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Papo Rápido - Jogos Vorazes e A Perseguição

Jogos Vorazes




2012 começou bem e uma das maiores surpresas é Jogos Vorazes, adaptação do best-seller de mesmo nome escrito por Suzanne Collins. Este primeiro filme de quatro partes (o segundo livro, assim como este, ganhara as telas em uma fita, já o último será dividido em dois gerando duas partes e mais e mais lucros) surge, além de uma divertida e bem conduzida aventura, como uma interessante alegoria social, um tanto explícita, mas ainda assim pertinente. Corajoso se analisarmos o público para o qual foi desenvolvido, Jogos Vorazes é o único em todos estes anos de tentativas que pode se tornar a nova saga favorita dos jovens - tiremos Crepúsculo da equação, que tem seu sucesso acentuado mais por fãs fiéis do que por público geral. Depois de tantos candidatos para tomarem o lugar de Harry Potter, Jogos tem tudo para ser um notável projeto, servindo não só como divertimento ou mera fita de ação, mas sim, como algo pensante. Mas vamos com calma. O universo mostrado nessa primeira fita ainda é, basicamente, simples ou, ao menos, pouco explorado. Pouco ou nada se sabe sobre os demais distritos e a sociedade em geral, ponto que possivelmente será abordado com mais calma e perícia nos demais filmes. Gary Ross conduz sua câmera de forma surpreendente para este tipo de produção: optando por uma abordagem mais realista, tanto os quadros quanto as frenéticas sequências de ação em estilo semi-documental denotam uma ambição muito bem vinda ao projeto. Jogos Vorazes também merece nosso respeito por não se acovardar nas questões cruciais da trama: as mortes dos jovens participantes. A violência, claro, não é explícita, porém correta, mostrando o que deve e sem ocultar o necessário. Jennifer Lawrence - atriz que não simpatizo muito - compõe um retrato curioso da protagonista. Valente e forte, Katniss é retratada como uma mulher determinada, e tratá-la como "garota" talvez não seja correto, já que, ainda que uma fagulha de inocência ainda exista dentro dela, muito de sua pureza já fora sugada pela realidade fria de seu mundo.

Com uma primeira hora fantástica, que fisga o espectador graças a sua notável dinâmica, Jogos Vorazes perde um pouco de seu brilho na hora final, quando os clichês começam a povoar a trama e as situações vão se tornando um tanto enfadonhas. O desfecho, se comparado com toda a história desenhada até então, surge como uma espécie de anti-clímax, deixando os rumos do segundo longa levemente desenhados. Contando ainda com bons efeitos visuais e uma interessante direção de arte, Jogos Vorazes é uma ótima surpresa.

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A Perseguição





Liam Neeson parece realmente ter adotado o gênero ação nos últimos anos. Visitando o suspense de vez em quando (o bom O Preço da Traição e o péssimo After.Life, são exemplos), o ator de dedicou à ação na maior parte do tempo. O resultado, em geral, é positivo: Busca Explosiva, ainda que muitos discordem, é uma fita divertida, bacana; Desconhecido também é uma obra interessante, embora tenha várias falhas. Ruim mesmo é Esquadrão Classe A. De qualquer forma, Neeson é um excelente ator, e vê-lo como astro de ação é curioso; não que ele não dê conta do recado, pelo contrário, é que parece que as coisas não combinam; o feitio, porte do sujeito parece não rimar com o gênero. Mesmo assim, o talento se sobressai e, mesmo que o filme não seja tão bom, é sempre bacana vê-lo atuando. A Perseguição, dirigido por Joe Carnahan (mesmo de Esquadrão Classe A, o que já garantia um nariz torto e uma expectativa baixa), pode até ser rotulado como longa de ação, mas é sua pegada dramática que o eleva surpreendentemente. Suas abordagens, é bem verdade, são risíveis e clichês em muitos momentos (toda a subtrama envolvendo a companheira de Ottway - Neeson - tem momentos facilmente evitáveis), mas quando a fita se foca na sobrevivência dos personagens cresce em vários níveis. A tensão e a urgência crescente da fita são notáveis, e mesmo quando os personagens estão sentados, descontraídos e conversando sobre coisas banais, o perigo parece estar sempre presente. A Perseguição, portanto, não dá ao espectador um minuto de sossego e alívio. Os lobos enormes aqui mostrados são apenas um dos empecilhos que eles encontram. O frio, a falta de comida e a própria convivência, entre outros fatores, são determinantes em situações como a retratada nesta bela fita.

A fotografia de A Perseguição é belíssima e a direção de Carnahan surpreende; não esperava um trabalho tão virtuoso, competente do sujeito. O desfecho, lindo, pode não agradar uma boa parcela do público, mas é o mais sincero e correto possível. Existiam outras saídas, mas a mostrada aqui é a mais sensata, e encerra esta surpreendente obra de forma corajosa e positiva.

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Filmes citados nos textos:

Crepúsculo - **
O Preço da Traição - ***
After.Life - *
Busca Explosiva - ***
Desconhecido - ***
Esquadrão Classe A - *

Matheus Pereira

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