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Crítica - 2012


A crítica demorou, mas ao menos, saiu antes do fim do mundo!

Acho que já falei isso alguma vez em alguma crítica minha. Se falei, irei repetir. Se não, bem, essa então é a primeira vez. Você não pode criticar uma comédia pastelão por ela ser uma comédia pastelão. Você não pode criticar o excesso de "açúcar" em um romance. Você não pode criticar as constantes cenas de ação em um filme de ação. Nem pode criticar o excesso de efeitos especiais e a falta de roteiro em um filme de Roland Emmerich. Ou seja, você não pode criticar algo que o filme se propôs a fazer. Você não pode criticar algo que o filme desde o início lhe mostrou. As pessoas não podem criticar a falta de roteiro de 2012 porque estas sabiam desde o princípio que era isso que ocorreria e que o próprio diretor sempre demonstrou. Quando um filme se propõe a fazer algo e faz bem, não podemos criticar justamente o que ele propôs. No caso de 2012, roteiro inteligente e original não existe, e sim, muitos efeitos especiais excelentes e cenas de ação muito bem orquestradas. E é isso que o filme sempre prometeu. Roland Emmerich sempre deixou bem claro que é isso que ele sabe fazer. Sempre mostrou, desde o início de sua carreira, que não sabe fazer outra coisa. Emmerich propôs destruir o mundo como um espetáculo. E é assim que ele faz. Tudo é grandioso e belo (nunca achei que a destruição do mundo seria bela e me encheria os olhos) e não podemos criticá-lo por causa disso.

É um saco de clichês. A começar pelo cientista que descobre a catástrofe e luta para levar tal descoberta ao governo. Passando pelo presidente dos Estados Unidos da América (nos filmes de Emmerich não basta ser apenas "Estados Unidos" ou "país", tem de ser Unites States of America) num lapso de humanidade, arrependimento e criatividade para discursos. A filha do presidente. O escritor fracassado, separado da esposa, cujo filho mais velho o chama pelo nome, não de pai. O padrasto. E mais alguns clichês aqui e ali. Mas o espetáculo é tão perfeito e as cenas tão reais que os clichês ás vezes passam quase desapercebidos.

Por mais que saibamos desde o princípio que o roteiro de 2012 não seria grande coisa, é impossível não apontar seus erros. Os personagens são superficiais. Em nenhum momento conseguimos entender certas atitudes e nem seus objetivos. Não conhecemos seus passados. De onde vem, e de certa forma, nem pra onde vão. Sabemos os básico sobre cada um. O que cada um faz agora. Hoje. No presente. Nada que tenha acontecido antes importa. Isso atrapalha qualquer tipo de conexão com os personagens. São mais de cento e cinquenta minutos de filme. Oitenta por cento é voltada aos efeitos. Os outros vinte por cento são voltados a um "blá blá blá" político e moral (quem deve ser salvo, quem não). Apesar de John Cusack ter um carisma invejável e o elenco de coadjuvantes estar no ponto, nada salva a superficialidade dos personagens.

Roland Emmerich, é claro, sabe dirigir cenas grandiosas. Cenas de destruição enchem os olhos e fazem vibrar. Mas no quesito "cabeça", Emmerich peca. A começar pela política. Os presidentes americanos são figuras marcadas (até no péssimo 10.000 A.C. achei que teria um estereótipo de um presidente dos States) em seus filmes. E só. Os outros quesitos políticos caem por terra. Os governantes estrangeiros aparecem apenas para decidir alguma coisa ou para ouvir os discursos do presidente americano (como se ele fosse não apenas o presidente de um país, mas sim o governante mundial. O "chefe" do mundo. O que é uma grande falta de modéstia de Emmerich). Embora 2012 não seja um filme político, e isso desviaria a atenção do público do fator principal, 2012 ás vezes tropeça ao colocar num pedestal certas figuras políticas e cair nos clichês. É no quesito religioso que Emmerich tropeça ainda mais. Ele não escolhe uma religião no decorrer de seu filme. Ora parece cristão, ora ateu. Ora destrói sem pudores monumentos religiosos. Ora opta por uma estranha apologia a certas religiões (como se, no final do mundo, fosse extremamente necessário ser religioso, para assim, ter um julgamento mais brando). Emmerich talvez fez certo ao não tomar certas decisões, talvez optou por não se responsabilizar por certas escolhas, então, decidiu não escolher entre uma coisa e outra. Emmerich chega muito perto de ótimas escolhas, mas pega um caminho totalmente diferente na última hora. Emmerich também usa artifícios emocionais baratos e ás vezes cai no melodrama, mas por hora acaba nos conquistando.

Chegamos então ao que interessa: os efeitos especiais. Eles estão todos lá. Perfeitos. Se Emmerich peca nas escolhas políticas, religiosas ou emocionais, dá um show em cenas grandiosas. Se há uma coisa que ele sabe fazer, e bem, é destruir o mundo. Não importa a época ou o lugar, o que importa é destruir. Todos aqueles erros de narrativa parecem sumir quando uma bela cena de ação surge na tela. Das rachaduras no chão de Los Angeles até as pedras de fogo bem no estilo Armageddon. Tudo é muito perfeito e bem dirigido.

2012 tem uma considerável parcela de erros, mas é tão divertido que tais erros ás vezes dizem: "Nos esqueça, dê bola para os efeitos e nos esqueça". E é isso que se há de fazer. É o melhor. Não leve tudo ao "pé da letra", pois do contrário, a decepção vai ser catastrófica.

Nota: 7,0

Matheus Pereira

2 comentários:

kkk...decepção catastrófica...Gostei!

5 de fevereiro de 2010 às 13:27  

Muito concordei com a sua crítica... Quando assisti no cinema, todo mundo saiu metendo o pau mas, mesmo tendo gostado mais de "O Dia Depois de Amanhã" acho que nesse aí recebi pelo que paguei! Não esperava por muito mais que isso.

12 de fevereiro de 2010 às 12:17  

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