Crítica
Drive
Drive
Quando o mundo e a indústria se encontram na mediocridade artística e cultural na qual nos encontramos atualmente, é natural que nos tornemos nostálgicos. Que passemos a encarar o passado e todo o clima que ele encerra. Assim podemos explicar porque festas temáticas dos anos oitenta façam tanto sucesso, ou porque filmes e as demais mídias, quando voltam os olhos e incorporam décadas passadas, recebam tanta atenção. Drive, dirigido por Nicolas Winding Refn (vencedor do prêmio de Melhor Direção no último festival de Cannes), evoca esta aura, esse clima oitentista que, quando bem abordado, dá bons resultados. Com Ryan Gosling à frente de um elenco que ainda conta com Carey Mulligan (não muito diferente dos outros papéis que apresentou até aqui) e o ótimo Bryan Cranston (da magnífica série de TV Breaking Bad), Drive é um filme simples, mas refinado. Com direção caprichada (Refn ganhou o prêmio em Cannes, afinal) e um ótimo estudo de personagem, o filme se mantém em poucos, mas importantes pilares: direção, atuação e clima. O clima, juntamente aos outros dois pontos recém citados, é o cerne da fita, que exala elegância e consistência. Gosling, carismático e arrebatador, entrega aqui aquela que talvez seja sua melhor atuação neste ano, e carrega a obra com firmeza e segurança. Alternando algumas cenas mais intensas com outras mais intimistas, Drive mistura ação e drama e é certamente um filme diferente, original. Ainda que tenha um esqueleto comum, é a gordura, os detalhes e a abordagem, que fazem de Drive único e um dos melhores do ano.
Obs.: Essa crítica fora anteriormente publicada em 12/10/2011, numa sessão Papo Rápido, por isso seu tamanho reduzido.
Matheus Pereira
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