Se Emmanuelle Riva vencer o Oscar
de Melhor Atriz será por puro mérito. Não que as outras não mereçam ou não
contem com isso, mas no caso de Jennifer Lawrence e Jessica Chastain, por
exemplo, está o fator “campanha”. Foram incontáveis entrevistas, propagandas,
risos, amizades, fotos, campanhas publicitárias de vários tipos e uma simpatia
sem fim apenas para conseguir alguns votos dos acadêmicos. Riva, no entanto,
não participou deste jogo de favores e características próprias de uma eleição.
A veterana usou a maior arma que tinha: seu talento, sua brilhante atuação. Em
nenhum momento se viu a atriz tentando angariar votos em entrevistas dizendo
que faria aniversário no dia da cerimônia, ou que é a mais velha da categoria,
ou que é um marco na história do Cinema (algo que outras atrizes adorariam dizer
em busca de votos). Não será total surpresa caso receba o prêmio no domingo,
afinal de contas ela merece.
Jennifer Lawrence é uma jovem e
talentosa atriz. E o predicado “jovem” pode lhe custar muitos votos e até mesmo
a estatueta. Lawrence certamente terá outros grandes momentos em sua carreira e
certamente será indicada mais vezes ao Oscar e com chance de vitória. Seria
injusto, ao menos agora, concorrendo contra a grande atuação de Emmanuelle
Riva, vencer sendo que terá muitas chances no futuro. Dar um Oscar para ela
agora é lhe tirar um prêmio muito mais merecido no futuro; algo muito parecido
aconteceu com Russel Crowe em 2001: vencedor do Oscar de Melhor Ator por Gladiador, o sujeito veio a merecer o
prêmio realmente no ano seguinte, em Uma
Mente Brilhante, mas como ele já tinha um, a estatueta foi para Denzel
Washington. Lawrence tem, sem dúvida alguma, uma grande atuação em O Lado Bom da Vida, mas todos sabem que
ela terá outras ainda melhores nos próximos anos.
Jessica Chastain não é esse
fenômeno que comentam em A Hora Mais
Escura. A atriz – uma das melhores a surgir nos últimos anos – tem uma boa
atuação, mas longe de merecer um Oscar. Seu papel não é muito convidativo
(leia-se: é antipático) e a atriz parece não fazer esforço algum para
conectá-lo ao público. Não que isso seja necessário, já que vários personagens
se beneficiam com o distanciamento do público, mas Maya, a agente da CIA que
caça Bin Laden, é tão distante que o público não consegue acompanhar seus
passos sem perder a conexão com tudo que acontece. Entende-se que a própria
personagem não tem vínculos com ninguém, sem família, amigos ou algum animal de
estimação. Maya tem um foco: o trabalho, e por se dedicar tanto, consegue o que
quer. Chastain, porém, falha em um dos pontos de seu próprio trabalho como
atriz: trazer o público para si e trancafiá-lo no universo no qual a história
se passa. Ainda assim é um bom trabalho em um ótimo filme.
Naomi Watts merecia o Oscar em
2004, quando concorreu por 21 Gramas. Era
um papel difícil e a atriz conseguiu criá-lo sem exageros, com comedimento e
riqueza de detalhes. Desta vez Watts vem com uma atuação pequena se comparada às
demais. Sua personagem aparece relativamente pouco para lhe valer uma indicação
ao Oscar na categoria principal. É claro que o que deve fazer a atriz faz e
muito bem, ainda assim é pouco para o que se espera em uma categoria de Melhor
Atriz. De qualquer modo, Watts não tem chances de levar o prêmio.
Quvenzhané Wallis (apenas Wallis
daqui para frente) é, sem dúvida, muito talentosa; mas disso para uma indicação
ao Oscar tem uma grande diferença. É difícil “avaliar” a atuação de uma criança
da idade de Wallis. Será que não se trata apenas de uma criança inteligente,
esperta que se expressa muito bem? Será que ela apenas reage ao que lhe é
pedido? Seria o que vemos ali pura atuação? Uma pessoa em plena consciência do que
faz, do que é atuar? São muitas perguntas que colocam a indicação da pequena de
nove anos (seis, na época em que atuou no filme) ao Oscar em terreno duvidoso.
Que ela é uma graça, emociona, faz rir, rouba a cena e carrega o filme, isso é
bastante claro; a dúvida de que ela merecia a indicação ou não, porém, ainda
fica.
***
Infelizmente não houve tempo de escrever os textos sobre as atrizes coadjuvantes. De qualquer forma, é bastante claro que a vencedora será Anne Hathaway, por Os Miseráveis.
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gosta da emmanuele rivas mais ,é como a chuva na escola que nao cai porque nao? acho que tenque ver isso dai
Anônimo disse...
23 de fevereiro de 2013 às 00:30
Olá Matt!
Olha eu aqui de novo rs
Bom, concorso totalmente com o que você disse e compratilho com você a preferência pela vitória da esmagadora e arrebatadora atuação da grandiosa Emmanuelle Riva! Aliás, Amour é meu filme favorito deste Oscar 2013 junto com Indomável Sonhadora e Django Livre.
Não sou fã do filme da temporada ~Argo~ acho ele tão apenas um bom filme e só. Ficarei feliz se ele não ganhar o Oscar.
Estou tão ansioso por esse Oscar que tenho certeza que mesmo se tudo for como parece ser (Argo ganhando Melhor Filme) eu ficarei feliz, já que os indicados e o show que o Oscar pretende ser amanhã já dá uma banho nas edições anteriores!
Abraços Matt! Até os próximos posts!
CRIA LOGO O FACEBOOK e a PAGE do BLOG kkkkk =D Olha eu enjoando pela 432843895734953 vez.
Alfredo Neto (@netto_alfredo) disse...
23 de fevereiro de 2013 às 08:25