Hoje cedo, quando visitei diversos sites e blogs e li sobre as primeiras impressões acerca da cerimônia do Oscar, vi que a maioria - se não todos - comentava o quão arrastada, monótona havia sido. Creio que todas essas críticas já se tornaram comuns entre os cinéfilos, já virou costume; parece que ninguém quis prestar atenção em nada e resolveram criticar antes mesmo da festa começar. O que se viu nessa 84ª edição do Oscar foram mudanças. Primeiro, nunca se viu um Kodak tão bonito como este ano; toda a decoração do palco e do teatro em si estava impecável. Remetendo aos teatros e cinemas antigos, o palco do teatro trazia imponentes cortinas vermelhas e telas que subiam e desciam a todo o tempo. Na categoria de figurino, por exemplo, três lindas telas desceram para mostrar os indicados e o vencedor. Para melhor Trilha e Canção, um imenso livro de partituras surgiu. O cuidado estético este ano foi notável. Claramente mais inspirados, talvez por um tema bem definido, os responsáveis pelo evento viraram os olhos para o passado e celebraram o Cinema à moda antiga.
Mas as mudanças não param por aí: a cada intervalo, músicos, divididos entre dois camarotes, tocavam e quebravam um pouco a rigidez da cerimônia; enquanto isso, moças passavam pelos corredores distribuindo pipocas e doces. Tudo bem que acreditar que tais guloseimas eram reais é difícil, mas é uma ideia brilhante. E o que dizer do espetacular número do Cirque du Soleil? Ainda que um rapaz ao fundo tenha errado seu ponto de queda e caído, o especial fora impecável. Pessoas voando acima da plateia, danças com poltronas, contorcionismo... Um espetáculo que parece ter passado em branco. Não condeno que tenham achado a premiação chata, afinal, o Oscar não é emocionante e todos sabem disso, mas ninguém comentou sobre essas novidades, ninguém elogiou os artistas do Cirque, que nada tem a ver com a Academia.
Os clipes a cada categoria também merecem atenção. Novamente o cuidado técnico merece reconhecimento. Todas as categorias tiveram clipes, com cenas dos trabalhos, bastidores e afins. Em alguns anos, nem isso teve! Em algumas edições não houve nem clipes para as atuações. Enquanto trechos das obras iam passando, alguns dos envolvidos davam depoimentos acerca do trabalho realizado e seus respectivos responsáveis. Um trabalho muito bonito que só foi lembrado para ser criticado. Os vídeos que mostravam as estrelas dando entrevistas sobre o Cinema e suas vertentes às vezes eram um pouco irregulares, mas em geral eram interessantes dentro do que se propuseram.
O Oscar 2012 foi bom, também, por ser justo. A Academia esse ano quebrou certos tabus, como a mania de não premiar um artista recém premiado. Ano passado, por exemplo, os montadores de A Rede Social venceram, esse ano também puderam comemorar a estatueta, por Millenium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres. E o que falar de Meryl Streep vencendo seu terceiro Oscar? Mas esse assunto merece destaque maior, aguarde. O que se viu na noite da ontem foi uma premiação de certa forma pulverizada: cinco prêmios para O Artista, cinco para A Invenção de Hugo Cabret, dois para A Dama de Ferro, um para Millenium, um para Histórias Cruzadas, um para Toda Forma de Amor. Muitos podem apontar certa monopolização para as fitas de Michel Hazanavicius e Martin Scorsese, mas se analisarmos a edição como um todo veremos que todos saíram felizes e premiados, os merecedores foram lembrados, o que, no fim, é o que vale. Hugo venceu em todas as categorias que merecia. O longa de David Fincher também se deu bem na categoria que mais merecia.
Mas a maior justiça de todas foi o terceiro prêmio de Meryl Streep. Não canso de dizer que ela é, atualmente, a maior atriz viva. Não há o que se explicar. Ela é um fenômeno e não discussão. Não à toa venceu seu terceiro careca dourado. Apenas por vencer, já estava feliz. Mas Streep não se deu por satisfeita e fez aquele que foi, de longe, o melhor discurso da noite. Agradecendo em primeiro lugar o marido, pois se o deixasse para o final a música iria tocar convidando-a para se retirar e impedindo que terminasse seu texto, Meryl emocionou não só os presentes no Kodak, mas todos os cinéfilos e seus fãs. "Vou agradecer a todos, pois sei que nunca estarei aqui novamente", disse emocionada. Pode não subir ao palco para ganhar mais um, mas será indicada mais e mais vezes até que para de atuar. Um discurso simples, mas sincero; a atriz agradeceu aos amigos, dedicou o prêmio aos que se foram e lembrou da felicidade de fazer filmes. Foi a justificativa para a resposta, ela simplesmente provou porque merecia mais um.
Em outros textos, havia apontado que Hugo se uniria a Gangues de Nova York tornando-se um dos maiores perdedores da história do Oscar. Estava enganado. A fita de Scorsese levou mais prêmios do que o esperado e ficou, ao lado de O Artista, como maior campeão - em números, claro - da noite. Por falar no artista, o longa mudo e em preto e branco venceu onde era esperado: Filme, Direção, Figurino, Trilha Sonora e o merecido prêmio de Ator. Jean Dujardin, que já fizera discursos melhores na temporada, agradeceu emocionado ao mesmo pessoal que sempre lembrou. Não repetiu a brincadeira do Globo de Ouro, em que encerrava o discurso apenas mexendo os lábios sem pronunciar palavra alguma, mas finalizou sua aceitação em francês. Sapateou, as luzes voltaram a acender para mostrar seu pequeno número musical, o sujeito, meio perdido, meio nervoso, quis voltar para o microfone, que já se encontrava desligado; mudo também ficou o músico no camarote, que tentou cantar mas foi boicotado pela direção do evento, que esqueceu de ligar seu microfone; uma pequena gafe...
A única grande pisada na bola da Academia foi não ter dado o prêmio de Melhor Fotografia para A Árvore da Vida. Entende-se e concorda-se que a fotografia de Hugo é espetacular, mas Emmanuel Lubezki precisava de um Oscar. Um homem que conta com Filhos da Esperança e A Árvore da Vida, precisa de um prêmio! Enfim, das vinte e quatro categorias, acertei dezessete, uma média de 70,83%.
Confira abaixo os vencedores:
O Artista
Atriz
Meryl Streep por A Dama de Ferro
Ator
Jean Dujardin por O Artista
Direção
Michel Hazanavicius por O Artista
Curta de animação
The Fantastic Flying Books of Mr. Lessmore
Curta documentário
Saving Face
Curta
The Shore
Roteiro Original
Meia-Noite em Paris
Roteiro Adaptado
Os Descendentes
Canção
"Man or Muppet" - Os Muppets
Trilha Sonora
O Artista
Ator Coadjuvante
Christopher Plummer por Toda Forma de Amor
Efeitos Especiais
A Invenção de Hugo Cabret
Animação
Rango
Documentário
Undefeated
Mixagem de Som
A Invenção de Hugo Cabret
Edição de Som
A Invenção de Hugo Cabret
Edição
Millenium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres
Atriz Coadjuvante
Octavia Spencer por Histórias Cruzadas
Filme Estrangeiro
A Separação
Maquiagem
A Dama de Ferro
Figurino
O Artista
Direção de Arte
A Invenção de Hugo Cabret
Fotografia
A Invenção de Hugo Cabret
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AAAAAAAAAAiii Matt
Amei o Oscar!!!
Putz, curti demais... Emocionante a vitória da Octavia e da Meryl...
POOOoxa scorsese merecia um premio de diretor =(
Cara adoro teu blog, nao comento muito pq to sem tempo, mas todo dia eu olho viu! cria logo o facebook que eu ajudo a divulgar. Abraço =)
Alfredo Neto disse...
27 de fevereiro de 2012 às 21:11
Aew, Alfredo!
Cara, eu também adorei o Oscar, você pode notar pelo texto...
Poxa, Streep é a rainha das atrizes, merece tudo, sempre.
Cara, eu torcia pelo Scorsese e pelo Malick.
Ah, muito obrigado, cara! Valeu mesmo! Vou criar em breve; ainda estou vendo algumas coisas, analisando outras, mas pretendo criar em alguns dias.
Abraço!
Matheus Pereira disse...
27 de fevereiro de 2012 às 21:53