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Especial - Oscar 2012 - Roteiro Original

Roteiro Original


Meia-Noite em Paris

Woody Allen teve sua última indicação na categoria de Roteiro em 2006 com Match Point, desde então, a Academia tem esnobado o veterano. O último Oscar foi vencido em 1986, com Hannah e Suas Irmãs; em resumo, já está mais do que na hora de dar mais uma estatueta dourada ao prolífero diretor e roteiristas. A propósito, o fato de lançar um - ou até mais - filme por ano pode atrapalhar, já que alguns votantes podem pensar em premiar o sujeito no futuro, já que certamente outros roteiros brilhantes ainda serão escritos e filmados. É algo que se deve pensar: por que premiar alguém que terá chances de vencer no futuro? Esta é uma das questões complicadas que o Oscar lança. Na dúvida, o correto é premiar Allen e, caso seja necessário e justo, premiá-lo novamente no futuro. A AMPAS deve deixar a política de lado e apostar naquilo que considera realmente bom. Outra contrariedade é a fama esnobe no diretor/roteirista. Woody Allen simplesmente não vai às cerimônias do Oscar, ele simplesmente não dá importância alguma (publicamente, ao menos, pois duvido que não fique feliz ao vencer um prêmio desse nível...), e esse ano é quase certo que ele novamente não vá receber sua estatueta caso vença. Só um milagre para levar Allen ao Kodak. Muitas coisas vão contra, cabe, então, ao puro talento do roteirista e a paradoxal adoração pelo mesmo, para Meia-Noite em Paris levar aquele que parece ser seu único prêmio da noite.

O Artista

Caso os acadêmicos não queiram dar a estatueta para alguém que sequer irá buscá-la, a segunda opção é Michel Hazanavicius que, como qualquer ser humano normal, adora ganhar prêmios. O sujeito é simpático e tem bons, sinceros e curtos discursos. Fez um filme fabuloso com um roteiro atípico, já que, como ele mesmo falou em seu discurso de aceitação no BAFTA, "as pessoas costumam duvidar de um roteiro que não tem falas, diálogos"; Hazanavicius tem total razão. Muitos estranham como um filme mudo pode vencer na categoria principal, tal estranheza aumenta consideravelmente quando o roteiro de um filme mudo pode sair vencedor. Seria interessante, no mínimo, ver os comentários gerais caso o francês ganhasse. É uma aposta corajosa e até certo ponto adequada, já que seria estranho o Melhor Filme não ter o Melhor Roteiro. Seria, notadamente, um passo positivo da Academia, porém, a edição anterior do Oscar se repetiria inevitavelmente: O Discurso do Rei não era o favorito e muito menos o melhor dentre os indicados na categoria, mesmo assim, por motivos políticos, acabou sendo anunciado como o melhor texto original. O fato de o roteirista não ter feito nenhum grande trabalho anteriormente não quer dizer muita coisa, já que que como diretor ele também não realizou nada notável e é o grande favorito da noite. A disputa está, basicamente, entre duas obras; será Woody contra Michel, e será difícil - impossível, vá lá - tirar o doce de um desses dois.

A Separação

Não chega a ser uma surpresa a presença de Asghar Farhadi entre os finalistas. Seu A Separação já era apontado como possível finalista muito antes da cerimônia de revelação dos indicados. A Academia gosta de fazer isso: "homenagear" obras estrangeiras nomeando-as a outras categorias importantes ou técnicas. A crítica americana louvou a fita iraniana; sendo a favorita máxima na categoria de Filme Estrangeiro, a indicação de Melhor Roteiro Original não soa em momento algum surpreendente, mas sim, justa. Não deve vencer, mas é notável sua força de chegar até aqui. Os motivos que vão contra sua vitória são vários, e o mais gritante é não ser uma fita americana. "Apenas" isso já tira o louro das mãos de Farhadi. A Separação é, também, atípica para os padrões acadêmicos, que só premia esse tipo de Cinema quando não tem outra escolha.

Margin Call - O Dia Antes do Fim

Margin Call se encontra aqui por alguns motivos simples: aborda um assunto atual e complexo; trás às luzes do público algo pouco explorado e conhecido apenas por aqueles envolvidos no meio; tem um notável trabalho de pesquisa e abordagem, elucidando um mundo obscuro e cheio de camadas. Ainda assim, não é um roteiro tão fabuloso como muitos alardeiam, muito menos para ser finalista do Oscar. Como dito num breve comentário que fiz acerca da obra (e que pode ser lido aqui), o roteirista J.C. Chandor não encontra tempo e espaço para tantos personagens e tantas palavras. Margin Call, ainda que um bom filme, tenta falar mais do que consegue, quer dialogar sobre o máximo que puder, e acaba por ficar na superfície na maioria destes assuntos. A impressão que fica no final é de termos acompanhado um artigo brilhante, mas que não teve força para virar um romance; no máximo um conto. Precisava mais para uma indicação dessas. Além disso, ainda que badalado por boa parte da crítica, a fita não goza de muita popularidade, e muitos votantes possivelmente nem assistiram a obra. Um figurante, apenas.

Missão: Madrinha de Casamento
Enquanto Woody Allen, Michel Hazanavicius, Asghar Farhadi e J.C. Chandor são roteiristas e diretores de suas obras - chefes supremos de seus projetos -, Missão: Madrinha de Casamento tem uma roteirista que é protagonista, o que não seria problema caso a moça não fosse péssima em ambas as áreas. Enquanto temos indicados que dominam suas criações e são sinônimos de autoria pura - os "autores" tão escassos hoje em dia -, temos nessa comédia rasa uma escritora fraca, submissa aos clichês do gênero e sem graça alguma, o que é fatal numa produção como essa. É, pessoalmente, impossível entender por que tanta badalação acerca desse filme. Outras fitas de comédia foram muito melhor em suas abordagens e não chegaram sequer perto de uma nomeação ao Oscar. Nesse mesmo ano, por exemplo, tivemos 50%, comédia dramática com escopo muito maior e mais importante do que este, que apresenta uma despedida de solteiro feminina. Não é nada original: troque os homens pelas mulheres e você tem um Se Beber Não Case de saias, e o pior, sem a mesma graça. Resoluções patéticas, situações absurdas. O mais incrível de tudo é que não dá para culpar a Academia isoladamente: a crítica adora a fita e o público responde da mesma maneira. Doerão os ouvidos quando o nome dessa aberração for anunciado entre os indicados no próximo domingo. De qualquer forma, não vencerá por motivos óbvios, dentre os principais: primeiro: não merece; segundo: uma indicação ao Oscar é mais do que suficiente para essa vida e além dela.

Vence: Meia-Noite em Paris
Pode vencer: O Artista
Meu Favorito: Meia-Noite em Paris

Matheus Pereira

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