A atuação de Christopher Plummer é a única, dentre os indicados, que melhora consideravelmente com o retrocesso, com a lembrança. Cada vez que lembro ou vejo um vídeo de sua performance, me dou conta que o veterano ator merece os elogios e prêmios que vem recebendo. Sua atuação é simples, apegada em detalhes e não em exageros - Plummer interpreta um idoso que, após a morte da esposa, resolve se declarar gay, além disso, o simpático senhor descobre ter câncer. Nas mãos de outro ator menos experiente, tal material poderia ser um baú cheio de oportunidade de exageros interpretativos, nas de Christopher tem-se um personagem crível e emocionante. Nos últimos anos a categoria de Melhor Ator Coadjuvante sempre tem mostrado um favorito absoluto, o que na maioria das vezes não acontece nas categorias principais de atuação (esse ano mesmo há dois favoritos a Ator e duas para Atriz, mas apostas certas para os coadjuvantes); Javier Bardem, Heath Ledger, Christopher Waltz e Christian Bale são exemplos recentes que comprovam esse padrão dentre os atores secundários. Não há praticamente nada contra a consagração de Plummer; com vasta filmografia e apenas uma indicação - recente e tardia: 2010, também como coadjuvante em A Última Estação - é sentida a hora em que o ator irá subir ao palco e agradecer emocionado um prêmio que já poderia estar há anos em sua estante.
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Guerreiro é um filme ótimo que merecia muito mais atenção do que recebeu. Comentei, inclusive, aqui no Pipoca Net o fato de a fita ser negligenciada devido ao lançamento recente de O Vencedor, cuja temática é bem parecida com a de Guerreiro. Arrisco ao dizer, a propósito, que caso o fraco longa de David O'Russel não existisse, a obra de Gavin O'Connor seria uma boa aposta para as indicações ao Oscar. Essa pequena jóia, que possui alguns defeitos, claro, foi lançada na hora errada, apenas. Nick Nolte está hipnótico na pele de um pai arrependido e ex-alcoólatra, tipo de papel que a Academia idolatra. É um veterano voltando às luzes dos holofotes. Ainda assim, com os ventos a favor, Nolte deve assistir outro senhor subindo ao palco e segurando a estatueta dourada. Seria um tanto precoce premiá-lo? Talvez, já que o ator pode voltar a fazer filmes medianos e cair no esquecimento novamente. O jeito é esperar o passar dos anos para ver se será merecedor de um Oscar.
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Caso desse a louca na Academia e a vaca tossisse, Von Sydow seria a segunda opção depois de Christopher Plummer. Como o virtual vencedor, Sydow tem 82 anos, ainda que aparente ter bem mais, e é um veterano com filmografia vistosa. O grande público deve lembrar-se dele como o inesquecível e incomparável Padre Merrin, de O Exorcista, mas o ator já foi parceiro fiel de Ingmar Bergman, passeou pelo cinema independente e puramente cult e visitou uma grande produção recentemente em Ilha do Medo, do amigo Martin Scorsese. É irônico perceber que em O Exorcista o esguio senhor de cabelos grisalhos já aparentava ter seus setenta e poucos anos e que quase trinta e nove anos depois parece ter mantido as mesmas feições; em Tão Forte e Tão Perto Max não precisa pronunciar uma palavra sequer para provar o grande profissional que é. Caso vencesse, seria a melhor surpresa de todas.
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Kenneth Branagh é um sujeito bacana. Do tipo boa praça, o britânico chega em 2012 à sua quarta indicação - segunda na área da atuação. Conhecido por ser um dos maiores "representantes" de Shakespeare no Cinema, o ator e diretor tem uma veia teatral notável. Recentemente lançou, na cadeira de diretor, Thor. Ninguém imaginaria que meses depois o responsável pelo longa do deus do trovão seria indicado a prêmios como melhor coadjuvante do ano. Não irá vencer, e isso é fato. Eis alguns motivos: o filme pelo qual concorre não é unanimidade e não foi assistido por muita gente; o ator tem chances de ser indicado a diversas categorias no futuro, e tende-se, esse ano, ao menos, dar chance para aqueles que podem não tê-la no futuro; não é a melhor atuação do ano; Branagh notadamente não dá tanta atenção ao Oscar e ao próprio ofício da atuação, procurando se dividir em diversas áreas.
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A melhor atuação de Jonah Hill até hoje talvez seja a que o rapaz concebeu em Cyrus, subestimada comédia dramática em que dividia a cena com Marisa Tomei e o sempre ótimo John C. Reilly. Antes - e depois - disso, o simpático ator que sempre será lembrado como "o gordinho do Superbad" não havia mostrado ser um ator digno de indicações a prêmios, muito menos o Oscar. E a ironia é que até hoje não fez isso, nem em O Homem que Mudou o Jogo. A fita de Bennett Miller é fabulosa e a atuação de Hill é ótima, mas não justifica todo o hype acerca dela. Notadamente o azarão da categoria, o novato parece não entender sua própria indicação. Beneficiado puramente por estar no filme certo e na hora certa, ele está curtindo o momento, já que provavelmente irá demorar a vir outra nomeação. É fútil ranquear aqui os motivos que comprovam a inevitável derrota de Hill, espere apenas sorrisos e aplausos dele e dos outros três quando "And Oscar goes to... Christopher Plummer" ecoar pelo Kodak. Ah, espere ele, e toda a plateia, aplaudir o veterano de pé.
Vence: Christopher Plummer por Toda Forma de Amor
Pode vencer: Max Von Sydow. É quase impossível, but...
Meu favorito: Christopher Plummer, apesar de adorar o trabalho de Nolte em Guerreiro.
Matheus Pereira
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