Os Melhores da Década

Roteiro: Bráulio Mantovani
Elenco: Leandro Firmino, Alexandre Rodrigues, Seu Jorge, Phellipe Haagensen, Alice Braga, Douglas Silva
País de Origem: Brasil
É engraçado constatar hoje, que já se passaram oito anos desde o lançamento de um dos melhores filmes nacionais e um dos mais badalados no exterior. Foram quatro merecidas indicações ao Oscar (só não foi indicado ao prêmio de Melhor Filme devido ao bairrismo da premiação), incluindo Melhor Direção para Fernando Meireles. Foi bonito. Não, não foi bonito, foi lindo de ver Meireles sorrindo como uma criança ao lado de Peter Jackson, Clint Eastwood e Peter Weir. Foi engraçado também. Enquanto os outros quatro concorrentes estavam nervosos, com rostos fechados, Meireles estava sorrindo, fez sinais para a câmera, sorriu mais um pouco. E quando o nome de Peter Jackson foi anunciado como vencedor, ele foi o único a jogar a cabeça para trás, abrir um largo sorriso e bater sinceras palmas. Senti orgulho. Vi que a sinceridade, a felicidade e a autenticidade brasileira estava muito, mas muito bem representada. Pouco importava se vencesse ou não, o importante era estar ali. Só de ver seu nome ao lado de monstros como Jackson e Eastwood já era uma vitória incomensurável. Ouso a dizer, e falo isso não por ser brasileiro, mas sim, realista, que se Jackson não estivesse na competição, a melhor direção era a de Meireles. Talvez Eastwood ganhasse, mas era Meireles que merecia, caso Jackson não existisse. A direção semi-documental de Meireles na época, era inovadora e arrebatou o mundo. O roteiro intrincado, cheio de vai e vens, narrativa inteligente, montagem perfeita e fotografia excelente completam o pacote. Sei que serei criticado por colocar Cidade de Deus em uma posição um tanto alta, mas isso, sinceramente, não importa, afinal, Cidade de Deus conquistou tudo que podia, é e sempre será um marco do cinema nacional. O melhor entre os melhores. Orgulho!
Assim como Crepúsculo, Lua Nova tem incontáveis erros. Uns chegam a ser absurdos. Mas há algo neles que chama atenção. Algo que faz com que gastemos dinheiro e tempo para assisti-lo. Por mais que conheçamos seus erros queremos assistir. Curiosidade? Talvez. Ouso a dizer que o filme nem é tão ruim assim, mas devo dizer também que são inaceitáveis alguns amadorismos. Tantos profissionais, tanta gente olhando daqui e dali e ninguém nota erros infantis (a péssima maquiagem é um deles, afinal, será que nenhum ator perguntou para o maquiador: "você só vai maquiar o rosto? O pescoço não precisa?"). Mas vamos começar pelo princípio, obviamente. Os erros irei comentar depois. A essas alturas todo mundo deve saber quem é Bella Swan, Edward Cullen e Jacob Black. Como a necessidade de apresentações já foi suprida em Crepúsculo, Lua Nova já começa no estilo "este filme é pra quem já conhece a história". Em Lua Nova a história parece mais intrincada. Apenas parece, afinal, todas as histórias paralelas são apenas citadas ou pessimamente exploradas, enquanto a maior parte do tempo é voltada para o romance chato de Edward e Bella e amizade colorida e também chata de Jacob e Bella. Resumirei o filme com minhas palavras: o longa começa errado, com um clichê mais velho que o próprio cinema: o sonho que é interrompido, claro. Neste caso, o sonho é meio surreal, vemos Bella vendo sua versão (bem) mais velha, enquanto Edward se aproxima, brilhando perante a luz do sol, fazendo as pessoas de bom senso sentirem vergonha alheia. É então que o pai da moça a acorda. Bella está fazendo dezoito aninhos e tem uma aversão à velhice incrível. Bella ganha uma câmera digital (protagonista de um dos mais inacreditáveis erros do filmes, que citarei mais adiante) para tirar fotos dos amiguinhos e fazer um bonito álbum sobre o último ano na escola. Bella vai para a casa dos Cullen comemorar o aniversário. Na festa, corta o dedo com o embrulho de um presente. Gotas de seu delicioso sangue caem no carpete, e um tal de Jasper se excita. Corre e vai em direção a indefesa Bella. É então que o vampiro diamante protege sua amada. Com medo do que pode acontecer, Edward termina com sua amada e ele e sua família saem da cidade para nunca mais voltar. É então, que aquele "amigo" que sempre quis passar a mão na sua namorada aparece, com todo o amor pra dar. A amizade vai se tornando colorida, a mocinha vai se apaixonando pelo tal "amigo" Jacob e acaba confundindo as emoções. Tudo se complica quando Bella descobre que o rapaz é um lobisomem maior que um urso. Enquanto isso, Bella vai sonhando com o diamante ambulante, tendo visões do mesmo, se aventurando em busca de adrenalina (ela e o personagem de Jeremy Renner em Guerra ao Terror fariam uma bela dupla), mandando mensagens tristonhas para Alice, irmã de Edward. Alice, que tem o poder de prever os acontecimentos, tem uma estranha visão: Bella irá cometer suicídio. A notícia "vaza" para Edward que vai até os Volturi (clã clássico poderoso de vampiros, que vivem na Itália e são a polícia dos vampiros. São eles que mantêm a ordem, mesmo que para tal, tenham que matar seres como eles) e pede para que os mesmos o matem. Bella fica sabendo e corre para a Itália para tentar impedir a tragédia. Paro por aí para não estragar (mais? ainda é possível?) o filme, mas acredite, o filme se resume a isso aí mesmo. Estes são os principais acontecimentos do filme, o resto é puro lengalenga e repetição de cenas e frases.
Agora, chegou o grande momento: os erros. Irei começar pela direção. É nítida a mudança na direção. Para melhor, felizmente. Enquanto Crepúsculo era um tanto mal dirigido por Catherine Hardwicke, Lua Nova ganha um novo fôlego com um diretor claramente mais criativo e competente: Chris Weitz (Um Grande Garoto e A Bússola de Ouro). Weitz sabe utilizar os efeitos especiais de maneira muito mais fluente e inteligente do que Hardwicke. Enquanto a diretora do primeiro tornava os conceitos ainda mais absurdos (brilhar de dia, se movimentar deixando rastros de cor para trás) com efeitos especiais capengas, Weitz ameniza as péssimas ideias da escritora e dos responsáveis do primeiro. No primeiro, o brilho emanado por Edward era ridículo, exagerado, aqui, é mais discreto e até mesmo mais bem feito. A péssima movimentação dos vampiros enquanto correm é pouco usada aqui, e quando mostrada é mais aceitável que as cenas do primeiro filme. Porém, nem tudo é perfeito na direção de Weitz. Tecnicamente, Weitz peca em pequenos detalhes. Enquadramentos sem lógica (em alguns momentos, Edward está sendo filmado de costas para a câmera com a cabeça de um jeito, quando ele é filmada de frente, a posição da cabeça muda consideravelmente, apenas para o rosto do ator ficar bem enquadrado), as repetitivas trocas de lugar através de montagens e efeitos de câmera (o ator está num lugar e quando se vira ou caminha já está em outro). Alguns erros de lógica também incomodam. Lógicas de distância, de tamanho (os lobos são enormes, do tamanho de ursos!) caem por terra.
Assim como em Crepúsculo, o roteiro de Lua Nova é muito fiel ao livro, e isso é um problema, já que a própria fonte (o livro escrito por Stephenie Meyer) é um emaranhado de problemas. Mas como esta não é uma crítica sobre um livro e sim, sobre um filme, deixarei minha opinião sobre a obra literária de lado. A saga Crepúsculo parece ser feita para retardados e retardadas. Desculpem a franqueza, mas é verdade. Não estou afirmando, estou presumindo. Talvez os espectadores da saga nem sejam retardados, o caso é que os realizadores da saga acham que as pessoas que assistem os filmes são. Não basta apenas mostrar ou sugerir. O que está sendo mostrado na tela é obrigatoriamente narrado por alguém, ou no momento ou depois. Algo acontece, minutos depois alguém repete a cena só que com palavras. Ás vezes alguém chega a algum lugar e fala algo óbvio, nítido, que está sendo visto. Parece que tais palavras são proferidas apenas para frisar o que está acontecendo e para ter a certeza de que o espectador entendeu a mensagem. É um reforço. Toda cena, pode ter certeza, tem seu reforço logo depois. É incrível como a roteirista (assim como a escritora da saga) repete demasiadamente algumas falas. Muitas delas absurdas e extremamente infantis ("Você me mantém vivo", "Não conseguiria vivem num mundo em que você não estivesse", meu Deus! Que coisa horrorosa!). A roteirista (juntamente com o diretor) comete erros mortais cada vez que mostra Taylor Lautner (Jacob) sem camisa. O rapaz só aparece seminu, mostrando os músculos. Ás vezes está vestido, mas segundos depois se despe, e quando tira a camisa, a câmera o enquadra lentamente mostrando cada segundo de seu quase streptease. Alguns momentos são desnecessários, como aquele em que Bella anda de moto com um homem. O momento se fosse bem concebido, seria um bom retrato dos sentimentos da moça no momento, mas tudo é tão rápido e sem sentido, que o que poderia ser um interessante detalhe torna-se um momento constrangedor. As melhores coisas da história são desperdiçadas. Os Volturi, por exemplo. Os vampiros mais interessantes e intrigantes aparecem muito pouco e deixam um gostinho de "quero mais". Alguns deles falam uma ou duas palavras. Já a relação entre Bella e Jacob, essa sim, essa tem um espaço irritante.
Mas, como disse lá no início, Lua Nova não é assim tão ruim. Tem suas qualidades, a trilha de Alexandre Desplat (O Curioso Caso de Benjamin Button) é um ótimo exemplo. É melhor que Crepúsculo, sem dúvida. Possui seus erros, mas pode ser assistido tranquilamente. As fãs já gritaram muito, e ainda tem muito que gritar, afinal, em menos de dois anos três filmes da série serão lançados (o último capítulo será dividido em duas partes, se não me engano). Até lá, muita coisa vai acontecer, e este Lua Nova vai ser só um borrão na memória dos cinéfilos.
Nota: 6,5
Obs.: O erro qual me referia lá no início e que envolvia a câmera digital, é o seguinte: na festa, Alice bate a foto na horizontal, mas quando Bella revela a foto em casa ela está na vertical.
Robert Zemeckis é um ótimo diretor com ótimos filmes no currículo, mas que pouco é lembrado. Notem em textos, comunidades, chats que seu nome pouco ou nunca aparece. Zemeckis é responsável por filmes como: Forrest Gump, De Volta Pra o Futuro I, II e III, Náufrago, Contato. Mesmo assim, ele não é citado como gênio ou como diretor visionário. Talvez realmente nem seja, mas não podemos negar que foi ele um dos responsáveis da fama da captura de movimentos. Foi com o ótimo O Expresso Polar que Zemeckis agradou o mundo com uma "nova" tecnologia. Ao que parece, desde o filme de natal protagonizado por Tom Hanks, Zemeckis não quer voltar ao terreno dos filmes feitos com pessoas reais, de carne e osso. Parece que, definitivamente, o diretor passou para o terreno da captura de movimento. Área que, como já citei, ajudou a alavancar e aperfeiçoar. Depois do "expresso", o cineasta lançou "A Lenda de Beowulf", um filme não tão bom que contava com as performances de Ray Winstone, Anthony Hopkins e Angelina Jolie. Apesar de ser bem divertido, o filme possui uma considerável parcela de erros. Veio então, "Os Fantasmas de Scrooge", adaptação da clássica história de Charles Dickens. Sabendo do perigo de adaptar uma história tantas vezes filmada e tão conhecida, Zemeckis inovou e não inovou ao mesmo tempo. Quanto ao roteiro, o cineasta resolveu ser extremamente fiel com o texto original. Quanto ao "visual", o diretor usou novamente a técnica de captura e incluiu efeitos em 3D. É uma pena que Zemeckis tenha tropeçado nos dois: no roteiro e na técnica. O roteiro possui alguns furos e absurdos. A técnica parece exatamente a mesma usada em O Expresso Polar. Veja bem, a técnica é a mesma, o que quero explicar, é que parece que tal técnica não foi aperfeiçoada. O passar dos anos e os responsáveis não a melhoraram. Os mesmos problemas de técnica que "Expresso" e "Beowulf" tinham, "Scrooge" tem, e ás vezes, tais erros ficam mais perceptíveis aqui do que nos anteriores. Além da conhecida falta de vivacidade dos olhos dos personagens, os movimentos e alguns efeitos soam absurdos e infantis. Além disso, Zemeckis peca ao tornar sua direção extremamente repetitiva. Perdi a conta de quantas vezes o diretor dá rasantes em cidades e lugares. Perdi a conta de quantas vezes o 3D é usado de maneira superficial e barata. Perdi a conta da repetição de gags, trejeitos e afins. A direção (e o filme em si) não é um desastre, longe disso. Há cenas belíssimas e planos interessantes, diferentes e ousados. Tecnicamente é excelente. Tudo é detalhado, a fotografia é bela e a atuação de Jim Carey é ótima. Outro problema do filme, é que ele é extremamente dependente da época em que se passa, ou seja, o filme depende muito do natal. O longa perde uma boa parte da graça se foi assistido fora da época natalina. Precisamos estar no clima do natal para apreciarmos o filme com mais prazer. Isso é um erro do diretor e dos responsáveis sim, afinal, um filme deve funcionar em todas as época e lugares, e não depender de alguma data para se firmar. Longe de ser desinteressante, Os Fantasmas de Scrooge merece uma conferida naquele dia que você chega na video locadora e as prateleiras estão vazias, e lá está ele, sozinho (ou não) esperando que alguém o alugue, o assista e minutos depois o esqueça. Nota: 6,5


Direção: Guillermo Del Toro
Roteiro: Guillermo Del Toro
Elenco: Ivana Baquero, Sergi López, Doug Jones
País de Origem: México
Gênero: Suspense/Fantasia
Duração: 112 min.
Eis os indicados:
-Avatar
-Guerra ao Terror
-Preciosa
-Bastardos Inglórios
-Amor Sem Escalas
-Educação
-Um Homem Sério
-Up
-Um Sonho Possível
-Distrito 9
-Melhor Direção
Eis os indicados:
-Lee Daniels por Preciosa
-Quentin Tarantino por Bastardos Inglórios
-James Cameron por Avatar
-Kathryn Bigelow por Guerra ao Terror
-Jason Reitman por Amor Sem Escalas
Eis os indicados:
-Sandra Bullock por Um Sonho Possível
-Helen Mirren por The Last Station
-Meryl Streep por Julie e Julia
-Gabourey Sidibe por Preciosa
-Carey Mulligan por Educação
Não gosto de Sandra Bullock. Não gosto mesmo. Não sei porque, mas a atriz não me convence. É triste constatar que ela será a provável vencedora do prêmio de Melhor Atriz da 82ª Edição do Oscar. Não que seu trabalho em Um Sonho Possível tenha sido ruim, mas dar o prêmio pra ela (que só faz comédia ruim e sem graça e vai seguir fazendo depois deste Oscar) e não para Meryl Streep (melhor atriz viva, que com certeza fará filmes ótimos e sérios depois deste Oscar) parece uma afronta. Streep tem grandes chances de vencer sim, mas a superestimação ao redor de Bullock pode atrapalhar. Entre as duas está a novata Gabourey Sidibe. Sidibe talvez tenha concebido a melhor atuação das cinco, mas não deve vencer por ser, justamente, novata. Carey Mulligan é a jovem estrela que com certeza terá outros Oscar pra ser indicada e talvez vencer. A que tem menos chances é Helen Mirrem. Primeiro: o filme não foi tão bem recebido. Segundo: ela venceu há pouco tempo. Terceiro: não é a melhor atuação. Simples.
Quem vence: Sandra Bullock por Um Sonho Possível
Tomara que não vença: Todas estão bem, mas eu não queria ver Bullock recebendo o prêmio. Creio que no momento que ela subir no palco, mudarei de canal temporariamente.
Torço para: Streep ou Sidibe.
__________
Postagens mais recentes Postagens mais antigas Página inicial