos também que antes, o totem, o pião era de Mal. Sabemos também que Mal, mesmo depois de sair do limbo, achava que estava sonhando e só acordaria se morresse. Pois bem.

A primeira interpretação que tirei, ainda assistindo o filme, foi a seguinte: Mal estava certa, eles estavam sonhando e, ao se matar, ela acordou. Mas isto seria muito óbvio, e em A Origem, a primeira interpretação nunca é certa. Então, tomemos consciência de que Mal estava errada.

Mas isso não responde se o pião parou de girar ou não. Bem, se tudo fosse um sonho, o pião iria girar perfeitamente, sem falhas ou desequilíbrios. E o pião dá sinais de que irá cair, mas não cai. Retomo a informação: o pião era de Mal, e só o proprietário pode tocar seu totem, mais ninguém. Se outra pessoa pegar o totem, ele perde seu valor, seu sentido. Então o totem não funcionava com Cobb, o que complica mais a história, pois parando de girar ou não, ele poderia muito bem estar sonhando, ou não.

1º - Cobb ainda está no limbo com Saito.
2º - Cobb está no limbo, mas nunca encontrou Saito.
3º - Cobb nunca saiu do limbo. Está lá desde a primeira vez.
4º - Cobb está perdido em vários sonhos ou em lembranças.
5º - Tudo deu certo, e ele retornou para os filhos (esta é a opção mais inviável).
6º - Em um momento, um pouco depois de experimentar o sedativo de Yusuf, Cobb vai ao banheiro e gira seu pião para ver se estava acordado ou não. Saito chega na hora e Cobb não consegue saber se está sonhando ou não (é uma das mais improváveis).
7º - Cobb vai e vem, acorda, sonha, acorda, sonha de novo e se mantém nessa tênue linha que separa o real do imaginário, por isso a oscilação do pião.

Há várias outras possíveis respostas, mas eu acho a segunda opção a mais intrigante.

Mas sinceramente, a melhor coisa do filme, é justamente isso. Essa dúvida. Esse mistério. Essa gostosa dor de cabeça que Nolan proporciona é a melhor coisa de toda a experiência.

A Origem é um filme que marca e te persegue durante dias e dias.

Nenhum filme me perseguiu tanto como este. Estou intrigado. Estou chocado.

Nota dez, ás vezes é pouco.


Nota: 10,0

Os Últimos

___Os___
Últimos...

O Estranho Mundo de Jack


Muita gente confunde, acha que "O Estranho Mundo de Jack" é dirigido por Tim Burton. Mas não é. Tim Burton foi o criador. Escreveu, criou cada personagem e produziu (talvez até tenha dado uns pitacos na direção), mas a direção é de Henry Selick, que recentemente dirigiu Coraline. É notável a química entre os dois. Os estilos em comum fazem de "O Estranho..." uma experiência inesquecível. Toda a excentricidade de Burton, a escuridão, as bizarrices, a criatividade estão aqui. É claramente um filme de Burton, por isso a confusão. Ás vezes vejo Jack Esqueleto como o alter-ego de Burton. O famoso "Rei do Halloween" cansou de tanto medo, de tantos sustos, e resolveu preencher aquele incômodo vazio que sentia dentro de si pela magia do Natal. Não é impossível compará-los. Criatura e criador são estranhos, diferentes, passam uma imagem obscura, até assustadora, mas lá no fundo são seres amáveis, dignos de muita amizade e respeito. A elegância do stop-motion funciona como nunca no incrível mundo de Jack Esqueleto. Dos seres assustadores aos cenários, tudo é muito belo e extremamente bem cuidado. Há genialidade em cada segundo da animação. O longa é um tanto obscuro demais para os pequenos (membros caem, cabeças sem o corpo são mostradas e tudo mais), mas nada que choque ou cause asco, tudo é feito com muita criatividade e cuidado, tudo com extremo bom gosto. A história - que poderia ser ainda melhor se fosse um pouco mais longa (o filme dura setenta e sete minutos, muito pouco para se aprofundar nas ações e nos personagens) - é simples e original e conta com personagens extremamente originais. No final, fiquei com vontade de voltar aquele mundo imediatamente, ou visitar as outras cidades, a do Natal ou da Páscoa, tenho certeza que Burton pensou em todas elas.

Nota: 9,0

Ilha do Medo

A parceria entre Leonardo DiCaprio e Martin Scorsese rendeu bons frutos até aqui. A melhor delas, pra mim, é Gangues de Nova York, apesar de todas as críticas negativas sobre o filme e todos os exagerados elogios a Os Infiltrados e O Aviador. Sei que posso ir para a forca ou ser apedrejado na rua ao dizer o seguinte: nunca fui fã de Scorsese, não acho seu cinema tão excepcional assim. É competentíssimo, inteligente e de estilo único. Possui suas obras-primas (Taxi Driver, Os Bons Companheiros), mas nada que me fizesse tornar-se fã. Sou fã de alguns de seus filmes, mas não de sua carreira completa. Não sei por quê. Empatia, gostos, humor, estilo, o que quer que seja, algo faz com que não considere Scorsese gênio, como tantos fazem por aí. Eis, então, que Scorsese anuncia sua nova empreitada: um suspense que flerta com o horror. No início, dúvida. Depois, ansiedade. Uma incrível curiosidade acerca de seu novo projeto. Assisti Ilha do Medo com grandes expectativas. E todas elas foram supridas. Além disso, foram ultrapassadas. O velho Scorsese conseguiu me surpreender mais do que o esperado. Sim, a grande surpresa do final pode ser descoberta bem antes do esperado, "eu sabia", pode-se pensar, mas o que importa não é a surpresa do final, e sim, o caminho percorrido até ali. E que caminho! Baseado nos mínimos detalhes, Scorsese dá pistas sutis para o grande desfecho. Resumindo a história: a graça da brincadeira não é ver o quebra-cabeça montado, e sim, montá-lo.

Nota: 10,0




Cloverfield

De tentos em tempos, os gêneros precisam de um novo ar. Um novo impulso. Alguém deve surgir e revitalizar determinado gênero. Seja ação, drama, comédia ou terror, sempre há alguém talentoso que dê outro gás. Recentemente, "Bourne" deu um novo gás ao gênero da ação, a "saga" Crepúsculo, apesar de ser péssima, revitalizou o mito dos vampiros, Se Beber, Não Case trouxe aquele ar perfeito das "comédias de erros". Cloverfield, J.J. Abrams e Matt Reves foram os caras que trouxeram os monstros de volta à luz. Depois de Godzila e do mundo dar as costas aos monstros no cinema, um projeto como Cloverfield era uma aposta alta e extremamente arriscada. Ninguém melhor que o Midas Abrams para dar vida ao projeto. Chamou um diretor desconhecido, uniu variados estilos, "copiou" e fez referências a bons filmes. O estilo (câmera no ombro, quase um documentário, e "não pare de filmar"), já fora explorado em outras obras, mas é tão bem utilizado que parece único, inédito. Tudo é feito com muita inteligência e bom gosto. O filme, como dito, baseia-se em várias outras obras, mas nada é descarado ou soa ser uma cópia nítida, Cloverfield apenas bebe na mesma fonte. Usa os mesmos materiais só que de um jeito diferente. Cloverfield é, também, uma ótima prova de que pouco dinheiro não é sinônimo de falta de qualidade. O orçamento era relativamente magro, mas mesmo assim, belas cenas foram feitas, ótimos efeitos especiais e uma grandiosidade admirável. Está entre os melhores entretenimentos dos últimos anos.

Nota: 9,0

Entre Irmãos
Entre Irmãos não trás uma história nova. A premissa já fora subtrama em filmes como Pearl Harbor, a diferença entre a obra de Jim Sheridan e a de Michael Bay, é que a primeira tem ótimas atuações e a segunda é um dramalhão que se passa na segunda guerra mundial que não tem nenhuma atuação digna. Mas apesar das boas atuações, Entre Irmãos não é um grande filme, longe disso. É um filme regular. Daqueles que não marcam. Tem uma ou duas cenas marcantes e notáveis (como o momento em que o personagem de Tobey Maguire "explode" de tanta raiva e quebra a cozinha inteira), mas não tem a mesma força que os outros filmes do diretor tinham. Maguire surpreende com uma atuação poderosa. O ator leva o filme praticamente nas costas. As cenas tornam-se sufocantes graças ao seu desempenho. O momento em que Maguire se esforça para não estourar durante um jantar é digno de aplausos. Nota-se a raiva nos olhos do ator, seu personagem que acabara de voltar da guerra, guarda segredos, desconfia da traição da esposa com seu irmão e ainda tem que suportar a rejeição das filhas. Todo o sofrimento, a dor a tristeza de seu personagem transborda graças a sua brilhante atuação. O resto do elenco está muito bem. Direção ok, e roteiro simples. Resumindo: nada de extraordinário.

Nota: 5,5

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13º - Wall-e (2008)


Direção: Andrew Stanton
Roteiro: Andrew Stanton
Elenco: Ben Burtt, Sigourney Weaver, Fred Willard, John Ratzenberger
País de Origem: EUA
Gênero: Animação/Aventura/Ficção-científica
Duração: 98 min.

Convenhamos, a Pixar é um estúdio que cria animações para adultos. Não que não encante ou divirta as crianças, mas a profundidade, a alma de suas animações é tanta que ás vezes é difícil crer que suas produções são feitas, principalmente, para os pequenos. Aposto alto que os mais velhos se divertem e se emocionam muito mais que as crianças. Todas as metáforas sobre crescimento, solidão, vida, morte, amor, são voltadas para os mais velhos. Temos que nos render e confessar que muitas vezes os personagens animados digitalmente têm mais alma e amor dentro de si do que muitos atores e atrizes por aí, e que suas histórias são muito mais interessantes que as que surgem nas telas a cada semana. Não é tão difícill, por exemplo, emocionar o público "assassinando" um dos personagens principais, difícil mesmo é fazer um pequeno robô emocionar o público, fazer com que uma máquina seja carismática e, para finalizar, fazer acreditar no romance entre dois robôs. A Pixar é capaz disso. Depois de emocionar o mundo com bonecos, insetos, uma família de herois, um rato cozinheiro, monstros e tudo mais, a Pixar lançou sua maior obra-prima: Wall-e. Fica difícil escolher apenas um exemplar para representar esse magnífico estúdio, produtor incansável de obras-primas. Creio que Wall-e seja o mais completo, o mais profundo de todos, por isso acho que é o melhor representante das almas da Pixar. Almas estas que permanecem vivas. Seja na memória, seja no coração de cada um de nós. São obras e personagens imortais. Wall-e é um deles.

Matheus Pereira

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