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Críticas - 127 Horas - "Especial Oscar"

Crítica - 127 Horas


À primeira instância algumas histórias não podem ser filmadas. São muito simples e não apresentam reviravoltas e acontecimentos suficientes para que o público se sinta atraído e vá ao cinema. O excelente "Enterrado Vivo" conseguiu a proeza de manter um surpreendente Ryan Reynolds preso dentro de caixão e enterrado a sete palmos da superfície durante noventa minutos sem se tornar monótono ou vazio. Os acontecimentos que movem a trama são suficientes para prender a atenção do público e tornar a experiência gratificante, ainda que difícil de ser assistido devido ao clima claustrofóbico que permeia cada segundo do filme. A história aparentemente simples de Aron Ralston não daria um filme. Enquanto se aventurava numa espécie de fenda uma pedra cai e prende seu braço, o rapaz, sem poder escapar passa cinco dias apenas com um cantil com pouca água e muita perseverança. O tema é bom, afinal, história de luta pela sobrevivência e esperança movem vários aos cinemas. Ainda assim, levar a história do rapaz ainda era arriscado. Danny Boyle assume o comando. Pronto. Nada mais é arriscado. O diretor que venceu o Oscar pelo superestimado "Quem Quer Ser Um Milionário?" e dirigiu excelentes filmes como "Extermínio" e "Transpotting", levou seu estilo ágil e uniu duas coisas aparentemente impossíveis, afinal, a história de uma pessoa que fica presa não condiz com o estilo de Boyle que mantém sua câmera sempre em movimento e em constante adrenalina.

Incrivelmente a direção de Boyle combinou perfeitamente com a trama, e o roteiro, assinado por Boyle e Simon Beaufoy, merece elogios por manter a obra com dinamismo e ritmo constante. A edição do filme é outro ponto que merece destaque, e não são apenas os momentos em que a tela é separada em duas ou mais partes que merecem nossa atenção, toda a fluidez do filme se deve a isso. Assim, como a obra dirigida por Rodrigo Cortés, a edição é fundamental para manter a trama envolvente; a propósito, a edição merece destaque ainda maior por conseguir encaixar alguns flashbacks desnecessários no transcorrer da trama sem torná-la fatídica, contornando, assim, alguns problemas no roteiro.

James Franco é o cerne da obra. Seu carisma é estupendo e seu mergulho no personagem é tão profundo que sua atuação é mais do que crível, e visceral e cheia de nuances. A espinha dorsal e o melhor elemento do filme. O único problema do projeto é justamente aquele que poderia ter melhores explanações: as alucinações (a maioria) e os flashbacks (alguns). As divagações do personagem soam deslocadas e sem sentido (com exceção de uma em que o jovem tem uma visão de como pode ser seu futuro, representando, obviamente, a força de vontade do rapaz e sua força motriz para escapar da enrascada). Ainda que tentem servir como catalisador de emoções para o público e de lembranças e arrependimentos para Ralston, as alucinações falham em quase todos os aspectos.

Com belíssima fotografia, "127 Horas" é divertido e esperto, e ainda que empalideça ao lado de "Enterrado Vivo" no que diz respeito à claustrofobia/agonia, a obra dirigida por Boyle merece uma conferida por várias qualidades, por contar uma história de superação e, principalmente, como o próprio slogan revela, por mostrar que não há nada mais poderoso que a vontade do homem de sobreviver.

Nota: 9,0

Matheus Pereira

1 comentários:

É realmente um filmaço. Muito bom o texto, por sinal.

Também "resenhei" 127 Horas, dá uma olhada aí: http://ofilmedopele.blogspot.com/2011/01/127-horas.html

22 de fevereiro de 2011 às 02:18  

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