Alguns breves comentários sobre os principais lançamentos em DVD/Blu-Ray de Janeiro.
Vários produtores, diretores e roteiristas quando trabalham com algum material fantástico, baseado em HQ ou em outros filmes tentam fazer de suas abordagens uma releitura mais séria, com os pés cravados na realidade, com o mínimo de elementos fantásticos. Pois este Conan - O Bárbaro falha, dentre inúmeras outras coisas, ao se mostrar como uma bobagem absurda. Tendo a oportunidade de tornar o bárbaro guerreiro em uma figura séria, que luta contra outras figuras sérias, os realizadores deste caos cinematográfico resolveram incluir bruxarias, lendas e monstros no meio do caminho. Nada se salva: dos efeitos pedestres ao elenco sem sal.
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Dizer que J.J. Abrams é o novo Spielberg é um tanto - leia-se bastante - precipitado e ilógico, mas é inegável que o cineasta que fora sempre citado como o "criador de Lost" segue o mesmo caminho do mestre. Com estilo parecido e gana por se tornar ao menos um quarto do que Spielberg é, Abrams pode, um dia, chegar no patamar do pai de ET e Tubarão. Super 8 prova que J.J. está no caminho. Com roteiro simples e emocional, focado em jovens jogados numa situação fantástica e perigosa; e diversão pura, com direito a alienígenas e efeitos especiais que contribuem para com a história, Super 8 é uma bela e clara homenagem a Spielberg e a década que este ajudou a moldar. Imperdível!
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Joe Wright é um bom diretor, o problema que é que é convencional. O único trabalho realmente notável, inspirado é o de Desejo e Reparação, todos os outros filmes são exercícios comuns de estilo. Hanna até trás um belo plano sequência digno do diretor que concebeu a longa caminhada na praia em Atonement, mas é pouco perto do convencionalismo do resto. A trama é boa e o elenco também. A direção de arte e a fotografia merecem destaque. A trilha sonora é ruim, mas não prejudica o resultado final. No geral, faltou tempero.
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O novo A Hora do Espanto herdou o que o original tinha de melhor: o descompromisso e a diversão pura e simples. Nada de invencionices ou desconstrução do gênero, o que se vê nessa refilmagem é respeito com o material de origem e novas ideias que tornam a experiência melhor e mais divertida. O que a nova versão faz, além de divertir, é despertar no espectador a vontade de (re)assistir A Hora do Espanto de 1985. E são filmes tão parecidos e tão distintos, que ambos se completam. O diretor Craig Gillespie faz um bom trabalho, e parece ter conquistado um espaçinho ao sol.
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50% não diz nada novo. Não dialoga com nenhum tema até então intocável e não trás nenhuma grande opinião para o debate que se propõe a bater. Mas a abordagem para o tema é que merece destaque. Acompanhar de perto a consternação do protagonista, as reações das pessoas que o cercam e os companheiros de "problema" (não chamemos de "doença") é emocionante. Não que a fita provoque lágrimas ou alguma filosofia profunda, é que não deixa de ser interessante como as pessoas reagem com o inesperado. Neste caso, o câncer. As desventuras de um jovem que tem a vida balançada pelo câncer merecem uma conferida. Ótimo roteiro - ainda que convencional - e Joseph Gordon-Levitt em ótima forma.
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Margin Call é dinâmico e está longe de ser chato, mas a inacessibilidade do roteiro pode atrapalhar no resultado final. Apostando em jargões e nomenclaturas próprias do ramo dos negócios e, assim, desconhecidas pela maior parte do público, Margin Call perde boa parte de sua graça. Uma coisa é ser inteligente e complexo, outra é ser incompreensível por gosto, por escolha. Não que seja impossível de entender, longe disso, mas é deprimente termos vontade de assistir algo e ao mesmo tempo estarmos cansados de tentar descobrir o que cada palavra significa. Além do mais, são muitos personagens pra pouco tempo, no fim, nenhum é construído de maneira digna.
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Guerreiro é surpreendente. O que poderia ser mais um simples filme sobre lutadores, toma dimensões mais densas ao humanizar cada personagem e cada situação. Se o supervalorizado O Vencedor forçava na hora de dramatizar a vida do lutador principal, Guerreiro acerta ao diminuir o número de personagens (no longa de David O. Russel havia mãe, irmão, uma pá de irmãs, xeretas de todas as partes, aqui, em Guerreiro há apenas a figura do pai e dos irmãos protagonistas) e assim poder construir os personagens e as situações com maior cuidado. Os confrontos são bem orquestrados e a direção, ainda que contida, merece menção. O roteiro é simples, e muitas vezes clichê, mas o resultado final compensa.
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O Homem do Futuro não é o mais original das obras calcadas em viagens no tempo, mas surpreende pela vitalidade com que foi escrito e concebido às telas. Wagner Moura esbanja carisma na pele do físico que volta no tempo para tornar seu próprio eu num cara mais legal e impedir que se torne, de uma vez por todas, o perdedor dos perdedores. Aproveita também, é claro, para rever o amor de sua vida. Não é preciso prestar toda a atenção para curtir essa que é uma das melhores fitas do ano passado. Não trata o espectador como burro e diverte do início ao fim. Grande programa!
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Os críticos de Lanterna Verde se dividem, basicamente, em dois grupos: os que odeiam e os que gostam (apenas gostam, não adoram) e dizem que os que odeiam exageram, pois a fita nem é tão ruim. O fato é que a incursão do heroi nas telas é sim muito ruim. É péssima, na verdade. Com momentos vergonha alheia dignos de "isso não está acontecendo", Lanterna Verde se firma como o pior filme de 2011. Efeitos especiais risíveis, direção pouco inspirada e vergonhosa de Martin Campbell, roteiro ridículo e um Ryan Reynolds no piloto automático.
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O mesmo filme, com o número 2 acompanhando o título. Uma fita de terror não assusta tanto quanto da primeira vez, e uma piada perde sua graça na segunda vez em que é contada. Se Beber não Case 2 é exatamente isso. Uma piada, recontada, com a mesma estrutura, os mesmo personagens, o mesmo início, o mesmo fim, mudando o padeiro pelo leiteiro no meio da história, por exemplo, o que não faz a mínima diferença na hora de encerrar a brincadeira. O público aprovou, fazendo-o ir bem nas bilheterias e garantindo uma terceira parte. Esperemos uma piada diferente, tirando "padeiros", "leiteiros", noivos perdidos, despedidas de solteiro e Mike Tyson. E aquele macaco, por favor!
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Quando algo cai nas graças do público, não há santo que explique. Crepúsculo, Dan Brown e Michel Teló são algumas das "coisas" que se tornam adoradas inexplicavelmente. Missão: Madrinha de Casamento se aplica aí. Como uma fita tão clichê e besta pôde receber indicação a Melhor Roteiro Original no WGA e no Oscar? Como a crítica idolatra um filme como esse e critica outros nitidamente melhores e mais engraçados. É engraçado ver a mesma crítica que detona a sequência de Se Beber não Case, por exemplo, elogiar esta que é a versão feminina do mesmo tipo de filme. Clichê do início ao fim, simplório e totalmente sem graça. Se salva, com certa dose de consideração, Melissa McCarthy.
Clique aqui e leia a crítica de Amor a Toda Prova, um dos lançamentos do mês de Janeiro.
Clique aqui e leia a crítica de Os Agentes do Destino, um dos lançamentos do mês de Janeiro.
Matheus Pereira
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O Homem do Futuro é um dos melhores filmes nacionais do gênero já lançados, com a ajuda duma das melhores músicas do Renato Russo como trilha. Precisava comentar algo já que estou acessando o blog direto. Abraço
Thomaz Dufau disse...
10 de fevereiro de 2012 às 00:50