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O Estranho Mundo de Jack
Muita gente confunde, acha que "O Estranho Mundo de Jack" é dirigido por Tim Burton. Mas não é. Tim Burton foi o criador. Escreveu, criou cada personagem e produziu (talvez até tenha dado uns pitacos na direção), mas a direção é de Henry Selick, que recentemente dirigiu Coraline. É notável a química entre os dois. Os estilos em comum fazem de "O Estranho..." uma experiência inesquecível. Toda a excentricidade de Burton, a escuridão, as bizarrices, a criatividade estão aqui. É claramente um filme de Burton, por isso a confusão. Ás vezes vejo Jack Esqueleto como o alter-ego de Burton. O famoso "Rei do Halloween" cansou de tanto medo, de tantos sustos, e resolveu preencher aquele incômodo vazio que sentia dentro de si pela magia do Natal. Não é impossível compará-los. Criatura e criador são estranhos, diferentes, passam uma imagem obscura, até assustadora, mas lá no fundo são seres amáveis, dignos de muita amizade e respeito. A elegância do stop-motion funciona como nunca no incrível mundo de Jack Esqueleto. Dos seres assustadores aos cenários, tudo é muito belo e extremamente bem cuidado. Há genialidade em cada segundo da animação. O longa é um tanto obscuro demais para os pequenos (membros caem, cabeças sem o corpo são mostradas e tudo mais), mas nada que choque ou cause asco, tudo é feito com muita criatividade e cuidado, tudo com extremo bom gosto. A história - que poderia ser ainda melhor se fosse um pouco mais longa (o filme dura setenta e sete minutos, muito pouco para se aprofundar nas ações e nos personagens) - é simples e original e conta com personagens extremamente originais. No final, fiquei com vontade de voltar aquele mundo imediatamente, ou visitar as outras cidades, a do Natal ou da Páscoa, tenho certeza que Burton pensou em todas elas.
Nota: 9,0
Ilha do Medo
A parceria entre Leonardo DiCaprio e Martin Scorsese rendeu bons frutos até aqui. A melhor delas, pra mim, é Gangues de Nova York, apesar de todas as críticas negativas sobre o filme e todos os exagerados elogios a Os Infiltrados e O Aviador. Sei que posso ir para a forca ou ser apedrejado na rua ao dizer o seguinte: nunca fui fã de Scorsese, não acho seu cinema tão excepcional assim. É competentíssimo, inteligente e de estilo único. Possui suas obras-primas (Taxi Driver, Os Bons Companheiros), mas nada que me fizesse tornar-se fã. Sou fã de alguns de seus filmes, mas não de sua carreira completa. Não sei por quê. Empatia, gostos, humor, estilo, o que quer que seja, algo faz com que não considere Scorsese gênio, como tantos fazem por aí. Eis, então, que Scorsese anuncia sua nova empreitada: um suspense que flerta com o horror. No início, dúvida. Depois, ansiedade. Uma incrível curiosidade acerca de seu novo projeto. Assisti Ilha do Medo com grandes expectativas. E todas elas foram supridas. Além disso, foram ultrapassadas. O velho Scorsese conseguiu me surpreender mais do que o esperado. Sim, a grande surpresa do final pode ser descoberta bem antes do esperado, "eu sabia", pode-se pensar, mas o que importa não é a surpresa do final, e sim, o caminho percorrido até ali. E que caminho! Baseado nos mínimos detalhes, Scorsese dá pistas sutis para o grande desfecho. Resumindo a história: a graça da brincadeira não é ver o quebra-cabeça montado, e sim, montá-lo.
Nota: 10,0
Cloverfield
De tentos em tempos, os gêneros precisam de um novo ar. Um novo impulso. Alguém deve surgir e revitalizar determinado gênero. Seja ação, drama, comédia ou terror, sempre há alguém talentoso que dê outro gás. Recentemente, "Bourne" deu um novo gás ao gênero da ação, a "saga" Crepúsculo, apesar de ser péssima, revitalizou o mito dos vampiros, Se Beber, Não Case trouxe aquele ar perfeito das "comédias de erros". Cloverfield, J.J. Abrams e Matt Reves foram os caras que trouxeram os monstros de volta à luz. Depois de Godzila e do mundo dar as costas aos monstros no cinema, um projeto como Cloverfield era uma aposta alta e extremamente arriscada. Ninguém melhor que o Midas Abrams para dar vida ao projeto. Chamou um diretor desconhecido, uniu variados estilos, "copiou" e fez referências a bons filmes. O estilo (câmera no ombro, quase um documentário, e "não pare de filmar"), já fora explorado em outras obras, mas é tão bem utilizado que parece único, inédito. Tudo é feito com muita inteligência e bom gosto. O filme, como dito, baseia-se em várias outras obras, mas nada é descarado ou soa ser uma cópia nítida, Cloverfield apenas bebe na mesma fonte. Usa os mesmos materiais só que de um jeito diferente. Cloverfield é, também, uma ótima prova de que pouco dinheiro não é sinônimo de falta de qualidade. O orçamento era relativamente magro, mas mesmo assim, belas cenas foram feitas, ótimos efeitos especiais e uma grandiosidade admirável. Está entre os melhores entretenimentos dos últimos anos.
Nota: 9,0
Entre Irmãos
Entre Irmãos não trás uma história nova. A premissa já fora subtrama em filmes como Pearl Harbor, a diferença entre a obra de Jim Sheridan e a de Michael Bay, é que a primeira tem ótimas atuações e a segunda é um dramalhão que se passa na segunda guerra mundial que não tem nenhuma atuação digna. Mas apesar das boas atuações, Entre Irmãos não é um grande filme, longe disso. É um filme regular. Daqueles que não marcam. Tem uma ou duas cenas marcantes e notáveis (como o momento em que o personagem de Tobey Maguire "explode" de tanta raiva e quebra a cozinha inteira), mas não tem a mesma força que os outros filmes do diretor tinham. Maguire surpreende com uma atuação poderosa. O ator leva o filme praticamente nas costas. As cenas tornam-se sufocantes graças ao seu desempenho. O momento em que Maguire se esforça para não estourar durante um jantar é digno de aplausos. Nota-se a raiva nos olhos do ator, seu personagem que acabara de voltar da guerra, guarda segredos, desconfia da traição da esposa com seu irmão e ainda tem que suportar a rejeição das filhas. Todo o sofrimento, a dor a tristeza de seu personagem transborda graças a sua brilhante atuação. O resto do elenco está muito bem. Direção ok, e roteiro simples. Resumindo: nada de extraordinário.
Nota: 5,5
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