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Começa hoje Relembrar é viver, novo especial do Pipoca Net. Este especial trás minhas listas particulares acerca dos melhores filmes de cada ano. Cada edição do especial trará uma lista, começando pelo Top 10 - 2000. Relembrar é viver cobrirá apenas a última década, começando pelo ano 2000 e terminando em 2009. As listas trarão breves comentários sobre as obras e após todas serem publicadas, divulgo minha lista com os melhores da década passada (que já começara a ser revelada aqui no blog, mas que fora abandonada na metade há meses atrás). Após essa breve introdução, vamos ao que interessa:

2ooo

01 - À Espera de um Milagre

Frank Darabont é indiscutivelmente o melhor adaptador de Stephen King. Ele é um dos poucos que souberam transpor as cargas dramáticas das obras do escritor para as telas de maneira verdadeira e visceral. Sua primeira adaptação de King (mais duas viriam após, À Espera de um Milagre e O Nevoeiro), Um Sonho de Liberdade é um drama de emoções complexas e que já se tornou um jovem clássico do Cinema americano. É interessante constatar, diga-se, que tanto a primeira quanto a segunda empreitada de Darabont nos terrenos de King basearam-se em obras com pouco ou nada de fantasia, horror ou ficção. E ambas se passam em celas, cadeias, entre prisioneiros e guardas. À Espera de um Milagre (da novela O Corredor da Morte) é uma tocante história que esmiúça as relações entre os detentos e os guardas da Milha Verde (apelido de um dos pavilhões de uma prisão da Louisiana, na década de 30). Diferente do longa de 1995, que contava com Morgan Freeman no elenco, esta fita apresenta algum elemento fantástico, ainda que contido e bem incluso na trama. O elenco - e inclua aí o Mr. Jingles - é soberbo e conter as lágrimas ao final é quase impossível.

02 - Clube da Luta

David Fincher analisou a atualidade com frieza há pouco tempo em A Rede Social, mas o cineasta já dissecara a sociedade e seus costumes com mais gelidez e de forma bem mais crua em 1999, com Clube da Luta. O drama, que acompanha a triste vida de... do Narrador, é seco em suas abordagens e trás uma visão pessimista do consumismo e do abismo que se alonga à frente da humanidade. Obra pesada, Clube da Luta não foi bem recebido à época de seu lançamento, e ganhou status de cult com o passar dos anos. Hoje, a fita é referência, tanto narrativa quanto esteticamente, já que os planos e quadros criados por Fincher não são menos que geniais. Reservando acidez durante toda sua duração e uma deliciosa surpresa pro final, Clube da Luta é sagaz e provocante, violento e verdadeiro.


03 - O Sexto Sentido

Domínio técnico e narrativo era o que M. Night Shyamalan apresentava ainda no início de sua carreira em O Sexto Sentido. O suspense, com fortes doses dramáticas, segue a história de um menino que vê gente morta e um psicólogo que tenta ajudá-lo com suas visões e problemas pessoais. O filme é muito mais do que um simples exemplar do suspense, com sustos espalhados pelo caminho e narrativa superficial. Preocupando-se com o desenvolvimento de seus personagens, Shyamalan criou um complexo quebra-cabeça de detalhes, que, espalhados pela obra inteira - através de imagens e diálogos -, enriquecem o resultado final. Impossível não querer retroceder e começar tudo de novo ao início dos créditos finais. Revisitar a obra e achar detalhes que escaparam a um primeiro olhar é divertido e recompensador. O Sexto Sentido é daqueles filmes que lhe apresentam coisas novas a cada visita, mesmo que você já saiba o final e que seja a segunda ou décima vez que você o assiste

04 - Beleza Americana

As primeiras linhas do roteiro de Beleza Americana, escrito por Alan Ball, entregam o que será o filme inteiro. É o exemplo perfeito de como agarrar um plateia e mantê-la curiosa durante toda a trama. Kevin Spacey está perfeito na pele de Lester Burnham, escritor de uma revista que se apaixona por uma adolescente, amiga de sua filha, quando está no ápice da crise de meia-idade. O roteiro é genial; os diálogos cortantes e a trama firme, aliados ao belo trabalho de direção de Sam Mendes, interpretados pelo elenco primoroso, garantem essa jóia cinematográfica. Cínico, Beleza Americana trás uma pequena metáfora em seu próprio título: American Beauty é o nome de uma flor, belíssima, de cor vívida, mas sem aroma algum, vazia em seu âmago. Tais qualis os personagens aqui apresentados.


05 - Magnólia

Paul Thomas Anderson concebeu em Magnólia um dos mais fascinantes quebra-cabeças dramáticos envolvendo diversos personagens do Cinema recente. As histórias, ligadas ou não, tratam, basicamente, das ironias do destino. Das coincidências, do tempo e lugar. Muitas das metáforas e nuances do roteiro escrito por Anderson podem não ser compreendidas ou mesmo descobertas, o fato, notável, diga-se, é que elas estão ali. Cabe ao espectador achá-las e desvendá-las. Quem não fez cara estranha ao ver a chuva de sapos e não discutiu depois? Repleto de momentos memoráveis, Magnólia se dá ao luxo de se aprofundar intimamente em cada personagem. No transcorrer da trama dá impressão de que nem todos terão um desenvolvimento digno até o término. Ledo engano e precipitada subestimação acerca do brilhante roteirista/diretor que é PTA. Todos os vícios do cineasta estão aqui: os longos planos e as narrativas em off que dizem muito sobre quem está contando a história são alguns exemplos. Longos diálogos e ideias mirabolantes também fazem parte do pacote.

06 - Alta Fidelidade

John Cusack é um dos melhores atores de sua geração. Nem feio para ser coadjuvante ou figurante, nem belo para ser galã, Cusack tem talento suficiente para segurar um filme inteiro nas costas. Não é o caso deste Alta Fidelidade, que possui várias qualidades, entre elas o roteiro, que divide o peso com o protagonista, o diretor e o restante do elenco. Deliciosa comédia-romântica (ou não...), Alta Fidelidade conta a história de Rob Gordon, dono de uma loja de discos à beira da falência. Rob tem mania de compilar listas com "os(as) 5 mais...", e é aí que está o cerne da fita. Levado pelo presente a relembrar o passado e separar acontecimentos importantes de sua vida, Rob se abre com o espectador numa conversa bacana que revela muito de sua personalidade e de sua história. Podemos chegar ao fim sem sermos amigos de Rob (o que é difícil), mas é impossível ficar indiferente àquela figura que nos acompanhou com um papo legal e uma história cativante.

07 - O Informante

O Informante é daqueles engajados em alguma causa, em alguma teoria ou ideia. Daqueles que usam um acontecimento para tecer críticas e opiniões acerca de algo bem maior. Dirigido por Michael Mann e protagonizado por Russel Crowe (brilhante) e Al Pacino, O Informante não perdoa o espectador e joga informações preciosas e complexas a todo o momento, cabe a cada um prestar o máximo de atenção e ir acompanhando os personagens numa tensa corrida a favor da verdade. Num estilo semi-documental, Mann transpõe uma guerra verbal com inteligência e agilidade para as telas, sem deixar o público perdido, apenas atento. Entretenimento adulto e pensante.



08 - Quero ser John Malkovich

Estranho? Sim. Louco? Com certeza. Sem sentido? Também. Ilógico? Sem dúvidas. Um bom filme? Do início ao fim. Quero ser John Malkovich é do tipo que ninguém nunca imaginou/pensou antes. Nenhum roteirista (ou pessoa normal) na face da terra poderia ter um argumento igual. É completamente normal mais de uma pessoa ter a mesma ideia, o fato é que é simplesmente impossível alguém ter bolado algo tão estranho e original como essa fita escrita por Charlie Kaufman. Estrelado por John Cusack em outra atuação digna de aplausos, o filme de Spike Jonze segue um homem que descobre um pequeno portal que o leva à mente de John Malkovich. Com tantas mentes por aí, escolher a de Malkovich é outro fator estranho...



09 - A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça

A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça exala Tim Burton. É uma história que foi criada para que pessoas como Burton a transponha para outras mídias. Estrelado por Johnny Depp, o suspense que retrata a investigação de crimes supostamente cometidos pelo Cavaleiro Sem-Cabeça tem o humor negro típico do diretor e a técnica única impregnada em cada frame. A direção de arte, fantástica, é notável, tal qual a fotografia. Divertido e descompromissado, A Lenda do Cavaleiro ainda trás uma jovem Christina Ricci e um sádico e enlouquecido Chistopher Walken.




10 - Gladiador

Gladiador não é "o" épico que muitos alardeiam. O roteiro é cheio de furos e a direção de Ridley Scott é, muitas vezes, capenga, mas é uma aventura que merece atenção. Não é uma obra didática, longe disso. Os erros históricos são gritantes e o patriotismo (sim, em Roma, no Coliseu!) é anacrônico. Aqui não se busca a veracidade, apenas o espetáculo. E é isso que se alcança. Com batalhas vibrantes e combates na arena impactantes, Gladiador é um primor técnico irrepreensível e ainda trás Russel Crowe em atuação inspirada. O jeito é não se ater aos detalhes e mergulhar na ação.




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Na próxima parte deste especial Os 10 Melhores Filmes de 2001 serão divulgados. Enjoy.

Matheus Pereira

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