Luc Besson acha que é maior do
que realmente é. O ego infla cada vez que um filme seu é lançado. Seja como
roteirista, diretor ou produtor, o sujeito dá um jeito de colocar seu nome nos
pôsteres e mostrar que está envolvido. O problema é que a “marca” Luc Besson
não é sinal de qualidade. Ultimamente ele tem reservado seu tempo a filmes de
ação, e tem se saído bem, ainda que nenhum tenha algum frescor original em sua
fórmula. Sequestro no Espaço é mais
um longa de ação que o francês lança e mais uma vez prefere ficar em um terreno
seguro. Não ousa, não arrisca, tenta ser engraçado (um dos maiores defeitos
dessa fita: tentar fazer graça todo o tempo) e tem cenas de ação burocráticas.
O primeiro Anjos da Noite, ainda que longe da perfeição, é um filme bacana.
Diverte e é contido, o que funciona em obras do gênero. O segundo tem uma
escala maior e tenta alçar voos arriscados; o resultado: um velho vampiro
voador e muita bobagem, além de efeitos visuais um tanto vergonhosos – um dos maiores
erros das continuações foi ter adotado o CGI em detrimento da boa e velha
maquiagem em muitas cenas. O terceiro deu uma pequena renovada na “saga”, mas
continuou a trilhar o caminho simplório. Este quarto filme tem alguns bons
momentos, mas possui passagens inacreditáveis (dentre as quais, um lobisomem
gigante). Aqui, assim como nos antecessores imediatos, os efeitos visuais se
sobrepõem à trama e às vezes não convencem.
O primeiro Fúria de Titãs, ainda que muitos digam o contrário, é um bom filme.
E o segundo também. Nesta continuação acontece algo que geralmente dá errado em
filmes do gênero: o aumento do escopo não prejudica o resultado final. Todos os
monstros disponíveis nos arquivos de pesquisa dos roteiristas foram utilizados
aqui. Uma quantidade incrível de criaturas veio à vida para enfrentar Perseu e
encher os olhos da plateia. Jonathan Liebesman não é o pior dos diretores, e
depois do bom Invasão do Mundo: Batalha
de Los Angeles, tem em Fúria de Titãs
2 um bom momento, criando cenas de ação empolgantes e competentes. O
excesso de efeitos visuais pode cansar e afastar ainda mais o realismo dos
fatos. De qualquer forma, é uma boa dica para um sábado de ócio.
O primeiro filme de uma franquia
sempre é o mais importante. Pode não ser o melhor da série, mas é o de maior
importância. Com Harry Potter, O Senhor dos Anéis, De Volta Para o Futuro,
Star Wars foi assim, e com Jogos
Vorazes também. Longe de querer comparar esta nova saga com as outras
citadas, que já estão consolidadas na história do Cinema e no coração dos fãs,
é importante avaliar essa adaptação do livro de Suzanne Collins como um piloto
e, por isso, é algo surpreendente, já que basicamente ninguém esperava um material
tão consistente para este primeiro longa. Dirigido com competência por Gary
Ross – o próximo será comandado por Francis Lawrence, o que prova o cuidado dos
produtores com a escolha de seus diretores -, Jogos Vorazes é dinâmico e divertido sem esquecer seus personagens,
e ainda que muita coisa fique em segundo plano, com ausência de explicações ou
de um estudo mais detalhado, devemos esperar, já que, como dito anteriormente,
este é apenas o primeiro de uma franquia que, se continuar assim, pode tentar uma
vaguinha entre as boas séries cinematográficas.
Robert Redford é um sujeito
careta, e mesmo que tente não parecer assim, não deixa de ser. Alguns de seus
filmes mesclam política ou assuntos morais que muitas vezes não funcionam ou simplesmente
não são tão profundos como deveriam ser.
Conspiração Americana marca, porém, uma volta à boa forma de Redford à
cadeira de diretor. Com roteiro intrigante – que poder soar enfadonho para
aqueles que não comprarem a ideia inicial – e recriação histórica cuidadosa – a
fotografia e direção de arte são belíssimas –, o longa segue Frederick Aiken
(interpretado por James McAvoy), um advogado que decide defender uma mulher
acusada de ser cumplice dos algozes de Abraham Lincoln. A fita se desenvolve
ora no tribunal – um ponto forte do filme, já que os antigos métodos jurídicos
são explorados com inteligência pelo roteirista e pelo diretor – ora fora dele,
com a interação do advogado com sua cliente e a família desta. Conspiração Americana é, ao fim das
contas, uma boa surpresa.
Um bom argumento garante a um
filme – ou a um livro, uma série, etc. – um considerável caminho andado. É o
argumento, em tese, que se torna a sinopse do produto. Caso a ideia seja bem
desenvolvida, gerando um bom roteiro, resta um elenco, um diretor e alguns
detalhes a mais. A Outra Terra tem,
de cara, um argumento intrigante: o surgimento de outro planeta Terra no céu. A
partir daí as possibilidades são exploradas, entre elas a realidade paralela,
uma existência alternativa. Os roteiristas Mike Cahill (que também dirige) e
Brit Marling (que também protagoniza) usam esse grande acontecimento em uma
história mais intimista, deixando a parte fantástica como simples plano de
fundo. O foco aqui é a relação entre dois personagens, muitíssimo bem
explorados pelos roteiristas e pelos atores. O desfecho, ainda que um tanto
óbvio, é impactante.
É triste ver Jonah Hill
emprestando seu talento novamente a uma comédia sem graça mal escrita.
Recentemente indicado ao Oscar, podemos perdoá-lo tendo em vista que o filme foi
concebido antes de Moneyball e antes
de certa mudança física e artística. O
Babá(ca) apenas muda os personagens de um formato batido. A comédia que se
passa no período de uma noite – ou um dia – com diversos acontecimentos
engraçados e perigosos já cansou, e por mais que uma coisa ou outra faça rir, a
maioria já se viu em outra situação, seja em uma sitcom ou em alguma fita
qualquer. Adicione a esse clichê algumas crianças que são, cada uma a seu
jeito, um clichê. Anjos da Lei, por
exemplo, que já trás um Jonah Hill mais magro e diferente do que se vê aqui, é
infinitamente melhor.
Mel Gibson retorna a ação em um
filme burocrático, mas divertido. Depois de causar polêmica na cadeira de
diretor, Gibson protagonizou O Fim da
Escuridão, uma mescla de suspense e ação que até prende a atenção. Depois
entregou aquela que pode ser a melhor atuação de sua carreira no drama Um Novo Despertar. Plano de Fuga é um
longa de ação mais explícito, com absurdos visuais que desafiam a lógica,
dignos dos anos oitenta. A história corre bem e o carisma de Gibson é o ponto
forte da fita. Simplório do ponto de vista temático e narrativo, Plano de Fuga tem seus momentos.
É impossível assistir O Corvo, ao menos para mim, sem lembrar
a versão de Guy Ritchie para Sherlock
Holmes. É nítida a vontade dos produtores e diretor em estilizar a história
e transformar Edgar Allan Poe em herói. Às vezes funciona, já que John Cusack é
fantástico e James McTeigue é um cineasta talentoso, às vezes não. O roteiro é
construído para agradar a maioria, sem ousar, sem chocar. Em resumo, O Corvo parece um episódio de uma série
criminal comum, com uma direção de arte mais apurada e um elenco mais “cinematográfico”.
Se realmente mergulhasse no estilo de Sherlock
Holmes talvez fosse muito melhor, mas como ficou, só na insinuação, é
apenas uma curiosidade.
Depois de relegar os filmes solo
de cada herói a meros prólogos introdutórios a um universo maior, a Marvel
entrega Os Vingadores, um filme
redondinho, cheio de humor e ação na medida; daqueles certeiros, pensados e
criados para não desapontar ninguém. Mas não é por isso que a fita deixa de ser
boa; na verdade, The Avengers é um
dos filmes mais divertidos do ano e o fato de ser correto não revela sua faceta
covarde ou algum defeito, mas sim que os profissionais envolvidos fizeram o
melhor que puderam e entregaram um produto praticamente isento de erros.
Personagens carismáticos, história envolvente e três principais cenas de ação
já valeriam o ingresso. Temos de brinde uma inspirada direção de Joss Whedon,
gags visuais que realmente funcionam e um elenco afiado. De problema – o mais
aparente, ao menos – tem-se os efeitos especiais. Algo que já podia ser
constatado em Capitão América, por
exemplo, o chroma key muitas vezes
fajuto acaba com a graça em alguns momentos – principalmente no terceiro ato –,
mas isso é um problema que tem se mostrado comum em filmes do gênero. Nada, porém,
pode destruir a química entre os heróis, e Robert Downey Jr. pode ter
encontrado seu maior rival em termos de carisma e aceitação junto ao público: o
Hulk de Mark Ruffalo é simplesmente o melhor e mais bacana já visto.
O que já era perfeito ganha
contornos indescritíveis. A Trilogia do Anel possui duas versões: a que foi
vista no Cinema e aquela que muitos – até mesmo o elenco e a equipe da saga –
costumam chamar de versão definitiva, o verdadeiro Senhor dos Anéis, puro e
completo. Cada filme ganha mais de quarenta minutos de cenas adicionais – o capítulo
final passa a ter mais de quatro horas de duração – e os extras, inéditos ou
não, são fantásticos. O box com as versões estendidas em DVD, particularmente,
é muito mais bonito em termos visuais do que essa nova versão em Blu-Ray. A
caixa é mais rústica e o cuidado parece maior. De qualquer forma, este
lançamento não deixa de ser um deleite para os fãs. Realmente depois de
assistir aos cortes estendidos de cada filme, as versões originais ficam para
trás. Os longas com as cenas extras são definitivos e é uma pena que muitos fãs
não tenham acesso a elas e que nós brasileiros não tivemos a chance de
acompanhar essa jornada aumentada nos Cinemas. Os três filmes ganham
profundidade, principalmente As Duas
Torres, que tem praticamente todos os seus problemas resolvidos.
Imperdível.
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Olá Matt, lembra de mim?
Alfredo Neto, nos conhecemos no chat do CETI! no dia das indicações ao Oscar 2012.
Vim aqui no site por acaso, acabei de ver o filme PRECIOSA e tava pesquisando as críticas do filme, e eis que depois de meses achei teu blog de novo.
Bom, queria saber se vc criou a page do blog no facebook ou se você tem facebook também.
Tinha perdido teu blog pq ele estava salvo em meu antigo cel, e fui roubado há uns meses atrás. Mas agora ja estou com outro e ja salvei ele aqui de novo para ler tuas críticas. Abraços!
@netto_alfredo disse...
22 de outubro de 2012 às 18:07
Olá, Alfredo!
Ainda esses dias estava pensando por onde você andava! Seus comentários eram frequentes e de repente cessaram. Grato por ter voltado a visitar o Pipoca Net. Como você deve ter notado, este mês foi extremamente parado. Os estudos impediram postagens mais frequentes, mas nos próximos dias, principalmente em dezembro, o ritmo aumenta. A propósito, em dezembro o blog terá um especial de fim de ano, com os melhores de 2012 e o costumeiro Top 10. Além disso, terá um especial sobre os melhores da década passada e as melhores séries do ano. Então, continue visitando e ajude a divulgar o Pipoca!
Sobre a página no Face: como não tenho um perfil no Facebook, acabei não criando a página, mas ainda é uma opção. O problema é que nós - minha parceira de blog e eu - não temos tempo de cuidarmos da página. De qualquer forma, com você reativando essa ideia, talvez façamos em breve.
Muito obrigado pela visita e volte sempre!
Abraço!
Matheus Pereira disse...
26 de outubro de 2012 às 12:37
Hehehe Sério? Que coincidência!
Eu andei meio ocupado também... estudos acabando com minha pessoa rs
Mas sempre estarei olhando o blog e divulgando ele.
Poxa, crie logo seu facebook!
Awn vou esperar a page do blog viu... É muito melhor, muitas pessoas iram curtir a pagina do blog.
Enfim. Este é meu facebook https://www.facebook.com/AlfredoQNeto
Quando criar o seu, me avisa ok!
Abraços! Adoro o blog =D
Alfredo Neto disse...
26 de outubro de 2012 às 13:32
Adorei essas matérias que voc~e falou! Estou no agurado então para ve-las...
Esta temporada de premiação será acirradíssima percebeu?
To mais ancioso por esta do que a do ano passado!
Alfredo Neto disse...
26 de outubro de 2012 às 13:37
Errei tanto no português aí no cometário acima que vou corrigir:
Adorei essas matérias que você falou! Estou no aguardo então para vê-las...
Esta temporada de premiação será mas acirradíssima percebeu?
To mais ansioso por esta do que a do ano passado!
Argo
Lincoln
The Master
Les Miserables
Indomável Sonhadora
Hitchicok
Django Unchained
Silver Linings Playbook
Vão dar o que falar nestas premiações
Amei Moonrise Kingdom, mas acho que não é forte nas principais categorias.
Alfredo Neto disse...
26 de outubro de 2012 às 13:44
São inquestionáveis os atributos da trilogia do anel e de "Jogos Vorazes", mas não sou tão fã de "Os Vingadores"
BRENNO BEZERRA disse...
28 de outubro de 2012 às 21:25
Alfredo, o próximo Oscar tem tudo pra ser fantástico. Depois de umas quatro edições absurdas, onde os grandes vencedores não mereciam o prêmio de fato, parece que o Oscar que vem será bem melhor e mais concorrido. Teremos os novos filmes de Steven Spielberg, Paul Thomas Anderson, Quentin Tarantino, Peter Jackson, Ben Affleck provando que é um grade diretor mais uma vez, Tom Hooper com musical grandioso... Esse promete! Aliás, fim de ano teremos mais uma edição do Pipoca de Ouro, que também trará grandes filmes.
Até mais, abraço!
Olá, Brenno!
A Trilogia do Anel é irretocável e Jogos Vorazes bem bacana. Também não sou fã de Os Vingadores. Não sou daqueles que define o filme a todo custo; nunca li uma HQ sequer e acho os demais filmes dos heróis da Marvel apenas bons. Os Vingadores, assim como The Dark Knight Rises, por exemplo, tem vários problemas, mas são bons filmes. rsrs
Abraço, e volte sempre!
Matheus Pereira disse...
31 de outubro de 2012 às 23:51
Skyfall é o melhor filme de ação do ano!
Merecia algumas indicações!
E pelo andar da carruagem, ARGO vem se consolidando como o possível vencedor do prêmio de Melhor Filme.
Mas ainda teremos as recepções de Les Miserábles, Life of pi, Lincoln e O Voo por aí. Veremos!
Alfredo Neto (@netto_alfredo) disse...
10 de novembro de 2012 às 23:49