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Melhores Momentos - Anos 2000 - Parte 3

Anos 2000
Por Matheus Pereira


O coração bate. A mão sobre o mouse começa a soar. O calor não deixa que o cérebro pense normalmente. O suor escorre sobre a superfície quente de meu rosto. Mesmo assim não desisto. Fico aqui, escrevendo, fazendo uma das coisas que mais gosto de fazer: falar sobre cinema. Deixe que o calor sufoque, deixe que suas mãos se confundam, escrevam as palavras ortograficamente erradas, deixe que o Word as corrija depois. Vamos continuar com a saga dos melhores da década. É difícil: separar filmes, pesquisar elenco, direção e equipe para que não haja erros de informação, procurar por diálogos, procurar as melhores imagens para colocar no texto, escrever um texto não muito longo, mas que diga tudo, preocupar-se com o visual da matéria, e infinitas outras preocupações fazem parte desta saga. Mas é, de certa forma, gratificante. É bom fazer o que a gente gosta. Segue, mais dez filmes que me marcaram. A seguir, a terceira parte dos Melhores Momentos dos Anos 2000.
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"Haja o que houver, eu vou te amar até o dia de minha morte."

Moulin Rouge - Amor. Acima de tudo amor. É sobre este sentimento que Moulin Rouge de Baz Luhrmann trata. Altamente surrealista, Moulin Rouge com certeza não agrada a todos. Suas viagens pscicodélicas e seus momentos anacrônicos (Like a Virgin, The show must go on, até mesmo I'll Always Love You de Whitney Houston passa pelo filme) misturando músicas pop com a cultura de 1900 podem desagradar. Assista com a mente aberta, esperando aberrações em números musicais e loucuras das mais diversas formas e nos mais diversos momentos. Moulin Rouge torna-se uma obra inesquecível de imediato, quando os créditos finais (e originais) aparecem a obra já se tornara marcante e inigualável. Começando por seus créditos inciais geniais, passando por números contagiantes e muito bem dirigidos (o número para Roxxane é um dos melhores), a direção de arte alegórica, a fotografia inovadora e os figurinos bem cuidados, juntamente ás atuações excelentes de Nicole Kidman, Ewan McGregor, John Leguizamo, Jim Broadbent e a excelente direção de Luhrmann, "Moulin..." marca, contagia, suas melodias grudam na mente, nos ouvidos, na alma e no coração. E lembre-se: esta história fala sobre várias coisas, mas principalmente sobre amor. O número final e o tango de Roxxane são as melhores partes das várias que compõe o filme.
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"Acabei de atropelar um homem e duas meninas."

21 Gramas - A trilogia de Alejandro Gonzáles Iñárritu é uma das mais inteligentes do cinema. A trilogia iniciada com o ótimo Amores Brutos, continuou com este excelente 21 Gramas e terminou com o ótimo Babel (que estará aqui em breve) foi muito premiada e elogiada. Talvez, 21 Gramas seja o melhor dos três, talvez pelo roteiro mais ousado ou pela edição bem costurada, ou simplesmente por ser melhor. As atuações do trio central comovem e surpreendem. Naomi Watts em momento algum exagera em sua construção. Sempre no ponto, Watts constrói uma personagem insegura, que quer ser forte, mas que devido as percalços não consegue permanecer de pé. Sean Penn interpreta um homem sofrido, mas que não deixa de cometer os mesmos erros de sempre, que inclusive lhe proporcionaram uma doença. Numa atuação magestral, Penn interpreta de modo que nós, espectadores, não sentimos pena, e sim aversão, talvez por sua ignorância, talvez por seus erros. Benício Del Toro constrói um dos melhores personagens de sua carreira. Interpretando um homem que cometeu inúmeros erros na vida, que pagou um preço e quer se redimir, seu personagem segue cometendo erros, percebendo um tempo depois que mesmo fugindo os erros o acompanham. 21 Gramas talvez trate sobre isso: sobre os erros humanos, sobre as reparações e suas consequências. 21 Gramas é inteligente até mesmo no nome. Assista o filme e descubra o que significa as vinte e um gramas do filme. A cena em que os três atores principais contracenam juntos é de arrepiar.
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"A luz da lua mostra aquilo que realmente somos."

Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra - Jack Saparrow virou ícone. E não foi graças a DisneyWorld e o brinquedo que deu origem ao filme, e sim a Johnny Depp. O ator simplesmente criou um novo pirata. "Mas não deve ser difícil." Você pode pensar. Mas é. Depp criou um novo estilo, misturou os trejeitos de um famoso roqueiro com os trejeitos de outras pessoas, mais um toque afeminado (não venha me dizer que não, pois aquela corrida de Sparrow é bem "estranha") e resultou nisso. Com um dos personagens mais carismáticos do cinema, Depp conseguiu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator e ficou mais famoso (e rico) do que já era. Caiu nas graças do público, tal qual Gore Verbinski que passou a ser mais respeitado, Jerry Brukheimer ficou marcado definitivamente como o produtor de blockbusters, Orlando Bloom ficou na mesma (não consigo gostar desse ator), Keira Knightley cresceu na indústria, a Disney encheu o bolso, fizeram duas seqüências e nós seguimos enchendo o bolso deles. O filme não é vazio (leia-se: tem cérebro) e é muito divertido: tem ação, aventura, romance, comédia, entre outros gêneros, talvez por isso que Piratas do Caribe agradou tanto. Sendo uma das trilogias mais rentáveis do cinema, a saga do Capitão Jack Sparrow já entrou para história do cinema. A cena em que Barbossa e Sparrow lutam sob a luz do luar é sensacional.
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"Matemática não é importante."

Escola de Rock - Escola de Rock parecia ser mais uma comédia infantil idiota e clichê. Parecia, mas não é. O roteiro original (em certos pontos clichê, mas nada grave), lado a lado com a direção correta e a atuação devotada de Jack Black, contagia e surpreende. Engraçado e inteligente, "Escola..." foge de tudo aquilo que poderia ser. Com sacadas atuais e inteligentes o filme nos acompanha muito depois de seu término, fazendo com que sua indicação a amigos seja inevitável. Apoiando-se muito no carisma de Black e das incríveis crianças, o filme faz rir, faz vibrar, faz torcer pela banda, e até concorda com o fato de que as crianças não estão aprendendo o que deveriam, e sim rock. Faltam palavras para expressar a adoração por este filme. Acho que indicá-lo já é grande coisa. Tire suas conclusões, ria, grite e entre no clima contagiante de "Escola...". Os créditos finais são excelentes e merecem destaque.
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"Nós enterramos nosso pecados aqui."

Sobre Meninos e Lobos - Em 2004, o mundo se curvara para O Retorno do Rei, de Peter Jackson. O filme arrebanhara onze Oscar. Mas se "O Retorno" não existisse, o mundo com certeza teria mais olhos voltados para esta obra-prima de Clint Eastwood, e o Oscar seria inteiramente dele. O suspense poderoso dirigido com maestria pelo veterano Eastwood fala principalmente sobre tristeza. Sobre o passado e suas lembranças. Sobre meninos e lobos. Sobre fortes e fracos. Sobre os que fazem e os que esperam acontecer. Os que fazem e os que são confundidos com aqueles que realmente fazem. Um fora molestado quando menino. Outro perde a filha quando adulto. Um segue o caminho da lei. Outro segue um caminho totalmente contrário. Por este filme, Penn ganhara (merecidamente) o Oscar de Melhor Ator, e Tim Robins de Coadjuvante. Acompanhamos a desconstrução dos personagens pouco a pouco. Acompanhamos suas tristezas e até aonde estas podem levar uma pessoa. Nos arrepiamos quando um pai descobre que sua filha fora assassinada. O que você faria? O que você pensaria? Você mataria, por vingança? Você mataria sem provas? Você sobreviveria? Cada detalhe, cada olhar, cada diálogo, cada ação e consequência neste filme é marcante. A solidão, a tristeza, os caminhos, o passado, o fim. Tudo é certeiro. Tudo é derradeiro. Tudo vem de repente a varre o que vê pela frente. No fim, somos apenas peças de um enorme quebra cabeças, e ás vezes sem querer, descartamos outra peça injustamente. A cena em que o personagem de Penn descobre que sua filha morrera é emocionante e sua atuação nesta cena é perfeita.
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"Você já reparou que até os piores canalhas têm amigos?"

Entre Quatro Paredes - Entre Quatro Paredes é melancólico. O filme não é repleto de problemas, ela fala sobre vários problemas. Talvez, no término do filme, você fique mais triste do antes, talvez não, talvez entenda o filme, talvez não, talvez queira ver de novo, talvez não, talvez se identifique com os personagens, talvez não, talvez chore com as tristezas dos protagonistas, talvez não. É esse o poder da obra de Todd Field: sua plurissignificação, seus personagens completos e cheios de problemas, sua interação com o público, sua verdade estampada e descarada. Sissy Spacek, Marisa Tomei e Tom Wilkinson estão perfeitos. Cada um tece um personagem cheio de problemas. Juntos formam uma família problemática. Assim é a vida: cheia de problemas, tristezas, e talvez por isso que o filme não fizera o devido sucesso, pois mostrou a realidade, pegou o público pelo pescoço e lhe esfregou na cara toda a realidade. "É esta a realidade, encare-a. Olhe como tudo é feio e cheio de problemas!" o filme parece nos dizer em alguns momentos. Alguns aguentam, outro viram o rosto ou param de assistir o filme. Como é duro para os seres humanos aguentarem a realidade. A decisão de um certo personagem na reta final do filme é surpreendente.
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"O verdadeiro amor dura a vida inteira."

Simplesmente Amor - Ah, o amor! O amor está em todos os lugares: na política, no trabalho, em casa. O amor acontece para todos: políticos, secretárias, amigas, homem, mulheres, crianças, amantes. O amor alegra, entristece, trai. Simplesmente Amor, fala sobre amor, simplesmente sobre o amor. O amor em todos os lugares, em diferentes pessoas e de diferentes maneiras. É triste ver, que um homem dá de Natal à sua esposa um simples CD, enquanto à sua amante ele dá uma cara jóia. Detalhe: a esposa tinha conhecimento da jóia, pois vira a caixa da embalagem, mas na noite de Natal a surpresa veio acompanhada de lágrimas. Enquanto o primeiro ministro tece uma paixão pro sua secretária, um menino descobre o amor através de uma colega, enquanto um homem luta para conseguir a mão de uma estrangeira em casamento, um homem sofre, pois sabe que sua amada acabara de se casar com seu melhor amigo. Nesta brilhante comédia romântica, o amor é retratado das mais diversas e curiosas maneiras. O elenco de peso interpreta um texto muito inteligente dirigido com excelência por Richard Curtis. Destaque para Rowan Atkinson, que mesmo aparecendo pouco, chama atenção e faz rir. O final do filme, que mostra várias pessoas se abraçando formando um mosaico é inteligente e inesquecível.
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"A Inglaterra está sob ameaça de invasão, e apesar de sermos do outro lado do mundo, este navio é a nossa casa. Este navio é a Inglaterra."

Mestre dos Mares: O Lado Mais Distante do Mundo - Como eu já havia dito aqui mesmo no blog, Russell Crowe é um ator versátil. Já foi de um gladiador para um matemático esquizofrênico, de um lutador de boxe a um policial, de um fora da lei a um comandante de um navio. O filme que enganou a todos (todos achavam que seria um tenso filme de guerra, com explosões e batalhas) até chegou a ser apontado como "o único que pode desbancar o filme de Peter Jackson"(embora eu achasse o filme de Eastwood o único capaz de tal feito), não conseguiu tal feito, mas abocanhou dois Oscar: Fotografia (bela, perfeita) e Edição de Som. A história do capitão da marinha e do cirurgião que tornam-se amigos durante as batalhas em alto mar, no período Napoleônico é justamente sobre isso: sobre amizade, camaradagem. Peter Weir opta por mostrar o dia a dia da tripulação da embarcação, e não as batalhas. Weir mostra suas tarefas, seus descansos, seus problemas, seus medo, constrói cada personagem na maior calma, com vários diálogos e cenas muito bem feitas. O filme com certeza não agrada a todos, principalmente por vender a imagem de um filme que não é (o cartaz do filme mostra uma embarcação em plena batalha, coisa que na realidade, quase não acontece). No final, percebemos que acabamos de presenciar uma obra única e corajosa. Não merecia o Oscar, e felizmente levou apenas o merecido, mas foi uma grande recompensa ao menos ser indicado. A batalha final é tecnicamente excelente e marca.
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"Oi meu nome é Dory."

Procurando Nemo - Uma aventura inesquecível até mesmo para a esquecida Dory. A Pixar chega a seu ápice com a aventura do peixe palhaço que vai atrás de seu filhote sequestrado. No caminho, encontra Dory (a esquecida), tubarões tentando ser bonzinhos, um bando de tartarugas doidas, e muitas surpresas. Com a técnica perfeita, já conhecida da Pixar e com um roteiro extremamente inteligente, Procurando Nemo ganhou o Oscar de Animação e foi um enorme sucesso. Tudo devido ao poder insuperável da Pixar. O jeito inconfundível de contar uma história, as cores realistas, os detalhes, tudo junto fazem de "Nemo" uma das melhores obras do gênero. O filme causou polêmicas e chegou a ser acusado de plágio. No fim, a Pixar saiu ganhando, ao menos nas bilheterias. Nunca infantil e sempre original, Nemo conquistou o mundo, e escolher uma cena favorita é difícil. Escolho as cenas em que as tartarugas aparecem. Estas são impagáveis!
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"Então, ela começa, a grande batalha do nosso tempo."

O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei -
É verdade. Aqui se confirma que nunca mais sentiremos aquele friozinho na barriga. Aquela ansiedade descontrolada para assistir o filme. Eu posso dizer, hoje ou daqui a alguns para meus filhos: Eu presenciei um importante capítulo da história do cinema ser escrito diante de meus olhos. Eu estive lá. Eu vi a Terra Média em guerra. Eu torci. Eu chorei. Eu fui um dos seres mais sortudos do mundo simplesmente por estar aqui, vivo para presenciar este importante capítulo. Eu me tornei amigo, cúmplice dos membros da sociedade. Eu senti raiva de Gollum, e pena ao mesmo tempo. Nada se igualará a este filme. Nenhum cineasta conseguiu o que Jackson conseguiu. Ninguém na face da terra conseguirá o mesmo feito que Jackson e sua fiel equipe conseguiram. Jackson conquistou o mundo. Jackson com toda a sua coragem arrebanhou onze Oscar. Eu digo com todas as letras e sem medo: O Retorno do Rei é o melhor filme de todos os tempos! Não há espaço para gangster bochechudo nem alienígenas assassinos. Não há espaço para uma gangue futurística vestida de branco nem para um hotel clássico. O Retorno do Rei é o melhor, simplesmente por ser único, insuperável, corajoso e excelente. Existem filmes que nos conquistam, que fazem com que nós ame-os. O Retorno de Rei está em outro patamar. Não merece entrar em listas, pois sempre estará no topo. Não merece concorrer, pois não há concorrente a altura. O Retorno do Rei está correndo sozinho. Não há ninguém em suas costas e ninguém na sua frente. O Retorno do Rei foi, simplesmente, o acontecimento mais importante para o cinema nas últimas décadas. E eu lhes digo: Eu estive lá!
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E a saga é difícil. Eu sigo firme e forte. Chegarei lá. Espero que gostem. Ainda esta semana postarei a quarta parte, afinal, não consigo parar de escrever...

...e comentem.

1 comentários:

Uau! Neste post o Matt conseguiu reunir alguns dos meus filmes favoritos da década. Moulin Rouge, a volta dos musicais em grande estilo. 21 Gramas, um drama embaralhado e surpreendente. Piratas, gosto dos 3, mas o primeiro é fantástico. Simplesmente Amor, a minha comédia romântica predileta. Nemo, uma das obras-primas da Pixar. Senhor dos Anéis, o final da trilogia, eu chorei litros no cinema. Belas escolhas, Matt.

4 de novembro de 2009 às 19:35  

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