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Especial - Oscar 2012 - Fotografia

A Árvore da Vida

É indiscutível: a fotografia de A Árvore da Vida é a mais soberba dos finalistas. Gostando ou não da filosófica obra de Terrence Malick, o espectador deve reconhecer que a fita tem um dos melhores trabalhos de fotografia do ano. Recheado de imagens belíssimas, A Árvore da Vida venceu há poucos dias o prêmio do sindicato dos diretores de fotografia, e não deve sair de mãos vazias no Oscar. Emmanuel Lubezki compõe ao lado de Malick os mais belos quadros, os melhores ângulos. Lubeski passeia pelos arredores da residência da família O'Brien, sugere imagens divinas, vai das nebulosas ao fundo do mar, dá um pulo no que possivelmente é o Paraíso e visita a pré-história dos dinossauros. Um trabalho tão complexo em teoria quanto em prática. Lubezki, além do mais, merece um Oscar há muito, muito tempo. Olhando sua filmografia, percebi que o sujeito é um dos melhores da área atualmente. A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça, Desventuras em Série, O Novo Mundo (também de Malick) e Filhos da Esperança, são alguns dos geniais trabalhos do diretor de fotografia. Lubezki clama por seu Oscar, e não é menos que obrigação a Academia concebê-lo.


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Cavalo de Guerra

Janusz Kaminski é um veterano, basicamente. Colaborador de Steven Spielberg desde A Lista de Schindler, pelo qual venceu o primeiro Oscar (o segundo e último, até então, foi por O Resgate do Soldado Ryan, também de Spielberg), Kaminski é grande responsável pelos filmes do diretor de Cavalo de Guerra serem tão belos. O apuro estético do cineasta aliado à competência do diretor de fotografia sempre criaram belas imagens. Minority Report, Guerra dos Mundos e Munique, por exemplo, são filmes belíssimos, plasticamente impecáveis, e todos tiveram sua fotografia capitaneada por Kaminski. Em Cavalo de Guerra Janusz precisou se debruçar nos clássicos do Cinema e compor suas imagens remetendo sempre ao clima nostálgico das produções de outrora. Cada lente usada precisava ser analisada num contexto geral, já que a fita não devia parecer tão antiga nem tão moderna, mas uma linda homenagem que agradece a grande parcela do público. Os minutos finais são os mais belos que o Cinema produziu em 2011 - junto com todo o trabalho de A Árvore da Vida, claro.




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A Invenção de Hugo Cabret

Pensado para ser projetado em 3D, Hugo pode ser favorecido por conceber um excelente trabalho de fotografia utilizando a terceira dimensão. Robert Richardson, cujo último trabalho indicado ao Oscar foi o realizado em Bastardos Inglórios, pode ser prejudicado pelo fato de ter vencido na categoria recentemente por O Aviador, também de Scorsese. Tudo bem que 2005 não é tão recente, mas em termos de Academia um segundo prêmio seria precoce, ainda mais com concorrentes melhores no páreo. Mas não podemos nos ater apenas a esse fato, já que os votantes já demonstraram não serem tão cuidadosos com a política nas categorias técnicas. Ano passado, por exemplo, os vencedores de Melhor Direção de Arte por Alice no País das Maravilhas haviam recebido o mesmo prêmio um ano antes por Avatar. Pode vencer, mas seria um prêmio deslocado.






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Millenium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres

A fotografia de Millenium é uma das minhas favoritas, mas o fato de ser um trabalho mais convencional se comparado aos concorrentes pode - e vai - atrapalhar. Todo o clima de mistério, agonia e solidão da fita se deve graças, além do excelente trabalho de direção de David Fincher, à fotografia de Jeff Cronenweth. Colaborador de Fincher em Clube da Luta e A Rede Social (indicado ao Oscar na categoria) Cronenweth ainda é jovem perto de outros diretores de fotografia. O sujeito, que ainda vai entregar outros trabalhos dignos de prêmios, pode esperar. Além do mais, as melhores fotografias em filmes de Fincher não foram de Cronenweth (O Curioso Caso de Benjamin Button teve fotografia de Claudio Miranda e Zodíaco de Harris Savides), o que pode empalidecer o candidato dentro da filmografia do diretor. É o melhor trabalho de Jeff Cronenweth, mas ele pode esperar mais alguns anos para receber sua estatueta dourada. Emmanuel Lubezki, por exemplo, é mais experiente, tem mais estrada desenhada atrás de si e necessita urgentemente de um Oscar.




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O Artista

O Artista se encontra no final dessa lista, mas não se surpreenda caso a fita de Michel Hazanavicius leve mais esse prêmio para casa. Produções em preto e branco sempre são bem vistas pela Academia, afinal de contas, é um modo completamente diferente de se fazer um filme, de se filmar. A Lista de Schindler, citado em algum ponto desse mesmo texto, por exemplo, foi galardoado na categoria por ter um excelente trabalho em preto e branco, com total cuidado com lentes e texturas. O Artista, como comentado anteriormente aqui no Pipoca Net, é um filme que tem grande vantagem pelo trabalho histórico de pesquisa que trás consigo. A fotografia do longa é toda pensada e voltada para as obras da década de 20. Até mesmo a movimentação dos atores é alterada pela montagem e fotografia, dando impressão de que é uma fita antiga. É interessante atentar, também, para o próprio formato da tela, que foge do convencional e se debruça nas antigas formas de filmagem e projeção. É um trabalho forte e competente, inteligente e criativo; é o único que apresenta fortes ameaças à A Árvore da Vida.





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Vence: A Árvore da Vida
Pode vencer: O Artista; ou até mesmo Cavalo de Guerra, o que é improvável
Minha favorita: A Árvore da Vida
Matheus Pereira

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