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Especial Oscar 2012 - O Homem que Mudou o Jogo

O Homem que Mudou o Jogo



É estranho olhar para O Homem que Mudou o Jogo e saber que, caso concorresse em outra edição do Oscar, ele talvez fosse o favorito e possível campeão de algumas categorias. A fita une, de maneira eficiente, tudo o que a Academia gosta, mas não pense que é um mero filme de esporte com uma história edificante. O foco aqui é a saga de Billy Beane (Brad Pitt, contido e excelente) e seu assistente Peter Brand (Jonah Hill, em seu melhor papel), ambos em busca de um beisebol mais justo. É bem verdade que se deve saber o mínimo sobre o esporte, já que os brilhantes roteiristas Steven Zaillian e Aaron Sorkin (em mais um trabalho fantástico, logo após A Rede Social) não perdoam e espalham termos técnicos aqui e ali; não é impossível entender, mas algumas coisas ficam vagas, mas nada que prejudique a narrativa principal. O Homem que Mudou o Jogo versa sobre as injustiças que irrevogavelmente se abatem sobre a sociedade. Uma injustiça que uma hora ou outra se faz presente e deve ser banida - ou contida, ao menos. O roteiro não se atém a superficialidade de um mero esporte injusto, em que os mais ricos ganham. É claro que a fita escancara a política econômica nos bastidores dos campeonatos e times, mas o importante são as pessoas por trás de tudo. Cada um quer seu espaço e ver seu time vencedor, mas sem as pessoas certas e sem a igualdade entre eles, pouca coisa é possível. Beisebol é apenas o pano de fundo, e esse é o grande trunfo do longa de Bennett Miller: o sistema que escolhe as pessoas certas para o time poderia se aplicar em qualquer área. O âmago da teoria pode parecer banal a princípio, mas convence com os fortes argumentos apresentados no decorrer da trama. A mensagem é simples: o time é um grupo como um todo, e não um astro milionário e bajulado pela imprensa. O Homem que Mudou o Jogo encontra ainda espaço para mostrar, ainda que brevemente, a vida íntima de Beane. A relação com a filha e com a ex-esposa, sua solidão que é aplacada de certa forma pelo esporte, as frustrações provenientes de uma juventude que provavelmente seguiu um caminho inesperado. Nada é escancarado, tudo muito sutil; e isso é outro mérito da fita. Não sabemos muito sobre o protagonista, como chegou ali e porque, o que importa é sua caminhada no período retratado na história. O resto é apenas citado ou sugerido. Dessa forma, Billy Beane torna-se um personagem de várias facetas e camadas, não o conhecemos profundamente, mas podemos interpretá-lo à vontade após o início dos créditos finais. A direção de Bennett Miller - talentoso diretor que deveria trabalhar um pouco mais - é notável e a edição excelente - o ritmo cai algumas vezes, mas não compromete. No final, fica a impressão de que Moneyball (título original) é perfeito, o que não é verdade, mas está muito acima da média da maioria das coisas lançadas ultimamente. Os minutos finais são de uma sutileza tocante e inesquecível.

Matheus Pereira

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