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Flashback

Três Reis

Há dez anos era lançado nos cinemas americanos (aqui no Brasil só em fevereiro de 2000) o filme Três Reis, de David O. Russel, com George Clooney, Mark Wahlberg e Ice Cube no elenco. Parecia apenas mais um filme de ação bem orquestrado, o que não deixa de ser verdade, mas além de um filme de ação bem orquestrado, Três Reis é um verdadeiro mosaico em que humor (negro), aventura e drama se mistura com exímia perfeição. O filme começa quando a guerra termina. É quando três soldados (o outro vai de arrasto) acham um mapa na bunda de um homem (sim, na bunda de um homem) e armam um plano: há, em algum lugar não muito longe dali, todo (ou parte) do ouro que Saddam roubou do Kwait, a partir daí os "ilustres" soldados decidem ir atrás do outro e se dar bem. No caminho, como obstáculos, eles tem um repórter que faz de tudo para ter sua matéria inédita, os soldados de Saddam, os prisioneiros dos soldados de Saddam, o peso do ouro, tiros perfurando a bile e muitos perigos inacreditáveis. Você até pode achar essa sinopse sem graça, clichê ou qualquer outra coisa de ruim, mas quando essa história passa diante de seus olhos como um filme, você fica envolvido, se diverte muito (muito mesmo, e Spike Jonze garante boa parte dessa diversão), vibra e torce pelos azarados soldados. Um roteiro de fácil entendimento, mas que é inteligente e exige certa atenção de quem está assistindo, o que é o mínimo em um filme que se preze. Sem nunca perder o ritmo, o roteiro não torna-se chato, cansativo ou repetitivo, sempre inova e é sempre eletrizante, sem ser clichê, Três Reis é, acima de tudo, original.

O diretor, David O. Russel, compões suas cenas de forma semi-documental. Por várias vezes com câmera no ombro, a realidade e a veracidade do longa se fazem presentes a cada segundo. Com quadros e planos inventivos (a cena em que é mostrado o estrago de um tiro nas entranhas de um ser humano e logo após o procedimento de primeiros socorros, mostrando um pulmão e todas as demais entranhas é inesquecível), O. Russel se mostra como um excelente diretor de atores e um ótimo diretor técnico. Contando com um elenco afiado, encabeçado por George Clooney (ótimo), seguido por Mark Wahlberg (melhor do que o esperado), Ice Cube (surpreendente) e Spike Jonze (sensacional, divertido e sem exageros), Russel não conseguiria contar sua história sem o brilhante elenco envolvido. Um filme que poderia ser antecipadamente tachado como medíocre, perigoso (afinal fazer um filme com Wahlberg e Cube de uma vez só é querer dar um tiro no próprio pé) e banal, cala a boca de todos e surpreende, tanto pela direção (quem colocaria fé num cineasta inexperiente logo no fim da década) quanto pelo elenco.

Um aspecto que merece um parágrafo exclusivo é a fotografia. Assim que o filme começa um letreiro surge na tela, explicando, que algumas cores diferentes e algumas imagens foram alteradas de propósito para dar mais veracidade a trama. O resultado, também corajoso, é excelente. O que vemos na tela é uma fotografia inventiva e diferente de tudo que fora visto até ali. As cenas no deserto são perfeitas, as citadas alterações tornam-se evidentes em algumas delas, provando que estas alterações tiveram um resultado excelente. A excelente fotografia junto à direção precisa de Russel resultaram em belas imagens.

Em um ano em que obras primas como "Clube da Luta", "À Espera de Um Milagre", "Beleza Americana" e "O Sexto Sentido", Três Reis não fica atrás, e se encaixa perfeitamente nesse grupo. Intenso e inesquecível, Três Reis gruda na memória e não sai mais.

Nota: 9,0

Matheus Pereira

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