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Papo Rápido

Amor a Toda Prova



Falar das várias variações do amor, e seus caminhos mais sórdidos, tornou-se um difícil trabalho depois que Richard Curtis lançou o seu Simplesmente Amor. O filme, o qual considero a melhor comédia romântica dos últimos tempos, reunia um grande elenco (britânico em sua maioria) e retratava as várias faces do amor e os diversos lugares onde ele aparecia. Não que falar de amor sempre fora fácil, mas depois que o parâmetro máximo foi estabelecido, tratar do amor nos moldes que aquele belo filme tratou seria tarefa árdua. Que fiquei claro: ninguém alcançou o feito de Curtis e nenhum filme - nem este Amor a Toda Prova - se igualou a Simplesmente Amor. De qualquer forma, a nova fita de Glenn Ficarra e John Requa (diretores de O Golpista do Ano), ainda que em suas devidas limitações de roteiro, é o que mais se aproxima daquilo que o filme britânico alcançou com louvor. Amor a Toda Prova não tem a complexidade narrativa e emocional necessária para fazê-lo um grande ponto na história da comédia atual, mas tem competência suficiente para ser notado e apreciado. O elenco encabeçado pelo sempre carismático e talentoso Steve Carrel, reúne Julianne Moore, Ryan Gosling, Emma Stone e Kevin Bacon, numa salada amorosa cheia de vai e vens e surpresas pelo caminho. O roteiro não apresenta grandes reviravoltas e é até previsível em vários momentos, mas caso o espectador entre no clima e saiba apreciar suas investidas, a experiência pode ser agradabilíssima. Dirigido economicamente, mas com vigor, pela dupla, o filme ainda trás uma excelente montagem e uma leveza mais que bem vinda num gênero que ultimamente resolveu reunir grupos e grupos de amigos para falar palavrões e apelar para a escatologia. Ainda que em filmes diferentes, com pessoas diferentes e tratando de casos diferentes, Amor a Toda Prova objetiva falar apenas de uma coisa: simplesmente amor.

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Drive



Quando o mundo e a indústria se encontram na mediocridade artística e cultural na qual nos encontramos atualmente, é natural que nos tornemos nostálgicos. Que passemos a encarar o passado, e todo o clima que ele encerra. Assim podemos explicar porque festas temáticas dos anos oitenta façam tanto sucesso, ou porque filmes e as demais mídias, quando voltam os olhos e incorporam décadas passadas, recebam tanta atenção. Drive, dirigido por Nicolas Winding Refn (vencedor do prêmio de Melhor Direção no último festival de Cannes), evoca esta aura, esse clima oitentista que, quando bem abordado, dá bons resultados. Com Ryan Gosling à frente de um elenco que ainda conta com Carey Mulligan (não muito diferente dos outros papéis que apresentou até aqui) e o ótimo Bryan Cranston (da magnífica série de TV Breaking Bad), Drive é um filme simples, mas refinado. Com direção caprichada (Refn ganhou o prêmio em Cannes, afinal) e um ótimo estudo de personagem, o filme se mantém em poucos, mas importantes pilares: direção, atuação e clima. O clima, juntamente aos outros dois pontos recém citados, é o cerne da fita, que exala elegância e consistência. Gosling, carismático e arrebatador, entrega aqui aquela que talvez seja sua melhor atuação neste ano, e carrega a obra com firmeza e segurança. Alternando algumas cenas mais intensas com outras mais intimistas, Drive mistura ação e drama e é certamente um filme diferente, original. Ainda que tenha um esqueleto comum, é a gordura, os detalhes e a abordagem que fazem de Drive único e um dos melhores do ano.

Matheus Pereira

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