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Os 10 Filmes Que (Não) Mereceram o Oscar

Os 10 Filmes Que (Não) Mereceram o Oscar

Escolher dez filmes que não mereceram o Oscar de Melhor Filme foi uma tarefa muito mais difícil do que listar os dez longas que realmente mereceram a honraria. Isso porque são vários os exemplos de obras que não mereceram o prêmio principal. Poderia facilmente, por exemplo, fazer uma lista com vinte ou trinta exemplos. Ainda assim, confira a lista dos dez longas-metragens que menos mereceram o prêmio principal do Oscar.

Para a seleção foram levados alguns pontos em consideração. Nem todos são ruins - pelo contrário, quase todos são bons filmes -, mas é certo que não eram os melhores dentre os indicados de suas respectivas edições. O número de concorrentes superiores ao vencedor e a qualidade destes foram fatores decisivos. Além disso, a importância histórica destes filmes também foi avaliada, bem como o contexto histórico de cada ano: por mais que os cinéfilos critiquem Kramer Vs. Kramer, por exemplo, devemos ter em mente que o filme, na época, foi considerado excelente e merecedor dos elogios e prêmios. O tempo passa e os gostos mudam, afinal.

Sem mais delongas, eis os 10 filmes que não mereceram o Oscar na categoria principal.
Conduzindo Miss Daisy talvez seja um dos melhores exemplos de filmes que não mereceram o Oscar de Melhor Filme. Primeiro por um fator básico: o filme não é bom. Jessica Tandy e Morgan Freeman estão bem, mas não é o suficiente para ser considerado o "melhor" em qualquer que seja a situação. Além disso, 1989 teve vários outros filmes muito melhores que o dirigido por Bruce Beresford (que sequer foi indicado na categoria de Melhor Direção). Para começar, todos os outros quatro nomeados daquele ano são melhores que Conduzindo Miss Daisy; de Nascido em 4 de Julho, passando por Sociedade dos Poetas Mortos, Meu Pé Esquerdo até Campo dos Sonhos, Miss Daisy era o que menos merecia reconhecimento. Para tornar a situação mais absurda, temos várias ótimas obras que sequer foram indicadas; entre elas, Faça a Coisa Certa, Henrique V, Sexo Mentiras e Videotape e o subestimado Tempo de Glória, de Edward Zwick. E a lista de ótimos longas não para por aí: Crimes e Pecados, de Woody Allen, Harry e Sally, de Rob Reiner, O Segredo do Abismo, de James Cameron, De Volta para o Futuro II, de Robert Zemeckis e a obra-prima Cinema Paradiso, de Giuseppe Tornatore. TODOS infinitamente melhores que Conduzindo Miss Daisy.
Shakespeare Apaixonado não é ruim. Mas está longe de ser o Melhor Filme de qualquer ano. O absurdo chama atenção pois tudo indicava que aquele era o ano de O Resgate do Soldado Ryan, um dos melhores representantes dos filmes de Guerra. Se alguém ainda duvidava do poder de Harvey Weinstein, passou a não questionar a capacidade do produtor em elevar um produto/filme. Pois não há outra explicação que satisfaça a grande questão: por que uma comédia romântica mediana como esta conseguiu ser escolhida como a melhor obra cinematográfica de 1998? O longa dirigido por John Madden é tecnicamente irrepreensível: dos figurinos à direção de arte, passando pelo elenco em sintonia e um roteiro esperto. Nada vence, porém, a qualidade não só do épico de Steven Spielberg, mas de Além da Linha Vermelha, de Terrence Malick e A Vida é Bela, de Roberto Benigni. Além, claro, de obras sequer indicadas como A Outra História Americana, de Tony Kaye, Central do Brasil, de Walter Salles, Um Plano Simples, de Sam Raimi e, claro, O Show de Truman, de Peter Weir.

Os concorrentes de Carruagens de Fogo não eram excelentes, mas qualquer um dentre os indicados e não indicados é melhor que este enfadonho drama esportivo. Para começar, 1981 foi um ano fraco: dos cinco nomeados, o único conhecido pelo grande público e digno de nota é Os Caçadores da Arca Perdida, de Steven Spielberg. O vencedor e os outros indicados caíram no anonimato. O legado de Carruagens de Fogo foi deixar uma poderosa composição de Vangelis para a posteridade; composição esta que a maioria das pessoas nem desconfia que faz parte do longa dirigido por Hugh Hudson. A vitória de Carruagens, aliás, foi uma surpresa na época; o Oscar poderia ter ido para Num Lago Dourado, vencedor do Globo de Ouro, ou Reds, que levou o prêmio de Melhor Direção e era o favorito da competição. Ao fim, Carruagens de Fogo é um dos grandes exemplos de que o Oscar não é garantia de qualidade, muito menos garantia de que alguém vá lembrar ou se importar com algum filme
Quer Quer Ser Um Milionário? é o novo Conduzindo Miss Daisy. Dirigido por Danny Boyle, o longa de qualidade duvidosa foi sucesso de público e crítica, mas é consenso entre diversos cinéfilos que a aventura romântica cheia de diálogos terríveis era o pior dentre os indicados da 81ª edição do Oscar. Assim como o vencedor do prêmio em 1990, Slumdog Millionaire não só era o pior entre os cinco como estava abaixo de diversos outros filmes que sequer foram indicados. Naquele ano concorriam O Curioso Caso de Benjamin Button (o melhor dentre os nomeados), Frost/Nixon, Milk e O Leitor. Todos, em maior ou menor grau, melhores que o longa de Boyle. E 2008 ainda teve outras obras notáveis que foram ignoradas pela Academia: O Lutador, de Darren Aronofsky, Vicky Cristina Barcelona, de Woody Allen, Dúvida, de John Patrick Shanley e os dois maiores esnobados: Batman - O Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan e Wall-e, de Andrew Stanton. Muitos afirmam, aliás, que a escolha da Academia em nomear 10 filmes no ano seguinte se deu pelo fato de a indústria e o público criticarem duramente as ausências de ótimas obras. Alguns dos não indicados, inclusive, não só são melhores que o vencedor como melhores que os demais nomeados. O Oscar de 2009 (que premiou os lançamentos de 2008), portanto, estabeleceu-se como uma das piores edições do prêmio.
O Último Imperador, de Bernardo Bertolucci é um bom filme. Não entenda mal, mas a longa cinebiografia do último imperador da China, apesar do apuro estético, está longe de ser algo memorável. A 60ª edição do Oscar, aliás, realizada em 1988, é completamente esquecível e vergonhosa. Além do vencedor não ser um grande filme, todos os demais nomeados também não mereciam vencer ou sequer receber uma indicação como Melhor Filme. Pois vejamos: Feitiço da Lua, Atração Fatal, Esperança e Glória e Nos Bastidores da Notícia foram os indicados daquele ano. Todos são bons filmes, mas nenhum é melhor que Os Intocáveis, de Brian De Palma, por exemplo. E não foi esse o esnobado: 1987 foi o ano de lançamento de Império do Sol, de Steven Spielberg, e Nascido Para Matar, do mestre Stanley Kubrick. Este, aliás, é um dos melhores filmes sobre Guerras já realizado (o melhor sobre o Vietnã) e só recebeu uma indicação como Melhor Roteiro Adaptado. Nada de Kubrick na Direção, nada de R. Lee Ermey como Coadjuvante, nada de Fotografia ou Montagem. É claro que o tempo trata de colocar tudo no lugar e decidir quais serão lembrados e quais serão esquecidos pelo público; isto não muda o fato, porém, de que todos os longas mais memoráveis foram colocados de lado por cinco filmes medianos.
É fácil entender porque Gandhi foi escolhido como o Melhor Filme de 1982. A interminável cinebiografia de Richard Attenborough tem tudo que a Academia gosta: produção de grande escala, uma grande atuação de um ator talentoso, um personagem poderoso e mensagens edificantes. Nada disso ajuda se o resultado final não agrada. Não que Gandhi seja um filme ruim, mas aquele foi o ano de E.T. - O Extraterrestre, de Steven Spielberg. Um dos primeiros clássicos de Spielberg talvez não tivesse o feitio da Academia, mas aquele também foi o ano de O Veredito, drama intenso dirigido por Sidney Lumet e estrelado por Paul Newman. Estavam indicados naquele ano, também, Tootsie, de Sydney Pollack, e Desaparecido, de Costa Gavras, ambos superiores a Gandhi. 1982 ainda contou com os ótimos O Barco, de Wolfgang Petersen, e A Escolha de Sofia, de Alan J. Pakula. Além destes, estava, claro, Blade Runner, de Ridley Scott, que recebeu apenas duas indicações técnicas. Premiar o acadêmico Gandhi e esnobar os originais e corajosos E.T. e Blade Runner é a síntese do que foi - e ainda é - o Oscar.
Rocky é um pequeno clássico e não há dúvidas sobre isso. Seu sucesso entre o público e suas qualidades, que não são poucas, porém, não o fazem melhor que obras como Taxi Driver, Rede de Intrigas e Todos os Homens do Presidente, que concorriam ao Oscar daquele ano. O "amor" da Academia pelo drama esportivo, aliás, é estranho e desproporcional: Rocky venceu apenas três estatuetas - Filme, Direção para John G. Avildsen e Montagem. Nada para o Roteiro ou para as atuações. Ora, presume-se que um longa que tenha vencido as duas principais categorias (Filme e Direção) também leve outros prêmios para casa. É estranho notar que a obra tenha sido ignorada em Roteiro Original, Ator e demais categorias técnicas e tenha vencido as estatuetas mais cobiçadas. Falta lógica ao fato. Rede de Intrigas e Todos os Homens do Presidente receberam, cada, quatro prêmios. O primeiro venceu quatro importantes estatuetas: Ator, Atriz, Atriz Coadjuvante e Roteiro Original. Todos estes prêmios, pela lógica, fariam o longa vencer não só como Melhor Filme como Lumet também venceria como Melhor Diretor. Todos os Homens do Presidente também se destacou com Ator Coadjuvante, Roteiro Adaptado, Som e Direção de Arte. Ainda assim, Rocky foi o grande vencedor. Nem entraremos na questão de que Taxi Driver estava lá e saiu de mãos vazias. É possível que os votantes tenham se dividido entre os dois longas que polarizaram a premiação e Rocky, possível terceiro colocado, acabou levando vantagem.
O que Chicago fez entre os indicados a Melhor Filme é um mistério. Absurdo maior ainda é aceitá-lo como vencedor. Quatro dos cinco indicados tinham a mão de Harvey Weinstein na produção (a ironia é que o merecedor e favorito daquele ano era O Pianista, único nomeado que não tinha envolvimento com o produtor), e se a Academia tinha tanta vontade de homenagear o sujeito, que fosse premiando Gangues de Nova York, de Martin Scorsese, que é infinitamente superior ao musical de Rob Marshall. Concorriam naquele ano, também, os fantásticos As Horas, de Stephen Daldry, e O Senhor dos Anéis - As Duas Torres, de Peter Jackson. A campanha pelo Oscar realizada por Weinstein em 2002/2003 foi uma das mais vergonhosas da história da premiação. É notável, por exemplo, que o produtor pode ter sido um dos maiores responsáveis por uma campanha difamatória contra o diretor Roman Polanski. Harvey fez de tudo para que Scorsese levasse o prêmio de Melhor Direção, incluindo festas e jantares particulares e uma série de matérias especiais que elevavam os valores artísticos do longa. A tentativa de comprar votos não deu completamente certo: Polanski foi escolhido o Melhor Diretor, revelando certa lucidez por parte dos votantes. Chicago, porém, foi escolhido como Melhor Filme. Aquele ano ainda teve Estrada Para Perdição, Adaptação, Um Grande Garoto, E Sua Mãe Também e não um, mas dois ótimos filmes de Spielberg: Prenda-me se for Capaz e Minority Report.
Golpe de Mestre é um grande filme, mas a 46ª edição do Oscar contou com outros clássicos inesquecíveis. A começar por O Exorcista, enorme sucesso de público e crítica que merecia o honraria principal. Além dele, foram indicados Gritos e Sussurros, de Ingmar Bergman, Loucuras de Verão, de George Lucas, e o pouco conhecido Um Toque de Classe, de Melvin Frank. Golpe de Mestre é divertido, inteligente, visualmente impecável e tem atuações memoráveis de Robert Redford e Paul Newman. O Exorcista, porém, era a obra a ser reconhecida naquele ano. Além dos ótimos indicados, 1973 ainda teve Serpico, de Sidney Lumet e Último Tango em Paris, de Bernardo Bertolucci. A vitória de Golpe de Mestre não chega a incomodar, mas parece ficar claro hoje, quarenta anos depois, que esse não era o verdadeiro merecedor do prêmio principal. É claro que a Academia, engessada como era e é, teria receio em premiar um longa de terror explícito como o dirigido por William Friedkin. Ainda assim, O Exorcista levou duas estatuetas, incluindo a importante categoria de Roteiro Adaptado. Outro fator que pode ter influenciado é o fato de Friedkin ter vencido o Oscar poucos anos antes por Operação França, que por sua vez não merecia o prêmio que deveria ter ido para Laranja Mecânica. O tempo mostra que Exorcista segue como um dos filmes mais aterrorizantes já realizados, enquanto Golpe de Mestre ficou perdido no tempo e na memória de cinéfilos mais aficionados.
Gente como a Gente é outro exemplo de um filme correto, bem escrito e com boas atuações que acabou vencendo o prêmio principal mesmo sem merecê-lo. A passagem da década de 70 para a de 80 foi uma época onde a Academia parecia prezar por dramas familiares e/ou menores: no ano anterior, Kramer Vs. Kramer, pequeno drama familiar, ganhou do gigantesco Apocalypse Now; no ano seguinte, Carruagens de Fogo levou a melhor, deixando a superprodução Reds para trás. Além de Star Wars - Episódio V: O Império Contra-ataca, a edição de 1981 não trouxe nenhum grande épico, mas contou com filmes muito melhores que o longa de Robert Redford. Na categoria principal havia pelo menos duas obras-primas superiores que o longa vencedor: Touro Indomável, de Martin Scorsese e O Homem Elefante, de David Lynch. Este, aliás, era o real merecedor do prêmio, ainda que a cinebiografia de Scorsese também merecesse reconhecimento. De qualquer forma, não foi apenas o Oscar que demonstrou carinho por Gente como a Gente. O drama de Redford venceu o Globo de Ouro, o DGA e diversos prêmios da crítica. Ainda que o tempo tenha transformado outros filmes em clássicos, é perceptível que, na época, Gente como a Gente era a obra em destaque. Por mais interessante e bem conduzido que seja, o vencedor da 53ª edição do Oscar jamais alcança a qualidade transcendental de Touro Indomável e, principalmente, O Homem Elefante.

Menções honrosas: Cavalgada; Como Era Verde Meu Vale (concorria contra Cidadão Kane); Perdidos na Noite; Operação França (concorria contra Laranja Mecânica); O Franco Atirador; Entre Dois Amores; Forrest Gump (concorria contra Um Sonho de Liberdade e Pulp Fiction), Crash (concorria contra Munique e O Segredo de Brokeback Mountain)

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