A ideia é fazer um apanhado geral acerca dos principais lançamentos em DVD e Blu-Ray. Como estive afastado por um tempo e o blog ficou parado, é uma boa forma de fazer um levantamento dos últimos lançamentos. A ideia é começar com os lançamentos de Janeiro, Fevereiro e Março e depois continuar com os meses seguintes, sempre contemplando três meses em cada post.
Battleship
Battleship
Em toda a carreira como diretor, Peter Berg fez apenas uma coisa que ultrapassa o nível de "bom": o piloto de Friday Night Lights. Sim, um episódio de uma série de TV. No cinema o melhor trabalho é Hancock, que mesmo divertido, falha em vários pontos. O grande problema é que seus filmes empolgam mais em tese, em trailers, do que inteiros e à prova. Foi assim com O Reino, Hancock e este Battleship. Devo dizer que esperava uma boa diversão dessa bobagem envolvendo marinheiros e alienígenas. Os vídeos promocionais entregavam uma aventura divertida e bem feita. Temos apenas a parte técnica positiva, porque de resto pouco se salva. Taylor Kitsch até tem futuro, mas tem de escolher mais John Carters e menos Battleships. Quem achou, por exemplo, que Rihanna seria uma boa atriz. Cada segundo que aparece é de um constrangimento imenso.
ParaNorman
Uma animação, assim como qualquer outro filme, depende da atmosfera, do clima da história e do visual para funcionar. A pessoa que assiste precisa se envolver com o que está sendo contado na tela. Animações em stop-motion, por exemplo, se beneficiam imensamente da direção de arte. É um dos motivos pelos quais as obras de Tim Burton no formato sejam tão boas. E ParaNorman é mais um excelente exemplar desse estilo de animação. Com ótima direção de arte e o clima de Halloween, ParaNorman conta uma história simples, mas cativante, e ainda que perca grande parte da graça e do fôlego na metade final, vale muito a conferida.
O maior sucesso e o mais comercial dos exemplares do Cinema francês tem história simples, direção burocrática e um roteiro preguiçoso em certos momentos, mas a dupla central é cativante e, problemas à parte, Intocáveis é um ótimo drama. Omar Sy está excelente e François Cluzet tem uma performance incrível dentro das limitações impostas pelo personagem, e em uma versão americana a dupla poderia perfeitamente ser vivida pelo ótimo Idris Elba e Dustin Hoffman - este último, aliás, guarda semelhanças físicas gigantescas com Cluzet. O roteiro preguiçoso, porém, tem um final muito irregular perto da bela obra que vinha apresentando até ali.
De início Jeff e as Armações do Destino parece tentar alcançar grandes níveis filosóficos e metafóricos, mas com o passar do tempo podemos perceber que era realmente apenas impressão. É um bom filme, mas tem intenções demais. O elenco é excelente, a começar por Jason Segel, os irmãos diretores/roteiristas até fazem um bom trabalho na condução de sua história e de seus atores. Falta porém o elemento surpresa. O personagem especial, a reviravolta, aquela nítida sensação de estar vendo algo realmente novo. No final, que espera uma comédia pode se decepcionar, já que o longa não é tão engraçado; quem espera um drama, também pode ter as expectativas não correspondidas, pois como tal a obra não convence. É, enfim, um bom passatempo.
Marcados para Morrer
Marcados para Morrer se beneficiaria imensamente se fosse rodado de forma convencional. Evitaria, por exemplo, algumas incongruências visuais e as limitações que o estilo implica. No final das contas a história sempre vai importar mais do que o estilo empregado; e a história de Marcados para Morrer é boa. O formato empregado aqui funciona em alguns pontos - a urgência dos acontecimentos aumenta e tudo fica mais real e cru -, mas poderia muito bem ser descartado sem prejudicar o resultado final. Jake Gyllenhaal está excelente, mas é Michael Peña quem rouba a cena.
A parceria entre John Hillcoat e Nick Cave rende bons frutos. Depois de Ghosts.. of the Civil Dead e A Proposta, um ótimo faroeste australiano, a dupla uniu forças para criar Os Infratores. E mais uma vez acertaram. Os Infratores tem roteiro enxuto, visual arrojado, direção segura e elenco afiado. Não há muita margem para o erro. É uma história à moda antiga, filmada com muito estilo e calma. Não há grandes cenas de ação, mas há, porém, um grande clima de tensão que precede o ótimo ato final. Os clichês estão lá - principalmente envolvendo a relação entre os irmãos -, mas não prejudicam o desenvolvimentos dos personagens em geral. É um ótimo filme, mas o melhor da curta carreira de Hillcoat segue sendo A Estrada.
Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros
Timur Bekmambetov é um picareta. Alguns o chamaram de visionário depois de seu primeiro longa, Guardiões da Noite. Verdade seja dita: o filme é péssimo. Guardiões do Dia, continuação do primeiro filme, também é. O Procurado, com James McAvoy e Angelina Jolie, é o único que se salva na filmografia do diretor, mas ainda assim é uma grande bobagem. Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros é uma bagunça legítima; nada funciona. Da direção amadora de Bekmambetov ao roteiro adaptado pelo próprio autor do livro do qual o longa se inspira, nada parece ter uma sintonia, um equilíbrio. Até a fotografia, que chama atenção em alguns momentos, é carregada por cenas criadas em CGI. Nada se salva.
Frankenweenie
A melhor animação de Tim Burton - e um de seus melhores filmes - segue sendo A Noiva Cadáver, mas Frankenweenie tem seu charme. O único problema deste novo filme é o ritmo, que cai drasticamente na segunda metade. Começando com boas piadas e ótimas cenas, o longa se desenvolve muito bem, mas quando as coisas saem do controle para o personagem central - e me refiro ao garoto, e não ao cão - tudo fica muito clichê, cansativo e repetitivo. Em resumo, a melhor parte da obra é aquela retirada diretamente do curta homônimo dirigido por Burton em 1984; ou seja, quando o diretor resolve fugir daquilo que havia feito em 84 e cria novos personagens e acontecimentos - para transformar o curta em longa, afinal - a coisa sai um pouco do eixo. Como um todo, porém, é uma ótima animação.
O Homem da Máfia
O Homem da Máfia consegue o que muitos filmes têm pretensão: ser importante, relevante. O novo filme de Andrew Dominik - do excelente O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford - conta uma história de violência, de criminosos e ladrões, mas consegue falar sobre política, economia e sociedade de uma forma que nem os dramas voltados para justamente para isso conseguem. Do início ao fim Dominik expressa aqui e ali suas opiniões e sua visão de mundo. É uma metáfora pessimista de tudo que se vive atualmente, principalmente nos Estados Unidos. A mensagem fica repetitiva às vezes, mas não empalidece por isso. Ao fim, O Homem da Máfia é uma obra importantíssima, pois é um retrato da sociedade na qual foi criado e lançado. É como todos os bons filmes que o Cinema concebe em diferentes épocas.
Argo é inteligente e divertido. Ágil e pensante. Ben Affleck, como diretor, já fizera isso tanto em Medo da Verdade quanto em Atração Perigosa, ambos ótimos filmes. Argo é, por exemplo, o primeiro filme em anos que merecia o Oscar de Melhor Filme. O Artista e O Discurso do Rei, por exemplo, são bons filmes, mas tinham concorrentes melhores em seus respectivos anos. Ben Affleck se sai muito bem tanto na direção dos atores quanto na parte precisamente técnica, e assim é uma pena que não tenha sido indicado na categoria de direção do último Oscar. O roteiro de Chris Terrio é lúdico e ágil, dando espaço para Affleck, o protagonista, e os brilhantes coadjuvantes - Bryan Cranston, John Goodman e Alan Arkin, entre outros.
Skyfall é o melhor filme de 007. Ponto. E talvez o mais sério. Daniel Craig encarna o personagem como nunca e Sam Mendes traz para a série o seu estilo. Fotografia deslumbrante, Trilha Sonora excelente, vilão impecável. Não há margem para erros. É uma junção de diversas qualidades, o encontro de excelentes profissionais fazendo o melhor que podem. Sam Mendes, por exemplo, parece o diretor perfeito para comandar os filmes de James Bond. O diretor já unira seriedade e ação em outros filmes - os excelentes Estrada para Perdição e Soldado Anônimo - e tem em Skyfall mais um ponto alto na sua já brilhante carreira.
O Hobbit - Uma Jornada Inesperada
O Hobbit - Uma Jornada Inesperada
Peter Jackson retorna à Terra Média, e ainda que esta volta não seja tão inesquecível como foi na trilogia original, a experiência é, sim, fantástica. É quase a mesma coisa que aconteceu com a nova trilogia da saga Star Wars: os novos filmes não tiveram o mesmo brilho que os originais, mas foram, ao contrário do que muito alegam, grandes filmes, principalmente o segundo e o terceiro. É impossível fazer a mesma coisa, construir o mesmo filme, repisar os mesmos passos. E talvez aí resida a grande diversão: não tentar fazer a mesma coisa, não tentar filmar o mesmo filme. George Lucas não fez isso e Peter Jackson também não. Não há o novo Han Solo na trilogia estelar, nem o novo Frodo ou o novo Aragorn na aventura da Terra Média. É uma nova história, com novos personagens e um clima totalmente diferente, ainda que lembre de vez em quando a soturnidade da Trilogia do Anel. A primeira parte da nova aventura foi excelente, esperemos pelas próximas visitas à Terra Média.
Amor
Michael Haneke tem um Cinema difícil. É difícil acompanhar suas histórias, seu estilo. De Caché a Violência Gratuita, de A Fita Branca a Amor; todos excelentes filmes, mas todos inegavelmente "difíceis". É preciso calma e uma mente aberta para assistir suas obras. Violência Gratuita - original e refilmagem - brincam com os nervos do espectador, Amor já não é indicado para os mais depressivos. Atendo-se ao apartamento de um casal de idosos, Haneke conta a história de duas pessoas que se amam. Isso já basta para completar a sinopse de Amor. Através de longos planos silenciosos - como já é de praxe no Cinema do diretor - Haneke mostra o dia a dia de um casal de idosos, marido e mulher, e como o amor deles perdura frente às adversidades do destino. É lindo constatar onde aqueles dois apaixonados seres chegaram e imaginar o quanto já viveram juntos para ali estar. Triste porém, é encarar o destino que os abraça. E que irá abraçar a todos nós, mais cedo ou mais. A diferença será o amor que cada um terá por perto.
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