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TOP 10 - Os Melhores Filmes do Ano




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Quentin Tarantino parece ter ficado mais ousado em seus últimos filmes. Não que Cães de Aluguel e Pulp Fiction não sejam filmes corajosos, longe disso, mas Bastardos Inglórios e Django Livre são filmes maiores. É só olhar para o tamanho do elenco de cada um destes novos filmes, a dimensão das histórias e o arco dos personagens para ver que Tarantino parece, agora, se arriscar um pouco mais no tamanho dos mundos que cria. Não é à toa que Bastardos e Django são filmes de época; um se passa durante a segunda guerra, o outro, pouco antes da guerra civil americana. E explorando esses novos universos que Taratino passa do grupo de diretores independentes para o grupo daqueles diretores que criam épicos, dramas de envergadura histórica e até mesmo política. É claro que o Cinema de Tarantino é diferenciado e muito se comenta que o diretor não se preocupa com todo o papo político que muitos o apregoam. É por isso que Django Livre está em uma categoria inominável: é um “filme sério”, mas com muito humor; é um drama forte, mas também um western tipicamente divertido. Têm tiroteio, tem o herói, o vilão, o amigo do herói e o amigo do vilão, tem a donzela em perigo e uma trilha sonora fantástica. Ah, e tem todo aquele visual do gênero que Tarantino cuida com atenção, como os zoom, por exemplo. Django Livre, para completar, ainda tem grandes atores em seus melhores momentos. Samuel L. Jackson arranca ótimas risadas como um negro racista, mas não serve apenas como um alívio cômico; Leonardo DiCaprio surge insano; pontas marcantes como as de Jonah Hill também valem à pena; mas o filme é realmente de Jammie Foxx e de Christoph Waltz, novamente roubando a cena. A amizade dos dois personagens é o que move a história deste que talvez seja o melhor filme de Quentin Tarantino.

 2º
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Muita gente tem elogiado Alfonso Cuarón e o chamando de gênio ou qualquer outro superlativo depois que assistem Gravidade. O fato é que Cuarón já mostrara talento em muitos outros filmes, e seu último trabalho talvez seja o melhor de sua carreira: Filhos da Esperança. O drama pós-apocalíptico fora o melhor filme daquele ano e injustamente ficou fora das categorias principais do Oscar. Naquele exemplar, Cuarón já mostrara seu talento para novas tecnologias (dentre elas uma câmera que se movimentava com facilidade dentro de um carro em movimento) e planos sequência (alguns dos melhores que você encontrará por aí). Agora o mexicano alça vôos maiores e para isso troca a terra pelo espaço na ficção científica mais elogiada em muito tempo. Gravidade é como muito já disseram: um filme de arte com cara de blockbuster, ou o inverso, se preferir. É o perfeito alinhamento entre narrativa e efeitos visuais impressionantes. É o uso impecável do 3D. É uma pequena aula de como movimentar uma câmera, de como criar um universo crível, praticamente palpável. É também o belo trabalho de uma atriz em completa dedicação. Um absoluto sucesso de crítica, aprovação quase que total de público, um estrondoso sucesso de bilheteria; a justiça tardou, mas não falhou com Alfonso Cuarón.


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Quando Céline, interpretada brilhantemente por Julie Delpy, diz a Jesse (Ethan Hawke, retornando ao papel de sua carreira), em certo momento de Antes da Meia-Noite, que não o ama mais, a fala da personagem dói no espectador que acompanhou de perto a história do casal desde 1995, em Antes do Amanhecer. A frase choca e causa mais reações no espectador do que muita cena explícita, gráfica, cheia de violência, efeitos visuais, cores e sons. Ficamos tão próximos dos personagens durante estes anos que quando ela diz isso não só sentimos que o relacionamento dos dois está estremecido, mas a nossa relação com aqueles dois seres também. É estranho. Sentimos medo, uma sensação ruim como se fosse o nosso próprio relacionamento de amor chegando ao fim. O que foi dito é verdade? Ou foi apenas da boca para fora? Talvez seja por isso que essa simples frase tenha todo este impacto: sendo verdade ou não, a simples presença desta constatação nos pensamentos de uma das partes do casal já é motivo suficiente para a luz amarela acender: alguma coisa de errado está acontecendo. E é interessante olharmos para os títulos dos três filmes e vermos que um antecedia o amanhecer, o início de um possível relacionamento; o segundo vinha antes do pôr-do-sol, quando as coisas ainda estavam bem, e antecediam a noite cheia de promessas. Este terceiro, porém, vem antes da meia-noite, onde a noite é mais escura e o que vem depois talvez não seja muito agradável. Jesse e Céline ficarão bem? Apelarão ao divórcio? Não podemos afirmar. Não sabíamos se eles se encontrariam, como combinado no final do primeiro, e também não sabíamos se Jesse voltaria para casa ao término do segundo. Talvez daqui a nove anos saibamos o que aconteceu.

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Dennis Villeneuve já havia mostrado habilidade na condução de histórias densas e cheias de reviravoltas. No ótimo Incêndios, por exemplo, indicado ao Oscar de Filme Estrangeiro, Villeneuve havia surpreendido com a inteligência com a qual revelava os segredos por trás da histórias cheia de camadas. Em Os Suspeitos Villeneuve aposta nas cores frias, no frio e na solidão de cada personagem para contar a história de duas famílias cujas filhas foram seqüestradas no dia de Ação de Graças. A investigação policial começa, mas a investigação pessoal de Hugh Jackman é que realmente surpreende. Em mais uma atuação magistral, Jackman desperta no espectador pena e raiva em questão de segundos. Ora sentimos a dor do pai desesperado em busca de sua filha, ora não acreditamos nos atos violentos do sujeito. Mas não é só Jackman que surpreende; Jake Gyllenhaal – que já teve grandes desempenhos em obras como O Segredo de Brokeback Mountain e Zodíaco, mas nunca reconhecido – encarna um personagem diferente de tudo que fizera até aqui. Adotando um cacoete que poderia estragar sua composição, Gyllenhaal comprime muita coisa que sequer é dita sobre o personagem. Paul Dano mais uma vez mergulha na insanidade de um personagem e enriquece a narrativa com a dubiedade de sua interpretação. Até Melissa Leo, uma atriz que realmente não gosto, faz um bom trabalho aqui. O final poderia investir um pouco mais na incerteza, deixando a resolução e as conclusões para o espectador, mas ainda assim é um grande desfecho para uma grande história.


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O reconhecimento que David O. Russel não recebera em 1999 por Três Reis parece ter vindo acumulado anos depois. Indicado ao Oscar e a vários prêmios por O Vencedor, Russel voltaria à premiação concorrendo por O Lado bom da Vida. E parece que o próximo Oscar contará novamente com a presença do diretor, agora por Trapaça, longa que reúne o elenco dos dois filmes anteriormente citados. Com ou sem prêmios ou apoio da crítica ou público, o fato é que Russel é um excelente roteirista e diretor. Dizem que é um sujeito arrogante, briguento e tudo mais, mas isso não afeta o seu talento, e isso, no final, é o que conta. O Lado bom da Vida talvez seja o melhor filme de sua curta, mas invejável carreira. Cheio de bom humor, esse longa singelo conta com uma história simples e um elenco fantástico. Todos aqui parecem estar em seus melhores momentos. Bradley Cooper mostra definitivamente ser um bom ator, Jennifer Lawrence surpreende ainda mais do que já havia mostrado em outros filmes, Jackie Weaver prova que a grande atuação de Reino Animal não foi sorte e Robert De Niro volta a ter uma ótima atuação em um grande filme depois de uns anos tentando estragar a carreira. Fugindo dos clichês sempre que possível, O Lado bom da Vida não consegue fugir de todos eles o tempo todo – como no final, que os abraça -, mas faz um excelente trabalho sempre que precisa recorrer dessas decisões mais corriqueiras. O bom está na história simples, mas muito bem contada. Nos personagens bem desenvolvidos e nas atuações memoráveis. E isso, aliado à direção certeira de Russel, faz deste pequeno, um grande filme.

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O estilo de Tom Hooper realmente me agrada. Diferente do que acontece com muitos, que criticam firmemente o trabalho visual do diretor, gosto de seu estilo meio torto e sem sentido. É um trabalho que ele vem desenvolvendo ao longo dos anos. Goste ou não é uma marca do cineasta. É impossível não reconhecer um filme ou série de Hooper. John Adams, minissérie da HBO dirigida por Hooper, parece um ensaio para Os Miseráveis. Com apelo visual quase idêntico ao do musical, o programa de TV contava com todos os planos inclinados, todas as lentes e distorções típicas do diretor de O Discurso do Rei. Em Maldito Futebol Clube, outro excelente exemplar de sua curta carreira, Hooper estava mais contido, mas também testava a abordagem em algumas sequências. A aprovação desse estilo veio com a vitória no Oscar por O Discurso do Rei. Com mais dinheiro e confiança de estúdios e produtores Hooper resolve levar às telas o celebrado musical Les Misérables. E é claro que depois de o trabalho ser aprovado, o negócio é repeti-lo. E, particularmente, não há decepções. O diretor acerta no comando dos atores e na abordagem visual. Peca um pouquinho no ritmo? Sim, levemente no terceiro ato, mas não compromete em nada a experiência. Todos os atores cantam bem? Não. Mas convencem e se entregam ao máximo, que é o que vale. Ao fim, Os Miseráveis á um musical legítimo, à moda antiga, com superprodução, direção de arte incrível, ótimo elenco e canções do início ao fim.


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Paul Greengrass é outro diretor com estilo muito próprio. É difícil imaginá-lo dirigindo um filme como Os Miseráveis, assim como é difícil imaginar Hooper dirigindo algo como Capitão Philips. Greengrass é o responsável, basicamente, por nos lembrar o quão fantástico é Tom Hanks. Ancorado na realidade, Greengrass emula algumas coisas daquela que é sua melhor obra: United 93. Sempre com a câmera trêmula e perto dos personagens e da ação, Greengrass compõe uma tensa narrativa, e mais uma vez em espaços reduzidos. Se em United 93 a ação se passava toda dentro do avião, aqui a trama se desenvolve basicamente em dois lugares. Mas o ritmo não cai, o que admirável, já que muitos filmes que contam com vários personagens e cenários falham miseravelmente na condução das cenas e narrativas. É claro que muito desse dinamismo vem da edição. Christopher Rouse é o responsável pelas edições de United 93 e O Ultimato Bourne; Rouse recebeu indicações ao Oscar por estes dois filmes e venceu pelo segundo. O trabalho do editor parece casar perfeitamente com o editor. Trabalhar na edição de um filme de Greengrass, aliás, deve requerer um grau considerável de entendimento entre as partes, já que grande parte do efeito dos longas vem do dinamismo, do ritmos das cenas isoladas e dentro do contexto geral. A excelente trilha sonora é outro fator determinante no completo funcionamento do filme. Mas não há fatores técnicos que substituam ou mudem a força da última cena. Está ali, naqueles últimos minutos, um dos momentos mais marcantes de toda a carreira de Tom Hanks.

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Paul Thomas Anderson já não precisa provar mais nada a ninguém. Com pouca idade provavelmente já lançou sua obra-prima (dificilmente um filme seu será tão perfeito quanto Sangue Negro) e outros filmes inesquecíveis. Não há um tropeço sequer até agora, e caso aja no futuro, duvido que vá manchar a sua curta, mas brilhante carreira. Diferente de tudo que fizera até aqui (como é comum quando falamos em PTA, que muda o tema a cada filme), O Mestre trás o estilo de filmagem e a abordagem já consolidada de Anderson. Além disso, conta com um roteiro corajoso, que não teme a má interpretação ou o completo descaso do espectador. O Mestre é um filme difícil; longo e com uma edição que não facilita a vida de quem assiste, o filme é mais uma prova de que PTA é um autor completo. Além de ótimo cineasta, é também ótimo escritor. A fotografia é fantástica e a trilha sonora é tão estranha quanto a de Sangue Negro, o que não é, claro, um defeito. Anderson também arranca, mais uma vez, atuações extraordinárias de seu elenco. A começar por Joaquim Phoenix, irreconhecível dentro do personagem. Philip Seymour Hoffman mostra mais uma vez ser um dos melhores de sua geração e Amy Adams mais uma vez tenta se desfazer do jeitinho meigo e frágil que alguns filmes pintaram para ela. A sequência de perguntas e respostas entre Hoffman e Phoenix em que o último deve responder sem piscar era o suficiente para dar o Oscar para os dois atores. Mas as grandes sequências não param por aí. Hoffman brilha em mais dois momentos memoráveis. Em um deles, vai mostrando aos poucos um lado que até então não conhecíamos enquanto discute com um homem que teima em discordar de suas crenças e pregações. Em outro dança e canta enquanto o personagem de Phoenix tem uma estranha visão. Assim como em Sangue Negro, O Mestre tem vários grandes momentos, quase que como clímax isolados durante a trama que, juntos, formam uma grande experiência.


 
Killer Joe poderia ser um curta-metragem, centrado apenas no clímax deste longa e assim já seria um grande exercício narrativo. Mas a sorte é que muito mais é trabalhado na trama e felizmente um diretor como William Friedkin dirige um texto rico e perturbador como o de Tracy Lets. A segunda parceira do diretor com o autor é baseada na peça homônima de 1993 – a primeira de Lets – e conta a história de um rapaz que decide contratar um assassino profissional para matar a mãe, ficando, posteriormente, com o dinheiro da mulher. Isto é o suficiente para que Lets crie uma insana história cheia de reviravoltas e um final indescritível. William Friedkin, notavelmente sádico, é, portanto, o diretor perfeito para levar Killer Joe às telas. Mas não é só um trabalho de Friedkin e Lets, o elenco de Killer Joe é um dos melhores vistos este ano. Matthew McConaughey, que tem outra grande atuação no ótimo Amor Bandido, encarna Joe como se este fosse o papel de sua vida. Thomas Haden Church, excelente ator subestimado, Juno Temple, Gina Gershon e Emile Hirsch estão ótimos em seus papeis. O já citado clímax é algo quase inexplicável. Tudo converge ali, todo o elenco está ali. A força e a dinâmica do teatro, berço de Lets, pode ser vista em cada ato, em cada palavra. Pontos altos na carreira de todos os envolvidos.

10º

François Ozon parece brincar de direção em Dentro da Casa, tamanha fluidez das cenas. Os reflexos, os enquadramentos, as sequências. Ozon não só entrega um grande roteiro, como um excelente trabalho se direção. Numa trama quase que metalingüística, Ozon prende a atenção do público com a relação de um professor e seu aluno. O professor é um escritor fracassado, o jovem, um escritor em potencial. Juntos, debatem sobre a importância de personagens e como estes devem agir ou o que deve acontecer com eles para que a trama funcione plenamente e prenda o leitor. Conversam sobre os temas que devem ser abordados e o que talvez não funcione. É um interessante exercício que levanta questões importantes. É a construção de uma história dentro de uma história. Mais um excelente exemplar francês em um ano de Azul é a cor mais quente e Le Passé.

 ***

Outros títulos que merecem destaque:

Amor
Amor Bandido
A Aventura de Kon-Tiki
Azul é a cor mais quente
Bernie
Blue Jasmine 
A Caça
Círculo de Fogo
Depois de Lúcia
 O Hobbit - A Desolação de Smaug
Indomável Sonhadora
Invocação do Mal 
Jogos Vorazes - Em Chamas
Lincoln 
O Lugar onde tudo termina
Muito Barulho por Nada
Rush - No Limite da Emoção
O Verão da Minha Vida

Grandes filmes que ainda não chegaram oficialmente ao Brasil:

O Passado, de Asghar Farhadi (um dos cinco melhores que assisti em 2013)
Upstream Color, de Shane Carruth
Fruitvale Station, de Ryan Coogler
The Spectacular Now, de James Ponsoldt
Byzantium, de Neil Jordan
 

1 comentários:

Olá Matt, sou eu Alfredo Neto, não sei se ainda lembra de mim, sou aquele chato que sempre pedia a criação da fan page do seu blog rs
Bom, temporada de premiação aí e estou sempre olhando seu blog, está salvo já entre os favoritos aqui. Ansioso pelas apostas e quero saber se você estará acompanhando as indicações ao Oscar no site do Cinema é Tudo Isso, o senhorito já tem facebook? Temos um grupo sobre cinema bem legal e seria uma honra você como membro.
Abraços!

6 de janeiro de 2014 às 03:14  

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