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Melhores Momentos - Anos 2000 - Parte 5

Anos 2000
Por Matheus Pereira

Quando começamos a construir algo não temos certeza se chegaremos ao fim da construção. Lá pela metade da obra o cansaço vai chegando, a dificuldade exala em dobro e não temos certeza se vamos continuar. Quando comecei a escrever esta matéria não imaginava onde iria chegar, quando iria parar, se chegaria até o fim ou não. Já pensei em desistir, confesso, mas sempre acabo voltando, pois o prazer que esta matéria me proporciona ainda não tem uma palavra certa para descrevê-lo. Olhando para trás vejo a quantidade de filmes que passaram pelos cinemas, parece que não vai acabar, já se foram quatro partes de matéria, quarenta filmes, e a fonte parece estar longe de secar. Vontade? Ainda tenho. Difícil? Com certeza, é a matéria que mais me toma tempo e paciência. Prazer e alegria? É o que sinto ao escrever cada linha desta matéria. Na minha lembrança brotam os mais variados filmes, parece faltar lugar para tantos longas. Sei que infelizmente muitos filmes ficarão de fora, mas tenho certeza que muitos passarão por aqui, fazendo-nos lembrar o quão bom é o cinema, o quão é importante em nossas vidas e como exerce um certo poder sobre nós, pois nestes dez anos, sofremos, choramos, rimos e gritamos tudo por causa do bom e velho cinema...

Eis a quinta parte dos Melhores Momentos: Anos 2000!
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"Um homem morre no metrô de L.A., será que alguém vai notar?"

Colateral - Michael Mann é um cineasta que vai contra a maré. Enquanto outros cineastas criam outras tecnologias, as aperfeiçoam e depois criam outras (James Cameron que o diga), Mann há tempos está aperfeiçoando a mesma técnica. Levemente testada em filmes anteriores (Ali) e constantemente usada em Colateral, Mann aperfeiçoou a técnica digital em Inimigos Públicos. Mas foi mesmo em Colateral que o cineasta mostrou ao mundo como se usa uma câmera digital com maestria. Mann trás seu filme grande parte da metragem dentro de uma táxi, o que poderia trazer dores de cabeça infindáveis ao diretor trouxe o status de "mago das câmeras digitais". Mann soube como ninguém manusear sua câmera dentro de um carro, pondo um clima claustrofóbico nas cenas (nos últimos anos o único que soube manusear uma câmera dentro de um carro com perfeição foi Alfonso Cuarón em Filhos da Esperança e Steven Spielber gem Guerra dos Mundos, mas este último também realizou a sequência fora do carro). Roteiro inteligente, que dá sinais de tropeços, mas na verdade nunca cai. O filme mostra, principalmente, as escolhas pequenas que fazemos todos os dias, mas que causam um efeito enorme depois. Em um teste, por exemplo, se você marcar rapidamente a alternativa "D", esta é uma pequena escolha que pode acarretar no seu sucesso ou na sua desgraça. Aqui, quando Vincent (personagem de Tom Cruise) chega na janela do táxi de Max (Jamie Foxx) e este não escuta, Vincent vai embora à busca de um outro táxi, ao notar que Vincent está indo embora, Max o chama. Vincent entra no carro e dali em diante a noite é turbulenta. E se Max não visse Vincent e deixasse ele procurar outro táxi? E se Vincent embarcasse em outro táxi? Os rumos seriam diferentes? Um simples ato de chamar Vincent para o táxi fez da noite de um simples taxista a mais alucinante de todas. A parte final é tensa e mostra um jogo de sombras em vidraças que faz de Vincent um assassino serial no estilo de Jason Voorhees.
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"Nós temos que sobreviver! Alguém tem que sobreviver!"

Madrugada dos Mortos - Alguém teria que representar os eternos zumbis, afinal, estes tomaram boa parte dos cinemas na década passada. Uns feitos diretos para TV e sem grandes pretensões, outros dignos de nota, mas pouquíssimos, talvez uns dois, ou ainda mais dramático: um apenas. E este é Madrugada dos Mortos de Zack Snyder. Aqui não vemos apenas mortes e muito sangue, e sim algum propósito, alguma ação. É um filme que incrivelmente tem conteúdo. O primeiro filme da curta e já brilhante carreira que inclui 300 e Watchmen, ambos dignos de nota, e que com certeza terão espaço nesta lista. Snyder cria algumas cenas marcantes e bem feitas(uma das cenas iniciais em que uma câmera está presa na parte traseira do carro filmando todo o caminho percorrido e mostrando toda a catástrofe) e extremamente gráficas (a cena da mulher obesa e infectada e nojenta e muito bem feita). Tenso, trash, movimentado e cheio de referências pop, "Madrugada" tem tudo o que um fã de filmes de zumbis quer. Znyder honra os filmes de outrora de Romero, cria um novo estilo e chama novos fãs ao gênero. Depois deste veio o mediano, mas divertido, Terra dos Mortos de Romero. "Terra" não teve a mesma sorte e a mesma mistura de "Madrugada", mais recentemente chegou diretamente em DVD o mediano Diário dos Mortos, também de Romero, este nem é digno de uma nota importante, segue os mesmos estilos de vários outros filmes do gênero, que com certeza não está desgastado, pois se estivesse Snyder não tinha concebido uma obra tão boa. Destaque para as cenas inicias em que a personagem principal vai descobrindo das piores formar o que está acontecendo. Mas nada se compara ao final, que de um ponto de vista, é revoltante...
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"Será que são terroristas?"

Guerra dos Mundos - Não sei se você notou, mas em cada edição desta matéria sempre consta um filme duramente criticado pelo público e pelos "especializados". Já passaram por aqui A Vila (tem seus defensores, mas estes são minúsculos perto dos inúmeros detratores), O Terminal e A.I. Inteligência Artificial (está entre os cinco melhores filmes da década, na minha opinião), mas como esta é uma lista pessoal, e todos os filmes que constam aqui é porque me marcaram de alguma maneira, seja ela pequena ou enorme, muitos destes filmes criticados passarão por aqui, seja representado por um filme em cada edição, ou por mais. O maior representante de tais filmes nesta edição é Guerra dos Mundos de Steven Spielberg. Muitos e muitos criticam este divertido filme, mas eu adoro, Há algo nele, assim como em muitos outros filmes, que bloqueiam os tais erros que todos comentam, parece que só tenho olhos para as qualidades do filme, que convenhamos, não são poucas. Tem furos de roteiro? Tem sim, mas os filmes mais vistos e elogiados e vistos dos últimos anos também (hã... err... bem... huummm... Titanic... hummm... Avatar... hãããã...). Já perdi as contas de quantas vezes assisti. Divertido e com uma levada sedutora, "Guerra dos Mundos" te pega de leve, te prende aos poucos, te sacode e te diverte. Não é só efeitos, tem lá sua histórinha, pode até ter seus clichês ou derrapadas, mas a diversão paga tudo. É como montanha-russa, no final você vomita ou passa mal, mas a diversão é impagável. Destaque: para o plano seqüência dentro e fora de uma carro em movimento, a direção de Spielberg, como sempre, se destaca.
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"Nesta família, não resolvem os problemas batendo as pessoas!" "Não, se resolve atirando nas pessoas"

Marcas da Violência - O que te marca? Não, não fisicamente, mas sentimentalmente, moralmente? A mentira? A violência? A violência marca as pessoas para sempre. Seja o agressor, seja o agredido. Ambos são marcados. Aquela velha história de quem bate esquece e quem apanha não, cai por terra. Se você bate, e a pessoa agredida ou algum conhecido volta para a vingança, ah meu caro, podes ter certeza que você também foi marcado pela violência. A violência envolve muito mais do que você imagina. Não é só o físico. Só o soco. Só o chute. Violência envolve princípios, atitudes, moralidades. Se você bate em alguém é porque algo diverge. Alguma opinião, algum princípio. Se você tiver um pingo de bom senso e inteligência não vai sair batendo em qualquer um que vê pela frente, você pode partir para a violência física se a violência verbal e moral o afetou em primeiro lugar. Enfim, a violência envolve sentimentos: a raiva, o ódio, os requisitos básicos de defesa humana. É lógico que nesta pequena obra-prima de David Cronenberg muito mais é explorado, mas a violência vem em primeiro lugar. Ambos os lados são marcados, não temporariamente, mas para sempre, é como os dilemas: um gay nunca vira um ex-gay, um viciado nunca vira um ex-viciado (muito poucas vezes isto acontece), ou seja, tudo volta, seu passado reflete em seu futuro, a violência vai, vem, dá uma volta e para na sua frente de novo, volta pra você como um boomerang, no final todos envolvidos são marcados, resta saber se você vai encará-la novamente ou não. Destaque para as fortes cenas de violência e sexo, extremamente bem dirigidas por Cronenberg.
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"Teatralidade e ilusão são agentes poderosos."

Batman Begins - Depois de ser revelado ás telonas pelo gênio Tim Burton em Batman e Batman: O Retorno, a saga do homem morcego já teve seus altos e seus baixos até ser reinventada com maestria por Christopher Nolan. Já ficou sombria com Burton, virou um carnaval indo contra a ordem correta da coisa nas mãos de um perdido Joel Shumacher e chegou ao ápice com o roteiro dos Nolan Brothers. Nolan, juntou um tom sombrio, um roteiro inteligente, vilões realistas, realidade e a origem do morcegão. O resultado, foi um profundo filme de superherois que até então não se vira no cinema. Nolan foi até o limite a aproximou Batman e Wayne o máximo que podia da realidade. Aqui, os heróis e seus antagonistas não voam, não atiram teias ou são destrutíveis diante uma pedra verde, aqui heróis e antagonistas são pessoas normais, com problemas normais que veem na violência ou na proteção uma forma de pôr para fora seus sentimentos mais profundos. Bruce Wayne, por exemplo, veste uma "fantasia" de morcego porque acha que a "fantasia" irá assustar seus adversários, assim como os morcegos normais os assustavam. Os antagonistas não são simples vilãezinhos de fazem o mal e dão risadas malévolas, aqui os vilões têm princípios, opiniões, lados e atitudes deveras humanas. Nolan, como sempre, concebe uma direção perfeita, na técnica e na narrativa, Nolan tem um poder sobre seus projetos que impressiona. Nolan sabe onde está pisando, conhece o terreno e concebe cenas tecnicamente perfeitas e emocionalmente profundas. Amparado é claro, pela excelente fotografia indicada ao Oscar. O melhor momento é o do treinamento com Liam Nesson. Nolan preparou o terreno para a obra prima absoluta do heroi.
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"A fera olhou para o rosto da beleza. E a beleza estendeu sua mão, e a partir desse momento ele estava morto."

King Kong - Peter Jackson sabe como comandar um espetáculo grandioso. Sabe unir cérebro e ação desenfreada sem perder a mão. Foi assim na trilogia O Senhor dos Anéis (mantive o acento agudo pois se trata de um título criado antes da mudança ortográfica) e é assim em King Kong. Jackson cria cenas inimagináveis, amparado por efeitos especiais que quebram qualquer paradigma e surpreende até os mais "acostumados". Cenas antológicas como a briga com enormes dinossauros e a batalha final na cidade já fazem parte da memória humana e cinematográfica. Certa vez, passava por uma loja daqui do centro da cidade, e estava passando em uma TV King Kong, era na época em que o DVD acabara de sair. Era uma tela plana de umas 32 polegadas ou mais, curiosamente passava no momento a cena de luta de Kong contra os dinossauros. Consegui constatar que era tal cena quando me esgueirei no meio de uma incrível aglomeração na frente da loja. Várias pessoas pararam na frente da loja apenas para assistir a movimentada e bem feita cena. Ninguém queria o DVD, muito menos a cara TV, todos queriam era assistir a cena, prestigiar o espetáculo de Jackson. Isso, é a tão falada magia do cinema, com efeitos ou sem efeitos especiais, garanto que as pessoas chegariam perto e acompanhariam as imagens de Jackson, por quê? Porque Jackson sabe conduzir um espetáculo como ninguém, seja ele pequeno, seja ele grandioso.
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"Eu estou de volta!"

Homem Aranha 2 - Há filmes que só podem ser vistos em um lugar. O cinema. São legais e excelentes na telinha também, mas no cinema a experiência é indescritível. Ontem, quando estava dando uma "passeada" básica pelos canais para ver se encontrava algo legal e merecedor de atenção, achei Homem Aranha 2, e pensei: "Esse é o típico filme pro cinema", ele foi feito pra ser apreciado dessa forma e quem não assistiu-o dessa forma perdeu um grande espetáculo. Conheci o trabalho de Alfred Molina aqui. Já tinha visto ele em outros trabalhos, claro, mas ele me chamou atenção de verdade neste aqui. Molina entrega um vilão profundo, nunca superficial ou unidimensional. Tobey Maguire está normal. No ponto. Sem exageros, mas ainda sim é o Peter Parker perfeito. Sam Raimi aperfeiçoa a direção com o cabeça de teia e concebe uma obra muito superior a anterior, mas ação, mais efeitos, mais barulho e o melhor: cérebro! As dúvidas de Parker são melhor exploradas, os dilemas de um homem normal com alguns problemas bem atípicos. A história de "grandes poderem trazem grandes responsabilidade" grita e esperneia aqui. Parker precisa abrir mão de certas coisas para poder continuar salvando as pessoas,e é impossível não se imaginar no lugar do sujeito. A melhor cena é luta sobre o metrô. Sucesso nas bilheterias, deixou o terreno pronto para uma sequência, não tão boa quanto as duas primeiras, mas ainda divertida.
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"Ela treme ao vento como a última folha de uma árvore moribunda. Deixei-a ouvir meus passos. Ela só vai durar por um momento."

Sin City - Nunca gostei de Robert Rodrigues. Confesso. Aprendi a gostar de Quentin Tarantino com a Anabela e os amigos da comunidade. Sin City tinha tudo para dar errado pra mim. E deu. Na primeira vez que o assisti achei péssimo. Péssimo mesmo, com "p" maiúsculo. Não gostei do estilo, da história, da direção, de tudo. Mas parece que Deus sabia que eu se eu assistisse de novo, eu ía gostar. Dito e feito. Mesmo não gostando da primeira vez, parei e assisti de novo. A surpresa? Gostei. Inexplicavelmente, aquele filme que havia odiado, tinha me convencido. O estilo parece que tinha mudado de "sem graça" para revolucionário, ou não, já que ninguém conseguiu repetir tal estilo com tanta sorte e perfeição, nem mesmo o criador Frank Miller no péssimo (esse nem com três visitas posteriores se torna bom) The Spirit conseguiu repetir tal estilo. Sin City parece uma HQ em movimento. A melhor cena, é claro, é aquela dirigida por Quentin Tarantino em que Benício Del Toro conversa com Clive Owen dentro de um carro, só que Del Toro está numa situação, digamos, absurda...
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"Claro que tenho uma identidade secreta. Não conheço um único super-herói que não. Quem quer a pressão de ser super todo o tempo?"

Os Incríveis - A Pixar parece estar em outro mundo. Parece ser uma organização criada por alienígenas que pretendam dominar o mundo. É incrível o poder exercido não só nas crianças, mas nos mais velhos também. É incrível, por exemplo, como os caras da Pixar conseguem fazer com que bonecos e peixinhos emocionem tanto quanto (ou mais) um ator de carne e osso. É incrível, como personagens feitos digitalmente sejam tão reais, tão viscerais, tão... humanos. Os personagens da Pixar são espelhos do que realmente somos. Em Os Incríveis, uma família de superherois tenta viver como uma família normal. Não é a melhor obra da Pixar, mas com certeza uma das melhores. Com a técnica indiscutivelmente perfeita da Pixar e o roteiro muito original, Os Incríveis foi muito bem nas bilheterias e conquistou a crítica. A trilha sonora excelente de Michael Giacchino fora indicada ao Oscar, tal qual o roteiro, não venceu nestas duas, mas abocanhou, merecidamente, o prêmio de Melhor Animação. Para os aliens da Pixar, fazer animações parecem um passeio no parque, tal qual é para nós assisti-los. As melhores cenas são os depoimentos iniciais.
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"Esta não é uma história de façanhas extraordinárias"

Diários de Motocicleta - Esta não é uma história de façanhas extraordinárias. Algo parecido é dito logo nos segundos iniciais de Diários de Motocicleta. Não são as façanhas de Guevara e Granado que importam no longa de Walter Salles, e sim o aprendizado com tais façanhas ou as consequências de tais façanhas. Atravessar a América Latina em uma moto já é um façanha louca e admirável, agora, cruzar a América Latina, numa moto caindo aos pedaços, é um façanha digna de Nobel. Sob a "Poderosa" Guevara e seu fiel parceiro resolvem cruzar a Amércia Latina. Granado, um bioquímico, Guevara, um estudante no final da faculdade de medicina. Dois loucos que partem em busca de sonhos: conhecer outros lugares e pessoas, se divertir, aprender e tudo mais, mas o destino dos loucos argentinos é chegar no Peru, em um local onde as pessoas com lepra ficam, lá eles irão se aprofundar no assunto e aprender os mais sublimes sentidos da vida. Walter Salles alia técnica, emoção, alma e realidade ao filme. Diários é um road movie, não podemos negar, mas seu roteiro não cai na pieguisse, as atuações são excelentes, com destaque, claro, para Gael García Bernal e Rodrigo De la Serna (primo em segundo grau de Che Guevara), este último, rende as cenas mais cômicas e inesquecíveis, desbocado e bom de papo, De la Serna injeta uma humanidade inacreditável a Granando, o que poderia ser apenas um personagem para alívio cômico, torna-se um homem real, com erros, mas eternamente fiel ao amigo Guevara. Dirigido com maestria pelo brasileiro Salles, "Diários" pode não ser uma história de façanhas extraordinárias, mas é, ao todos, uma façanha mais que extraordinária.
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Peço desculpas pela demora da quinta parte, mas estes textos estão sendo difíceis de escrever, mas aos poucos fica pronto! Agradeço de coração a todos pela força e pelos elogios, sem vocês essa empreitada não continuaria! Abraços deste apaixonado cinéfilo!

E comentem!

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