Papo Rápido
Lançamentos em DVD e Blu-Ray de Março
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Rowan Atkinson é o típico artista que tem o dom do humor. Ainda que sua abordagem não seja nem um pouco sutil, basta fazer alguns movimentos, construir frases juntando monossílabas e pronto: a graça está feita. O eterno Mr. Bean, personagem que virou marca do ator, faz rir até hoje, mesmo estando um pouco ultrapassado. Mas, gostando ou não, admirando ou não, há de se deixar claro que a impressão que se tem com esse O Retorno de Johnny English é que o tempo passou e Atkinson não é mais o mesmo. Talvez esteja em busca de projetos que não lhe peçam muito, ou simplesmente em busca de dinheiro. Falta humor, falta vida, falta bom senso. Falta muita coisa para este filme.
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A Casa dos Sonhos é o tipo de filme que tenta ser mais inteligente do que realmente é. Com uma reviravolta boba no meio do caminho e outra mais boba ao fim, esta estranha fita de um deslocado Jim Sheridan não é ruim, só não encontra seu rumo, seu propósito. Clichê e ilógico, o roteiro tropeça na própria mitologia e se enreda no próprio fiapo de trama. Daniel Craig parece deprimido, Rachel Weisz demonstra a mesma antipatia de sempre, com total falta de carisma; já Naomi Watts parece ter entrado no barco errado. Perdida no tiroteio, a loira tenta fazer o que pode para salva, ao menos, sua parte. Não é um escândalo, ou o pior filme do ano, mas é difícil posicionar-se a favor de A Casa dos Sonhos.
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Selton Mello é um ótimo diretor. Talvez seja mais competente nessa área do que na de atuação. O Palhaço, linda composição nacional sobre o que move um ser humano, suas angústias e lapsos de alegria é, na mais superficial das análises, a velha história do palhaço triste. É uma obra esteticamente irretocável: além da direção inspirada de Mello, a direção de arte merece destaque especial, tal qual a brilhante fotografia. É bem verdade, porém, que o roteiro pese a mão em certas decisões; nem tudo funciona no final. É uma fita cheia de simbolismos e rimas visuais, mas que se perde na concepção de certos personagens. Algumas participações de conhecidos atores funcionam, outras são descartáveis. É, no fim, um belo filme. Imperfeito, como qualquer um e qualquer coisa.
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Atividade Paranormal, o primeiro, de Oren Peli, é um engodo superestimado. Tem seus momentos de inspiração, daqueles que fazem a plateia pular e ficar na beira da poltrona, mas para cada susto, há intermináveis minutos de silêncio e vazio. Simplesmente nada. O segundo é um caos narrativo e visual que sai de lugar algum para chegar a outro igualmente inexistente. Já a última parte da franquia surpreende. Ambientada na década de oitenta, a fita acerta no ritmo e na abordagem visual; está calcada nos mesmos vícios dos antecessores, mas trás interessantes ideias ao gênero limitado. Todas as sequências envolvendo a câmera do ventilador elevam a tensão a níveis extremos. Não há roteiro ou sequer uma história estruturada, mas é um intrigante exercício de estilo.
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Woody Allen é conhecido pelos textos originais, sarcásticos e inteligentes, e pela abordagem visual simples, isenta de floreios estilísticos. A câmera é ligada e o elenco e o texto fazem o resto. Ele é um dos poucos diretores que conseguem tal feito. É importante que se diga que isso é uma proeza. É um dos artistas que colocam em xeque a velha dúvida sobre a autoria e sobre o que é importante em um filme: o roteiro ou a direção? A produção ou o elenco? Meia-Noite em Paris segue a mesma cartilha que Allen usa desde o princípio, e não decepciona. Owen Wilson é, de longe, um dos melhores alter egos do roteirista e esbanja carisma. Os coadjuvantes brilham cada um a sua maneira, e o clima da velha Paris, dia ou noite, ensolarada ou chuvosa, é uma das melhores coisas de toda a obra.
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Nunca fui fã de Almodóvar. Que me perdoem os adoradores do cineasta, mas o estilo do sujeito nunca me convenceu. Devo reconhecer, claro, suas várias qualidades, dentre elas o total domínio narrativo, mas não posso ignorar um simples fato sem explicação: empatia. Às vezes funciona, outras não. Abraços Partidos, por exemplo, é um dos piores filmes de 2009. A Pele que Habito poderia ser outro exemplar a não funcionar, já que trás todo o pesado estilo, vícios e abordagens visuais e narrativas do diretor/roteirista. O fato é que Almodóvar se sobressai e cria um suspense poderoso, cheio de significados e indagações. É preciso entrar na mente dos personagens para tirar algumas coisas da obra como um todo. O resultado não decepciona. Optando por uma narrativa não linear e deixando a metalinguagem de fora, este é o melhor filme de Almdóvar dos últimos anos.
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Steven Soderbergh geralmente convoca grandes atores para compor o elenco de seus filmes, e a ironia é que, mesmo com grandes estrelas, muitas vezes as obras não funcionam. A trilogia Ocean's, à exceção do primeiro, sempre ficou aquém das expectativas. O Desinformante tem graves problemas de ritmo, assim como Solaris, que contava com George Clooney como protagonista. O fato é que o diretor talvez reúna tanta gente boa para maquiar seus defeitos como autor. Mas o profissionalismo do sujeito, por ora, não está em jogo. Contágio tem uma vasta e estrelada galeria de artistas; muitos deles mal aparecem, sem tempo para brilhar, sendo subaproveitados, uns parecem estar apenas cumprindo tabela. No limiar, Contágio é um bom filme, mas não desenvolve os personagens devidamente e a história é simplista. É muita gente pra pouco espaço.
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Os atemporais bonecos de pano estão de volta. Ressuscitados com vitalidade em Os Muppets, os carismáticos "bichinhos" ganham uma sobrevida notável e prometem seguir nas telonas. E merecem. Cheio de autorreferências, homenagens e piadas metalinguísticas, a fita resgata a ingenuidade das histórias infantis com uma historinha simples, até mesmo bobinha, mas longe de ser vazia. Pode ser considerada a melhor comédia do ano passado.
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Gus Van Sant, que mostrou total domínio técnico e narrativo em obras como Elefante tem, em Inquietos, um dos piores momentos de sua carreira. Diretor conhecido por adentrar a mente jovem e transpô-la às telas com inteligência, Sant tropeça no melodrama barato e em personagens fracos, isentos de carisma, ao contar a história de um jovem casal cuja morte os espreita: o rapaz é amigo de um "fantasma" kamikaze, a moça está morrendo. É um depressivo clichê que se debruça em ideias de outros livros e filmes que foram muito mais satisfatórios no assunto. Muito pouco se salva - talvez apenas a fotografia que, ainda assim, não é nada original -; o casal protagonista é um fiasco: Mia Wasikowska vem treinando a falta de talento e expressividade desde Alice e Henry Hopper, filho de Dennis Hopper, talvez tenha assinado sua sentença dentro do Cinema. Como podem ser "inquietos" se são o casal mais chato em anos?
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Sobrenatural
A crítica de Sobrenatural pode ser lida aqui.
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recesso(provas, provas e provas)
Thomaz disse...
4 de abril de 2012 às 11:58