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Crítica - O Discurso do Rei


Com doze indicações ao Oscar 2011, "O Discurso do Rei" é, ao lado de "A Rede Social", o favorito ao Oscar. Disso todos sabem. Que a fita de Tom Hooper é "almofadinha", todos também sabem. Que a obra não merece todo o hype que vem recebendo, não há dúvidas. "O Discurso do Rei" só é o sucesso que é devido às brilhantes atuações e a atenção creditada pelos sindicatos americanos e os prêmios recebidos na temporada que antecede a maior premiação do Cinema. Não fosse isso, "O Discurso do Rei" seria mais um filme sobre um rei ou uma figura importante a aportar nos cinemas sem fazer muito barulho. Mas não se engane, "O Discurso do Rei" é um ótimo filme. Uma obra que merece ser conferida, mas que não devia ser tão superestimado.

"O Discurso do Rei" conta a história de George VI (Colin Firth). George é gago. Daqueles que proporcionam aflição àqueles que o escutam. Sabendo que pode ser o futuro rei de sua nação, George procura, com ajuda da esposa (Helena Bonham Carter), alguém que possa ajudá-lo com o problema na voz. Depois de muito procurar e quase perder as esperanças, o casal encontra Lionel Logue (Geoffrey Rush, perfeito), fonoaudiólogo de métodos nada ortodoxos. Aos poucos, um ajuda o outro e a dupla se torna amiga. Prefiro não citas as tramas paralelas (como o motivo de George se tornar rei), pois o mais importante da trama é a relação entre o rei e o fonoaudiólogo.

Falemos sobre o melhor elemento do projeto: Colin Firth. Merecedor do Oscar desde o ano passado, com sua belíssima atuação em "Direito de Amar", Firth concebe, mais uma vez, uma atuação cheia de sutilezas. O grande feito do ator é não se tornar caricato e nunca usar a gagueira como ferramenta cômica (a gagueira surge engraçada em alguns momentos, mas de maneira orgânica). Mas o fato de ser gago não é o grande atrativo do projeto e da atuação do britânico. Firth merece cada elogio que recebe por outros fatores: homem extremamente frágil, mas que esconde um fibra pouco explorada e uma garra que só precisa de incentivo para se mostrar, Gaorge VI é uma pessoa perdida, que, por ser tímido, não ter tino para o trono e ainda por cima ser gago, precisava de amparo e vê, no estranho Logue, uma possibilidade de melhorar não só a voz, mas os rumos que tem a tomar. Firth compõe um personagem cheio de camadas e muito interessante; é ele, lado a lado com Rush, que carrega o filme. Pode-se dizer que Firth é o motorista e Rush é o motor de um automóvel que não precisa mais do que isso para andar. Momentos como os minutos que antecedem os discursos, em que Firth mostra um olhar cansado e com medo, ou os momentos em que vemos o rei desabar em palavras já valem qualquer prêmio ao ator.

Rush e Bonham Carter são os apoios do protagonista. O primeiro, como já citei, é fator determinante na obra; já Carter é o fio condutor de emoções e o porto seguro do rei e do ator. Carter tem atuação contida e, assim como os colegas de elenco, cheia de detalhes. A inevitável tristeza de ver o marido em situações ruins está escondida nos mais sutis olhares, e o amor incondicional aflora quando o companheiro precisa de ajuda. Carter se mostra carismática e figura imponente em cena.

Com belos enquadramentos, Tom Hooper mantém sua câmera, na maior parte do tempo, parada. Não há tremulações ou planos longos; Hooper apenas repousa a câmera e deixa-a fazer o resto. A fotografia é bela e ajuda o diretor ao construir belas imagens. A direção de arte também merece destaques. A trilha sonora é um tanto arrastada e em alguns momentos diminui a força das cenas. Mas o único problema notável de "O Discurso do Rei" é o ritmo irregular. Hooper perde a mão e não consegue manter seu filme num ritmo constante. Em vários momentos a peteca cai e o interesse parece escapar.

Ainda que seja muito certinho em quase todos os aspectos e tenha problemas de ritmo, "O Discurso do Rei" é um ótimo filme.

Nota: 8,5

Matheus Pereira

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