A vitória de J.K. Simmons por Whiplash será uma das mais previsíveis da próxima edição do Oscar. No longa de Damien Chazelle, Simmons faz o papel típico do Coadjuvante que protagoniza. Não que Miles Teller seja ofuscado pelo colega de elenco (o jovem é muito talentoso para ser apagado), mas o fato é que Simmons está assombroso no papel do professor descontrolado que leva seus pupilos ao limite. Simmons berra, desfere tapas no rosto do protagonista e, quando quer, usa a lábia para atingir seus objetivos. Pode parecer uma atuação simples, mas é um trabalho complexo executado com destreza pelo veterano que só agora parece chamar atenção. Caso vença - e as chances são enormes -, será por puro merecimento.Melhor momento em cena: são vários, mas o melhor curiosamente não traz nenhuma explosão de raiva, mas o choro. Fletcher deixa algumas lágrimas escaparem ao lamentar a morte de um ex-aluno.
Apesar de todas as críticas que o tratam como uma pessoa difícil e complicada, Edward Norton é um excelente ator. Não é de agora que o talento do sujeito vem sendo confirmado: As Duas Faces de um Crime e A Outra História Americana (1996 e 1998, respectivamente), no início da carreira, mostraram que o ator já tinha talento. De lá para cá Norton apareceu em obras como Clube da Luta e A Última Noite, ambos com atuações hipnotizantes. Agora, Norton concorre por uma de suas melhores atuações. Em Birdman, o ator revela diversas qualidades diferentes em apenas uma cena. Com total domínio sobre o personagem, Norton seria a escolha ideal para prêmio caso J.K. Simmons não resolvesse aparecer em Whiplash.
Melhor momento em cena: ao conhecer Riggan, Mike (Norton) mostra seu talento ao revelar diversas capacidades dramáticas. Sua indignação durante uma apresentação (que culmina na quebra do cenário) também é um ótimo momento.
Ethan Hawke não é um ator que gosta de exageros; pelo contrário, sempre foi apegado à sutilezas e atuações contidas. Talvez seja por isso que ele goste tanto de trabalhar com Richard Linklater, diretor que sempre prezou pela simplicidade, embora sempre esconda camada complexas sob a superfície. Com uma longa carreira iniciada em 1985, Hawke tem apenas uma indicação ao Oscar pelo filme Dia de Treinamento de 2001. Em Boyhood o ator entrega mais uma atuação minimalista, sem exageros ou cenas dramáticas. Não há uma cena de impacto, monólogo ou equivalentes; Hawke apenas entra no personagem e o interpreta da forma mais sincera possível. Essa abordagem, espero, ainda lhe renderá merecidos prêmios no futuro.Melhor momento em cena: a última conversa com o filho antes deste ir para a faculdade. Na cena, o personagem faz um retrospecto da própria vida e do que poderia - ou não - ter sido.
Assim como Hawke, Mark Ruffalo é um ator de abordagens contidas. Sua primeira indicação ao Oscar (e única até agora), pelo ruim Minhas Mães e Meu Pai, foi por uma atuação contida, sem grandes momentos ou cenas de impacto. O mesmo acontece em Foxcatcher, um filme inteiramente calcado em sutilezas. Ruffalo tem um trabalho corporal e vocal irretocável, que em nada deve à performance de Steve Carrel. Ruffalo interpreta aquele que talvez seja o único personagem sensato e aparentemente são de todo a trama e isso, dentro da estranha e lenta construção de Bennett Miller, é um feito notável. É outro ator que o tempo tratará de reconhecer.Melhor momento em cena: sem dúvidas é o momento em que seu personagem é obrigado a dizer para uma câmera que Du Pont é seu mentor.
Robert Duvall já conseguiu se firmar como uma importante parte do Cinema americano. Ele foi Tom Hagen, afinal de contas. Em O Juíz (bom filme, nada mais que isso), Duvall surpreende com uma atuação que é maior que o próprio projeto no qual está inserida. Em um papel que gradativamente vai se complicada, Duvall mostra que ainda tem muita lenha para queimar e que não importa a qualidade do filme, pois sua performance sempre será excelente. Duvall certamente não vai ganhar (sua atuação é a que menos merece dentre os indicados), mas uma indicação para um ator como ele sempre será merecida.Melhor momento em cena: depois de muito brigar com o filho, seu personagem abre o coração e se emociona ao revelar que não queria ser um carrasco, mas apenas um bom pai que educa os filhos sem se importar com os meios tomados para isso.
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