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2012 – Crítica

Atenção: Pode conter spoilers para quem nunca na vida assistiu um filme catástrofe; se este for seu caso, esqueça 2012 e vá direto para O Destino do Poseidon, produção de 1972, não a hedionda refilmagem, e que permanece no posto de melhor filme catástrofe de todos os tempos (opinião de fã que assistiu ao filme mais de 20 vezes e decorou os diálogos).


Verdade seja dita: nós gostamos mesmo de ver o mundo acabar. Freud explica. Talvez essa seja uma maneira de sublimar nosso medo. Agora com a tal da profecia Maia o assunto não sai da boca do povo, e Rolando Emmerich, que adora destruir o mundo, já está ganhando rios de dinheiro com seu novo filme. Fazia tempo que eu não via filas enormes nas portas de cinema (desde O Senhor Dos Anéis), e 2012 as trouxe de volta. Confesso que fiquei feliz, pois em tempos de profecias catastróficas à respeito da sobrevivência da 7ª Arte, ver um cinema cheio desanuvia o coração do cinéfilo. Troquei muitas idéias com amigos a respeito de 2012, e as opiniões que colhi sobre ele não foram das mais animadoras. Reclamações sobre a longa metragem do filme são as mais constantes. Realmente, Emmerich podia ter destruído o planeta em bem menos tempo. Isso pelo menos impediria que uma amiga minha e seu namorado tivessem dormido no cinema.

Outra reclamação recorrente, é a de que os personagens centrais não são simpáticos o suficiente para que nos envolvamos e torçamos por eles. Essa também procede. A família do herói (John Cusack, com cara de dono de loja de discos) é muito chatinha, o que torna difícil uma ligação emocional com eles; para piorar ainda mais, personagens interessantes e com alguma dimensão humana pelos quais valia a pena torcer, foram descartados prematuramente; porque diabos desfrutamos tão pouco da companhia do profeta do apocalipse doidão e chapadão, interpretado pelo igualmente doidão e chapadão Woody Harrelson, um dos melhores personagens do filme?

Minha maior expectativa, na verdade, eram os efeitos especiais; eles estão lá, abundantes e muito bem feitos. Talvez o problema seja mesmo o excesso, que acaba nos empapuçando e enjoando como quando nos entupimos de doces. É uma sensação difícil de ser descrita. Só sei que chega uma hora que você diz: tá, e daí? Nessa hora é que você, mesmo sabendo que não devia, começa a sentir falta de algo mais que não está lá, sensação que nos acompanha até o final do filme; então sua mente empapuçada começa a divagar, e você pensa porque diabos o batom da Amanda Peet ainda está tão lilazinho, brilhante e intocado, e imagina um slogan para o tal baton: “com você até o fim do mundo”; você olha para o Danny Glover, imagina que a qualquer momento ele vá soltar sua frase clássica de Máquina Mortífera, “estou muito velho para essa merda”, e conclui que talvez o mesmo se aplique a você. Finalizando, preciso destacar o efeito terapêutico do filme, que acaba demonstrando existir coisa bem pior do que a morte durante uma hecatombe mundial; quando o fim do mundo chegar, é bem melhor ver da janela como diz a Rita Lee, do que sobreviver em companhia de peruas vestindo Armani, homens arrogantes e gente chatinha. Isso sim, seria o fim do mundo!

Nota 7/10

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