Blogger Templates by Blogcrowds

Papo Rápido - "The Troll Hunter"

Papo Rápido - "The Troll Hunter"



O "mockumentary" (falso documentário) não é nenhuma novidade. Por mais que os criadores tentem inovar o estilo de diversas formas, a essência é sempre a mesma. Ainda que as ideias mudem de filme para filme, o âmago é sempre o mesmo. "The Troll Hunter", fita norueguesa que tem sido bem elogiada nos lugares onde foi exibida, é mais um exemplo desse estilo cinematográfico. Assim como nos ótimos "A Bruxa de Blair" e "Cloverfield" e no ruim "Atividade Paranormal", - e uma série de outras obras que beberam da mesma fonte - "The Troll Hunter" brinca com o espectador dizendo que tudo que é visto ali é real, que as imagens foram encontradas ou entregues anonimamente e que a veracidade é genuína, que nada ali fora alterado. O que antes era uma ideia nova e interessante e que chegava a enganar as pessoas (como em "A Bruxa de Blair" que fez com que muitos acreditassem na lenda), agora não passa de uma muleta de estilo, um subgênero que mostra sinais de fraqueza cada vez que é revisitado. A graça foi embora. É claro que acreditar em trolls gigantes é impensável e que nunca "The Troll Hunter" enganaria alguém, mas quando a ideia é bem elaborada e bem executada, o absurdo das coisas torna-se quase palpável e muito divertido, como em "Cloverfield". O que impede a produção norueguesa de se tornar um novo "Cloverfield" não é o fato da incompetência do cinema norueguês ou dos realizadores da obra, mas sim, o simples fato de que o tal "mockumentary" já cansou. É uma piada que já não funciona mais. O que impede "The Troll Hunter" de ser apenas mais um falso documentário é a competência de seus responsáveis e por debochar das produções feitas no estilo, injetando um humor por vezes estranho, mas muito bem vindo. Porém, como acontece com alguns exemplares da série "Pânico", o deboche ás vezes é um paradoxo, pois o filme acaba se rendendo às mesmas armadilhas e cometendo as mesmas gafes que as produções que busca tirar sarro, o que pode fazer com que o deboche se torne uma desculpa para repetir mais uma vez o que já foi mostrado. Tecnicamente irrepreensível, a produção não deixa a desejar nos efeitos visuais, equiparando-se a produções americanas sem problema algum. A direção de André Ovredal funciona em quase todos os aspectos. Sabendo manusear a câmera e manter um bom ritmo no decorrer da trama, Ovredal só falha (e isso talvez não seja totalmente sua culpa) na adaptação do roteiro, já que alguns de seus personagens são mal desenvolvidos. Os únicos personagens que têm um bom desenvolvimento são: o caçador, que aos poucos vai mostrando seu lado humano (e Ovredal por vezes é sutil ao mostrar o desenvolvimento do personagem, como no momento em que a câmera foca, por pouquíssimos segundos, os olhos marejados do caçador através do retrovisor) e Thomas, o "líder" do trio de estudantes. Contando com uma excelente fotografia (a baixa qualidade da câmera e as várias cenas noturnas poderiam acabar com a experiência) e um ritmo lento, "The Troll Hunter" é um interessante projeto bem humorado (ás vezes o bom humor do filme chega a surpreender), corajoso (confiar num filme com trolls gigantes e narigudos é apontar a arma para o pé) e despretensioso, que funcionaria ainda melhor se não apelasse para alguns clichês e se fosse feito há uns anos atrás.

Matheus Pereira
___________________

Peço desculpas pela demora nas atualizações. Os últimos dias têm sido atarefados e, infelizmente, falta tempo para o blog. Espero não me afastar por muito tempo.

Atenciosamente,
Matheus Pereira

0 comentários:

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial