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Em DVD - Crítica - Inimigos Públicos


Johnny Depp é um ator muito querido por todos. Isso não é novidade. Depp faz sempre o mesmo estilo de personagem (meio louco, esquizofrênico, retrógrado). Isso também não é novidade, mas aqui em Inimigos Públicos Depp concede um personagem diferente de tudo o que ele já fizera até o momento. Depp dá vida a John Dillinger, famoso ladrão de bancos. Dillingir é um homem normal: gosta de roupas boas, carros rápidos, de mulheres, dinheiro e é um ser falho como todos são. Não há espaço para heróis ou lendas. Dillinger é sim uma lenda, mas uma lenda humana, não um herói como provavelmente seria retratado por um ator mediano e um diretor inexperiente. Dilinger erra, tem desejos, tem emoções, tem sentimentos, porém estes ficam presoso dentro do inteligente bandido. Em momento algum Dilingir deixa um sorriso mostrar seus dentes, em momento algum perde a classe e faz besteiras ou provoca escândalos. Dilinger sabe da fama que tem, sabe que é mais respeitado e idolatrado que a própria lei, sabe que pode roubar o banco que quiser e fugir da prisão que estiver, sabe também que seu fraco é Billie, francesa que encanta o coração do bandido fazendo com que ele a leve embora na primeira noite. Dilingir sabe que seus parceiros são fiéis e sabe que dificilmente será morto, mas em momento algum o bandido demonstra que sabe de tudo isso. Ele sabe, mas não quer que os outros saibam, tudo porque incrivelmente ele é um sujeito simples e educado, porém ladrão. E talvez seja por isso que nós torcemos para Dillingir, para o bandido, e não para os "mocinhos" ou para lei. Dillingir sozinho é dez vezes mais inteligente e hábil que um grupo de policiais inúteis (pausa para exclamação: inúteis mesmo!) e demonstra uma dignidade por vezes maior que a "lei". No fim, quando Dillingir é morto por policiais ao sair de um cinema (calma, não se preocupe, isto não é um spoiler, afinal se você ainda não sabia que Dillingir morria assim, sinto em lhe dizer, mas precisa ler mais críticas e textos sobre filmes) a primeira coisa que me veio a cabeça foi: Dillingir se deixou morrer. Ele desconfiava do "plano" (não lhes contarei), mas mesmo assim seguiu em frente. E sinceramente, um homem como Dillingir não morreria assim, tão fácil ou sem lutar. Dillingir viu que seu fim era aquele e praticamente se suícidou, até porque Dilingir morrer nas mãos daqueles inúteis policiais seria inacreditável. Para se ter noção da ousadia do bandido, ele entra nas salas da organização de policiais, olha tudo, vê sua foto na parede de procurados, chega num grupo de agentes que escutavam um jogo e pergunta qual o placar. Depp interpreta este personagem único de maneira brilhante, os trejeitos, a fala e os sentimentos. Depp merece indicações a prêmios por sua atuação.

O roteiro é muito bem escrito. Tudo é levado com maestria, deixando o filme, neste quesito, de fácil entendimento. O embate entre as duas figuras é tenso, apesar dos dois se encontrarem de verdade num confronto verbal apenas uma vez, Depp e Bale se antagonizam. Por falar em Bale, o coitado apesar de bom ator, é quase ofuscado pelo brilho de Depp. O filme torna-se confuso devido a escolha do elenco, pois eu fiquei muito confundido entre o ator que interpreta "Nelson Cara de Bebê" e outro ator coadjuvante, entre outras confusões que se tornar inevitáveis devido a esses pequenos erros. A reconstrução da época é excelente, os carros, as roupas, tudo é feito de forma cuidadosa. Cada detalhe (notem os aparelhos, como rádios), cada casaco e acessório, tudo é feito minuciosamente e mais real possível.

A direção de Michael Mann é majestosa, e com este filme, acabou tornando-se o melhor diretor de filmes digitais, ou seja, seus últimos filmes foram filmados com câmeras digitais e desde o primeiro, Mann só melhorou, e fica cada vez mais experiente. Se em Colateral, a filmagem digital foi bem explorado tal qual sua excelente fotografia, aqui em "Inimigos..." essa forma é levada ao ápice. Amparado por um ótima edição, Mann concedeu uma das melhores direções do ano.

Os extras do DVD simples (não sei se será lançado um DVD duplo, acho que não) são bem frustrantes, ou melhor: quase não há extras, apenas a opção de comentário do diretor Michael Mann. De resto, apenas os trailers de sempre. A capa do DVD não é das melhores, e é diferente dos cartazes. Nos cartazes de cinema, a cor das letras do título era branca, na capa do DVD as letras são vermelhas, o que não combinou com o restante da capa cuja sua cor predominate é o preto. É um trabalho bem feito, com bom acabamento, mas acho que poderiam manter a capa igual aos cartazes.

Por incrível que pareça, é extremamente difícil "dissecar" "Inimigos", ou seja, é difícil analisá-lo. Faltam palavras, talvez por sua força, talvez porque não há o que falar. A única coisa que tem de ser dita é que Inimigos Públicos é um dos melhores filmes do ano.

Notas:
Filme: 9,0
Extras: 3,0
Matheus Pereira

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