Blogger Templates by Blogcrowds

Papo Rápido

Um pouco sobre alguns filmes que assisti recentemente.

Sucker Punch - Mundo Surreal



Zack Snyder nunca fez um filme excelente. Seus filmes são bons. Criador de belos enquadramentos, de visuais belos e arrebatadores, os filmes do diretor pecam, geralmente, no roteiro. Watchmen, seu filme mais ambicioso, é o que mais se aproxima das "cinco estrelas". Mas Madrugada dos Mortos é um filme divertido e interessante e é uma boa prova de que o cineasta tem talento, só que muito dependente do texto de outras pessoas. E isso nos leva a Sucker Punch - Mundo Surreal, que é o primeiro filme com roteiro original de Snyder. Com trama frouxa e capenga, Sucker Punch serve apenas como diversão e apreciação do belo visual. Snyder usa e abusa da beleza de suas atrizes, numa insistência incomodativa. A narrativa não flui, a edição é fraca e até o diretor, que antes ao menos sabia criar boas sequências, tropeça nos exageros e falta de pulso.

***

Caminho da Liberdade



Peter Weir conduz sua câmera com inteligência e talento neste drama edificante sobre pessoas que buscam a liberdade. Não se precisa saber muito para acompanhar a bela e envolvente história desenhada com cuidado por Weir. Com o costumeiro cuidado técnico, o diretor constroi belas sequências e concebe uma fita com narrativa fluida, diferente de seu último trabalho, Mestre dos Mares, em que o ritmo era o ponto negativo. Aliás, muitos criticam o ritmo de Caminho da Liberdade, o que é compreensível, visto que tudo acontece lentamente e a duração do longa é um pouco elevada. Com excelentes atuações e fotografia deslumbrante, Caminho da Liberdade é um dos filmes mais interessantes do ano.

***

Biutiful



Alejandro Gonzáles Iñárritu pesa a mão na melancolia, mas ainda assim entrega um tocante e sincero retrato da degradação emocional de um homem. Interpretado brilhantemente por Javier Bardem, Uxbal descobre ter câncer e que tem poucos meses de vida. O que já era triste fica mais e os problemas parecem se acentuar. A mediunidade do personagem é vaga, mas, em geral, o estudo do personagem é excelente e bem cuidado. Assim como em Preciosa, por exemplo, os roteiristas parecem buscar tudo que há de triste e sujo no mundo para incluir em seu texto. Câncer, prostituição, drogas, imigração ilegal, tráfico e, claro, morte. Às vezes toda a tristeza pode soar forçada e vazia, e há de se ter paciência para acompanhar tudo que é mostrado na tela. Mas é um ótimo filme. Iñárritu capricha em alguns quadros e sequências (os reflexos, ainda que repetitivos, são ótimos) e a atuação de Bardem é arrebatadora.

***

Em um Mundo Melhor



O atual vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro pode não ter a força que O Segredo de Seus Olhos tem, por exemplo, mas é um belo retrato da vida e dos problemas de pessoas comuns. Contanto a história de famílias que se cruzam através de seus rebentos, Em um Mundo Melhor traça paralelos entre os opostos de seus personagens de maneira interessante, quase beirando no simplista e em metáforas inócuas, mas, felizmente, Susanne Bier mantém a narrativa firme e coerente, sempre no caminho certo e sem desvios. Com elenco afiado e roteiro fluido, o longa dinamarquês busca na simplicidade de contar uma história, uma forma de passar sua mensagem.

***

Namorados para Sempre



Namorados para Sempre tem uma estrutura narrativa simples. O filme começa mostrando os personagens principais (um casal, interpretado brilhantemente por Ryan Gosling e Michelle Williams), após um acontecimento, o personagem de Gosling relembra seu passado, pouco antes de conhecer sua parceira. Depois voltamos ao presente. Após outro acontecimento, é a vez de voltarmos ao passado, mas agora junto a Williams. Retornamos para os dias atuais. E assim voltamos ao início enquanto acompanhamos o fim do relacionamento numa rima bela e inteligente. É fabuloso perceber o cuidado que os roteiristas têm ao construir o relacionamento intercalando com a desconstrução do mesmo. Vemos o primeiro beijo, em seguida vemos brigas constrangedoras. Vemos a união se intensificar, logo após vemos o casal rompendo pouco a pouco o que nutriam há anos. É um filme sobre amores reais, pessoas reais. Não há vilão ou vilã. Mocinho ou donzela. Há pessoas que brigam e se amam. Dão carinho e se machucam. O amor é assim; a vida é. É realmente interessante ver a história sendo costurada nas idas e vindas no tempo, mas perto do final, com os nervos à flor da pele e o drama tomando contornos cada vez mais sérios, a tensão beira o insuportável e o exagero em alguns pontos pode incomodar. Mas é o romance mais verdadeiro e visceral a aparecer nos últimos meses.

Matheus Pereira

0 comentários:

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial