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Avatar – Crítica

James Cameron está de volta. Você deve lembrar-se dele: Aquele que ao levar uma enxurrada de Oscars para casa por Titanic, auto proclamou-se, como um tal Jack Dolson na proa do famoso na­vio, o “rei do mundo”. Caso você viva nesse planeta ou até em outro, deve ter ouvido falar de seu novo filme, Avatar. Deve saber também que é o filme mais caro da história do cinema e que entre planejamento e execução levou 12 longos anos para ser concluído.
Provavelmente leu a respeito de novas tecnologias caríssimas desenvolvidas especialmente para o projeto e que Cameron contratou um linguista para desenvolver um novo idioma a ser falado pelos habitantes de Pandora, o planeta no qual é ambientado o filme.
Deve ter ouvido dizer que a fauna e flora do planeta foram idealizadas pelo próprio diretor, a partir, principalmente, da observação da fauna e flora marinhas, ambiente pelo qual parece ser fascinado. Com certeza chegaram até você informações a respeito do roteiro que seria a princípio bastante ins­tigante, mas que acabava redundando em uma história de amor recheada de mensagens ecológicas politicamente corretas culminando no velho conflito entre bem e mal. Informações e informações.
Com a cabeça repleta dessas informações e um tantinho receosa de ser decepcionada pelo “rei do mundo”, fui assistir ao filme em projeção normal, pois desse modo descobriria se ele era bom o bas­tante mesmo sem contar com o recurso enriquecedor do 3D, algo de que já havia me questionado. Logo nos primeiros minutos de projeção, a fotografia azulada frequentemente utilizada pelo diretor, a música de seu velho parceiro James Horner e imagens surpreendentes fizeram-me perceber de imediato quanto estava saudosa de assistir a um filme de James Cameron; com o perdão do lugar comum, parecia que eu estava de volta à casa de um velho amigo!
Avatar mostra a cada quadro, o preço da perfeição; a construção de um sonho é absurdamente cara, e é isso que Pandora é!
Distraidamente imagino-me naquele lugar encantado e cheio de perigos. Tal qual o fuzileiro Jake Sully, envolvo-me com os na'vi, compreendo sua ligação com a terra e admiro sua integridade. Acompanho o surgimento do romance entre Sully e Neytiri e emociono-me com a imagem da flor sagrada pousando suavemente sobre seu arco quando ela avista seu futuro amor pela primeira vez. Odeio os soldados cruéis e os homens de negócio sem coração que desejam destruir a beleza em nome do lucro predatório. Choro e sofro com os na'vi ao verem sua terra invadida e destruída.
Talvez você pergunte se não tenho vergonha de me deixar levar por esse amontoado de clichês. Nem um pouco. James Cameron tem esse poder sobre mim e ao que tudo indica, sobre as platéias do mundo. Com ele, abandono temporariamente meu cinismo e emociono-me mesmo reconhecendo os inúmeros lugares-comuns do roteiro; relevo algumas cenas que classifico como ligeiramente constrangedoras e perdoo os facilmente identificáveis estereótipos do bom selvagem e dos militares sádicos. Tudo porque James Cameron imprime alma em seus filmes e sua paixão por fazer cinema reflete-se na tela. Tal qual Titanic, Avatar é espetáculo; emociona e arrebata. É cinema em estado de graça que fez minha alma cinéfilo-hippie muito feliz.

Nota 9/10

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