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O Senhor dos Anéis - A Trilogia Estendida

Há sete anos, no dia 25 de dezembro de 2003, eu estava na fila do cinema para dar adeus à Terra Média. De lá para cá, me contentei com os DVDs duplos, que continham as versões do cinema e um disco de extras para cada filme da trilogia O Senhor dos Anéis. Mas, eu esperava mais. Nos Estados Unidos, Canadá, Europa, Japão, Austrália e Nova Zelândia, meses após das versões de cinema saírem em DVD chegavam às prateleiras das lojas, algo mágico, espetacular, surpreendente e com material inédito: as versões estendidas. Não se tratava apenas de uma edição com 5 minutos a mais para faturar grana como fizeram outros filmes. Era a visão completa de como Peter Jackson havia imaginado a saga de Frodo e seus companheiros. Cada filme tem mais de 30 minutos a mais de cenas. Além de dois discos de extras por obra, revelando vários segredos da produção desta trilogia fantástica, que arrecadou bilhões, fez o público se emocionar e levou 17 Oscars. Porém, para nós brasileiros, isso era um sonho distante. Apenas, quem importasse de outro país poderia ter a versão estendida - e sem legendas em português! Foi uma longa espera, enfim, o suplício terminou!

Em novembro, a Warner Home Video disponibilizou ao público brasileiro a sonhada versão estendida de O Senhor dos Anéis, o box com 12 DVDs! Infelizmente, nada dos gift-sets que chegaram lá fora com miniaturas dos filmes (os Argonath em A Sociedade do Anel, o Gollum em As Duas Torres, e Minas Tirith em O Retorno do Rei). Mas, ainda assim, uma caixa luxuosa, contendo uma luva para cada filme, onde se encontra: uma caixa em forma de livro para abrigar os 4 DVDs e um livrinho contendo a descrição de todo o material dos discos. Um presente de primeira, que eu dei a mim mesmo! Afinal, um fã de Tolkien que tem o livro da trilogia em versão única, O Hobbit, O Silmarillion, Os Contos Inacabados da Terra Média e Númenor Os Filhos de Húrin, merece as versões estendidas! A seguir uma análise das versões estendidas de cada filme, que contém muitos spoilers:

A Sociedade do Anel: A abertura na versão estendida abre com a mesma narração de Galadriel, mas com um adendo na cena onde Isildur é traído pelo Um Anel. Entretanto, quando corta para o presente, não vemos Frodo debaixo de uma árvore e Gandalf chegando na carroça. Temos uma nova visão sobre os hobbits, com uma narração de Bilbo Baggins sobre a vida no Condado e vemos uns personagens que ficaram apenas na memória de quem leu os livros. Então, voltamos a Frodo debaixo da árvore e seu encontro com Gandalf é mais longo, saudosista. Assim como o encontro entre o mago e Bilbo. As inserções de novas canções para a belíssima trilha de Howard Shore, deixa o clima mais encantador e fabulístico. Podemos ver Pippin e Merry cantando mais no Dragão Verde e os olhares de Sam e Rosinha são mais amorosos. Outras passagens também estão melhores e maiores, como a visão da passagem dos elfos para os Portos Cinzentos, o Conselho de Elrond ganha novos ares, Minas Moria tem novos diálogos. Mas, é em Lothlórien que o filme entrega seus melhores novos momentos. Galadriel tem mais destaque e a entrega de seus presentes, mostra a importância de cada membro da sociedade, para o bem e para o mal. São apenas 30 minutos de cenas extras ou estendidas, que reforçam o tom de fantasia e magia desta primeira obra e deslumbram os fãs mais xiitas que estavam querendo algo mais daquilo que estava no livro e não foi para o cinema.

As Duas Torres: O filme mais criticado da trilogia na versão de cinema. Com 40 minutos a mais e tempo para contar mais sobre as novas nações e motivações do povos da Terra Média frente à batalha do Anel, Peter Jackson dá um show de perícia ao remendar os furos da colcha de retalhos que se tornou As Duas Torres.Seguindo três linhas narrativas, quem triunfa nessa versão longa é novamente Gollum, temos pouco mais do confronto de personalidades dessa criatura tão asquerosa e fascinante. Saruman também tem mais cenas e brilha com seus discursos sobre a revolução e domínio do mal. Entretanto, o que todos esperavam é mostrado: as intenções de Faramir em levar Frodo, Sam e Gollum até Minas Tirith. Temos o jovem capitão de Gondor no rio quando o corpo de Boromir é trazido pela correnteza dentro do barco que foi colocado ao final de A Sociedade do Anel, toda a repulsa e desprezo com que Denethor trata o filho mais novo e seu amor e devoção pelo primogênito e o momento no qual o regente escolhe Boromir para representar Gondor no Conselho de Elrond. Os Ents ganham mais espaço e vemos Pippin e Merry "crescendo" ao tomar água da fonte dos Ents. Com as pontas amarradas, As Duas Torres cresce em qualidade narrativa e todos seus pontos "negativos" são sublimados. O capítulo do meio torna-se um momento de cisão com o clima festivo e fantasioso do primeiro para entrar num período de urgência, com uma guerra iminente e uma sombra que avança do leste, das montanhas de Mordor como uma tempestade incontrolável.

O Retorno do Rei: O gran finale! Aqui o que já era gigante, torna-se imenso! As 3h20 originais são pouco perto das 4h08 que O Retorno do Rei revela em sua versão especial. A abertura ganha peso com o destino de Saruman, que era apenas citado por Barbárvore no cinema, aqui tem seu final no topo da torre de Isengard com sua morte e vemos como sua palantír vai parar na água, onde Pippin a encontra. Outra passagem que fica mais surpreendente é a convocação de Aragorn ao Rei dos Mortos: a disputa aumenta e crânios começam a destruir a caverna; Aragorn, Legolas e Gimli escapam e do lado de fora veem os corsários na baía; Passolargo fica desolado e quando a esperança parecia ter acabado o Rei dos Mortos aparece com seu exército e aceita o pedido do herdeiro de Isildur e eles tomam os barcos dos corsários. Temos mais cenas do desprezo de Denethor a Faramir, e o momento que levam o corpo de Faramir para o túmulo dos regentes. O encontro de Gandalf com o Bruxo Rei de Angmar. A passagem após as batalhas dos Campos de Pelennor dos feridos nas Casas de Cura. Aragorn se revelando a Sauron pelo palantír. Frodo e Sam em Mordor vestidos de orcs e perdidos no meio de uma fila de servos do Senhor do Escuro. Enfim, são tantas coisas novas, que ficaram da versão original que parece que não vi esse filme antes. Próximo do fim, a cena mais interessante é em frente ao Portão Negro de Mordor, quando a Boca de Sauron aparece como porta-voz do Olho e fala que tudo está perdido, joga a malha demithril de Frodo e Aragorn o enfrenta e não acredita nele, convocando todos os homens à guerra! Simplesmente emocionante! Chorei o filme todo praticamente, é muito belo, mais tocante e intimista apesar de ficar grandioso e espetacular nas cenas de batalha. Uma obra-prima do século XXI, à altura do extraordinário trabalho literário de Tolkien. Maior e melhor que a versão de cinema. Aqui vemos que 11 Oscars foram poucos para esse filme, pelo menos mais um era fácil de premiar: Fotografia, só as cenas dos faróis de Gondor e da cavalgada dos Rohirrim já valiam a estatueta. Enfim, um filme sem igual. Extraordinário!


Os extras dos três filmes são geniais. Coloca o público dentro da produção do filme, do dia a dia das gravações na Nova Zelândia, da produção de uma espada até o efeito especial mais elaborado para criar os seres mais fabulosos, como a captura de performance de Andy Serkis para se transformar em Gollum. Somos apresentados à criação de um mundo, à criação da Terra Média. Impossível não se emocionar! Uma edição de luxo, que os fãs da série devem ter em sua estante!



Fernando Fonseca



1 comentários:

Atencao: Os DVDs duplos que já haviam sido lançados NÃO ERAM A VERSÃO DO CINEMA.
Várias cenas do CINEMA foram CORTADAS da versao em DVD.
Cito uma: Eu me recordo VIVIDAMENTE da cena (Senhor dos Aneis 3) onde o Aragorn decepa a cabeca do Boca de Sauron, quando eles estão na frente do portao de mordor, após o Boca de Sauron exibir a roupa de Mithril de Frodo. Essa cena eu tenho certeza de que vi no cinema, me marcou muito naquela hora. Cena muito bem feita, assim como estava no livro. Essa cena foi RETIRADA da versao em DVD.
Apenas a versao DVD ESTENDIDA (lancada no brasil somente agora no finalzinho de 2010) possui essa cena.

Em síntese:

Fomos enganados até agora: As versoes de DVD NÃO ERAM AS VERSÕES DE CINEMA.

30 de novembro de 2010 às 20:48  

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