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Crítica - Os Agentes do Destino

Crítica - "Os Agentes do Destino"



As obras de Philip K. Dick parecem pedir para serem adaptadas para o cinema. Os textos do autor são, na falta de uma palavra melhor, cinematográficos; parece que foram concebidos com o intuito de serem adaptados. "Blade Runner", de Ridley Scott, "Minority Report", de Steven Spielberg, "O Homem Duplo", de Richard Linklater, são alguns exemplos de adaptações de seus textos. Recentemente, George Nolfi (roteirista de "Doze Homens e outro Segredo" e "O Ultimato Bourne", por exemplo) roteirizou e dirigiu "Os Agentes do Destino", mistura de romance e ficção científica bem ao estilo de Dick. "Os Agentes do Destino", assim como outras adaptações das obras do escritor, é um filme que lida com assuntos delicados. Os temas não são tabus ou tópicos para longos debates, mas as histórias exigem bom senso e, muitas vezes, paciência do espectador. Ainda que a ficção científica seja um terreno onde os autores e diretores podem brincar tranquilamente, é difícil crer em "anjos" que usam chapéu e controlam o destino a mando de Deus. Alguns detalhes fazem com que a obra perca um pouco da seriedade, tendo em vista o cenário onde tudo ocorre, mas nada que interfira no resultado final.

A trama é interessante: David Norris (Matt Damon) é um político. Sozinho no mundo desde cedo, Norris parece ter achado suas razões de ser e é o favorito a ocupar um importante cargo da política americana. Porém, antes da eleição, alguns fatos antigos vêm à tona, e Norris acaba perdendo votos, sendo assim derrotado. No dia da derrota, Norris conhece Elise Sellas (Emily Blunt), uma dançarina que desperta um amor quase inacreditável no congressista. Alguns dias depois eles se reencontram num ônibus, e aí as coisas complicam. Norris não pode ficar com Elise. Segundo os agentes do destino (anjos, em outras palavras), Elise não fará bem ao político e será a causa da derrocada de todos os seus sonhos. Seguindo os planos de "Deus" (ou Presidente, como é dito no longa), os agentes fazem de tudo para impedir o relacionamento do casal. Com detalhes interessantes e um bom embasamento, "Os Agentes do Destino" é um ótimo entretenimento inteligente, que só peca por ser absurdo e implausível em certos instantes.

É difícil acreditar, por exemplo, na rapidez com que o amor entre o casal floresce. Ainda que tal amor estivesse escrito nos planos, predestinado há muito tempo, chega a ser absurdo a velocidade com que as coisas acontecem. Tal absurdo só não é insuportável graças à incrível dinâmica entre Damon e Blunt. Os improvisos e a química entre a dupla é tanta, que a veracidade do relacionamento se deve apenas aos dois. O casal exala carisma, e o espectador acaba torcendo pelo futuro de ambos. A existência dos agentes, por exemplo, soa mais crível, afinal, sabemos que se trata de uma peça ficcional da trama, algo irreal que só existe na obra cinematográfica. Ao ver o "anjos" de chapéu, impossível não lembrar os observadores de "Fringe", que no seriado desempenham praticamente a mesma função.

Como dito, "Os Agentes do Destino" é um ótimo entretenimento, mas nunca esquece a história em prol da ação. O objetivo da fita é o suspense e o romance, dosando, entre os gêneros, algumas cenas mais intensas e um humor agradável. Sem tentar ser mais inteligente do que é e sem ser didático, "Os Agentes do Destino" não desperta longas discussões ou intensas reflexões, é um produto divertido com boas doses de criatividade e inteligência. Nolfi, que estreia na direção, não acrescenta nada de novo ao gênero e faz o serviço como deve ser feito, muitas vezes apenas posicionando a câmera e deixando os bons atores fazendo o resto.

"Os Agentes do Destino" é uma boa dica para uma sessão no sábado à noite, ou depois de um longo dia de trabalho ou estudo. É uma fita descompromissada divertida e centrada, não exige muito do espectador, porém não o trata com retardado.

Matheus Pereira

2 comentários:

Esse é prá ver com a namorada...

14 de maio de 2011 às 12:47  

O Filme é bom e concordo com a crítica. Não quer forçar a história para um romance, trata-se de escolhas isso sim. Escolher quem ele gosta, escolher se vai continuar sua escalada rumo ao máximo poder político. As cenas românticas são poucas e até discretas. Admito que forçaram um amor predestinado, mas, aí, o conto de Philip K. Dick e todo o filme é forçar a barra, pois, dentro da história, a maioria das coisas são predestinadas. Diga-se de passagem, a morte do pai e do irmão de Norris. E até para o romance há explicação, pois ela "preenche o vácuo da existência" de Norris e que ele "cobre com votos e aplausos". E "há outras mulheres no mundo, esta você não pode ficar" Mas, qualquer pessoa preenche outra? E em Gattaca, Dark City e Tropas Estelares não há romance, por acaso? Daniel Brasil

2 de dezembro de 2012 às 17:50  

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