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Crítica - Rango

Crítica - "Rango"



Ainda que a animação abra inúmeras portas e proporcionem altos voos aos realizadores, deve ser muito difícil escolher um tema para transformar em filme. Tendo em mente que o processo de criação de uma animação é muito longo e complicado, é preciso saber com total certeza o que se deseja fazer. É algo que envolve riscos, talvez seja a área do cinema mais perigosa. Fazer um filme sobre pinguins que dançam é algo muito arriscado. Criar uma obra que conte a história de um robô solitário que não fala é algo perigoso e que pode dar errado; investir anos de trabalho na história de um rato que é cozinheiro também é um feito que pode não ser reconhecido. Assim, chegamos a "Rango". É importante que se diga, que, mesmo sabendo que a imaginação das crianças "aceite" bastante coisa, é complicado ter como personagens principais um camaleão solitário e magricelo e uma porção de personagens atípicos que fogem completamente do "desenho bonitinho". São animaizinhos que, mesmo tornando-se fofinhos com o passar do tempo, são esquisitos e podem afundar uma boa ideia. Afinal, ainda que os pequenos "aceitem" bastante coisa, eles são bem exigentes. "Rango" merece atenção só por isso. Investir em personagens atípicos, estranhos e que tenham algo a dizer.

"Rango" conta a história de um simpático e solitário camaleão que tem a imaginação bem fértil e que, depois de um acidente na estrada, é deixado para trás sem água e a mercê dos perigos do mundo. Seguindo as orientações de um sábio animal que acabara de ser atropelado, o camaleão caminha por quase todo o deserto, até achar uma águia assassina e posteriormente uma habitante de Poeira, chamada Feijão. Ao chegar a cidadezinha, o camaleão com camisa havaiana logo finge ser um heroi e sem querer acaba prestando um enorme serviço aos assustado habitantes do lugar. Assim, Rango - nome que "inventou" ao ler o rótulo de uma garrafa - se torna o heroi de poeira e logo recebe uma importante missão.

Outro ponto que deve ser apontado é que "animação" não é um gênero, e sim, um modo de fazer cinema. A "animação" pode ser uma aventura, uma comédia, um romance e até mesmo um filme adulto. A "animação" pode, sem dúvidas, cair bem como faroeste. E "Rango" mais uma vez merece atenção por isso. É uma animação/faroeste, com animais estranhos e com questões que fogem das lições baratas de alguns "produtos" lançados ultimamente. Gore Verbinski (da ótima trilogia "Piratas do Caribe" e do surpreendente "O Chamado"), dirige "Rango" com sabedoria. Sabendo que tinha um material ousado em mãos, o cineasta tentou agradar todos os públicos. Assim como os filmes da Pixar, a obra de Verbinski traz os ingredientes que agradam os pequenos e os acompanhantes destes (e aí se incluem os irmãos mais velhos, o tio, a tia, os pais...). Se as crianças ficarão deslumbradas com as belas imagens e com as cenas de ação, os adultos poderão se deliciar com as várias referências ao cinema. "Rango" faz menção a inúmeras obras consagradas: dos clássicos do western até "Matrix". Sem escancarar suas homenagens ou depender delas, "Rango" se torna ainda mais divertido, seja trazendo a "Cavalgada das Valquírias" para uma sequência emocionante no meio do deserto ou dando vida nova a personagens imortais que fazem parte do imaginário dos cinéfilos. Mas ater-se a apenas estas qualidades é um desserviço a "Rango".

Impecável do ponto de vista técnico (a responsável pela animação é a ILM), "Rango" torna cada personagem crível graças a detalhes quase imperceptíveis que tornam a experiência visual marcante. Mas a história de "Rango" também é um ponto forte. Ainda que não tenha a demasiada profundidade da maioria dos filmes da Pixar, o longa de Verbinski traz questões interessantes e personagens bem desenvolvidos, multifacetados e cheios de vida. Se a Pixar ou a DreamWorks ou qualquer outro estúdio não lançar nenhuma obra a altura, "Rango" certamente será a melhor animação do ano.

E o segundo melhor faroeste, depois de "Bravura Indômita".
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A partir desta crítica a cotação dos filmes será feita através de estrelas (numa escala que vai de uma estrela a cinco) e não mais por notas (3,0, 6,5, 9,0, etc)

Matheus Pereira

1 comentários:

Rango é ótimo mesmo.

De fato algumas animações se arriscam nos seus argumentos, mas os caras tem tanta qualidade que o resultado positivo quase sempre é alcançado.

As referências em Rango são mesmo ótimas e pra discordar um pouquinho, devo dizer que gostei mais de Rango do que de Bravuda Indomita como western!

Abraços e parabens pelo blog.

21 de março de 2011 às 00:43  

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