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Especial Oscar 2012 - Roteiro Adaptado

Roteiro Adaptado

Os Descendentes

Alexander Payne, Nat Faxon e Jim Rash

Baseado no livro "The Descendants" de Kaui Hart Hemmings

A história se repete: em 2005, Alexander Payne concorria ao Oscar com seu fabuloso Sideways. A mistura de drama e comédia com Paul Giamatti fora indicada em cinco categorias, vencendo apenas como Melhor Roteiro Adaptado. À época, fita não gozava de muito favoritismo (que era voltado para O Aviador e Menina de Ouro), mas era uma das certezas para Roteiro Adaptado. Todos sabiam que seria difícil - impossível, leia-se - vencer na categoria principal, mas que uma consolação viria de alguma forma. O roteiro, elogiadíssimo, prevaleceu sobre filmes como Diários de Motocicleta, Antes do Pôr-do-Sol e do grande campeão da noite Menina de Ouro. A ironia é ver a história se desenhar quase que idêntica a anterior. Tanto a fita sobre homens na meia idade que apreciam bons vinhos quanto a protagonizada por um George Clooney traído e frustrado possuem algumas características um do outro. São longas até certo ponto semelhantes em temática ou abordagem; talvez seja o estilo do cineasta prevalecendo sobre uma história totalmente diferente, talvez seja uma nova trama, mas ambientada no mesmo mundo habitado pelos seres de Sideways. Novamente Payne verá sua obra elogiada pela crítica perder como o melhor filme do ano e vencer como roteiro. A impressão que fica é que o sujeito sempre fica em segundo lugar, sempre batendo na trave. Quem sabe, algum dia, não leve o prêmio principal? Não será dessa vez, certamente.

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O Homem que Mudou o Jogo

Aaron Sorkin, Steven Zaillian e Stan Chervin

Baseado no livro "Moneyball - The Art of Winning an Unfair Game" de Michael Lewis

Se Aaron Sorkin não tivesse vencido ano passado e Os Descendentes não tivesse tantos fãs, O Homem que Mudou o Jogo seria o candidato perfeito. Com roteiro tipicamente "acadêmico" (e não entenda isso negativamente, pelo contrário), que une características dignas de um script campeão do Oscar, a fita, em outra situação, seria uma das favoritas absolutas. Steven Zaillian, um dos roteiristas, concebeu não só este notável trabalho, mas também foi responsável pelo texto de Millenium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres, o que aumenta ainda mais a estranheza, já que o sujeito é merecedor do prêmio por dois trabalhos distintos e elogiáveis. Aaron Sorkin é a mente por trás do impecável roteiro de A Rede Social, e levar mais um careca dourado para casa parece difícil. Stan Chervin é aquele cujo nome é precedido por "Story by"; é, basicamente, o argumentista do projeto; mas não se engane, ele tem tanta responsabilidade no roteiro como um todo quanto os outros, tanto que subirá no palco caso o filme sagre-se vencedor. Assim como Margin Call em Roteiro Original, O Homem que Mudou o Jogo aborda um assunto específico e se aprofunda com propriedade; assim como a fita independente de J.C. Chandor, a de Bennett Miller toma liberdade de usar termos próprios do esporte que retrata e mergulha nos bastidores apresentando para o espectador que, diga-se, deve ser atento. É um roteiro esperto e ágil, que infelizmente escolheu o ano errado para concorrer.

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O Espião que Sabia Demais

Bridget O'Connor e Peter Straughan

Baseado no livro "Tinker Tailor Soldier Spy" de John Le Carré

O roteiro de O Espião que Sabia Demais é, dentre os indicados que assisti, meu favorito. Construindo sua trama e seus personagens com total calma Bridget O'Connor e Peter Straughan concebem um texto que contribui diretamente com o Cinema. Apostando nos olhares, nos gestos, nas ações de seus personagens, o roteiro da dupla não se debruça nos diálogos para contar sua história. Além do mais, é engenhoso. Capturando a alma do livro em que se baseia e o clima conspiratório do serviço secreto, O Espião que Sabia Demais exala a paranoia dos misteriosos homens que transitam pela tela. Indo e vindo no tempo e tomando liberdades narrativas notáveis, o roteiro confunde a princípio e mantém o espectador preso à tela e aos acontecimentos para que nada seja perdido. Tudo isso seria motivo para premiar O'Connor e Straughan, porém, isso não acontecerá; ainda que uma vitória aqui seria uma bela forma de homenagear não só um excelente trabalho, mas também O'Connor, que faleceu antes do filme ficar pronto. A fita também não é unanimidade entre a crítica e o ritmo arrastado pode afastar muitos votantes. É um projeto soberbo que passará em branco na noite de domingo.

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Tudo pelo Poder

George Clooney, Grant Heslov e Beau Willimon

Baseado na peça "Farragut North" de Beau Willimon

O roteiro de Tudo pelo Poder é primoroso. Abordando a política de forma clara e elucidativa, sem apelar para diálogos longos e maçantes e subtramas desnecessárias e complexas sem motivos para tal, George Clooney, Grant Heslov e Beau Willimon criam uma trama intrigante e inteligente do início ao fim. Ágil, o texto diverte e faz pensar, dois adjetivos cruciais num filme como esse. Não deve vencer, o que até se entende; o que é incompreensível é a total esnobada da Academia com a obra, que merecia muito mais atenção. Clooney, esse ano, deve sair de mãos vazias. Uma curiosidade: Grant Heslov, um dos roteiristas, é diretor de Homens que Não Encaravam Cabras, que, por sua vez, foi roteirizado por Peter Straughan, que concorre na categoria por O Espião que Sabia Demais.

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A Invenção de Hugo Cabret

John Logan

Baseado no livro "A Invenção de Hugo Cabret" de Brian Selznik

Indicado anteriormente por Gladiador e O Aviador, John Logan teve três roteiros seus adaptados à telona. São dele os textos de Rango e Coriolanus. Um ano assim até poderia render uma estatueta, mas isso, é bem provável, não acontecerá. Hugo é uma fita belíssima e muito bem dirigida, mas todos sabem que seu roteiro não é o melhor do ano, e sua indicação é quase que política. A história é simples e voltada para o público infantil o que, não sejamos hipócritas, não chama atenção de muita gente, muito menos votos. O fato de ser dirigido por Martin Scorsese não alavanca o texto para uma vitória. Além disso, como já comentado aqui no Pipoca Net, Hugo deve fazer parte do hall onde seu irmão (mesmo pai, afinal) Gangues de Nova York se encontra, aquele lugar onde os maiores "perdedores" ficam. Mas John Logan deve aparecer no Oscar do ano que vem: seu próximo projeto é o roteiro do ambicioso Lincoln, de Steven Spielberg, que é, desde já, um dos pré-candidatos ao Oscar 2013.

Vence: Os Descendentes
Pode vencer: O Homem que Mudou o Jogo
Meu favorito: O Espião que Sabia Demais e Tudo pelo Poder

Matheus Pereira

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