Wallander é,
antes de mais nada, uma série de nuances. Antes de um programa de mortes e
mistério, é sobre um ser humano frágil, triste e solitário que, numa análise
prévia e superficial, pode parecer clichê ou enfadonho. O fato é que esta
pequena série britânica é uma jóia rara, que vai além dos estereótipos batidos
da TV e do Cinema, e estuda um personagem a fundo, desvendendo seus medos, suas
angústias, entregando ao espectador uma experiência incomparável. Como se não
bastasse um roteiro primoroso, Wallander conta com a melhor atuação
masculina da TV: Kenneth Branagh. Um dos maiores representantes de Shakespeare
no Cinema tem aqui um de seus melhores momentos, numa atuação esmerada e sutil.
O trabalho de direção é digno de Cinema, e a fotografia é uma das mais belas do
ano, da TV e, acredite, da Sétima Arte. A trilha sonora, como já é comum em
séries britânicas - principalmente as da BBC - é irretocável (o tema de
abertura, "Nostalgia", é lindo). É uma pena, portanto, que
poucas pessoas a conheçam ou se interessem por ela. Infelizmente, cada
temporada de Wallander tem apenas três episódios (poderia ser bem mais)
de noventa minutos cada, e o próximo ano, o quarto, parece ser o último.
Melhores episódios: Todos
os três.
Depois do impecável
quarto ano, Breaking Bead resolveu arriscar - e manter o coração dos fãs
na boca por mais um tempo: a quinta e última temporada seria maior, mas dividida
em duas partes. Oito episódios iriam ao ar em 2012 e os oito finais em 2013. A
ideia tem seus pontos bons e ruins: é bom porque teremos mais um ano de série e
mais três episódios além dos treze habituais. Ruim pelo fato de que quando o
arco dramático está se formando e os rumos se alinhando, a série entra em
hiato. O episódio final dessa primeira metade, mesmo que óbvio, marcou um ponto
alto na história de Breaking Bad, mas soou inevitavelmente como um
anti-clímax. Toda a série, basicamente, caminhou até aquele momento e quando os
roteiristas poderiam explorar mais o terreno, tudo acaba. É claro que tudo será
devidamente mostrado e estudado ano que vem, mas é inquestionável o sabor
agridoce ao término da mid-season. De qualquer forma, os oito episódios foram
melhores que muitas séries inteiras. Bryan Cranston mais uma vez mostra que é
um monstro (assim como seu personagem, mas em outro sentido), Vince Gilligan
ensina como se conduzir uma série e os diretores dão uma aula de técnica em
oito horas irretocáveis.
Melhores episódios: Dead
Freight e Say my Name
Louie talvez
seja a série cômica mais dramática da TV. Louis C.K. explora, através de um
humor pesado, ácido e inteligente, sua própria vida. É claro que muito do que
se vê na série é fruto da imaginação do humorista, mas há muito de
autobiografia ali. É notável, por exemplo, a facilidade de C.K. em comprimir
diversas sensações e mensagens em um pequeno episódio de vinte minutos. Ele
fala de amor, de morte, das filhas e de solidão de uma forma tão única que não
são raros os momentos em que damos fortes risadas e logo em seguida nos
sentimos tocados pela solidão do sujeito. Louis C.K., aliás, é do tipo de
artista que faz tudo. O roteiro é dele, a direção é dele, muitos episódios são
editados por ele e ainda aparece em noventa e nove por cento do tempo na tela.
Mesmo assim o nível do programa ultrapassa em muito o restante das séries de
humor da atualidade, que contam com equipes gigantescas e elencos famosos e
diversificados.
Melhores episódios: Late
Night 1, 2 e 3.
04 - Sherlock
Séries britânicas
costumam me agradar sempre. Aprovo o formato de temporadas curtas, com poucos
episódios cada. Essa abordagem permite um cuidado melhor com a história - que é
reduzida e não precisa se alongar para preencher o espaço de treze ou vinte
episódios - e com o visual do programa, que parece de Cinema. Além disso, os
britânicos têm um humor e um estilo que os americanos, por exemplo, não têm. O
uso da câmera na excepcional Luther, por exemplo, é invejável. O mesmo
acontece em Wallander e Sherlock. Temos nesta versão um Sherlock
Holmes vivendo em um mundo moderno, mas com as antigas manias de sempre. Há
também um Watson bem humorado e fiel ao amigo e uma galeria de personagens
interessantes. Não parece ser tão diferente do formato original, ou mesmo dos
recentes filmes protagonizados por Robert Downey Jr. O fato é que a abordagem
vista aqui é única. Vemos o que Sherlock vê, através de gráficos, esquemas,
números e letras que o circundam na tela. Vemos os textos das mensagens interagindo
com o cenário e as tecnologias servindo os protagonistas, afinal, desvendar um
mistério usando o Google ou um celular é muito melhor. Ao que tudo indica, a
próxima temporada será a última. Pena.
Melhor episódio: The
Reinchenbach Fall
Depois de uma segunda
temporada morna, Downton Abbey retoma
suas forças em um terceiro ano coeso e mais enxuto, sem gorduras desnecessárias.
Mais do que nunca, Downton Abbey assume
o posto de “retrato de uma época”. Se nos primeiros anos a série parecia ser
apenas um programa sobre uma família nobre britânica, agora podemos ver que o
escopo vai além. É nesta temporada que o contexto histórico fica ainda mais
intrínseco à mitologia da série. Se antes a Primeira Guerra Mundial serviu de
pano de fundo para uma mudança no casarão e na família, desta vez temos a queda
da nobreza, ou dos esterótipos que a compõem. Fica claro, portanto, a riqueza
histórica da obra: acompanhamos não só a rotina, os costumes de um certo povo,
mas sim a ascensão e queda do mesmo, o que torna o projeto muito mais complexo
e relevante. Assistimos através de uma família, um exemplo, a história de algo
maior, de um período histórico. Downton
Abbey encerra, portanto, mais um grande ano; os coadjuvantes brilham, o
roteiro explora bem cada história e a parte técnica enche os olhos.
Melhor episódio: Episódio 5
The Walking Dead boa é The
Walking Dead divertida e matadora de zumbis. E a terceira temporada foi um prato cheio no quesito. Não podemos negar,
contudo, que o lado dramático da série seja ruim. Pelo contrário, os
personagens são bem desenvolvidos e os acontecimentos bem elaborados, criados e
finalizados. Mas o fato é que a grande qualidade da série é mesmo a diversão, e
quando a ação toma conta, rolam cabeças e jorra sangue pra todo o lado. Os
diálogos continuam frágeis, mas a trama e o visual permanecem bons. Essa
primeira metade do terceiro ano de The
Walking Dead (a segunda retorna apenas em fevereiro) é o melhor momento da
série até aqui.
Melhor episódio: Killer Within
Fringe é uma das minhas série favoritas; está naquela
lista sagrada ao lado de Six Feet Under (a
melhor série de TV já feita) e Arquivo X,
por exemplo. É curioso pensar que caso Fringe
fosse lançada hoje, seria cancelada já na primeira temporada. A TV mudou
muito nestes últimos anos e é surpreendente o fato de uma série como Fringe ter sobrevivido tanto tempo.
Talvez seja a qualidade do texto e da mitologia. A qualidade visual e narrativa
da série. Não se sabe. Os fãs do programa são fiéis e o canal, por um motivo ou
outro, confia no material. Infelizmente este é o último ano de Fringe e, assim como sua parente Lost é insubstituível, ela também será.
Esperemos que fique marcada como uma das grandes ficções científicas da TV.
Melhor episódio: Through
the Looking Glass and What Walter Found There
É bem verdade que Dexter já não
é mais a mesma. De qualquer modo, a sétima temporada foi muito melhor que a
quinta e sexta e encaminha o programa para um desfecho satisfatório, que
provavelmente acontecerá na oitava temporada em 2013. Os plots deste ano funcionaram muito bem e a maioria foi resolvida de
modo satisfatório. O ano foi de Dexter, claro, e Deb. Um dos melhores vilões da
série, Isaac (interpretado por Ray Stevenson), foi descartado muito cedo, mas muita
coisa funcionou: Hannah e a obsessão de Laguerta são alguns exemplos.
Melhores episódios: ...Are you? e Surprise, Motherfucker
Elementary é a melhor estreia do ano. Depois de assistir o
Piloto, deixei a série de lado e não voltei a vê-la, não por ser uma estreia
fraca, pelo contrário, mas por achar que a adaptação de Sherlock que coloca o
sujeito em Nova York e transforma Watson em mulher não daria certo. Estava
errado. Eu e muitos outros que criticaram sem ter muito em mãos. Elementary é, sim, uma ótima adaptação.
Se passar em Nova York não interefere e a Watson de Lucy Liu, acredite ou não,
funciona. Além disso, Jonny Lee Miller faz um grande trabalho como Sherlock,
criando um personagem seu, com suas próprias características e sem dever nada a
Cumberbatch ou Downey Jr.
Melhor episódio: Child Predator
Smash é um musical. Não como Glee, ou como aqueles musicais em que as pessoas conversam cantando
e tudo mais. É sobre a produção de um musical, feito para o teatro, sobre a
vida de Marilyn Monroe. Tem uma música aqui e ali, mas nada que afaste aqueles
que não são fãs do gênero. Smash tem,
também, músicas originais excelentes, o que é um atrativo à parte. Mostrando
uma regularidade excelente durante todos os episódios da temporada, Smash tem ainda um bom elenco e
personagens interessantes. Além, claro, da ótima trilha sonora.
Melhores episódios: The Workshop e Bombshell
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Gostei da Lista Matt, mas eu colocaria me vício televisivo: American horror Story Asylum... Só tenho elogios e boas coisas a falar desta maravilhosa série qu nunca decepciona. Já Viu?
Alfredo Neto (@netto_alfredo) disse...
2 de janeiro de 2013 às 20:43