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Especial - David Fincher

___Especial___
David Fincher


O Gênio de uma nova geração

David Leo Fincher é cria dos videoclipes. Sua ascensão começou aí e seus amigos mais influentes o conheceram aí. Tendo tanta gente famosa a sua volta e dirigindo tantos clipes de boa qualidade e bem famosos, era questão de tempo até ele migrar para o cinema. Dentre os astros e estrelas que trabalhou na época dos clipes, estão: Michael Jackson, Rolling Stones, Aerosmith e Madonna. Talento com pitadas de sorte e pesadas doses de perfeccionismo catapultaram Fincher para a tela grande.

David Fincher nasceu em Denver, Colorado, EUA, em 1962. Alguns dizem que Fincher era amigo íntimo da câmera desde os oito anos de idade, e já fazia pequenos filmes. Alguns dizem, também, que a vida de Fincher mudou quando, em 1980, ele assistiu O Império Contra-Ataca, de George Lucas. Foi depois dessa experiência que Fincher decidiu o que queria fazer e, de certa forma, escolheu o seu estilo. Começou a trabalhar numa empresa de animação, e com 18 aninhos foi para a Industrial Light and Magic - ILM, de George Lucas, onde ficou vários anos. Foi nesse período que Fincher pode trabalhar em nada menos que O Retorno de Jedi e Indiana Jones e o Templo da Perdição. Depois, saiu da ILM e fez publicidade. Fez comerciais e os já citados clipes. Alguns deles estão entre os 100 melhores clipes do século.

Então Fincher vai para o cinema, e sua primeira experiência é com Alien 3 (1992). Deve ser de conhecimento geral, que o cineasta passou maus bocados na produção deste filme. Os maiores problemas foram entre Fincher e a 20th Century Fox, para fechar o pacote, o longa foi bastante criticado e o público não aprovou.

Com o resultado, Fincher recuou para a publicidade e para os clipes.


Foi então, no ano de 1995, que a sorte sorriu para Fincher. Com base no argumento de Andrew Kevin Walker, Fincher fez Seven, com Brad Pitt e Morgan Freeman. O filme foi um sucesso de público e crítica, e é referência no gênero até hoje. Em 1997 David Fincher lançou Vidas em Jogo com Michael Douglas, filme que não fez o sucesso que Seven fizera, mas manteve a boa imagem do diretor.

Em 1999 veio a obra máxima. Clube da Luta, a obra-prima, chegou aos cinemas gerando muitas controvérsias e não foi um sucesso de bilheteria, porém, o filme foi um sucesso absoluto em VHS e DVD. Como toda obra-prima, o filme recebeu algumas críticas negativas em seu lançamento, mas com o passar dos anos foi ganhando o status merecido, hoje Clube da Luta é referência não só do gênero, mas do cinema moderno, e está em oito de dez listas dos melhores filmes do século. Hoje, no site Rotten Tomatoes, Clube da Luta tem 81% de aceitação da crítica, uma média de 7,3/10 e 95% de audiência. Números altos no parâmetro do site.

Em 2002, Fincher preferiu algo "menor", menos polêmico. Com Jodie Foster o cineasta lança O Quarto do Pânico, suspense inteligente e claustrofóbico. Fincher mantém seus vícios técnicos e agrada o público e a crítica, ainda que mais contido. 2006 foi o ano de Zodíaco. Suspense que conta a história do serial-killer Zodíaco. Fincher foi ousado ou fazer um filme sem um final "certinho". Não é dúvida pra ninguém que o assassino nunca foi pego. Mas o que vale aqui é o desenrolar da história, e não o seu fim. Mais uma vez, o cineasta foi injustamente esquecido pela Academia.

Em 2008, David chega ao ápice da ousadia. O Curioso Caso de Benjamin Button era tido como "infilmável", mas Fincher conseguiu a proeza de filmar e acima de tudo, lançar um excelente filme. Aqui o perfeccionismo do diretor fica ainda mais evidente. Dizem que o cineasta fazia com que sua equipe trabalhasse horas a fio até conseguir a perfeição. Se alguém dissesse que alguma coisa não era possível, ele mandava a pessoa tentar mais uma vez. O resultado é o que se vê na tela. Um filme tecnicamente perfeito.

Em dezembro, David Fincher lança "A Rede Social", filme sobre a história do Facebock que já é um sucesso e pode dar, finalmente, a estatueta dourada para um dos melhores (se não o melhor) diretor de sua geração.

Os Filmes de David Fincher

Alien 3

David Fincher faz a estreia como diretor nos cinemas com a terceira parte da série Alien. O clipeiro e publicitário faz um filme burocrático sob as rédeas curtas da Fox puxando seu cabresto. O resultado foi um filme de ação sem ação, que se sustenta pelo nome da franquia e carisma de Sigourney Weaver, novamente, no papel da tenente Ellen Ripley. O roteiro requenta os ápices dos filmes anteriores e temos uma obra sem muito brilho. A nave de Ripley sofre uma pane e cai num planeta-prisão, o acidente na realidade foi causado por um alien infiltrado. Ela se une a população local, incluindo ex-criminosos que praticam estranhos cultos religiosos para tentar acabar com o alien. Entretanto, o invasor alienígena não é o único vilão e todos correm contra o tempo para salvar suas vidas. Com essa história picareta é considerado o mais fraco da série e a estreia de Fincher como diretor de cinema não é das melhores, fez um filme onde tudo é pretexto apenas para mortes e mais mortes e nada mais diverte ou empolga em mais de duas horas de projeção. O filme de 1992 teve indicação ao Oscar de efeitos visuais.

Seven

Depois de ter sérios problemas no set de Alien 3 e perder um pouco da esperança no cinema, David Fincher recebeu o argumento de Andrew Kevin Walker. A história de um serial-killer que assassinava pessoas que cometiam um dos sete pecados capitais parecia simples, mas os detalhes foram aparecendo e Seven se tornou muito mais que um simples filme sobre um assassino. Havia toda uma questão metafórica por trás das mortes, toda uma ideia, um esquema que tornava o caso interessantíssimo para o espectador e enlouquecedor para os policias David Mills (Brad Pitt) e William "Smiley" Somerset (Morgan Freeman). Fincher, conhecido pelos vícios técnicos e perfeccionismo, já deixava suas marcas e mostrava seu estilo. É incrível o que Fincher pôde fazer com um orçamento baixo. Além de ter um roteiro excelente, o filme é muito bem feito; um exemplo disso são os famosos créditos iniciais e a violência gráfica. Brad Pitt (que parecia não estar afetado pela fama total) concebem um personagem forte, mas frágil. Jovem e imaturo, seu personagem passara cinco anos na divisão de homicídios, e um caso como o retratado no filme talvez não fosse o ideal. Morgan Freeman concebe um personagem cheio de nuances; maduro, inteligente e, acima de tudo, experiente, "Smiley" completa Mills, assim como Freeman completa Pitt e vice versa. A participação de Kevin Spacey no final é excepcional e o desfecho perturba. Depois de Seven os filmes do gênero mudaram, todos queriam ser iguais ou superá-lo.

Vidas em Jogo

O terceiro longa-metragem de Fincher reúne Michael Douglas e Sean Penn, como Nicholas e Conrad Van Orton, respectivamente. Nicholas acorda estranho, é seu aniversário de 48 anos, mesma idade em que o pai se suicidou. O milionário recebe um presente do irmão Conrad: um vale-diversão de uma empresa chamada Serviço de Recreação ao Consumidor. O jogo começa. E parece que o objetivo é matar Nicholas e acabar com sua fortuna. Fincher manipula um jogo de gato e rato com tremendo calculismo, que algumas cenas são emoção zero! Mas, com a qualidade dos atores principais, temos um filme competente e que empolga. Nicholas vai à polícia e descobre que a empresa nunca existiu, então segue a paranóia que qualquer um à sua volta é um assassino em potencial e tem que se virar sozinho para salvar a própria pele. O conjunto da obra leva a um resultado final satisfatório, mas aquém vindo de um cara que dois anos antes entregou Seven.


Clube da Luta

É incomensurável a importância de Clube da Luta. Tanto para o cinema quanto para a sociedade atual. Uma crítica incisiva a sociedade consumista de hoje. Um filme que veio na hora certa. 1999, ano em que o consumismo estava definitivamente começando a mostrar as garras, acabando com a identidade das pessoas (não é a toa que um dos temas de Clube da Luta é a identidade trocada e confusa). A tela do cinema virou um espelho. Um retrato fiel do que a sociedade e as pessoas estavam se tornando. O quadro pintado por David Fincher incomodou muita gente. Gerou polêmica. Fez pensar. Clube da Luta é tão bom, que o autor do livro que inspirou o filme confessou que a obra cinematográfica é melhor e mais inteligente que a sua. Clube da Luta é explosivo, é perfeito em todos os aspectos, tanto técnico (os efeitos especiais aliados a quadros e planos inventivos) quanto narrativo. Fincher prova que sabe fazer um filme bem feito e com cérebro, prova que os efeitos podem servir à história e não desmerecê-la. Muita gente acha que a importância de Clube da Luta foi uma causalidade, algo que ganhou força com o tempo, que nada foi pensado. Eu só digo uma coisa: não duvide da capacidade e da inteligência de David Fincher.

O Quarto do Pânico

Com elenco e cenários reduzidos, Fincher faz um filme claustrofóbico e angustiante em O Quarto do Pânico (nome de um cômodo de segurança máxima dentro de uma residência). Meg (Jodie Foster) e Sarah (Kristen Stewart) se mudam para um casarão, que é invadida por ladrões. Elas se escondem no "quarto do pânico", de onde monitoram toda a movimentação dos bandidos por meio de um circuito de televisão interna. Meg descobre que o objeto de procura dos ladrões está exatamente no quarto onde estão refugiadas e para complicar a situação: Sarah tem um problema de saúde e necessita de medicamentos que estão em outro cômodo, então a mãe tem que sair do quarto. Fincher se mostra um virtuoso no comando da câmera, intercalando movimentos rápidos e lentos, faz aumentar a cada quadro a sensação de aflição, suspense e medo. A história é boa e o time de atores segura as pontas, até a jovem Kristen Stewart se sai bem, mostrando talento que não se vê em outro filme recente dela que faz muito sucesso entre os adolescentes. E a abertura é cheia de estilo e apesar de tudo ser estático, já conseguimos compreender o ritmo do filme graças à trilha de Howard Shore.

Zodíaco

Como todo gênio, David Fincher gosta de entrar na mente das pessoas analisando a mente de outras. Faz parte de seus vícios investigar a natureza dos atos humanos e de suas escolhas. Se olhar com afinco, verá que todos os seus filmes trazem personagens bem estudados e estruturados. Até no menos ousado Quarto do Pânico os personagens recebiam um bom tratamento. Em Zodíaco Fincher mergulha na história do serial-killer conhecido como Zodíaco que matava suas vítimas e deixava enigmas, textos escritos através de códigos o que tornava tudo mais intrigante. Fincher não entra na mente do assassino e, sim, na mente dos investigadores. Sejam eles, profissionais ou curiosos, Fincher explora a mudança e o caos que o caso de Zodíaco causou na mente das pessoas relacionadas. A obsessão por respostas, a busca pela verdade e pela justiça moviam os personagens. Em Zodíaco tem espaço pra tudo: exercícios de estilo, roteiro afiado e atuações excelentes. É nítida a entrega dos atores. Jack Gyllenhaal prova, definitivamente, que não era apenas um sorriso e um rosto bonito, entregando um personagem falho, cheio de nuances. Robert Downey Jr. rouba a cena cada vez que aparece e Mark Ruffalo mais uma vez mostra seu subestimado talento. Talvez este seja o trabalho mais ousado, arriscado de David Fincher; afinal, como todos sabem, o assassino não é pego, o caso fica em aberto e o público pode sair com certa frustração. Bobagem, pois o que vale em Zodíaco - e no cinema de Fincher - o que vale é o desenvolvimento, o desenrolar da história e os acontecimentos que levam seus personagens aos mais diversos caminhos, e não o final. O final é apenas uma consequência.

O Curioso Caso de Benjamin Button

Podem chamar O Curioso Caso de Benjamin Button de melodramático, maniqueísta e tudo mais; afinal, a estranha história de Benjamin talvez não seja para qualquer um. A ideia do pobre bebê que nasce velho (sua saúde e sua aparência são de um heptagenário) e rejuvenesce com o passar do tempo pode soar absurda, e talvez seja. David Fincher usa e abusa dos seus vícios. Aqui, todos os exercícios de estilo são explorados. Mas Fincher é inteligente e usa seus devaneios a serviço da história. Os efeitos especiais perfeitos encantam. Fincher prova que sabe cuidar de tudo: roteiro, atores, cenários, efeitos, entre outros pontos fundamentais. O filme, que tem mais de cento e sessenta minutos de duração, só é chato para aqueles que não apreciam uma bela história de amor, uma fábula sobre o tempo. David, sempre ousado, falar sobre coisas perigosas: amor, tempo, vida e morte. Quatro constantes na vida de um ser humano. Todas com seu devido sentido, com seu devido questionamento e com sua devida resposta. Se pararmos e analisarmos, veremos que as quatro constantes estão ligadas, uma leva a outra das maneiras mais diferentes e emocionantes. Benjamin experimenta cada detalhe da vida, cada passagem do tempo e cada sensação do amor de uma maneira peculiar: de trás para frente. A vida cheia de surpresas, o amor improvável (como se relacionar com alguém sabendo que ela envelhece e você fica cada dia mais jovem, e pior, como criar um filho?), o tempo indelével e desordenado. Apenas uma coisa é igual para todos, a foz de todos os caminhos: a morte. Fincher aborda esses assuntos delicados com maestria e entrega um filme profundo, completo. Aquilo que eu chamo de obra-prima, de clássico.

A Rede Social

Um nerd sem tato social, para ele o contato físico é desnecessário, fala como tudo fosse um conjunto de combinações binárias e códigos digitais, assim é Mark Zuckerberg apresentado no início do filme, um garoto escondido por trás de sua inteligência, timidez e arrogância. Tudo que ele queria é ser descolado e reconhecido dentro da "estratificação social" dos clubes de estudantes de Harvard. Assim, leva essa disputa para seu domínio: a internet! Primeiro mostra toda sua sutileza ao debochar da ex no blog pessoal e depois cria uma disputa das garotas mais bonitas da universidade via internet. Então, com ajuda financeira e matemática do amigo Eduardo Saverin e "roubando" a ideia de um trio de mauricinhos populares do local, cria um site que em pouco tempo se torna um fenômeno: o Facebook. A história é narrada com flashbacks e flashfowards entre a vida na universidade, a criação do site e os dois processos no qual Mark está envolvido. Um do trio descolado por roubarem a ideia do site e outra de Eduardo, o melhor amigo traído. A falta de personalidade de Mark vem à tona quando ele conhecer Sean Parker, um dos fundadores do Napster e fica obcecado pelo ídolo. Justin Timberlake fica bem à vontade no papel. Mas é no confronto de caráter e emoções de Mark (Jesse Eisenberg, o nerd perfeito e anti-social) e Eduardo (Andrew Garfield, o novo Homem-Aranha fazendo o brasileiro sonhador) que temos um show de interpretação da nova geração de atores de Hollywood. A cena da prova de remo era pra ser tudo aquilo que sempre nos acostumamos de Fincher: plasticidade, beleza e só, mas ao final temos um dos momentos cruciais da trama e de forma natural e explosiva. Um filme que marca uma geração e se coloca entre os melhores da década, mostrando toda a grandeza deste excepcional diretor.
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Textos:

Matheus Pereira: O Gênio de uma nova geração, Seven, Clube da Luta, Zodíaco e O Curioso Caso de Benjamin Button.

Fernando Fonseca: Alien 3, Vidas em Jogo, O Quarto do Pânico e A Rede Social.

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