Os Melhores do Cinema - 2016
A BruxaCapitão FantásticoCarolA ChegadaCreedO LagostaOs Oito OdiadosO Quarto de JackO RegressoSpotlight
Melhor DireçãoRobert Eggers por A BRUXATodd Haynes por CAROLDenis Villeneuve por A CHEGADALenny Abrahamson por O QUARTO DE JACKAlejandro G. Iñárritu por O REGRESSO
Melhor AtorViggo Mortensen por CAPITÃO FANTÁSTICOColin Farrell por O LAGOSTAJacob Tremblay por O QUARTO DE JACKLeonardo DiCaprio por O REGRESSOMichael Fassbender por STEVE JOBS
Melhor AtrizSônia Braga por AQUARIUSCate Blanchett por CAROLAmy Adams por A CHEGADABrie Larson por O QUARTO DE JACKIsabelle Huppert por ELLE
Melhor Ator CoadjuvanteSylvester Stallone por CREEDSteve Carell por A GRANDE APOSTASamuel L. Jackson por OS OITO ODIADOSRichard Jenkins por RASTRO DE MALDADETom Hardy por O REGRESSO
Melhor Atriz CoadjuvanteRooney Mara por CAROLAlicia Vikander por A GAROTA DINAMARQUESAJennifer Jason Leigh por OS OITO ODIADOSKate Winslet por STEVE JOBSRachel Weisz por O LAGOSTA
Melhor ElencoCapitão FantásticoA Grande ApostaOs Oito OdiadosO RegressoSpotlight
Melhor Roteiro AdaptadoAnimais NoturnosCarolA ChegadaA Grande ApostaO Quarto de Jack
Melhor MontagemAnimais NoturnosA ChegadaA Grande ApostaO Quarto de JackO Regresso
Melhor FotografiaA BruxaCafé SocietyCarolA ChegadaO Regresso
Melhor Trilha SonoraA BruxaCarolA ChegadaOs Oito OdiadosO Regresso
Melhor Direção de ArteAnimais Fantásticos e Onde HabitamCarolA Garota DinamarquesaO Lar das Crianças PeculiaresO Regresso
Melhor FigurinoAnimais Fantásticos e Onde HabitamBrooklynCarolA Garota DinamarquesaO Regresso
Melhores Efeitos VisuaisAnimais Fantásticos e Onde HabitamA ChegadaDoutor EstranhoMogli - O Menino LoboRogue One
Melhor SomA ChegadaMogli - O Menino LoboO RegressoRogue OneStar Trek - Sem Fronteiras
Melhor AnimaçãoAnomalisaKubo e as Cordas MágicasZootopia
O Melhor da TV2016
1º - American Crime Story: The People Vs. O.J. SimpsonO maior elogio que podemos dar a American Crime Story é que seu elenco é o melhor visto em 2016 na TV. É o brilhante grupo de atores, aliado a roteiro afiadíssimo e uma direção inspirada, que garantem The People Vs. O.J. Simpson como o melhor programa do ano. Embora transite, basicamente, entre o julgamento e as casas dos personagens, ACS nunca perde o ritmo. Os roteiristas sabem que a história precisa girar e surpreender sempre que possível, e é notável que eles consigam, tendo em vista que o caso de Simpson foi amplamente divulgado na mídia. Além disso, os diretores envolvidos não tratam o projeto como um drama insípido, e constroem um visual arrojado para o show. A câmera está sempre em movimento, dando um dinamismo pouco visto nesse tipo de drama.
2º - Stranger ThingsStranger Things é nostalgia pura, e embora alguns apontem a simplicidade do roteiro, é inegável que os criadores construiram uma grande mitologia para o programa. Os irmãos Duffer não só criaram uma história envolvente - e que tem a cara dos anos 1980 - como conceberam personagens já inesquecíveis. Eleven e sua turma já entraram para o seleto grupo de personagens marcantes, com aquele jeitinho oitentista e aquela paixão que desperta a criança em qualquer um de nós. E como não gostar de uma série que une Stephen King e Steven Spielberg em seu cerne?
3º - Game of ThronesEmbora reconheça a força e a qualidade de Game of Thrones, a série nunca atingiu o topo de uma lista particular sobre as melhores do ano. Com o espetáculo da Batalha dos Bastardos e revelações que finalmente sacudiram a trama, GOT subiu algumas posições. David Benioff e D.B. Weiss começaram a apontar para um final e decidiram acelerar algumas peças no tabuleiro. Com isso, Thrones fez o que sabe melhor: uniu história arrojada com ação empolgante. Ainda é preciso aparar algumas pontas (sempre há, em todas as temporadas, um ou dois capítulos que derrubam o ritmo na metade do caminho, mas Game of Thrones caminha para marcar de vez a história da TV moderna.
4º - QuarryPara convencer alguém a assistir Quarry, apenas recomendo que assista um vídeo no YouTube: trata-se de uma sequência sem cortes exibida no último episódio. Não há nenhum spoiler importante na cena, então veja sem medo. Está ali, impresso em oito minutos ininterruptos, a força da série, em um momento absurdamente bem dirigido por Greg Yaitanes. Caso a sequência não lhe conquiste, dê uma chance ao elenco, à direção cinematográfica de Yaitanes e ao roteiro cuidadosamente construído em oito capítulos de pura ação, suspense e drama de primeira qualidade.
5º - House of CardsHouse of Cards apresentou a sua melhores temporada deste a estreia. Com Frank e Claire separados, Beau Willimon pode desenvolver a dupla central com cuidado, mostrando as fraquezas do Presidente e a força descomunal da Primeira Dama. Quando se juntam novamente, perto do final, os dois voltam a ser um assombro da natureza, uma mistura que faz qualquer um temer. Eles não se submetem ao horror, eles são e fazem o horror. Embora recicle tramas, HOC segue como uma das mais bem escritas séries da TV.
6º - The Night OfO arco narrativo pelo qual passam os personagens de The Night Of é um dos mais belos que a televisão proporcionou em 2016. Há uma velha máxima dizendo que todo personagem deve sair do ponto A e chegar ao B estando mudado pelas circunstâncias. É claro que alguns gênios conseguem apresentar histórias onde a graça é justamente perceber que os personagens não mudam, mas The Night Of não vai por este caminho. A dupla central, vivida por John Turturro e Riz Ahmed, passam por um caminho de mudança que muitas vezes não é perceptível. É como um romance incrivelmente bem escrito e envolvente.
7º - Black MirrorUsar o futuro para dialogar com o presente é um artifício conhecido na ficção científica. Black Mirror entende isso e aposta algo nas alegorias. O universo de Nosedive, primeiro capítulo da recente temporada, parece se situar anos à frente, mas fala tanto sobre a sociedade atual que chega a assustar. San Junipero talvez seja o que tenha menos crítica social, mas é, por outro lado, um dos mais humanos e sensíveis da série. Shut Up and Dance brinca com nossos nervos e concepções ao fazer com que pensemos no oposto ao que é apresentado. Como um todos, Black Mirror apresente mais um conjunto impecável de histórias assustadoras e atuais.
8º - Masters of SexMasters of Sex foi cancelada. De todos os cancelamentos, este foi o que mais doeu. Isso porque defendo a séries desde a primeira temporada. Foram quatro anos e em todos o programa fez parte de meu TOP 10 anual. Michelle Ashford e seu time de roteiristas sempre tiraram leite de pedra ao contar a história de Bill e Virginia Masters. A história parecia limitadas, mas os roteiros sempre inovaram e trouxeram surpresas ao público. Na quarta temporada não foi diferente. A season derradeira, aliás, foi uma das melhores do programa, trazendo novos personagens interessantes e tramas envolventes. O final, embora abrisse um rumo completamente novo ao show, foi satisfatório. A sensação de tristeza, contudo, é inevitável, pois Masters realmente era uma das melhores coisas na TV.
9º - Penny DreadfulPenny Dreadful deu uma sorte maior que a de Masters of Sex. A série de John Logan foi cancelada antes da aprovação de uma temporada final. Com isso, o roteirista pôde criar um arco final completo, com desfecho decisivo. Ainda assim, a sensação que fica é que muito mais poderia ser explorado. O grupo de caçadores, uma clara Liga Extraordinária, se forma definitivamente no final da temporada, e seria ótimo vê-lo em ação em mais capítulos. De todo modo, o histórico do show é mais do que positivo; Eva Green é impecável e os coadjuvantes não ficam para trás. Uma das melhores representantes do horror na TV.
10º - BillionsBillions vai na esteira de outros programas e filmes recentes, como House of Cards e O Lobo de Wall Street, que apostam na verborragia e na imponência de seus personagens. Damian Lewis e, principalmente, Paul Giamatti estão assombrosos em cena, e é uma pena que o público e a crítica não tenham abraçado a proposta do modo que ela merecia. A temática pode afastar: mercado, dinheiro, negócio, promotoria de justiça... Tudo parece muito distante, mas como toda boa história, Billions aposta na construção de seus personagens. O final, com um ótimo embate entre os protagonistas, abrem interessantes possibilidades para a segunda temporada.
Melhor Filme
Qual vence: O Regresso
Em qualquer
situação O Regresso seria o favorito imbatível
ao prêmio. Como Alejandro G. Iñárritu venceu o Oscar no ano passado, porém, as
chances de O Regresso ser eleito o
melhor filme caíram um pouco. Ainda assim, depois de vitórias importantes no
Bafta e DGA, The Revenant assume
novamente a dianteira. Mas a corrida ainda está aberta, e o épico pode ser
batido por A Grande Aposta ou Spotlight, com ligeira vantagem para o
primeiro, que é favorito ao Oscar de Roteiro Adaptado e pode levar Edição, o
que por si só pavimenta a vitória principal.
Qual merece: O Regresso. Temos grandes filmes este ano (Mad Max: Estrada da Fúria e Spotlight, principalmente), e O Regresso é o melhor entre eles.
Quem vence: George Miller por Mad Max:
Estrada da Fúria.
Alejandro G.
Iñárritu seria o favorito aqui, mas não acredito que a Academia irá premiá-lo
por dois anos consecutivos. Além disso, Goerge Miller fez um excelente trabalho
e merece o prêmio.
Quem merece: George Miller ou Iñárritu.
O trabalho destes dois é tão excepcional que é impossível escolher um só. Como
o mexicano venceu na edição passada, fico com o australiano.
Melhor Ator
Quem vence e quem merece: Leonardo
DiCaprio por O Regresso
Nada a declarar.
É dele e pronto.
Melhor Atriz
Quem vence e quem merece: Brie Larson
por O Quarto de Jack
Nada a declarar.
É dela e pronto.
Melhor Ator Coadjuvante
Quem vence: Sylvester Stallone por
Creed.
Temos grandes
concorrentes na categoria este ano. Stallone, porém, é uma lenda. Sem exageros.
O ator já entrou no imaginário coletivo e depois de um trabalho tão belo como o
de Creed, o Oscar é apenas a cereja
do bolo.
Quem merece: Em outra ocasião, Tom
Hardy. Neste caso, porém, Stallone merece o reconhecimento.
Melhor Atriz Coadjuvante
Quem leva: Alicia Vikander por A Garota
Dinamarquesa.
Vikander não só
é a melhor da categoria como também tem a melhor atuação feminina de 2015. Não
se surpreenda, porém, caso Kate Winslet conquiste seu segundo Oscar.
Quem merece: Vikander. Tanto pelo longa
que representa quanto por Ex Machina. É
uma pena que A Garota Dinamarquesa seja
tão mediano. Mas Vikander é certeira, não se engane.
Quem leva e quem merece: Spotlight
Melhor Roteiro Adaptado
Quem leva e quem merece: A Grande
Aposta
Melhor Fotografia
Quem leva e quem merece: O Regresso.
Emanuel Lubezki
é o melhor no que faz atualmente. O terceiro Oscar consecutivo vem para
reafirmar isso.
Melhor Edição
Quem leva: Mad Max: Estrada da Fúria
Quem merece: A Grande Aposta
É claro que a
edição de Estrada da Fúria é
elogiável e, caso vença, será algo positivo. Ainda assim, a edição de A Grande Aposta é mais uma ferramenta
eficiente utilizada por Adam McKay para contar uma história complicada. É o
trabalho equivalente a Whiplash este
ano.
Melhor Trilha Sonora
Quem leva: Os Oito Odiados
Quem merece: Sicário
Jóhann Jóhannsson
teve o azar de concorrer por Sicário
em um ano destinado à Ennio Morricone. A trilha de Terra de Ninguém é a melhor do ano e até o mestre Morricone deve
concordar com isso.
Melhor Direção de Arte
Quem leva e quem merece: O Regresso.
Melhor Animação
Quem leva e quem merece: Divertida
Mente
Melhor Filme Estrangeiro
Quem leva: O Filho de Saul
Quem merece: Não assisti todos os
indicados.
Melhor Documentário
Quem vence: Amy
Quem merece: O Peso do Silêncio
Amy é o mais fraco dentre os indicados.
É uma pena que obras muito superiores como O
Peso do Silêncio e Cartel Land possam
perder para o documento de Asif Kapadia.
Melhor Figurino
Quem leva e quem merece: Cinderela
Quem leva: Estrada da Fúria
Quem merece: O Regresso
Melhores Efeitos Visuais
Quem leva e quem merece: Estrada da
Fúria
Melhor Edição de Som
Quem leva e quem merece: Estrada da
Fúria
Melhor Mixagem de Som
Quem leva e quem merece: O Regresso
Melhor Canção
Quem leva e quem merece: O Peso do
Silêncio
Melhor Curta de Animação
Quem leva e quem merece: Os Heróis de
Sanjay
Melhor Curta de Documentário
Quem leva: Body Team 12
Melhor Curta
Quem leva: Ave Maria
O Pipoca Net ainda participa do Bolão promovido pelo DVD, Sofá e Pipoca.
TOP 10
Os Melhores Filmes do Ano
10 - Dois Dias, Uma Noite
O naturalismo dos irmãos Dardenne está impresso em cada frame de Dois Dias, Uma Noite, um daqueles dramas com trama simples, mas que escondem um mundo de emoções e significados sob a superfície. Na história, acompanhamos Sandra, uma mulher que, afastada do trabalho por uma forte depressão, descobre que foi trocada pelos colegas por um bônus salarial. A escolha era simples: cada trabalhador deveria escolher entre manter Sandra na empresa ou demiti-la e receber o dinheiro. Ao descobrir quem votou contra ela, Sandra parte em uma odisseia particular durante dois dias e uma noite tentando mudar a opinião e o voto daqueles que optaram pelo dinheiro ao invés da colega. Marion Cotillard, uma das melhores atrizes da atualidade, mais uma vez entrega uma atuação irrepreensível, entregando-se ao complexo personagem criado pelos Dardenne que, na parte que lhes toca, faz o espectador pensar e colocar-se no lugar de cada pessoa vista nesta belíssima obra.
9 - Star Wars - Episódio VII: O Despertar da Força
O sétimo capítulo da saga Star Wars é uma espécie de irmão gêmeo de Uma Nova Esperança, quarto episódio da franquia. Os reflexos são evidentes; as rimas, as homenagens. O Despertar da Força olha em frente, mas respeita o passado em cada segundo, algo que os episódios I, II e III não faziam. George Lucas errou ao tentar atualizar a saga e conquistar novos seguidores a todo custo. O novo exemplar, comandado por J.J. Abrams consegue o que todo reboot sonha e poucos conseguem: agradar os velhos fãs e angariar novos. No quadro geral, o diretor e seus roteiristas se dão bem ao não se render à seriedade excessiva nem ao humor rasteiro. Assim, Despertar acaba sendo uma curiosa mistura entre Esperança, Império e Retorno, o que comprova a paixão e o respeito saudosista de todos os envolvidos. Se os próximos filmes seguirem esta linha, teremos uma trilogia para rivalizar com a clássica.
8 - Corrente do Mal
Muitos teimam em dizer que o horror está morto. Que os bons sustos, o frio na espinha e a tensão sufocante ficaram para traz, em algum pontos dos anos 80. É uma afirmação vazia e tola, que ignora o desenvolvimento de um dos gêneros mais fascinantes do cinema. O horror/terror (há diferença entre os termos, veja o que Stephen King diz sobre isso) é um dos segmentos da Sétima Arte que mais mexem com nossos sentimentos, com nossas percepções. Um filme de horror bem feito pode chegar a pontos de nossa mente que poucos dramas se atrevem a ir. Assim, criticar o gênero é ignorar pequenas joias como A Bruxa de Blair, Martyrs ou os recentes Lake Mungo e The Den. Uma das maiores provas de que o gênero está vivo e vai bem é Corrente do Mal. Brilhantemente dirigido por David Robert Mitchell, a fita nos apresenta um novo tipo de ameaça; sem rosto, sem forma, a coisa apenas segue suas vítimas até alcançá-las. Além da direção, o longa chama atenção pela trilha sonora e pela direção de arte, competente ao não situar a história em nenhuma época específica. Corrente do Mal reverencia o passado, é verdade, mas prova que o presente é ótimo e o futuro promissor.
7 - Divertida Mente
Depois de um tempo sem oferecer uma obra-prima (feito que se tornara recorrente por mais de uma década), a Pixar volta ao topo com um de seus filmes mais inventivos e emocionantes. Mestres na criação de mundos e personagens apaixonantes, os diretores e roteiristas da Pixar visitam, desta vez, a mente de uma garotinha e tentam descobrir como as emoções e sentimentos funcionam. E quanto digo diretores e roteiristas no plural, quero ressaltar, justamente, a notável criação conjunta que é Divertida Mente. Dando rostos, vozes e formas para sentimentos como Alegria, Tristeza e Raiva, Inside Out acaba sendo um exercício lúdico e absurdamente criativo sem, contudo, tratar seu público com desrespeito. Afinal, um dos maiores acertos da produtora é confiar em sua audiência e, melhor, saber que as crianças são mais inteligentes do que suponhamos. Assim, Divertida Mente não tem medo ao investir em piadas envolvendo arte abstrata e referências à Chinatown, de Roman Polanski. Além disso, ao visitar as mentes de adultos e até mesmo de animais, a Pixar prova, mais uma vez, que suas histórias são para todos, sem exceções.
6 - Ponte dos Espiões
É sabido que existem dois diretores dentro de Steven Spielberg: o divertido e o sério. O primeiro é o mais conhecido e já nos brindou com obras como Tubarão, Indiana Jones, E.T. e os recentes Guerra dos Mundos e As Aventuras de Tintim. O segundo não possui tamanha abrangência, mas é igualmente talentoso; representando este seu lado, Munique talvez seja o melhor exemplo, ao lado de A Lista de Schindler, A Cor Púrpura e Império do Sol. Mas às vezes os dois cineastas se fundem e formam uma criatura diferente. E Spielberg se sai igualmente bem nessa mistura, como bem nos mostram filmes como Minority Report, O Resgate do Soldado Ryan e Inteligência Artificial. Todos são filmes que abordam assuntos sérios ou têm perfis sérios, mas que também apostam em grandiosas cenas de ação e aventura. O que nos traz a Ponte dos Espiões, longa-metragem localizado mais ou menos entre estes dois polos. Ao passo que revela seu discurso sério, regado à verborragia desenfreada, Spielberg também diverte com cenas bem humoradas e um ritmo envolvente. É como se Steven tivesse achado o jeito de ser adulto sem ser chato e autoindulgente.
5 - Sicário
Denis Villeneuve é um dos diretores mais interessantes do cinema atual. Canadense que começou com filmes independentes e cáusticos, Villeneuve logo chamou atenção da indústria hollywoodiana. Sem se vender, porém, o diretor emendou filme atrás de filme. Sua primeira inclusão (e também seu melhor filme até hoje), Os Suspeitos, abriu as portas para especialidades ainda mais únicas como O Homem Duplicado. Agora, Villeneuve continua sua trajetória impecável com Sicário, suspense claustrofóbico que vem para consolidar ainda mais seu estilo. Sem perder a identidade, o cineasta continuou fazendo os filme que queria, sem apelar para o caminho mais comum tomado por estrangeiros que são seduzidos à meca do cinema hollywoodiano. Sicário representa muito bem o seu cinema: crítico, incisivo, poderoso, mas envolvente e, de certa forma, divertido. Sicário, aliás, é um dos filmes mais completos do ano. Além da direção irretocável, o longa-metragem ainda conta com uma fotografia belíssima do mestre Roger Deakins e uma trilha sonora fantástica de Jóhann Jóhannsson. Para completar, Emily Blunt é outro ótimo exemplo de que o cinema em 2015 foi mesmo das mulheres.
4 - O Ano Mais Violento
Tentar fazer previsões, ver além do que está claro agora, é um exercício fútil e muitas vezes se mostra equivocado. Ainda assim, acredito que O Ano Mais Violento será considerado um clássico em alguns anos. O maior elogio que posso dar ao filme é que ele me fez lembrar O Poderoso Chefão em diversos momentos. Não é uma cópia ou uma referência, mas sim a prova de que J.C. Chandor (outro que está entres os cineastas mais interessantes de hoje em dia) aprendeu com as melhores fontes. Da fotografia carregada em sépia às alegorias envolvendo os Estados Unidos e a violência, O Ano Mais Violento é daqueles que já nascem clássicos, assim como Sangue Negro e Onde os Fracos não Têm Vez. Cada frame parece no lugar certo, cada fala é bem empregada e cada ator parece dedicado a transformar a obra em algo inesquecível e relevante. De David Oyelowo em um papel pequeno, passando por Jessica Chastain em uma de suas melhores atuações e chegando a Oscar Isaac, o drama de Chandor exala elegância em cada quadro, em cada composição. Isaac, aliás, encarna Al Pacino e Michael Corleone e faz de seu Abel Morales um dos personagens mais fascinantes que o cinema entregou este ano.
3 - Mad Max: Estrada da Fúria
Mad Max: Estrada da Fúria explica de forma bem clara os porquês do cinema ter sido inventado. O porquê da tela grande e do som elevado. Fury Road não se encaixa em nenhuma categoria criada até então; é um monstro totalmente novo. Ao sermos atropelados na sala de cinema pelo épico de George Miller, percebemos que não estamos testemunhando uma evolução de algo estabelecido, mas sim a criação de algo totalmente novo. Mad Max: Estrada da Fúria é pura energia cinematográfica, explodindo na tela, nos relembrando o poder das imagens. O roteiro é um fiapo, absurdamente simples. O que vale é o espetáculo bem orquestrado de Miller, com enormes sequências de ação intercaladas por atuações elogiáveis, com destaque para Charlize Theron, a verdadeira protagonista deste que será o filme do qual todos falarão quando lembrarem de 2015.
2 - Whiplash
É possível que alguém já tenha feito a referência, mas Whiplash é uma espécie de releitura de Nascido Para Matar em outro cenário e personagens. Não é preciso se esforçar, portanto, para relacionar Fletcher com o Sargento Hartman. Whiplash já mereceria qualquer menção apenas por seu clímax, um crescendo de imagem e som que ressalta a brilhante edição de Tom Cross. Miles Teller, umas das revelações mais promissoras, carrega bem a trama como protagonista, mas não há brilho que ofusque J.K. Simmons, um monstro (em vários sentidos) em cena. A qualidade de sua atuação é percebida quando finalmente entendemos que seu personagem é mais do que gritos e xingamentos; ao levantar questões importantes como educação, arte e a busca pela perfeição e pelo sucesso, Fletcher e, consequentemente, Whiplash, saem do terreno seguro para tentar a sorte em um discurso relevante. Como não há palavras mais danosas do que "bom trabalho", deixamos os elogios por aqui e apenas torcemos de Damien Chazelle comprove o talento visto aqui.
1 - Birdman
Quando elaboro estas listas ao fim de cada ano, sempre encontro dificuldades para escrever sobre o primeiro colocado. Sempre. Foi assim com A Origem, Django Livre, Boyhood, e outros filmes ao decorrer dos anos. Desta vez não é diferente. Os filmes, séries, livros e músicas favoritas geralmente significam muito para cada um de nós, e temos tanto a falar que, no fim, há pouco a ser dito de verdade. De todo modo, é possível afirmar que Birdman tem o melhor elenco do ano. Encabeçado por Michael Keaton, o grupo ainda conta com Edward Norton e Emma Stone em atuações inspiradas. Ainda assim, a dupla mais interessante é formada por Naomi Watts e Zach Galifianakis, surpreendente em um papel mais sério. Nada é mais elogiável, contudo, que a direção inspirada de Alejandro G. Iñárritu, cineasta de talento inquestionável que atingiu o ápice de sua carreira com uma obra engraçada, emocionante, pulsante e irretocável.
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