Especial Oscar 2015Melhor Ator
Não simpatizo com Eddie Redmayne. Sua atuação mais elogiada até então é aquela que o ator apresentou em Os Miseráveis. Pois bem, Redmayne é a pior coisa do musical dirigido por Tom Hooper. Agora, o ator é favorito ao Oscar por A Teoria de Tudo. E o sujeito está muito bem no papel de Stephen Hawing. O problema é: o filme não é bom; além disso, interpretar um personagem como Hawing, ainda que conte com várias dificuldades, é um prato cheio para um ator dedicado - não necessariamente talentoso - angariar alguns prêmios. Personagens com limitações físicas e mentais sempre atraem a Academia. O problema é que os votantes do Oscar acabam esquecendo atuações muito melhores como as de Michael Keaton, por Birdman, e David Oyelowo, por Selma, que sequer foi indicado.
Melhor momento em cena: caído e incapacitado nos primeiros degraus de uma escada, Hawking olha para o topo e vê seu filho, um bebê, cujas limitações físicas também são evidentes.
Não quer dizer muita coisa afirmar que Michael Keaton tem a melhor atuação de sua carreira em Birdman. Keaton, apesar de bom ator, nunca teve uma atuação digna de prêmios ou alguma cena dramática realmente memorável. Em Birdman, porém, Keaton reúne todas as suas qualidades como ator e as eleva à enésima potência, numa entrega total e surpreendente ao papel de um ator que busca se reerguer. Birdman é um filme cheio de qualidades, e Keaton é uma das maiores.
Melhor momento em cena: ao ficar preso do lado de fora do teatro no qual se apresenta, seu personagem dá a volta e corre de cuecas pela Times Square para entrar novamente no teatro.
O talento de Steve Carrel não é recente. Basta olhar para seus primeiros trabalhos (na maioria secundários, como em Todo Poderoso) e para a série The Office para ver que Carrel possui talento incontestável tanto para a comédia quanto para o drama. Sua performance em Pequena Miss Sunshine, por exemplo, é brilhante. Em Foxcatcher, Carrel surpreende pelo peso dramático e pela entrega ao complexo personagem. John du Pont esconde uma infinidade de segredos; é possível saber desde o início que há algo muito ruim e errado por trás do estranho sujeito. Os trabalhos vocal e corporal do ator são irretocáveis. Caso vencesse, não seria ruim.
Melhor momento em cena: no primeiro encontro com Mark (Channing Tatum), du Pont já demonstra não ser um sujeito totalmente normal.
A atuação de Benedict Cumberbatch em O Jogo da Imitação é impecável, de longe a melhor coisa do filme. Ainda assim, é preciso se perguntar: seu trabalho aqui é muito diferente de sua interpretação em Sherlock? Os personagens e atuação em si são, claro, distintas, mas o fato é que seu Alan Turing não está muito distante do seu deslocado Sherlock Holmes. De qualquer forma, sua indicação ao Oscar é completamente merecida, ainda que não tenha chances de vencer.
Melhor momento em cena: ao receber a visita de Joan (Keira Knightley), Turing revela um segredo e se emociona.
Polêmicas à parte, Sniper Americano é um bom filme (mais será discutido no Especial sobre os indicados a Melhor Filme), e a atuação de Bradley Cooper é surpreendente. O ator confere humanidade e sabe trabalhar com inteligência a complexidade de um personagem dúbio (Kyle parecia ter prazer em matar o que para ele eram apenas alvos); além disso, Cooper merece elogios por tornar o personagem mais humano e carismático, fazendo com que o público sinta certa empatia pelo sujeito, mesmo estando longe de concordar com seus atos. Ainda assim, Cooper está ocupando uma vaga que poderia ter sido preenchida pelo ator que teve a melhor atuação do ano: David Oyelowo, brilhante em Selma.
Melhor momento em cena: Kyle fica em dúvida se deve ou não atirar em determinado alvo.
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