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Moviemix



Sem filmes de Natal.

Por Anabela


Não sei quanto a você, querido leitor (se é que tenho algum); eu, particularmente, detesto filmes natalinos. Isso inclui desde o irritante clássico da propaganda enganosa A Felicidade Não Se Compra de Frank Capra, ao famoso e já bastante adaptado Scrooge de Charles Dickens, que para mim é o pior deles. Aquela estória de “seja bonzinho ou então veja as coisas horríveis que vão acontecer com você” acaba com a minha paciência, talvez por saber que a nossa consciência é melhor guia do que qualquer espírito bobão, chato e chantagista. Também me incomoda muito o fato de que certas datas, tragam agregadas uma série de sentimentos pré-estabelecidos; dessas, o Natal é a pior.
Amizade, solidariedade, paciência, fraternidade, tudo que nos é enfiado, junto com o pobre coitado do peru, goela abaixo durante as festas, costuma ficar entalado em algum ponto entre meu cérebro e minha garganta, juntamente com os filmes natalinos. Me questiono se com esse tipo de idéias eu seria merecedora da atenção do anjo que ajuda Jimmy Stewart no filme de Capra, já que nem os perus, por razões insondáveis, o são.
Correndo o risco de ficar sem a visita de Papai Noel por finalmente ter declarado meu desprezo às películas natalinas, tomo a liberdade de recomendar para esse Natal a meus improváveis leitores, filmes cujos protagonistas, sem ter o privilégio de visitas angelicais, erram, acertam e crescem aos meus olhos, pois me reconheço em cada um deles.
Garçonete – Neste filme, roteirizado e dirigido pela falecida Adrienne Shelly, Keri Russel é uma garçonete casada com um homem controlador a quem não suporta e que em seus momentos de maior alegria ou desespero, cria deliciosas tortas que batiza de acordo com seus sentimentos; estes vão desde raiva por uma gravidez fora de hora ao pânico de que seu marido descubra que está tendo um caso. A extrema humanidade da personagem, provoca empatia imediata.
O Filho Da Noiva – Nessa pérola do cinema argentino dirigido por Juan José Campanella, Ricardo Dárin faz o filho que relutantemente ajuda o pai idoso (Héctor Alterio), que deseja se casar na igreja com sua mãe, também idosa e que sofre de Alzhaimer (a maravilhosa Norma Aleandro). O velho, comunista convicto, sempre negou a ela a realização dessa vontade. A maturidade leva o marido a rever seus conceitos e tentar atender ao singelo desejo da esposa.
Gilbert Grape, Aprendiz De Sonhador – Johnny Depp estrela esse filme de Lasse Hallström sobre uma família que tendo tudo para ser disfuncional, consegue se manter unida e amorosa, tentando superar suas inúmeras dificuldades. Depp faz um jovem que cuida de sua mãe morbidamente obesa, de seu irmão excepcional (Leonardo Di Caprio, em uma atuação impressionante) e de uma irmã mais nova; a estória é contada com muito estilo e sem cair no drama; em meio a todos os problemas, Johnny encara um romance com uma garota bem pouco convencional, vivida por Julliete Lewis.
Viagem a Darjeeling – Nesse filme de Wes Anderson, três irmãos vividos por Adrien Brody, Jason Schwartzman e Owen Wilson, partem em uma viajem a Índia na tentativa de se espiritualizar, recuperar laços fraternos desfeitos e rever sua mãe que os abandonou, vivida por Angélica Huston. Entre momentos engraçados e reflexivos, bem ao gosto do diretor, destaca-se a cena final de embarque no trem, onde um simples gesto de desapego define o resultado obtido por eles ao final da aventura.
Um Grande Garoto – Hugh Grant faz, nesse filme dirigido por Chris Weitz, um cara que só olha para o próprio umbigo; solitário por opção, alienado e auto referente, costuma cometer várias barbaridades quando o assunto é relacionamento, seja ele social ou amoroso; quando um garoto melancólico (Nicholas Hoult) e sua mãe com tendências ao suicídio (Toni Colletti) cruzam o seu caminho, ele é obrigado, contra sua vontade, a sair de seu isolamento. O filme cheio de diálogos espertos, teve o roteiro adaptado do livro homônimo de Nick Hornby.
Antes que alguém educadamente pergunte se meus cabelos conseguem esconder direitinho o 666 que tenho gravado na cabeça, recomendo entusiasticamente um filme no qual Natal e guerra misturam-se, em uma história verídica: Feliz Natal, produção de 2005 dirigida por Christian Carion, mostra soldados escoceses, alemães e franceses providenciando uma trégua durante a 1ª guerra e abandonando as trincheiras, para uma confraternização espontânea e improvisada. Humano e comovente, faz-nos crer que, quando queremos, realizamos milagres (e que os anjos, com todo respeito, vão plantar batatas!)

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