Os 10 Filmes que Mereceram o Oscar
Depois de elencar os 10 filmes que mereceram o Oscar, chegou a hora de listar os 10 longas que mereceram o prêmio de Melhor Filme na premiação mais importante do Cinema. Como afirmado na postagem anterior, eleger os 10 filmes que realmente mereceram o Oscar é uma tarefa relativamente fácil, visto que são poucas as obras dignas de tal honraria. Ainda assim, muita coisa boa ficou de fora. Para chegar a uma lista de apenas dez exemplares, alguns pontos foram levados em conta. De início, o básico: a qualidade do filme em questão. Além deste fator essencial, foram considerados o valor histórico da obra e seu reconhecimento com o passar dos anos; a concorrência também foi levada em conta (uma briga acirrada eleva os méritos do vencedor). Fazem parte da lista, também, filmes que acabaram subestimados com o tempo, mas que mereceram o Oscar de Melhor Filme a eles agraciado.
Eis, portanto, os 10 Filmes que Mereceram o Oscar:
Uma das obras-primas incontestáveis do Cinema não poderia ocupar outra posição se não a primeira. O Poderoso Chefão não só é o maior merecedor do prêmio como o melhor dentre todos os vencedores. A vitória da primeira parte da trilogia comandada por Francis Ford Coppola parece marcar uma mudança no perfil da Academia. A história do Oscar pode, enfim, ser dividida em duas partes: antes e depois de O Poderoso Chefão. E tal mudança não se dá apenas à qualidade do longa vitorioso, mas pelo fato de que os vencedores dali em diante representariam um Cinema em mudança constante. Os grandes mestres do Cinema antigo e clássico saíam de cena e os novos chegavam; foi na década de 70, por exemplo, que nomes como Martin Scorsese, Steven Spielberg, Brian De Palma, George Lucas e William Friedkin começaram a se firmar. Começava uma mudança notável no fazer cinematográfico, além de uma aparente reviravolta no gosto dos críticos e do público. O Cinema e seu público mudavam e se renovavam e O Poderoso Chefão marca esta mudança. É por tudo isso, e uma infinidade de outros fatores, que The Godfather é o maior merecedor do Oscar. E, sem exageros, um dos melhores e mais importantes filmes da história.
A vitória de O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei no Oscar é a prova de que o bom Cinema ultrapassa e vence qualquer barreira ou preconceito. Temia-se, na época, que a trilogia de Peter Jackson chegasse ao fim sem receber o reconhecimento da Academia. Isso porque os dois longas anteriores venceram apenas categorias técnicas e o histórico da premiação apontava para certo preconceito e resistência a "fantasias" (entende-se: histórias com seres mitológicos, fantásticos, como elfos, gigantes, etc.). Mas O Retorno do Rei é tão completo e bem realizado que fechar os olhos para isso seria um dos maiores erros da Academia. E 2003 foi um bom ano para o Cinema: Sobre Meninos e Lobos, um dos melhores dramas de Clint Eastwood, estava lá. Mestre dos Mares, de Peter Weir, é o típico épico que a Academia adoraria premiar. Nada bateu a arrasadora vitória da última parte de O Senhor dos Anéis: foram onze vitórias em onze indicações; o melhor aproveitamento da história do Oscar. Além disso, Retorno do Rei igualou-se a Ben-Hur e Titanic como um dos maiores vencedores da premiação. E o fato é: tivesse sido indicado a mais categorias, teria vencido em todas elas.
Beleza Americana se encontra na terceira posição não por ser melhor que os outros filmes aqui citados, mas porque a concorrência na 72ª edição do Oscar estava acirrada. Não só os nomeados na categoria principal eram excelentes, como vários esnobados também podem ser considerados excepcionais. O ano de 1999 teve tantos filmes bons que é impossível dizer qual é o melhor. É possível que À Espera de um Milagre, Clube da Luta e O Informante sejam melhores que o longa dirigido por Sam Mendes. Mas Beleza Americana também é um longa-metragem de primeira grandeza. O roteiro de Alan Ball é irretocável e o elenco afinado. Kevin Spacey tem uma de suas melhores atuações (o que não é pouco em se tratando do ator) e a fotografia, que descortina a vida urbana e ordinária de famílias da classe média, é nada menos que belíssima. Muitos afirmaram na época, e em anos que seguiram, que Beleza Americana se tornaria um erro e seria apagado pela concorrência forte. O tempo passou e o filme segue como um dos melhores exemplares de um ano marcante para o Cinema recente.
Kramer vs. Kramer aparece na quarta posição por três grandes motivos: 1,º é um ótimo drama familiar; 2º, é uma obra subestimada; 3º, é conhecido como o filme que bateu Apocalypse Now. Muitos apontam o longa de Robert Benton como um dos piores vencedores do Oscar, o que é uma completa injustiça. Kramer vs. Kramer é uma obra com tudo no lugar: drama bem conduzido, com doses de humor; Dustin Hoffman no auge da carreira; Meryl Streep começando a se mostrar como uma das melhores novidades entre as atrizes; Robert Benton com uma direção segura e um roteiro preciso. Pouco ou nada parece errado neste longa que traz a ruína de uma família aparentemente perfeita que acaba no meio de uma disputa pela guarda do filho. Além disso, Kramer vs. Kramer prova que tamanho e escala não contam quando se trata de uma boa história: Apocalypse Now era o épico do ano. Dirigido por Francis Ford Coppola, o épico de Guerra é tecnicamente irrepreensível, mas se mostra enfadonho em uma visão geral, perdendo na comparação com o longa de Benton, um filme infinitamente menor e mais simples.
Titanic encarou uma concorrência relativamente forte: L.A. - Cidade Proibida era o favorito de boa parte da crítica. Naquele ano ainda concorriam os ótimos Gênio Indomável e Melhor Impossível, além do bom Ou Tudo Ou Nada. Fora da competição pela estatueta principal ainda havia Boogie Nights, de Paul Thomas Anderson. Nada bateu, porém, a escala gigantesca do épico de James Cameron. Sucesso absoluto de público, Titanic emocionou milhares de espectadores e conquistou a maioria dos críticos. Tecnicamente impecável, o longa ainda trazia Kate Winslet confirmando seu talento. Ainda que muito critiquem o romance e o roteiro simples de Cameron, Titanic é um filme que tem e exige do público muito mais coração do que cérebro. E isso, às vezes, não é ruim. Enquanto os concorrentes traziam tramas elaboradas e/ou ambiciosas, Titanic contava a história de um romance manjado que antecedia uma tragédia. Ao fim, Titanic lembra os bons e velhos clássicos épicos do Cinema com dramas, romances e tragédias.
Por ser um vencedor de 2 Oscar, Milos Forman tem uma carreira relativamente curta. Com pouco mais de 10 filmes no currículo, Forman, que nasceu na República Tcheca, venceu o prêmio de Melhor Direção por Um Estranho no Ninho e Amadeus. Enquanto muito consideram o longa com Jack Nicholson a sua melhor criação, é Amadeus que merece o reconhecimento como sua melhor obra. Com F. Murray Abraham no melhor papel de sua carreira, Amadeus é um filme elegante, realizado com esmero e debruçado em um roteiro impecável. Se a música de Mozart enche os ouvidos, a beleza da direção de arte e dos figurinos são um deleite para os olhos. São quase três horas de uma história fascinante onde nada parece fora do lugar, assim como o incomparável O Poderoso Chefão. A 57ª edição de Oscar ainda teve Os Gritos do Silêncio e Passagem Para Índia, última realização de David Lean. Nada poderia vencer esta impecável releitura da vida de Mozart pelos olhos de Antonio Salieri.
O Silêncio dos Inocentes é tido como o único filme de horror vencedor do Oscar de Melhor Filme. É uma consideração tola. Independente de gênero (horror, comédia, fantasia, etc.), O Silêncio dos Inocentes é Cinema de primeira grandeza. A direção de Jonathan Demme é daquelas que se vê poucas vezes: minuciosamente pensada, cada quadro quer dizer, implícita ou explicitamente, alguma coisa sobre a trama ou personagens. Não é a toa que um longa metragem tão bem idealizado e realizado levou cinco dos principais prêmios: Filme, Direção, Ator, Atriz e Roteiro. O prêmio de Melhor Ator para Anthony Hopkins, aliás, é, além de merecido, uma surpresa. Isto porque, temos de reconhecer, Hopkins é coadjuvante da história. É sabido que o ator aparece pouco mais de quinze minutos em cena; ainda assim, a atuação é tão impressionante que o tempo em tela é apenas um detalhe. Cada segundo de Hannibal Lecter em cena é um pequeno clímax dentro da trama. Mas não é só Hopkins que brilha: Jodie Foster também impressiona com sua personagem firme, determinada e inteligente que parece sufocada pelo mundo machista que a cerca, mas que encara o preconceito e opressão com coragem, sem temer ninguém. Com um filme como este, quem se importa com a concorrência? Ainda assim, o longa de Demme derrubou ótimos indicados como JFK - A Pergunta Que Não Quer Calar e O Príncipe das Marés. Além disso, 1991 foi o ano de Cabo do Medo, Thelma & Louise, O Exterminador do Futuro 2 e O Pescador de Ilusões, que sequer foram indicados na categoria principal.
Steven Spielberg precisou de três indicações (Contatos Imediatos de Terceiro Grau, E.T. - O Extraterrestre e Os Caçadores da Arca Perdida) e algumas esnobadas (Tubarão, A Cor Púrpura, Império do Sol) para finalmente vencer seu merecido Oscar de Melhor Filme e Direção. A Lista de Schindler é daqueles trabalhos pelos quais um realizador quer ser lembrado e reverenciado com o passar dos anos. Filmado num belo preto e branco (um dos melhores trabalhos de fotografia no estilo desde que a cor tornou-se "lei" no Cinema), Schindler tem pelo menos três atuações memoráveis (Liam Neeson, Ben Kingsley e, principalmente, Ralph Fiennes) e uma série de momentos memoráveis. Lista não é o melhor filme de Spielberg (ele ainda realizaria O Resgate do Soldado Ryan e Munique, dois de seus melhores filmes), mas é um dos mais importantes e mereceu cada estatueta da 66ª edição do Oscar. O ano fraco (os ótimos Filadélfia e Short Cuts ficaram de fora) não diminui a vitória deste que é mais um belo exemplar na quase irretocável carreira de Spielberg.
Há muito mais em Laços de Ternura do que os olhos podem ver e que o tempo pôde mostrar. Aparentemente leve e descompromissado, a corajosa mistura de comédia e drama familiar de James L. Brooks tem um elenco em perfeita sintonia. Shirley MacLaine e Jack Nisholson estão ótimos, mas quem rouba o filme é Debra Winger. A doce, mas forte, Emma tenta construir sua própria vida e família enquanto tenta se desprender da profunda ligação com sua mãe (MacLaine), uma mulher carente e superprotetora. Jack Nicholson aparece como um astronauta mulherengo que parece estar sempre feliz e de bem com a vida. Assim como todos os outros personagens, porém, o sujeito criado por Nicholson apenas precisa de alguém para ficar, dividir sua vida, suas alegrias e angústias. O tom leve e o jeitão oitentista (poucos filmes têm a cara dos anos 80 como Laços de Ternura) ornam um drama que se revela complexo e realmente triste conforme caminha para seu fim.
O ano de 1957 teve pelo menos três obras-primas: 12 Homens e uma Sentença, Glória Feita de Sangue e A Ponte do Rio Kwai, vencedor da 30ª edição Oscar. Qualquer um dos três mereceria qualquer prêmio. O longa sobre a primeira Guerra Mundial dirigido por Stanley Kubrick não foi indicado a nenhuma categoria, mas o drama de Sidney Lumet foi um ótimo concorrente ao épico de David Lean. A Ponte do Rio Kwai é uma obra de escala gigantesca, bem ao estilo de Lean. Encabeçado por Alec Guinness e William Holden, o filme merece um espaço na lista por dois motivos óbvios: é um excelente drama de guerra e venceu vários prêmios em um ano concorridíssimo. Kwai é tão bem feito e tem um visual tão impactante, que nenhum longa recente, cheio de efeitos visuais, pode comparar. Nenhum efeito realizado em um computador, por exemplo, pode substituir a explosão legítima da ponte. É um épico que sintetiza o que havia de melhor nos milionários clássicos de outrora.
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