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Em DVD - Crítica: Um Sonho Possível


Gostar de Um Sonho Possível, para a minha surpresa, não é tão impossível. Está muito longe disso por sinal. Confesso que antes de assisti-lo sempre o enxerguei como um drama barato que fez sucesso graças ao momento mundial e não devido as suas qualidades. Estava enganado. Um Sonho Possível é um linda história de superação. E, vejam só, não é piegas. Tem, vez ou outra, algum pequeno detalhe que poderia ficar de fora, mas nada que comprometa o resultado final.

O filme, em primeiro lugar, é uma ótima mescla de drama sobre superação, preconceito, amor e boas doses de humor. Sim, humor. Volta e meia estamos rindo por alguma coisa. Não chega a emocionar, ao ponto de arrancar lágrimas, e isso é um bom sinal, pois se fizesse o público chorar facilmente, seria um sinal de melodrama. E o filme chega a poucos passos do tal melodrama. É um filme simples, mas bem cuidado. Espanta, até certo ponto, a bilheteria considerável e sua indicação ao Oscar de Melhor Filme, afinal, é um filme sem grandes pretensões e sem muita originalidade. Debruça-se no carisma e no talento de Sandra Bullock e nas fórmulas de um filme desse tipo. Um Sonho Possível tem todas as características de um filme feito pra TV, daqueles produzidos pela HBO que acabam sendo lançados em DVD e são indicados ao Globo de Ouro e/ou Emmy, mas isso não o torna inferior. Só evidencia sua simplicidade.

Como dito, o filme não é tão original. O roteiro do próprio John Lee Hancock (O Álamo) é, como todo o filme, simples. Baseado no livro de Michael Lewis, o roteiro de Hancock é direcionado a ascenção de Michael Oher, ou melhor, antes disso. Suas dificuldades, sua entrada na família Touhy, sua nova vida, as habilidades e, principalmente, às mudanças que Michael causa na vida de Leigh (Bullock). O filme é, em tese, sobre Oher, mas temos que fazer de conta que o filme é sobre ele, pois a personagem principal dessa obra é, sem dúvida, a interpretada por Bullock. Todos os holofotes estão virados para ela. Embora Quinton Aaron faça um surpreendente trabalho, é Bullock quem rouba a cena. Um problema do roteiro de Hancock é a velocidade com que as coisas acontecem. Tudo muito rápido. Ele está na rua, é acolhido, de repente ganha um quarto, é chamado de filho, ganha um carro, é adotado legalmente, joga futebol, recebe altas propostas e muitos outros acontecimentos. Em duas horas tudo acontece. Por um lado, tal velocidade é boa, pois impede a monotonia, por outro, é ruim pois impede o completo compreendimento dos fatos. Outro problema do roteiro (o mesmo de Amor Sem Escalas, também indicado ao Oscar) é não alçar grandes voos, não ousar. Ficar sempre na simplicidade, na normalidade.

Como dito, é Bullock a estrela máxima desta obra. Sua atuação não é tão digna de Oscar como tantos falam, mas é muito boa e até merece (a concorrência este ano estava fraca). Sua atuação é sutil. Cheia de detalhes. Sei que, se você não gostou do filme, é difícil ver tais detalhes. Mas eles estão lá. Tão sutis que ás vezes são imperceptíveis. Além de que sua beleza e carisma também ajudam. Quinton Aaron fez um trabalho notável. Nunca permite que seu personagem se torne um débil mental ou mero objeto. Ele tem sentimentos e ninguém tira da minha cabeça que ele e John Coffey (sim, o grandão de À Espera de Um Milagre) são primos.

Um Sonho Possível não é - como muitos dizem - um filme para americano ver. Tem sim toda a glorificação bairrista e as críticas ao "estado". É, em grande parte, um espelho da sociedade americana e seus costumes, mas acima de tudo, é uma história de superação, amor, bondade e tudo aquilo que nos dá gás, que nos faz ir para frente. É uma história mundial, que todos deveriam ver e aprender.

Nota: 8,0

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