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Crítica - A Menina que Roubava Livros

Crítica - A Menina que Roubava Livros


 
Alguns livros parecem inadaptáveis. Quando lemos, temos a clara impressão de que qualquer um que adapte a história para outras mídias encontrará sérios problemas para transpor as páginas para as telas, palcos, etc. O best-seller A Menina que Roubava Livros de Markus Zusak é um destes livros. Lançado em 2005 o romance foi e ainda é um grande sucesso. Muito se comentou acerca de sua narrativa ligeira e sua narradora peculiar. Mas a história vai muito além e, felizmente, a adaptação aos Cinemas leva isso em conta, aproveitando a rapidez da escrita de Zusak e a presença marcante da estranha narradora. Sendo escrito por Michael Petroni (roteirista com vários fracos exemplares em seu currículo), o roteiro começa idêntico ao livro e vai desenvolvendo a narrativa e os personagens com cuidado durante quase todo o tempo, pecando, infelizmente, nos seus minutos finais, quando resolve apressar as coisas e manter algumas resoluções sem explicação. Ainda assim, se analisada de forma geral, essa adaptação merece inúmeros elogios. Petroni acerta também ao manter-se o mais fiel possível ao material original. Algumas mudanças são realizadas, mas todas são completamente aceitáveis. Ao manter os personagens íntegros e cenas e diálogos quase idênticos, Petroni se mostra inteligente ao respeitar uma história que já nascera praticamente pronta para a adaptação, pois, complexa ou não, A Menina que Roubava Livros sempre foi uma história demasiado cinematográfica, pronta para ganhar as telas.

Mas esta não é uma crítica sobre a adaptação de livro para filme e a comparação entre estes, mas sim sobre uma obra cinematográfica e, como tal, A Menina que Roubava Livros funciona muito bem. O diretor Brian Percival, por exemplo, oriundo de trabalhos na TV (são dele alguns dos melhores episódios de Downton Abbey), compreende o novo formato e se sai muito bem na ambientação de época exigida pela história. Compreendido entre poucos cenários, Percival consegue manter a narrativa fluida mesmo sem sair dos mesmos lugares, e a direção de arte do longa também merece atenção por isso. A Rua Paraíso, onde boa parte da história acontece, é um importante elemento do filme e surge com uma beleza peculiar graças também à bela fotografia. O local, praticamente um personagem, ganha vida nas telas graças ao esmero da produção. Além disso, A Menina que Roubava Livro é beneficiado por um John Williams inspirado, nem tão melodramático nem tão sério como em trabalhos anteriores, ainda que exagerando na orquestração em alguns momentos.

Mas nem tudo funciona. A passagem de tempo, por exemplo, soa artificial e forçada por não mostrar mudanças consideráveis nos personagens e nos lugares. A trama avança e o tempo também, mas a impressão que temos é que a história poderia ficar no mesmo lugar, sem pular de ano em ano. Essas transições abruptas ocasionam acontecimentos abruptos, com personagens chegando e partindo sem grandes explicações, surgindo novamente tempos depois como se não houvessem desaparecido. Os minutos finais, como dito anteriormente, também apresentam problemas justamente na passagem de tempo e na explicação dos fatos. A clara impressão que fica é que Petroni escreveu várias páginas de roteiro para amarrar as pontas e encerrar sua história, mas no final teve de cortar várias passagens para que o filme não se tornasse muito longo ou enfadonho. É uma pena, pois ali reside um encerramento interessante. De todo modo, A Menina que Roubava Livros tem boa direção e personagens bem desenvolvidos. Tem grandes chances de agradar aqueles que já conhecem a obra original ou aqueles que nunca tocaram no livro. De qualquer forma, é um bom filme, que funciona sendo apenas isso, independente de sua origem.

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